Rubens Fortes Bustamante Sá (Rio de Janeiro, RJ, 31 de julho de 1907 — Idem, 17 de março de 1988), conhecido como Bustamante Sá, foi um pintor, gravador, desenhista e professor brasileiro, reconhecido pela pintura de paisagens com forte influência do amigo José Pancetti.
Biografia
Gostava de pintar ao ar livre com os colegas Milton Dacosta e José Pancetti. Junto com o último e Sílvio Pinto, se estabeleceu como um dos maiores nomes da pintura no Rio de Janeiro. Não por acaso Bustamante Sá é conhecido por suas paisagens. Para além da pintura, expressava vocação manifesta para o ensino. Criou uma escola ao ar livre, responsável pela formação de vários artistas.
Conta-se que tinha um aluno especialmente lento no aprendizado. O mestre, então, esboçava desenhos e pincelava na tela do aluno, na tentativa de que - observando - ele aprenderia. Certo dia, no entanto, ao deixar um quadro para emoldurar, viu ali uma das obras pintadas pelos dois em aula, também esperando moldura (e vendida como um original Bustamante Sá). Desde então, nunca mais tocou no trabalho de um aluno.
Também participou do Núcleo Bernardelli, do qual foi um dos fundadores (1931). Com proposta de oferecer uma alternativa ao ensino oficial da Escola Nacional de Belas Artes, o Núcleo foi responsável pela formação de outros tantos artistas. Antiacadêmico, paisagens de Bustamante apresentam formas simplificadas e poucas curvas. A natureza é observada a partir de formas geométricas, com pinceladas em ziguezague - influência do amigo Pancetti. Eram tão próximos em seus processos que não raro adotavam as características do trabalho um do outro.
---
Biografia - Itaú Cultural
Em 1926, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde tem aulas com Rodolfo Amoedo (1857-1941) e Augusto Bracet. Dois anos depois, expõe pela primeira vez no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM). Com outros artistas, sai da Enba para fundar o Núcleo Bernardelli, em 1931. Participa do 1º Salão do Núcleo Bernardelli, um ano depois. É aluno de Manoel Santiago (1897 - 1987) e pinta freqüentemente ao ar livre com os colegas Milton Dacosta (1915 - 1988) e José Pancetti (1902-1958). Em 1936, ganha a medalha de prata do SNAM e, em 1938, o prêmio de viagem ao país, graças ao que visita Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, registrando as paisagens locais. Em 1949, recebe o prêmio de viagem ao estrangeiro. Vai a Lisboa, Madri e Paris. Nesta última cidade, freqüenta a Académie Julian, sob a orientação de Chaplain-Midy e André Planson. Quando volta ao Rio de Janeiro, em 1952, participa novamente do SNAM. Realiza exposições pelo Brasil e algumas no exterior, como, em 1974, Salônica, na Grécia, Toronto, Nova York e países da América do Sul. É professor da Associação Brasileira de Desenho, que ajuda a fundar, e do Instituto Nacional de Educação de Surdos, pelo qual se aposenta. Em 1986, o pintor e crítico Quirino Campofiorito (1902 - 1993) lança um livro sobre sua pintura.
Análise
Bustamante Sá é mais conhecido por suas paisagens. Entretanto, segundo o pintor e crítico Quirino Campofiorito, antes da viagem à Europa, o pintor dedica-se também a outros gêneros de pintura, devido à necessidade de ganhar os prêmios oferecidos pelos salões, já que é de origem pobre e tem de trabalhar para sustentar sua família. Seu envolvimento no Núcleo Bernardelli é condizente com sua situação social e também indica um antiacademicismo que inclui a crítica à hierarquia dos gêneros e à pintura em ateliê. Mas as instituições são acadêmicas na época e é com Retrato do Pintor Gibson (1948), que Bustamante recebe como prêmio uma viagem ao estrangeiro. O quadro é escuro e dominado por tons de cinza. O retratado está em pé à direita modelando uma escultura em frente ao que parece ser um esboço em uma tela, ainda sem cor. Os únicos tons quentes estão na pele do pintor e em sua gravata vermelha. Graças à distinção, Bustamante tem um contato direto com os mestres europeus. Interessa-se especialmente pela paisagem de Jean-Baptiste Camille Corot (1796 - 1975) e de Paul Cézanne (1839 - 1906), ainda segundo Quirino Campofiorito2. A importância das formas geométricas na visualização da natureza, conforme compreendida por Cézanne, é um traço marcante dos quadros do artista. Suas vistas apresentam poucas curvas e as formas são simplificadas. São aplicadas pinceladas em ziguezague, que formam planos de cor e não marcam. Nisso, a pintura de Bustamante lembra a do professor do Núcleo Bernardelli Bruno Lechowski (1887-1941) e de seu discípulo José Pancetti, com quem Bustamante pinta. Outra característica de seu trabalho são os tons rebaixados. Em geral, não há cores intensas e passa-se de uma cor a outra sem sobressaltos. Outra cor, apenas excepcionalmente.
Críticas
"Na particularidade da marinha, os horizontes distantes e os imensos e transluzentes espaços de céu, mar e praia são sempre tratados com uma riqueza de cor e matéria, e a sofreguidão incontida de seu temperamento quando se faz estimulado. A jangada tem sido alvo da sofreguidão criativa de nossos pintores mais ambiciosos das motivações nordestinas. É o elemento marcante e que tão impressionantemente se identifica com os cenários praianos que se estendem por toda a costa nordestina. (...) Branca ou de cor viva, a vela distingue-se no mar alto, ou mesmo quando a jangada pousa na areia, resplandescente de sol, engalanando o cenário com a movimentação permanente provocada pelo vento. (...) Bustamante Sá, com sua paleta prenhe de cores límpidas e transparentes, registrou não só velame trepidante como, com igual precisão, captou a transparência atmosférica e a luminosidade que invadem céu, mar e praia".
Quirino Campofiorito (CAMPOFIORITO, Quirino. A Pintura de Bustamante Sá. Rio de Janeiro: Cabicieri Editorial, 1986.)
Exposições Individuais
1939 - Florianópolis SC - Individual, no Hotel Glória
1939 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1953 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Clube Assírio
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Maria Augusta Galeria de Arte
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Gauguin Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1986 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva de Bustamante Sá, na Galeria Boghese
1987 - Rio de Janeiro RJ - 80 Anos de Vida, 60 Anos de Arte, na H. Stern
Exposições Coletivas
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Escola Nacional de Belas Artes
1932 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão do Núcleo Bernardelli, na Sociedade Sul-Riograndense de Cultura
1933 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão do Núcleo Bernardelli, no Liceu de Artes e Ofícios
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - menção honrosa
1933 - Rio de Janeiro RJ - Seis Artistas, no Studio Eros Volúsia
1934 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - medalha de bronze
1935 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência - medalha de prata
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - Rio de Janeiro RJ - Milton Dacosta e Bustamante Sá, na Galeria Santo Antonio
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao país
1939 - Porto Alegre RS - Salão do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, no Instituto de Belas Artes - medalha de bronze
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes
1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Fagundes Varela
1948 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Antonio Parreiras
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - medalha de bronze
1949 - Rio de Janeiro RJ - 55º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao exterior
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes
1953 - São Paulo SP - 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1954 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Municipal de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio federal
1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco, no Palácio da Cultura
1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1955 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Municipal de Belas Artes - grande prêmio municipal
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1957 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Arte Moderna
1958 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1958 - s.l. - 1º Salão Shell - 1º prêmio
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Nogasawa
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1974 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Samarte
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1977 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Sérgio Milliet - Funarte
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, na Acervo Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1985 - Rio de Janeiro RJ - Galeria Ibeu Copacabana 25 Anos: 1960-1985, no Instituto Brasil-Estados Unidos
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo
1985 - São Paulo SP - As Mães e a Flor na Visão de 33 Pintores, na Ranulpho Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Tempo de Madureza, na Ranulpho Galeria de Arte
Exposições Póstumas
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, na Ranulpho Galeria de Arte
1996 - Osasco SP - 3ª Mostra de Arte, na Fundação Instituto de Ensino para Osasco
2000 - Caxias do Sul RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Passo Fundo RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Pelotas RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Santa Maria RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
Fonte: BUSTAMANTE Sá. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 02 de jun. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Biografia Wikipédia
Fez seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes, onde teve por mestres os pintores Rodolfo Amoedo e Rodolfo Chambelland. Em 1928 iniciou sua participação no Salão Nacional de Arte Moderna, recebendo troféus cada vez maiores até culminar com a conquista do cobiçado Prêmio de Viagem ao estrangeiro em 1949.
O crítico de arte e também pintor Quirino Campofiorito afirmou que Bustamante Sá dedicou-se vários gêneros de pintura, devido à necessidade de ganhar os prêmios oferecidos pelos salões, por ter tido origem pobre, tendo que trabalhar para sustentar sua família.
Deixou a Escola Nacional de Belas Artes para fundar o Núcleo Henrique Bernardelli, em 1931.
Viajou para a Europa no ano seguinte, onde permaneceu até 1952. Estudou em Paris na Academia Julian sob a orientação de Chaplain-Midy e André Planson.
Foi professor da Associação Brasileira de Desenho, que ajuda a fundar, e do Instituto Nacional de Educação de Surdos
Foi essencialmente um paisagista.
Realizou exposição individual em 1952, no Salão Assírio anexo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Participou de diversas mostras coletivas: 1928, 33, 34, 36, 38 e 49 – Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (Menção honrosa na edição de 1933, Medalha de bronze na de 1934, Medalha de prata em 1936, Prêmio de viagem ao país na de 1938 e Prêmio de viagem ao estrangeiro na de 1949. 1952-66 – Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Fonte: Wikipédia, última consulta em 2 de junho de 2017.
Rubens Fortes Bustamante Sá (Rio de Janeiro, RJ, 31 de julho de 1907 — Idem, 17 de março de 1988), conhecido como Bustamante Sá, foi um pintor, gravador, desenhista e professor brasileiro, reconhecido pela pintura de paisagens com forte influência do amigo José Pancetti.
Biografia
Gostava de pintar ao ar livre com os colegas Milton Dacosta e José Pancetti. Junto com o último e Sílvio Pinto, se estabeleceu como um dos maiores nomes da pintura no Rio de Janeiro. Não por acaso Bustamante Sá é conhecido por suas paisagens. Para além da pintura, expressava vocação manifesta para o ensino. Criou uma escola ao ar livre, responsável pela formação de vários artistas.
Conta-se que tinha um aluno especialmente lento no aprendizado. O mestre, então, esboçava desenhos e pincelava na tela do aluno, na tentativa de que - observando - ele aprenderia. Certo dia, no entanto, ao deixar um quadro para emoldurar, viu ali uma das obras pintadas pelos dois em aula, também esperando moldura (e vendida como um original Bustamante Sá). Desde então, nunca mais tocou no trabalho de um aluno.
Também participou do Núcleo Bernardelli, do qual foi um dos fundadores (1931). Com proposta de oferecer uma alternativa ao ensino oficial da Escola Nacional de Belas Artes, o Núcleo foi responsável pela formação de outros tantos artistas. Antiacadêmico, paisagens de Bustamante apresentam formas simplificadas e poucas curvas. A natureza é observada a partir de formas geométricas, com pinceladas em ziguezague - influência do amigo Pancetti. Eram tão próximos em seus processos que não raro adotavam as características do trabalho um do outro.
---
Biografia - Itaú Cultural
Em 1926, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde tem aulas com Rodolfo Amoedo (1857-1941) e Augusto Bracet. Dois anos depois, expõe pela primeira vez no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM). Com outros artistas, sai da Enba para fundar o Núcleo Bernardelli, em 1931. Participa do 1º Salão do Núcleo Bernardelli, um ano depois. É aluno de Manoel Santiago (1897 - 1987) e pinta freqüentemente ao ar livre com os colegas Milton Dacosta (1915 - 1988) e José Pancetti (1902-1958). Em 1936, ganha a medalha de prata do SNAM e, em 1938, o prêmio de viagem ao país, graças ao que visita Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, registrando as paisagens locais. Em 1949, recebe o prêmio de viagem ao estrangeiro. Vai a Lisboa, Madri e Paris. Nesta última cidade, freqüenta a Académie Julian, sob a orientação de Chaplain-Midy e André Planson. Quando volta ao Rio de Janeiro, em 1952, participa novamente do SNAM. Realiza exposições pelo Brasil e algumas no exterior, como, em 1974, Salônica, na Grécia, Toronto, Nova York e países da América do Sul. É professor da Associação Brasileira de Desenho, que ajuda a fundar, e do Instituto Nacional de Educação de Surdos, pelo qual se aposenta. Em 1986, o pintor e crítico Quirino Campofiorito (1902 - 1993) lança um livro sobre sua pintura.
Análise
Bustamante Sá é mais conhecido por suas paisagens. Entretanto, segundo o pintor e crítico Quirino Campofiorito, antes da viagem à Europa, o pintor dedica-se também a outros gêneros de pintura, devido à necessidade de ganhar os prêmios oferecidos pelos salões, já que é de origem pobre e tem de trabalhar para sustentar sua família. Seu envolvimento no Núcleo Bernardelli é condizente com sua situação social e também indica um antiacademicismo que inclui a crítica à hierarquia dos gêneros e à pintura em ateliê. Mas as instituições são acadêmicas na época e é com Retrato do Pintor Gibson (1948), que Bustamante recebe como prêmio uma viagem ao estrangeiro. O quadro é escuro e dominado por tons de cinza. O retratado está em pé à direita modelando uma escultura em frente ao que parece ser um esboço em uma tela, ainda sem cor. Os únicos tons quentes estão na pele do pintor e em sua gravata vermelha. Graças à distinção, Bustamante tem um contato direto com os mestres europeus. Interessa-se especialmente pela paisagem de Jean-Baptiste Camille Corot (1796 - 1975) e de Paul Cézanne (1839 - 1906), ainda segundo Quirino Campofiorito2. A importância das formas geométricas na visualização da natureza, conforme compreendida por Cézanne, é um traço marcante dos quadros do artista. Suas vistas apresentam poucas curvas e as formas são simplificadas. São aplicadas pinceladas em ziguezague, que formam planos de cor e não marcam. Nisso, a pintura de Bustamante lembra a do professor do Núcleo Bernardelli Bruno Lechowski (1887-1941) e de seu discípulo José Pancetti, com quem Bustamante pinta. Outra característica de seu trabalho são os tons rebaixados. Em geral, não há cores intensas e passa-se de uma cor a outra sem sobressaltos. Outra cor, apenas excepcionalmente.
Críticas
"Na particularidade da marinha, os horizontes distantes e os imensos e transluzentes espaços de céu, mar e praia são sempre tratados com uma riqueza de cor e matéria, e a sofreguidão incontida de seu temperamento quando se faz estimulado. A jangada tem sido alvo da sofreguidão criativa de nossos pintores mais ambiciosos das motivações nordestinas. É o elemento marcante e que tão impressionantemente se identifica com os cenários praianos que se estendem por toda a costa nordestina. (...) Branca ou de cor viva, a vela distingue-se no mar alto, ou mesmo quando a jangada pousa na areia, resplandescente de sol, engalanando o cenário com a movimentação permanente provocada pelo vento. (...) Bustamante Sá, com sua paleta prenhe de cores límpidas e transparentes, registrou não só velame trepidante como, com igual precisão, captou a transparência atmosférica e a luminosidade que invadem céu, mar e praia".
Quirino Campofiorito (CAMPOFIORITO, Quirino. A Pintura de Bustamante Sá. Rio de Janeiro: Cabicieri Editorial, 1986.)
Exposições Individuais
1939 - Florianópolis SC - Individual, no Hotel Glória
1939 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1953 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Clube Assírio
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Maria Augusta Galeria de Arte
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Gauguin Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1986 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva de Bustamante Sá, na Galeria Boghese
1987 - Rio de Janeiro RJ - 80 Anos de Vida, 60 Anos de Arte, na H. Stern
Exposições Coletivas
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Escola Nacional de Belas Artes
1932 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão do Núcleo Bernardelli, na Sociedade Sul-Riograndense de Cultura
1933 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão do Núcleo Bernardelli, no Liceu de Artes e Ofícios
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - menção honrosa
1933 - Rio de Janeiro RJ - Seis Artistas, no Studio Eros Volúsia
1934 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - medalha de bronze
1935 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência - medalha de prata
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - Rio de Janeiro RJ - Milton Dacosta e Bustamante Sá, na Galeria Santo Antonio
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao país
1939 - Porto Alegre RS - Salão do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, no Instituto de Belas Artes - medalha de bronze
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes
1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Fagundes Varela
1948 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Antonio Parreiras
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - medalha de bronze
1949 - Rio de Janeiro RJ - 55º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao exterior
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes
1953 - São Paulo SP - 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1954 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Municipal de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio federal
1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco, no Palácio da Cultura
1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1955 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Municipal de Belas Artes - grande prêmio municipal
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1957 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Arte Moderna
1958 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1958 - s.l. - 1º Salão Shell - 1º prêmio
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Nogasawa
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1974 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Samarte
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1977 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Sérgio Milliet - Funarte
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, na Acervo Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1985 - Rio de Janeiro RJ - Galeria Ibeu Copacabana 25 Anos: 1960-1985, no Instituto Brasil-Estados Unidos
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo
1985 - São Paulo SP - As Mães e a Flor na Visão de 33 Pintores, na Ranulpho Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Tempo de Madureza, na Ranulpho Galeria de Arte
Exposições Póstumas
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, na Ranulpho Galeria de Arte
1996 - Osasco SP - 3ª Mostra de Arte, na Fundação Instituto de Ensino para Osasco
2000 - Caxias do Sul RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Passo Fundo RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Pelotas RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Santa Maria RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
Fonte: BUSTAMANTE Sá. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 02 de jun. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Biografia Wikipédia
Fez seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes, onde teve por mestres os pintores Rodolfo Amoedo e Rodolfo Chambelland. Em 1928 iniciou sua participação no Salão Nacional de Arte Moderna, recebendo troféus cada vez maiores até culminar com a conquista do cobiçado Prêmio de Viagem ao estrangeiro em 1949.
O crítico de arte e também pintor Quirino Campofiorito afirmou que Bustamante Sá dedicou-se vários gêneros de pintura, devido à necessidade de ganhar os prêmios oferecidos pelos salões, por ter tido origem pobre, tendo que trabalhar para sustentar sua família.
Deixou a Escola Nacional de Belas Artes para fundar o Núcleo Henrique Bernardelli, em 1931.
Viajou para a Europa no ano seguinte, onde permaneceu até 1952. Estudou em Paris na Academia Julian sob a orientação de Chaplain-Midy e André Planson.
Foi professor da Associação Brasileira de Desenho, que ajuda a fundar, e do Instituto Nacional de Educação de Surdos
Foi essencialmente um paisagista.
Realizou exposição individual em 1952, no Salão Assírio anexo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Participou de diversas mostras coletivas: 1928, 33, 34, 36, 38 e 49 – Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (Menção honrosa na edição de 1933, Medalha de bronze na de 1934, Medalha de prata em 1936, Prêmio de viagem ao país na de 1938 e Prêmio de viagem ao estrangeiro na de 1949. 1952-66 – Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Fonte: Wikipédia, última consulta em 2 de junho de 2017.
Rubens Fortes Bustamante Sá (Rio de Janeiro, RJ, 31 de julho de 1907 — Idem, 17 de março de 1988), conhecido como Bustamante Sá, foi um pintor, gravador, desenhista e professor brasileiro, reconhecido pela pintura de paisagens com forte influência do amigo José Pancetti.
Biografia
Gostava de pintar ao ar livre com os colegas Milton Dacosta e José Pancetti. Junto com o último e Sílvio Pinto, se estabeleceu como um dos maiores nomes da pintura no Rio de Janeiro. Não por acaso Bustamante Sá é conhecido por suas paisagens. Para além da pintura, expressava vocação manifesta para o ensino. Criou uma escola ao ar livre, responsável pela formação de vários artistas.
Conta-se que tinha um aluno especialmente lento no aprendizado. O mestre, então, esboçava desenhos e pincelava na tela do aluno, na tentativa de que - observando - ele aprenderia. Certo dia, no entanto, ao deixar um quadro para emoldurar, viu ali uma das obras pintadas pelos dois em aula, também esperando moldura (e vendida como um original Bustamante Sá). Desde então, nunca mais tocou no trabalho de um aluno.
Também participou do Núcleo Bernardelli, do qual foi um dos fundadores (1931). Com proposta de oferecer uma alternativa ao ensino oficial da Escola Nacional de Belas Artes, o Núcleo foi responsável pela formação de outros tantos artistas. Antiacadêmico, paisagens de Bustamante apresentam formas simplificadas e poucas curvas. A natureza é observada a partir de formas geométricas, com pinceladas em ziguezague - influência do amigo Pancetti. Eram tão próximos em seus processos que não raro adotavam as características do trabalho um do outro.
---
Biografia - Itaú Cultural
Em 1926, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde tem aulas com Rodolfo Amoedo (1857-1941) e Augusto Bracet. Dois anos depois, expõe pela primeira vez no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM). Com outros artistas, sai da Enba para fundar o Núcleo Bernardelli, em 1931. Participa do 1º Salão do Núcleo Bernardelli, um ano depois. É aluno de Manoel Santiago (1897 - 1987) e pinta freqüentemente ao ar livre com os colegas Milton Dacosta (1915 - 1988) e José Pancetti (1902-1958). Em 1936, ganha a medalha de prata do SNAM e, em 1938, o prêmio de viagem ao país, graças ao que visita Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, registrando as paisagens locais. Em 1949, recebe o prêmio de viagem ao estrangeiro. Vai a Lisboa, Madri e Paris. Nesta última cidade, freqüenta a Académie Julian, sob a orientação de Chaplain-Midy e André Planson. Quando volta ao Rio de Janeiro, em 1952, participa novamente do SNAM. Realiza exposições pelo Brasil e algumas no exterior, como, em 1974, Salônica, na Grécia, Toronto, Nova York e países da América do Sul. É professor da Associação Brasileira de Desenho, que ajuda a fundar, e do Instituto Nacional de Educação de Surdos, pelo qual se aposenta. Em 1986, o pintor e crítico Quirino Campofiorito (1902 - 1993) lança um livro sobre sua pintura.
Análise
Bustamante Sá é mais conhecido por suas paisagens. Entretanto, segundo o pintor e crítico Quirino Campofiorito, antes da viagem à Europa, o pintor dedica-se também a outros gêneros de pintura, devido à necessidade de ganhar os prêmios oferecidos pelos salões, já que é de origem pobre e tem de trabalhar para sustentar sua família. Seu envolvimento no Núcleo Bernardelli é condizente com sua situação social e também indica um antiacademicismo que inclui a crítica à hierarquia dos gêneros e à pintura em ateliê. Mas as instituições são acadêmicas na época e é com Retrato do Pintor Gibson (1948), que Bustamante recebe como prêmio uma viagem ao estrangeiro. O quadro é escuro e dominado por tons de cinza. O retratado está em pé à direita modelando uma escultura em frente ao que parece ser um esboço em uma tela, ainda sem cor. Os únicos tons quentes estão na pele do pintor e em sua gravata vermelha. Graças à distinção, Bustamante tem um contato direto com os mestres europeus. Interessa-se especialmente pela paisagem de Jean-Baptiste Camille Corot (1796 - 1975) e de Paul Cézanne (1839 - 1906), ainda segundo Quirino Campofiorito2. A importância das formas geométricas na visualização da natureza, conforme compreendida por Cézanne, é um traço marcante dos quadros do artista. Suas vistas apresentam poucas curvas e as formas são simplificadas. São aplicadas pinceladas em ziguezague, que formam planos de cor e não marcam. Nisso, a pintura de Bustamante lembra a do professor do Núcleo Bernardelli Bruno Lechowski (1887-1941) e de seu discípulo José Pancetti, com quem Bustamante pinta. Outra característica de seu trabalho são os tons rebaixados. Em geral, não há cores intensas e passa-se de uma cor a outra sem sobressaltos. Outra cor, apenas excepcionalmente.
Críticas
"Na particularidade da marinha, os horizontes distantes e os imensos e transluzentes espaços de céu, mar e praia são sempre tratados com uma riqueza de cor e matéria, e a sofreguidão incontida de seu temperamento quando se faz estimulado. A jangada tem sido alvo da sofreguidão criativa de nossos pintores mais ambiciosos das motivações nordestinas. É o elemento marcante e que tão impressionantemente se identifica com os cenários praianos que se estendem por toda a costa nordestina. (...) Branca ou de cor viva, a vela distingue-se no mar alto, ou mesmo quando a jangada pousa na areia, resplandescente de sol, engalanando o cenário com a movimentação permanente provocada pelo vento. (...) Bustamante Sá, com sua paleta prenhe de cores límpidas e transparentes, registrou não só velame trepidante como, com igual precisão, captou a transparência atmosférica e a luminosidade que invadem céu, mar e praia".
Quirino Campofiorito (CAMPOFIORITO, Quirino. A Pintura de Bustamante Sá. Rio de Janeiro: Cabicieri Editorial, 1986.)
Exposições Individuais
1939 - Florianópolis SC - Individual, no Hotel Glória
1939 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1953 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Clube Assírio
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Maria Augusta Galeria de Arte
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Gauguin Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1986 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva de Bustamante Sá, na Galeria Boghese
1987 - Rio de Janeiro RJ - 80 Anos de Vida, 60 Anos de Arte, na H. Stern
Exposições Coletivas
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Escola Nacional de Belas Artes
1932 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão do Núcleo Bernardelli, na Sociedade Sul-Riograndense de Cultura
1933 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão do Núcleo Bernardelli, no Liceu de Artes e Ofícios
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - menção honrosa
1933 - Rio de Janeiro RJ - Seis Artistas, no Studio Eros Volúsia
1934 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - medalha de bronze
1935 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência - medalha de prata
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - Rio de Janeiro RJ - Milton Dacosta e Bustamante Sá, na Galeria Santo Antonio
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao país
1939 - Porto Alegre RS - Salão do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, no Instituto de Belas Artes - medalha de bronze
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes
1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Fagundes Varela
1948 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Antonio Parreiras
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - medalha de bronze
1949 - Rio de Janeiro RJ - 55º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao exterior
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes
1953 - São Paulo SP - 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1954 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Municipal de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio federal
1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco, no Palácio da Cultura
1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1955 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Municipal de Belas Artes - grande prêmio municipal
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1957 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Arte Moderna
1958 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1958 - s.l. - 1º Salão Shell - 1º prêmio
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Nogasawa
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1974 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Samarte
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1977 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Sérgio Milliet - Funarte
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, na Acervo Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1985 - Rio de Janeiro RJ - Galeria Ibeu Copacabana 25 Anos: 1960-1985, no Instituto Brasil-Estados Unidos
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo
1985 - São Paulo SP - As Mães e a Flor na Visão de 33 Pintores, na Ranulpho Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Tempo de Madureza, na Ranulpho Galeria de Arte
Exposições Póstumas
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, na Ranulpho Galeria de Arte
1996 - Osasco SP - 3ª Mostra de Arte, na Fundação Instituto de Ensino para Osasco
2000 - Caxias do Sul RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Passo Fundo RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Pelotas RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Santa Maria RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
Fonte: BUSTAMANTE Sá. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 02 de jun. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Biografia Wikipédia
Fez seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes, onde teve por mestres os pintores Rodolfo Amoedo e Rodolfo Chambelland. Em 1928 iniciou sua participação no Salão Nacional de Arte Moderna, recebendo troféus cada vez maiores até culminar com a conquista do cobiçado Prêmio de Viagem ao estrangeiro em 1949.
O crítico de arte e também pintor Quirino Campofiorito afirmou que Bustamante Sá dedicou-se vários gêneros de pintura, devido à necessidade de ganhar os prêmios oferecidos pelos salões, por ter tido origem pobre, tendo que trabalhar para sustentar sua família.
Deixou a Escola Nacional de Belas Artes para fundar o Núcleo Henrique Bernardelli, em 1931.
Viajou para a Europa no ano seguinte, onde permaneceu até 1952. Estudou em Paris na Academia Julian sob a orientação de Chaplain-Midy e André Planson.
Foi professor da Associação Brasileira de Desenho, que ajuda a fundar, e do Instituto Nacional de Educação de Surdos
Foi essencialmente um paisagista.
Realizou exposição individual em 1952, no Salão Assírio anexo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Participou de diversas mostras coletivas: 1928, 33, 34, 36, 38 e 49 – Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (Menção honrosa na edição de 1933, Medalha de bronze na de 1934, Medalha de prata em 1936, Prêmio de viagem ao país na de 1938 e Prêmio de viagem ao estrangeiro na de 1949. 1952-66 – Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Fonte: Wikipédia, última consulta em 2 de junho de 2017.
Rubens Fortes Bustamante Sá (Rio de Janeiro, RJ, 31 de julho de 1907 — Idem, 17 de março de 1988), conhecido como Bustamante Sá, foi um pintor, gravador, desenhista e professor brasileiro, reconhecido pela pintura de paisagens com forte influência do amigo José Pancetti.
Biografia
Gostava de pintar ao ar livre com os colegas Milton Dacosta e José Pancetti. Junto com o último e Sílvio Pinto, se estabeleceu como um dos maiores nomes da pintura no Rio de Janeiro. Não por acaso Bustamante Sá é conhecido por suas paisagens. Para além da pintura, expressava vocação manifesta para o ensino. Criou uma escola ao ar livre, responsável pela formação de vários artistas.
Conta-se que tinha um aluno especialmente lento no aprendizado. O mestre, então, esboçava desenhos e pincelava na tela do aluno, na tentativa de que - observando - ele aprenderia. Certo dia, no entanto, ao deixar um quadro para emoldurar, viu ali uma das obras pintadas pelos dois em aula, também esperando moldura (e vendida como um original Bustamante Sá). Desde então, nunca mais tocou no trabalho de um aluno.
Também participou do Núcleo Bernardelli, do qual foi um dos fundadores (1931). Com proposta de oferecer uma alternativa ao ensino oficial da Escola Nacional de Belas Artes, o Núcleo foi responsável pela formação de outros tantos artistas. Antiacadêmico, paisagens de Bustamante apresentam formas simplificadas e poucas curvas. A natureza é observada a partir de formas geométricas, com pinceladas em ziguezague - influência do amigo Pancetti. Eram tão próximos em seus processos que não raro adotavam as características do trabalho um do outro.
---
Biografia - Itaú Cultural
Em 1926, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde tem aulas com Rodolfo Amoedo (1857-1941) e Augusto Bracet. Dois anos depois, expõe pela primeira vez no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM). Com outros artistas, sai da Enba para fundar o Núcleo Bernardelli, em 1931. Participa do 1º Salão do Núcleo Bernardelli, um ano depois. É aluno de Manoel Santiago (1897 - 1987) e pinta freqüentemente ao ar livre com os colegas Milton Dacosta (1915 - 1988) e José Pancetti (1902-1958). Em 1936, ganha a medalha de prata do SNAM e, em 1938, o prêmio de viagem ao país, graças ao que visita Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, registrando as paisagens locais. Em 1949, recebe o prêmio de viagem ao estrangeiro. Vai a Lisboa, Madri e Paris. Nesta última cidade, freqüenta a Académie Julian, sob a orientação de Chaplain-Midy e André Planson. Quando volta ao Rio de Janeiro, em 1952, participa novamente do SNAM. Realiza exposições pelo Brasil e algumas no exterior, como, em 1974, Salônica, na Grécia, Toronto, Nova York e países da América do Sul. É professor da Associação Brasileira de Desenho, que ajuda a fundar, e do Instituto Nacional de Educação de Surdos, pelo qual se aposenta. Em 1986, o pintor e crítico Quirino Campofiorito (1902 - 1993) lança um livro sobre sua pintura.
Análise
Bustamante Sá é mais conhecido por suas paisagens. Entretanto, segundo o pintor e crítico Quirino Campofiorito, antes da viagem à Europa, o pintor dedica-se também a outros gêneros de pintura, devido à necessidade de ganhar os prêmios oferecidos pelos salões, já que é de origem pobre e tem de trabalhar para sustentar sua família. Seu envolvimento no Núcleo Bernardelli é condizente com sua situação social e também indica um antiacademicismo que inclui a crítica à hierarquia dos gêneros e à pintura em ateliê. Mas as instituições são acadêmicas na época e é com Retrato do Pintor Gibson (1948), que Bustamante recebe como prêmio uma viagem ao estrangeiro. O quadro é escuro e dominado por tons de cinza. O retratado está em pé à direita modelando uma escultura em frente ao que parece ser um esboço em uma tela, ainda sem cor. Os únicos tons quentes estão na pele do pintor e em sua gravata vermelha. Graças à distinção, Bustamante tem um contato direto com os mestres europeus. Interessa-se especialmente pela paisagem de Jean-Baptiste Camille Corot (1796 - 1975) e de Paul Cézanne (1839 - 1906), ainda segundo Quirino Campofiorito2. A importância das formas geométricas na visualização da natureza, conforme compreendida por Cézanne, é um traço marcante dos quadros do artista. Suas vistas apresentam poucas curvas e as formas são simplificadas. São aplicadas pinceladas em ziguezague, que formam planos de cor e não marcam. Nisso, a pintura de Bustamante lembra a do professor do Núcleo Bernardelli Bruno Lechowski (1887-1941) e de seu discípulo José Pancetti, com quem Bustamante pinta. Outra característica de seu trabalho são os tons rebaixados. Em geral, não há cores intensas e passa-se de uma cor a outra sem sobressaltos. Outra cor, apenas excepcionalmente.
Críticas
"Na particularidade da marinha, os horizontes distantes e os imensos e transluzentes espaços de céu, mar e praia são sempre tratados com uma riqueza de cor e matéria, e a sofreguidão incontida de seu temperamento quando se faz estimulado. A jangada tem sido alvo da sofreguidão criativa de nossos pintores mais ambiciosos das motivações nordestinas. É o elemento marcante e que tão impressionantemente se identifica com os cenários praianos que se estendem por toda a costa nordestina. (...) Branca ou de cor viva, a vela distingue-se no mar alto, ou mesmo quando a jangada pousa na areia, resplandescente de sol, engalanando o cenário com a movimentação permanente provocada pelo vento. (...) Bustamante Sá, com sua paleta prenhe de cores límpidas e transparentes, registrou não só velame trepidante como, com igual precisão, captou a transparência atmosférica e a luminosidade que invadem céu, mar e praia".
Quirino Campofiorito (CAMPOFIORITO, Quirino. A Pintura de Bustamante Sá. Rio de Janeiro: Cabicieri Editorial, 1986.)
Exposições Individuais
1939 - Florianópolis SC - Individual, no Hotel Glória
1939 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1953 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Clube Assírio
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Maria Augusta Galeria de Arte
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Gauguin Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1986 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva de Bustamante Sá, na Galeria Boghese
1987 - Rio de Janeiro RJ - 80 Anos de Vida, 60 Anos de Arte, na H. Stern
Exposições Coletivas
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Escola Nacional de Belas Artes
1932 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão do Núcleo Bernardelli, na Sociedade Sul-Riograndense de Cultura
1933 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão do Núcleo Bernardelli, no Liceu de Artes e Ofícios
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - menção honrosa
1933 - Rio de Janeiro RJ - Seis Artistas, no Studio Eros Volúsia
1934 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - medalha de bronze
1935 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência - medalha de prata
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - Rio de Janeiro RJ - Milton Dacosta e Bustamante Sá, na Galeria Santo Antonio
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao país
1939 - Porto Alegre RS - Salão do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, no Instituto de Belas Artes - medalha de bronze
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes
1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Fagundes Varela
1948 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Antonio Parreiras
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - medalha de bronze
1949 - Rio de Janeiro RJ - 55º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao exterior
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes
1953 - São Paulo SP - 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1954 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Municipal de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio federal
1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco, no Palácio da Cultura
1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1955 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Municipal de Belas Artes - grande prêmio municipal
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1957 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Arte Moderna
1958 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1958 - s.l. - 1º Salão Shell - 1º prêmio
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Nogasawa
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1974 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Samarte
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1977 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Sérgio Milliet - Funarte
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, na Acervo Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1985 - Rio de Janeiro RJ - Galeria Ibeu Copacabana 25 Anos: 1960-1985, no Instituto Brasil-Estados Unidos
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo
1985 - São Paulo SP - As Mães e a Flor na Visão de 33 Pintores, na Ranulpho Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Tempo de Madureza, na Ranulpho Galeria de Arte
Exposições Póstumas
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, na Ranulpho Galeria de Arte
1996 - Osasco SP - 3ª Mostra de Arte, na Fundação Instituto de Ensino para Osasco
2000 - Caxias do Sul RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Passo Fundo RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Pelotas RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Santa Maria RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
Fonte: BUSTAMANTE Sá. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 02 de jun. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
---
Biografia Wikipédia
Fez seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes, onde teve por mestres os pintores Rodolfo Amoedo e Rodolfo Chambelland. Em 1928 iniciou sua participação no Salão Nacional de Arte Moderna, recebendo troféus cada vez maiores até culminar com a conquista do cobiçado Prêmio de Viagem ao estrangeiro em 1949.
O crítico de arte e também pintor Quirino Campofiorito afirmou que Bustamante Sá dedicou-se vários gêneros de pintura, devido à necessidade de ganhar os prêmios oferecidos pelos salões, por ter tido origem pobre, tendo que trabalhar para sustentar sua família.
Deixou a Escola Nacional de Belas Artes para fundar o Núcleo Henrique Bernardelli, em 1931.
Viajou para a Europa no ano seguinte, onde permaneceu até 1952. Estudou em Paris na Academia Julian sob a orientação de Chaplain-Midy e André Planson.
Foi professor da Associação Brasileira de Desenho, que ajuda a fundar, e do Instituto Nacional de Educação de Surdos
Foi essencialmente um paisagista.
Realizou exposição individual em 1952, no Salão Assírio anexo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Participou de diversas mostras coletivas: 1928, 33, 34, 36, 38 e 49 – Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (Menção honrosa na edição de 1933, Medalha de bronze na de 1934, Medalha de prata em 1936, Prêmio de viagem ao país na de 1938 e Prêmio de viagem ao estrangeiro na de 1949. 1952-66 – Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Fonte: Wikipédia, última consulta em 2 de junho de 2017.