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Eugênio Sigaud

Eugênio de Proença Sigaud (Porciúncula, 2 de julho de 1899 — Rio de Janeiro, RJ, 6 de agosto de 1979), conhecido como o "pintor dos operários", foi um pintor, gravador, artista gráfico, ilustrador, cenógrafo, crítico, professor, arquiteto e poeta brasileiro.

Biografia - Itaú Cultural

Forma-se em engenharia agronômica em 1920, na Escola de Agronomia de Belo Horizonte. Em 1921 frequenta o curso livre da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), e é aluno de Modesto Brocos (1852-1936). Mais tarde, em 1927, ingressa no curso de arquitetura da Enba, que conclui em 1932. Sigaud participa do 38º Salão Nacional de Belas Artes, organizado em 1931 pelo urbanista Lucio Costa (1902-1998), conhecido como Salão Revolucionário por permitir a exibição da obra de todos os inscritos, causando a polêmica que leva ao afastamento do urbanista da direção da instituição. Em seguida Sigaud forma, ao lado de Quirino Campofiorito (1902-1993), Milton Dacosta (1915-1988), Joaquim Tenreiro (1906-1922) e José Pancetti (1902-1958), o Núcleo Bernardelli, em 1931. Movimento de oposição ao conservadorismo reinante na Enba, o grupo propõe, entre outras iniciativas, a democratização do ensino técnico e o acesso livre aos salões de arte. Em 1935, o grupo é expulso dos porões da Enba por pressão dos acadêmicos, mas continua unido até o início da década seguinte. Também em 1935 Sigaud ingressa no Grupo Portinari, agremiação informal que se reúne em torno de Candido Portinari, tendo como uma de suas principais linhas de atuação a pintura mural. Sigaud torna-se um dos principais porta-vozes do muralismo ao publicar, no mesmo ano, o artigo Por que É Esquecida entre Nós a Pintura Mural?, no Jornal de Belas Artes. É um dos artistas brasileiros selecionados para a 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon. A convite de seu irmão, o bispo dom Geraldo Sigaud, projeta e decora a Catedral Metropolitana de Jacarezinho, no Paraná, entre 1954 e 1957.

Análise

Conhecido como o pintor dos operários, Sigaud explora em suas telas, de maneira intensa e militante, o tema do trabalho, sobretudo a partir de meados dos anos 1930. É quando passa a participar do Grupo Portinari, em 1935, e assume uma postura explícita de defesa de formas de expressão mais populares, como a pintura mural. Telas antológicas como A Torre de Concreto, 1936, e Acidente de Trabalho, 1944, ambas pertencentes ao Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), correspondem à fase mais intensa da representação proletária em sua produção e mostram como ele não apenas traz à cena o povo anônimo, mas busca representá-lo em seu contexto produtivo, em meio às construções simbolizadas por vertiginosas estruturas de ferro, andaimes, cordas e outras referências ao cotidiano dos canteiros de obra. Com influência do muralismo mexicano, do nacionalismo de Portinari e marcado por um diálogo intenso com o expressionismo, Sigaud reforça o caráter dramático das cenas por meio de ângulos inusitados, da deformação dos personagens, do contraste cromático e de uma composição bastante verticalizada e um tanto claustrofóbica da paisagem urbana.

"A meu ver, toda arte pode concorrer para ativar o debate político, melhorando assim, por vias indiretas, a vida do homem", afirma Sigaud em entrevista a Frederico Morais.¹ Seu engajamento político expressa-se não apenas na eleição dos temas, mas também na participação em eventos como a mostra Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante, em 1945, e sobretudo na presença constante em movimentos de agremiação de artistas em defesa da liberdade de expressão plástica e de democratização do ensino e exibição das artes, como é o caso do Núcleo Bernardelli, que ajuda a fundar em 1931.

Além das cenas de trabalho, confessadamente influenciadas por sua atividade como engenheiro e arquiteto, Sigaud dedica-se à pesquisa técnica, explorando ampla gama de suportes, materiais e linguagens. Na pintura, por exemplo, experimenta diversos recursos, indo da tinta a óleo e aquarela às obras com encáustica, têmpera e afresco. No campo da pintura mural, sua obra de maior destaque é o painel que realiza na década de 1950 para a Catedral de Jacarezinho, no Paraná, a convite de seu irmão, o bispo de tendência conservadora dom Geraldo de Proença Sigaud. Nessa obra, executada juntamente com uma série de modificações arquitetônicas, o artista - que não hesita em reafirmar sua condição de ateu e comunista - concilia a representação das cenas religiosas com uma espécie de inventário da população local, inserindo na obra uma série de retratos, de celebridades, figuras populares e anônimas.

Críticas

"A personalidade e a obra de Eugênio de Proença Sigaud desenvolveram-se como que ao longo de uma linha reta, ambas seguindo sem desvio, sempre norteadas num único sentido, parecendo ter uma determinante comum que as dirigisse sem dúvidas ou ambições inoportunas. Não se acredita que o motivo desse percurso fosse um espírito conservador. É que os objetivos definidos em sucessivas experimentações processaram-se naturalmente e ficaram sedimentados e nítidos em Sigaud sem dificultarem a evolução de sua existência. Só influências passageiras podem haver interferido, conforme é comum constatar-se em outros artistas de idoneidade inatacável. Mas se tomarmos alguns trabalhos de sua iniciação artística, quando freqüentava a Escola Nacional de Belas Artes e os confrontarmos com a sua produção madura ou dos anos finais quando a atividade de pintor muito se intensificou, constataremos que, além do acúmulo de experiências técnicas, o sentimento que as anima, as marcas de sua inspiração, o calor humano de seu fervor plástico e estético prosseguem absolutamente os mesmos. (...)" Quirino Campofiorito

GONÇALVES, Luiz Felipe. Sigaud: o pintor dos operários. Apresentação Edson Motta. Quirino Campofiorito. S.l., editado pelo autor, c1981. Bibliografia: p.125-127 Indice onomástico: p.132-136.

"Sigaud partiu sempre de um motivo cotidiano e imediato. Paralelamente, curtiu a fantasia das mitologias. Mas está na realidade o seu forte, uma realidade densa de drama e respeito material porque o seu mundo visual está povoado do suor dos simples, do desgaste dos músculos proletários, dos guindastes e dos andaimes, dos baldes de cimento e dos tijolos. Disso tudo ele extraiu uma rude poesia, uma canção enrouquecida pelo grito de protesto, um horizonte triste e ferido de desprendida energia, a energia dos humildes e esquecidos. Sigaud dá uma demonstração perfeita do grande domínio do desenho, alta experiência a ser analisada detidamente em sua obra artística. Em tempos de descalabro social, ele foi o celebrador do operário, o apologista do construtor anônimo dos nossos espaços. Ao contrário dos anúncios com mulheres bonitas, carrões e dândis, ele nos dava a atmosfera despojada dos esqueletos dos espigões, a parafernália dos cais, iluminando o estivador e o pedreiro de uma dimensão mágica e grega. Como pessoa, como presença, desperta e pulsante, ele deixou-nos uma advertência oportuna". Walmir Ayalla

GONÇALVES, Luiz Felipe. Sigaud: o pintor dos operários. Edson Motta. Quirino Campofiorito. S.l., editado pelo autor, 1981c. Bibliografia: p.125-127 Indice onomástico: p.132-136.

"De todos os integrantes do Núcleo Bernardelli, Eugênio Sigaud foi o único que desenvolveu uma temática claramente social. ´Sempre exaltei o operário anônimo, sempre denunciei a vida massacrada pelo sistema. Sempre tive consciência da função social da arte. A meu ver, toda arte pode concorrer para ativar o debate político, melhorando assim, por via indireta, a vida do homem´, me dizia, numa entrevista, pouco antes de morrer. Foi sempre expressionista: na deformação ostensiva de suas figuras, na temática pouco charmosa do operariado urbano, na ousadia de suas obras, na largueza do desenho, na energia dos volumes, enfim, no estilo viril, rude e tosco. Não se restringe a mostrar o trabalhador nos andaimes dos edifícios em construção: mostra-os também na rua, em meio ao tráfego, nas usinas, ferrovias, pontes, estaleiros e, depois, passando da cidade para o campo, mostra-o em plantações de café, musculoso e forte, negro, ou no litoral, entre sal e saibros". Frederico Morais

MORAIS, Frederico. Dacoleção: os caminhos da arte brasileira. Introdução de Cesar Luis Pires de Mello. São Paulo: Júlio Bogoricin Imóveis, 1986c.

Exposições Individuais

1941 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel

1946 - Santiago (Chile) - Individual, na Universidad de Santiago do Chile

1947 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Muller

1947 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Instituto de Cultura Uruguayo-Brasileño

1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria do IAB/RJ

1972 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Sigaud, na Galeria da Praça

1973 - São Paulo SP - Homenagem aos 50 anos de Pintura do Artista E. P. Sigaud, na A Galeria

1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria B-75

Exposições Coletivas

1923 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão da Primavera

1923 - Rio de Janeiro RJ - Exposição da Sociedade Brasileira de Belas Artes, no Salão Red Star

1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1926 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Novos

1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba

1934 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, na Enba

1935 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, no Núcleo Bernardelli

1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência - medalha de bronze

1936 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, no Núcleo Bernardelli

1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes

1938 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, no Núcleo Bernardelli

1939 - Nova York (Estados Unidos) - Exposição do Riverside Museum - menção honrosa

1939 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Belas Artes

1940 - Porto Alegre RS - Salão do Instituto de Belas Artes - medalha de bronze

1940 - Porto Alegre RS - Bicentenário de Porto Alegre

1940 - Porto Alegre RS - 2º Salão do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul

1941 - Rio de Janeiro RJ - Núcleo Bernardelli, no Palace Hotel

1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata

1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA

1944 - Rio de Janeiro RJ - A Criança na Arte, no MNBA

1944 - Rio de Janeiro RJ - Paisagem Brasileira, no Museu da Escola de Belas Artes Dom João VI

1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante

1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na Enba

1946 - Valparaíso (Chile) - Exposição da Cia Nacional de Navegação

1948 - Cidade do Cabo (África do Sul) - Exposição Contemporânea de Artistas Brasileiros, na South African National Gallery

1948 - Rio de Janeiro RJ - Aspectos do Rio, no MNBA

1949 - Rio de Janeiro RJ - Aquarelas, no MNBA

1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon

1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no MNBA - prêmio aquisição

1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco, no Palácio da Cultura

1955 - Rio de Janeiro RJ - Salão Miniatura, na ABI

1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna

1956 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1958 - Rio de Janeiro RJ - O Trabalho na Arte, no MNBA

1959 - Macaé RJ - 2ª Festival de Arte Moderna de Macaé

1961 - Rio de Janeiro RJ - Movimento dos Artistas Modernos Independentes, na Sede do Rei da Voz

1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna

1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna

1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana

Exposições Póstumas

1979 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Espaço Chap Chap

1980 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos de Sigaud, na Galeria Andréa Sigaud

1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ

1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, na Acervo Galeria de Arte

1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - São Paulo SP - Sigaud 1899-1979: 60 anos de linguagem gráfica, no Espaço Cultural Chap Chap

1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte

1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil, 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ

2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial

2000 - São Paulo SP - Os Anjos Estão de Volta, na Pinacoteca do Estado

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

2004 - Curitiba PR - A Paisagem Paranaense e seus Pintores, na Casa Andrade Muricy

2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP

Referência: SIGAUD . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: Itaú Cultural. Eugênio Proença Sigaud, último registro fotográfico do artista.

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Núcleo Bernardelli

Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).

A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.

Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.

Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.

Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia Wikipédia

Em 1921 frequenta o curso livre da Escola Nacional de Belas Artes - ENBA, e é aluno de Modesto Brocos. Mais tarde, em 1927, ingressa no curso de arquitetura da ENBA, que conclui em 1932. Sigaud participa do 38.º Salão Nacional de Belas Artes, organizado em 1931 pelo urbanista Lúcio Costa, conhecido como Salão Revolucionário por permitir a exibição da obra de todos os inscritos, causando a polêmica que leva ao afastamento do urbanista da direção da instituição. Sigaud torna-se um dos principais porta-vozes do muralismo ao publicar, no mesmo ano, o artigo Por que É Esquecida entre Nós a Pintura Mural?, no Jornal de Belas Artes. É um dos artistas brasileiros selecionados para a 1.ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon. A convite de seu irmão, o bispo Dom Geraldo de Proença Sigaud, projeta e decora a Catedral Metropolitana de Jacarezinho, no Paraná, entre 1954 e 1957.

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 10 de março de 2020.

Eugênio de Proença Sigaud (Porciúncula, 2 de julho de 1899 — Rio de Janeiro, RJ, 6 de agosto de 1979), conhecido como o "pintor dos operários", foi um pintor, gravador, artista gráfico, ilustrador, cenógrafo, crítico, professor, arquiteto e poeta brasileiro.

Eugênio Sigaud

Eugênio de Proença Sigaud (Porciúncula, 2 de julho de 1899 — Rio de Janeiro, RJ, 6 de agosto de 1979), conhecido como o "pintor dos operários", foi um pintor, gravador, artista gráfico, ilustrador, cenógrafo, crítico, professor, arquiteto e poeta brasileiro.

Biografia - Itaú Cultural

Forma-se em engenharia agronômica em 1920, na Escola de Agronomia de Belo Horizonte. Em 1921 frequenta o curso livre da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), e é aluno de Modesto Brocos (1852-1936). Mais tarde, em 1927, ingressa no curso de arquitetura da Enba, que conclui em 1932. Sigaud participa do 38º Salão Nacional de Belas Artes, organizado em 1931 pelo urbanista Lucio Costa (1902-1998), conhecido como Salão Revolucionário por permitir a exibição da obra de todos os inscritos, causando a polêmica que leva ao afastamento do urbanista da direção da instituição. Em seguida Sigaud forma, ao lado de Quirino Campofiorito (1902-1993), Milton Dacosta (1915-1988), Joaquim Tenreiro (1906-1922) e José Pancetti (1902-1958), o Núcleo Bernardelli, em 1931. Movimento de oposição ao conservadorismo reinante na Enba, o grupo propõe, entre outras iniciativas, a democratização do ensino técnico e o acesso livre aos salões de arte. Em 1935, o grupo é expulso dos porões da Enba por pressão dos acadêmicos, mas continua unido até o início da década seguinte. Também em 1935 Sigaud ingressa no Grupo Portinari, agremiação informal que se reúne em torno de Candido Portinari, tendo como uma de suas principais linhas de atuação a pintura mural. Sigaud torna-se um dos principais porta-vozes do muralismo ao publicar, no mesmo ano, o artigo Por que É Esquecida entre Nós a Pintura Mural?, no Jornal de Belas Artes. É um dos artistas brasileiros selecionados para a 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon. A convite de seu irmão, o bispo dom Geraldo Sigaud, projeta e decora a Catedral Metropolitana de Jacarezinho, no Paraná, entre 1954 e 1957.

Análise

Conhecido como o pintor dos operários, Sigaud explora em suas telas, de maneira intensa e militante, o tema do trabalho, sobretudo a partir de meados dos anos 1930. É quando passa a participar do Grupo Portinari, em 1935, e assume uma postura explícita de defesa de formas de expressão mais populares, como a pintura mural. Telas antológicas como A Torre de Concreto, 1936, e Acidente de Trabalho, 1944, ambas pertencentes ao Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), correspondem à fase mais intensa da representação proletária em sua produção e mostram como ele não apenas traz à cena o povo anônimo, mas busca representá-lo em seu contexto produtivo, em meio às construções simbolizadas por vertiginosas estruturas de ferro, andaimes, cordas e outras referências ao cotidiano dos canteiros de obra. Com influência do muralismo mexicano, do nacionalismo de Portinari e marcado por um diálogo intenso com o expressionismo, Sigaud reforça o caráter dramático das cenas por meio de ângulos inusitados, da deformação dos personagens, do contraste cromático e de uma composição bastante verticalizada e um tanto claustrofóbica da paisagem urbana.

"A meu ver, toda arte pode concorrer para ativar o debate político, melhorando assim, por vias indiretas, a vida do homem", afirma Sigaud em entrevista a Frederico Morais.¹ Seu engajamento político expressa-se não apenas na eleição dos temas, mas também na participação em eventos como a mostra Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante, em 1945, e sobretudo na presença constante em movimentos de agremiação de artistas em defesa da liberdade de expressão plástica e de democratização do ensino e exibição das artes, como é o caso do Núcleo Bernardelli, que ajuda a fundar em 1931.

Além das cenas de trabalho, confessadamente influenciadas por sua atividade como engenheiro e arquiteto, Sigaud dedica-se à pesquisa técnica, explorando ampla gama de suportes, materiais e linguagens. Na pintura, por exemplo, experimenta diversos recursos, indo da tinta a óleo e aquarela às obras com encáustica, têmpera e afresco. No campo da pintura mural, sua obra de maior destaque é o painel que realiza na década de 1950 para a Catedral de Jacarezinho, no Paraná, a convite de seu irmão, o bispo de tendência conservadora dom Geraldo de Proença Sigaud. Nessa obra, executada juntamente com uma série de modificações arquitetônicas, o artista - que não hesita em reafirmar sua condição de ateu e comunista - concilia a representação das cenas religiosas com uma espécie de inventário da população local, inserindo na obra uma série de retratos, de celebridades, figuras populares e anônimas.

Críticas

"A personalidade e a obra de Eugênio de Proença Sigaud desenvolveram-se como que ao longo de uma linha reta, ambas seguindo sem desvio, sempre norteadas num único sentido, parecendo ter uma determinante comum que as dirigisse sem dúvidas ou ambições inoportunas. Não se acredita que o motivo desse percurso fosse um espírito conservador. É que os objetivos definidos em sucessivas experimentações processaram-se naturalmente e ficaram sedimentados e nítidos em Sigaud sem dificultarem a evolução de sua existência. Só influências passageiras podem haver interferido, conforme é comum constatar-se em outros artistas de idoneidade inatacável. Mas se tomarmos alguns trabalhos de sua iniciação artística, quando freqüentava a Escola Nacional de Belas Artes e os confrontarmos com a sua produção madura ou dos anos finais quando a atividade de pintor muito se intensificou, constataremos que, além do acúmulo de experiências técnicas, o sentimento que as anima, as marcas de sua inspiração, o calor humano de seu fervor plástico e estético prosseguem absolutamente os mesmos. (...)" Quirino Campofiorito

GONÇALVES, Luiz Felipe. Sigaud: o pintor dos operários. Apresentação Edson Motta. Quirino Campofiorito. S.l., editado pelo autor, c1981. Bibliografia: p.125-127 Indice onomástico: p.132-136.

"Sigaud partiu sempre de um motivo cotidiano e imediato. Paralelamente, curtiu a fantasia das mitologias. Mas está na realidade o seu forte, uma realidade densa de drama e respeito material porque o seu mundo visual está povoado do suor dos simples, do desgaste dos músculos proletários, dos guindastes e dos andaimes, dos baldes de cimento e dos tijolos. Disso tudo ele extraiu uma rude poesia, uma canção enrouquecida pelo grito de protesto, um horizonte triste e ferido de desprendida energia, a energia dos humildes e esquecidos. Sigaud dá uma demonstração perfeita do grande domínio do desenho, alta experiência a ser analisada detidamente em sua obra artística. Em tempos de descalabro social, ele foi o celebrador do operário, o apologista do construtor anônimo dos nossos espaços. Ao contrário dos anúncios com mulheres bonitas, carrões e dândis, ele nos dava a atmosfera despojada dos esqueletos dos espigões, a parafernália dos cais, iluminando o estivador e o pedreiro de uma dimensão mágica e grega. Como pessoa, como presença, desperta e pulsante, ele deixou-nos uma advertência oportuna". Walmir Ayalla

GONÇALVES, Luiz Felipe. Sigaud: o pintor dos operários. Edson Motta. Quirino Campofiorito. S.l., editado pelo autor, 1981c. Bibliografia: p.125-127 Indice onomástico: p.132-136.

"De todos os integrantes do Núcleo Bernardelli, Eugênio Sigaud foi o único que desenvolveu uma temática claramente social. ´Sempre exaltei o operário anônimo, sempre denunciei a vida massacrada pelo sistema. Sempre tive consciência da função social da arte. A meu ver, toda arte pode concorrer para ativar o debate político, melhorando assim, por via indireta, a vida do homem´, me dizia, numa entrevista, pouco antes de morrer. Foi sempre expressionista: na deformação ostensiva de suas figuras, na temática pouco charmosa do operariado urbano, na ousadia de suas obras, na largueza do desenho, na energia dos volumes, enfim, no estilo viril, rude e tosco. Não se restringe a mostrar o trabalhador nos andaimes dos edifícios em construção: mostra-os também na rua, em meio ao tráfego, nas usinas, ferrovias, pontes, estaleiros e, depois, passando da cidade para o campo, mostra-o em plantações de café, musculoso e forte, negro, ou no litoral, entre sal e saibros". Frederico Morais

MORAIS, Frederico. Dacoleção: os caminhos da arte brasileira. Introdução de Cesar Luis Pires de Mello. São Paulo: Júlio Bogoricin Imóveis, 1986c.

Exposições Individuais

1941 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel

1946 - Santiago (Chile) - Individual, na Universidad de Santiago do Chile

1947 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Muller

1947 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Instituto de Cultura Uruguayo-Brasileño

1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria do IAB/RJ

1972 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Sigaud, na Galeria da Praça

1973 - São Paulo SP - Homenagem aos 50 anos de Pintura do Artista E. P. Sigaud, na A Galeria

1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria B-75

Exposições Coletivas

1923 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão da Primavera

1923 - Rio de Janeiro RJ - Exposição da Sociedade Brasileira de Belas Artes, no Salão Red Star

1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1926 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Novos

1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba

1934 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, na Enba

1935 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, no Núcleo Bernardelli

1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência - medalha de bronze

1936 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, no Núcleo Bernardelli

1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes

1938 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, no Núcleo Bernardelli

1939 - Nova York (Estados Unidos) - Exposição do Riverside Museum - menção honrosa

1939 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Belas Artes

1940 - Porto Alegre RS - Salão do Instituto de Belas Artes - medalha de bronze

1940 - Porto Alegre RS - Bicentenário de Porto Alegre

1940 - Porto Alegre RS - 2º Salão do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul

1941 - Rio de Janeiro RJ - Núcleo Bernardelli, no Palace Hotel

1942 - Rio de Janeiro RJ - 48º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de prata

1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA

1944 - Rio de Janeiro RJ - A Criança na Arte, no MNBA

1944 - Rio de Janeiro RJ - Paisagem Brasileira, no Museu da Escola de Belas Artes Dom João VI

1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante

1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na Enba

1946 - Valparaíso (Chile) - Exposição da Cia Nacional de Navegação

1948 - Cidade do Cabo (África do Sul) - Exposição Contemporânea de Artistas Brasileiros, na South African National Gallery

1948 - Rio de Janeiro RJ - Aspectos do Rio, no MNBA

1949 - Rio de Janeiro RJ - Aquarelas, no MNBA

1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon

1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no MNBA - prêmio aquisição

1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco, no Palácio da Cultura

1955 - Rio de Janeiro RJ - Salão Miniatura, na ABI

1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna

1956 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes

1958 - Rio de Janeiro RJ - O Trabalho na Arte, no MNBA

1959 - Macaé RJ - 2ª Festival de Arte Moderna de Macaé

1961 - Rio de Janeiro RJ - Movimento dos Artistas Modernos Independentes, na Sede do Rei da Voz

1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna

1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna

1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana

Exposições Póstumas

1979 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Espaço Chap Chap

1980 - Rio de Janeiro RJ - Desenhos de Sigaud, na Galeria Andréa Sigaud

1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ

1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, na Acervo Galeria de Arte

1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - São Paulo SP - Sigaud 1899-1979: 60 anos de linguagem gráfica, no Espaço Cultural Chap Chap

1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte

1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil, 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ

2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial

2000 - São Paulo SP - Os Anjos Estão de Volta, na Pinacoteca do Estado

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural

2004 - Curitiba PR - A Paisagem Paranaense e seus Pintores, na Casa Andrade Muricy

2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP

Referência: SIGAUD . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 10 de Mar. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: Itaú Cultural. Eugênio Proença Sigaud, último registro fotográfico do artista.

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Núcleo Bernardelli

Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).

A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.

Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.

Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.

Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Biografia Wikipédia

Em 1921 frequenta o curso livre da Escola Nacional de Belas Artes - ENBA, e é aluno de Modesto Brocos. Mais tarde, em 1927, ingressa no curso de arquitetura da ENBA, que conclui em 1932. Sigaud participa do 38.º Salão Nacional de Belas Artes, organizado em 1931 pelo urbanista Lúcio Costa, conhecido como Salão Revolucionário por permitir a exibição da obra de todos os inscritos, causando a polêmica que leva ao afastamento do urbanista da direção da instituição. Sigaud torna-se um dos principais porta-vozes do muralismo ao publicar, no mesmo ano, o artigo Por que É Esquecida entre Nós a Pintura Mural?, no Jornal de Belas Artes. É um dos artistas brasileiros selecionados para a 1.ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon. A convite de seu irmão, o bispo Dom Geraldo de Proença Sigaud, projeta e decora a Catedral Metropolitana de Jacarezinho, no Paraná, entre 1954 e 1957.

Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 10 de março de 2020.

Arremate Arte
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