Giuseppe Gianinni Pancetti (Campinas, SP, 18 de junho de 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 10 de fevereiro de 1958), mais conhecido como José Pancetti, foi um pintor, escultor, desenhista, pintor de parede, militar da marinha e gravador brasileiro. Foi um pintor modernista, considerado um dos grandes paisagistas da pintura nacional, com destaque para suas numerosas e belas marinhas.
Biografia
Filho de imigrantes italianos de origem humilde, antes de se firmar como artista fez trabalhos simples - como garçom, auxiliar de ourives e numa fábrica de tecidos. Depois, surgiram bicos como pintor de paredes e cartazista improvisado. Foi auxiliar do pintor Adolfo Fonzari nas decorações da casa do comendador Pugiese, em Guarujá. A serviço da Marinha, executava serviços de pintura pela Companhia de Praticantes Especialistas de Convés. Chegou a ter o nome vinculado a uma tonalidade de verde (o "pancetti”) que usava nos navios. Nas horas vagas, pintava caixas de fósforo e pequenos cartões, que eram trocados por cigarros ou dados de presente. As paisagens marinhas que aprendeu a apreciar aí são, inclusive, suas obras mais conhecidas. Foi ao entrar no Núcleo Bernardelli que atingiu a maturidade como artista, sendo influenciado pelo polonês Bruno Lechowski e pelo amigo Bustamante Sá. Suas pinceladas em ziguezague partem de uma observação mimética da natureza, com traços simples e angulosos.
Em 1941, ganhou prêmio de viagem à Europa , promovido pela Divisão Moderna recém-criada. A premiação entregue a um artista não-acadêmico gerou revolta, com críticas acusando-no de "marinheiro que não pode ser almirante". Ainda assim e, apesar de não ter viajado ao exterior (sua saúde estava debilitada, o que levou à conversão do prêmio em dinheiro), Pancetti se inscreve como um dos maiores pintores cariocas.
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Biografia Itaú Cultural
Dos 11 aos 16 anos, por decisão do pai, vive na Itália aos cuidados do tio e dos avós. Antes de tornar-se marinheiro, Pancetti é aprendiz de marceneiro, trabalha em fábricas de bicicleta e de material bélico. Em 1919, ingressa na marinha mercante italiana e viaja por três meses pelo Mediterrâneo. Em 1920, volta para o Brasil e, na cidade de Santos, executa diversos ofícios: é operário têxtil, auxiliar de ourives, trabalhador na rede de esgotos e faxineiro de hotel. Em 1921, em São Paulo, trabalha na Oficina Beppe, especializada em decoração de pintura de parede, como cartazista, pintor de parede e auxiliar do pintor Adolfo Fonzari (1880 - 1959). Em 1922, alista-se na Marinha de Guerra brasileira, onde permanece até ser reformado, em 1946, no posto de 2º Tenente. Em 1925, servindo no encouraçado Minas Gerais, pinta suas primeiras obras. No ano seguinte, para progredir na carreira, integra o quadro de pintores dentro da "Companhia de Praticantes e Especialistas em Convés". Em 1933, ingressa no Núcleo Bernardelli e recebe orientação de Manoel Santiago (1897 - 1987), Edson Motta (1910 - 1981), Rescála (1910 - 1986) e principalmente do pintor polonês Bruno Lechowski (1887 - 1941). Na passagem pelo Núcleo adquire técnica e amadurecimento artístico. Sua obra é composta por paisagens, retratos, auto-retratos, naturezas-mortas e marinhas. As marinhas são as pinturas mais conhecidas. Inicialmente elaboradas de forma analítica, em pinceladas lisas e batidas e organizadas em planos geométricos, sem ondas e sem vento, tornam-se, com o tempo, mais limpas e, por fim, beiram a abstração, reduzidas à areia, à luz e ao mar.
Análise
Filho de imigrantes italianos, José Pancetti nasce em Campinas (SP) e viaja para a Itália ainda criança, em 1913, por causa das dificuldades financeiras da família. Vive em companhia de um tio, negociante de mármore, na região da Toscana, em Massa-Carrara e depois em Pietra Santa, com os avós. Tem várias ocupações até ingressar na Marinha Mercante. Volta ao Brasil em 1920, exerce diferentes ofícios até entrar, dois anos depois, para a Marinha de Guerra, onde permanece até 1946. As constantes viagens não lhe permitem um aprendizado artístico regular. Em 1933, participa do Núcleo Bernardelli, grupo formado por jovens que lutam pela reformulação do ensino artístico na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. É orientado em pintura a óleo pelo artista polonês Bruno Lechowski (1887 - 1941).
O retrato é uma constante em sua carreira. São, em maior parte, composições simplificadas, com poucos elementos. Muitas vezes os retratados revelam a sensação de desalento, como ocorre em Menina Triste e Doente (1940) ou em Retrato de Lourdes (s.d.). Dedica-se também aos auto-retratos, em que mostra a admiração por Vincent van Gogh (1853 - 1890) e Paul Gauguin (1848 - 1903). Representa-se freqüentemente como trabalhador manual, como a lembrar sua origem humilde. Nos auto-retratos, em geral, recusa a frontalidade. A expressão sombria, a cabeça e o busto tratados com cuidado geométrico (procedimento que deriva do cubismo) e os jogos de claro-escuro estruturam essas composições, muito representativas de sua produção e das quais são conhecidas mais de 40 obras.
Na década de 1940, pinta paisagens urbanas, em sua maioria realizadas em cores escuras, com predominância de tons ocre e marcadas por grande melancolia, são exemplos O Chão (1941) ou Pátio da Rua de Santana (1944). Nessas paisagens e também em algumas naturezas-mortas revela interesse pelas obras de Paul Cézanne (1839 - 1906) e Henri Matisse (1869 - 1954). Em outros quadros, como Campos de Jordão (1944) utiliza nuances um pouco mais luminosas de verde e azul, embora em tons rebaixados, e explora a verticalidade dos troncos das árvores.
As marinhas são a face mais conhecida de sua produção, nelas se refletem a experiência de marinheiro e o amor pelos diversos recantos do litoral: Itanhaém, Mangaratiba, Cabo Frio e Arraial do Cabo. Seus quadros são concebidos com grande simplificação formal, como, por exemplo, Cabo Frio (1947). Nele, Pancetti utiliza as linhas em ziguezague, diagonais que percorrem o espaço pictórico e são um recurso constante em suas obras. Em Paisagem com Dunas (1947) ou Praia em Cabo Frio (1947) destaca-se o enquadramento, não usual. O artista realiza uma série de quadros de Arraial do Cabo, nos quais o olhar do espectador percorre as humildes casas de pescadores, a areia muito branca e as canoas coloridas.
Em 1950, viaja para a Bahia, onde fixa residência. Nesse local, sua obra se modifica, a paleta adquire cores quentes e fortes. Suas marinhas tornam-se plenas de luz. Pinta a cidade de Salvador e arredores nos anos 50: a Praia de Itapoã, o Farol da Barra e a Lagoa do Abaeté. Esta última é representada em muitos quadros, que têm como tema o contraste entre as águas escuras, a areia branca e os tecidos coloridos das lavadeiras. Em algumas paisagens baianas explora a consistência, a luminosidade e a cor dourada das areias, como ocorre, por exemplo, em Farol da Barra (1954). Em quadros do final da carreira aproxima-se da abstração, como em Itapoã (1957), no qual a paisagem é concebida por meio de faixas de cores vibrantes e luminosas.
José Pancetti, já em obras iniciais, produz "composições desenquadradas", desenvolvendo ângulos de enquadramento não usuais. Revitaliza, assim, não apenas a pintura de marinhas, mas também as demais composições paisagísticas e retratos. Conhecido como um dos grandes marinhistas brasileiros, cria imagens de grande intensidade poética, revelando muita sensibilidade no uso da cor.
Críticas
"Homem do Povo, Pancetti, procura no povo a grande força inspiradora de sua arte. É na paisagem brasileira, a síntese de seu sentimento nativista. Imagino-o um homem rude, poético e violento, talvez triste, talvez nostálgico dos velhos portos do mundo, onde viu a vida de perto. Essa experiência humana ele a transportou para quadros, com um lirismo admirável e por vezes patético. Não é um pintor de água doce. É um notável artista oceânico".
Luis Martins (PANCETTI, José. Exposição de pintura de José Pancetti. São Paulo: Instituto dos Arquitetos, 1945. 7 p., il. p&b. p. 6.)
"O marinheiro Pancetti é o Maior paisagista moderno do Brasil. Seus quadros realizam a imagem da natureza d'aprés lê rêve e composição reconstituindo as linhas da percepção objetiva, mas o colorido inundando com imaginação o desenho meramente sensorial. Em todas as paisagens de Pancetti reina uma atmosfera azulada e sombria, de um azul denso, misterioso e triste, a constante emotiva do marinheiro. Se há um pintor poeta, é esse. Entre o seu quadro premiado e as duas marinhas é difícil estabelecer uma preferência. A densidade espiritual é a mesma. O mais que se pode dizer é que a paisagem da terra firme ofereceu um tema para o pintor demonstrar a variedade e a riqueza dos seus dons de coloristas".
Ruben Navarra (PANCETTI, José. Exposição de pintura de José Pancetti. São Paulo: Instituto dos Arquitetos, 1945. 7 p., il. p&b. p. 6.)
"Uma obra que se dispôs a ser simultaneamente intuitiva e refinada, para a qual a vivência do mar - olhos entregues à distância de horizontes intermináveis ou ao mergulho na solidão interior - terá contribuído de modo muito direto no sentido de sua preferência pela paisagem marítima e pelo auto-retrato. Em qualquer um dos casos, a disposição de ir aos poucos simplificando e resumindo os detalhes da realidade a registrar na superfície da pintura, bem como a capacidade de conferir à cor, em amplas chapadas ou marcas quase instantâneas, poderosa função sugestiva determinaram sempre a evolução de Pancetti. Sua obra ficou como uma das raras demonstrações, na arte brasileira, de acerto no registro da paisagem litorânea, especialmente do Rio e da Bahia, captando-lhe a luminosidade exata e o equilíbrio entre contenção e exuberância. Equilíbrio que os seus retratos também souberam alcançar, ainda que tendentes mais para o retraimento e a introspecção".
Roberto Pontual (José Pancetti. In: ___. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1976. p. 115.)
"Pancetti simplifica o mais que pode as suas marinhas. Reduz as cores a duas ou três tonalidades, com as quais joga com segurança magistral. Seu espírito de síntese torna-se, então, de um grande refinamento e, ao mesmo tempo, de uma rara pureza na pintura moderna brasileira".
Antônio Bento (Pancetti. In: LEITE, José Roberto Teixeira. Pancetti: o pintor marinheiro. Rio de Janeiro: Conquista, 1979. p. 99.)
"O que nele é permanente é o artista, o pintor, o maior marinhista que o Brasil já teve e o paisagista interiorizado dos esfumatos, dos cinzas tonalizados mais belos que conhecemos de Campos do Jordão, e rival dos grandes como Segall, Volpi e Guignard. (...)
Sua pintura foi sempre uma imagem de cores fundamentais, de paisagens fundamentais, cara de gente, montanha, mar, vista através de uma percepção direta, primeira, quase de criança. Daí a frescura sem par de suas melhores telas. Foi sempre uma máquina de ver, de ver carinhosamente as coisas externas naturais, mesmo quando essas coisas naturais são barcos, pois, para marinheiro, barco, qualquer que seja, grande ou pequeno, é sempre obra da natureza, faz parte do mar, criador de tudo, das coisas e dos homens.
O velho Pancetti, entrado em anos, não consegue ser velho. E mesmo no leito de dor é moço, tem alma de menino. Seu diário é nesse sentido muito revelador. Menino vê tudo de olhos esbugalhados, como se fosse pela primeira vez. E vê tudo de fora, tal a atração que o espetáculo da vida sobre ele exerce. Pois é assim que age o nosso caro, grande Pancetti: até o seu tratamento, ele o encara de fora, como 'formalidades do costume: injeções, remédios, temperatura, pressão'".
Mário Pedrosa (Pancetti e o seu diário. In: PEDROSA, Mário; AMARAL, Aracy (Org. ). Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília. São Paulo: Perspectiva, 1981. p. 165-166. Debates, 170)
"Pancetti faz parte do rol de artistas que, por esse ato de volição, mais determinado pela intuição do que pelo saber, embrenha-se na tarefa quase heróica de modernizar a cena artística brasileira. E o esforço dessa modernização haveria de corresponder ao esforço por atingir a planaridade do espaço, objeto de todo o processo pictórico moderno. Aderir a esse espaço plano, superficial, tinha porém implicações de várias naturezas. Significava a ruptura com a perspectiva ilusionista da representação em profundidade, ruptura de antigos esquemas geométricos convencionais, que havia acompanhado a descoberta da física newtoniana de que todo o espaço é plano. Significava ainda a busca da pintura em se instituir como um campo autônomo e autocrítico, que reconhecia como seu componente exclusivo a bidimensionalidade. O artista europeu desconstrói então a idéia monolítica do espaço em perspectiva fixa, começa a justapor e a articular múltiplos planos sem violar a superfície da tela, e a criar imagens heterogêneas e fragmentadas, que procuram exprimir o próprio dilaceramento do mundo. Essa teria sido, em última instância, a operação cubista. O processo progressivo e radical da conquista do plano, de Cézanne a Mondrian, passa pois por esses dois fatores determinantes: primeiro, contrapõe-se à estabilidade da imagem renascentista perspectivada, como forma de declarar a instabilidade do mundo moderno, e, segundo, busca uma racionalização das formas e dos espaços para, utopicamente, reconduzir esse mundo à ordem. Certamente a procura de Pancetti pela superficialidade da pintura não passa por tais esclarecimentos. Ele provavelmente mais 'intuiu' do que reconheceu as qualidades modernas. Mas sabemos de sua admiração por Cézanne. Uma admiração que soube conectar Cézanne com esse anseio, também seu, pela geometrização e planificação dos espaços. Raras, aliás, as afinidades modernistas brasileiras com Cézanne e Pancetti".
Ligia Canongia (Pancetti: o mar imóvel. In: PANCETTI, José. Pancetti - O marinheiro só. [Salvador]: Museu de Arte da Bahia, 2000. p. 20-21.)
Exposições Individuais
1945 - São Paulo SP - Individual, no Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB/SP
1946 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Montparnasse
1946 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Itapetininga
1950 - Recife PE - Individual, no Sindicato dos Empregados do Comércio
1952 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1958 - Recife PE - Individual, no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/PE
Exposições Coletivas
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola de Belas Artes
1934 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, na Escola de Belas Artes - menção honrosa
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto da Previdência - medalha de bronze
1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - medalha de prata
1939 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Belas Artes
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1941 - Nova York (Estados Unidos) - Contemporary Art of the Western Hemisphere, patrocinada pela IBM Corporation
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao exterior
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição de Arte Brasileira, em homenagem a RAF - Royal Air Force, no Burlington House
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Museu de Arte da Pampulha - MAP
1944 - Londres (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1945 - Bath (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Victiry Art Gallery
1945 - Bristol (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición
1945 - Edimburgo (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Manchester (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura
1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante
1945 - São Paulo SP - Alfredo Volpi, Bonadei, Carlos Prado, Quirino da Silva, Francisco Rebolo, Mario Zanini e José Pancetti, na Galeria Benedetti
1945 - São Paulo SP - Anita Malfati, Virgínia Artigas, Clóvis Graciano, Mick Carnicelli, Oswald de Andrade Filho, José Pancetti, Carlos Prado, Francisco Rebolo, Quirino da Silva, Alfredo Volpi, Mario Zanini, na Galeria Itapetininga
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na Escola Nacional de Belas Artes - ENBA
1947 - Rio de Janeiro RJ - 53º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao país
1948 - Rio de Janeiro RJ - 54º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de ouro
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1950 - Roma (Itália) - Coletiva de Arte Brasileira
1950 - Veneza (Itália) - 25ª Bienal de Veneza
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1953 - Paris (França) - Coletiva de Arte Brasileira
1954 - Salvador BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia - medalha de ouro
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Santiago (Chile) - Coletiva de Arte Brasileira
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP
Exposições Póstumas
1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas
1962 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti: retrospectiva, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1963 - Belo Horizonte MG - Exposição na Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais, na UFMG
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil
1963 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem como Tema, na Galeria Ibeu Copacabana
1965 - Maceió AL - José Pancetti: retrospectiva, na Galeria Rosalvo Ribeiro
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Stand do Edifício Pancetti, na avenida Vieira Souto, 416
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP
1973 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1974 - São Paulo SP - José Pancetti: retrospectiva, na Galeria de Arte Ipanema
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1980 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Christina Faria de Paula Galeria de Arte
1980 - Rio de Janeiro RJ - Permanência em Pancetti, na Acervo Galeria de Arte
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Nuseu de Arte Brasileira - MAB
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, no Acervo Galeria de Arte
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado - Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti
1983 - Campinas SP - Individual, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti - MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Contemporânea
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1983 - São Paulo SP - José Pancetti Bahia 50-57, no Museu de Arte de São Paulo
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo - Masp
1986 - Curitiba PR - José Pancetti: retrospectiva, no Museu da Gravura
1986 - Rio de Janeiro RJ - Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro, Fevereiro, Março: do modernismo à geração 80, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/SP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Rio de Janeiro RJ - Exposição da Coleção Aloysio de Paula, na Galeria de Arte Ipanema
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no Centro Cultural do Banco do Brasil
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes
1993 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti: retrospectiva, no MAM/RJ
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Museu de Arte de São Paulo
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Figura e Paisagem no Acervo do MAM: homenagem a Volpi, no MAM/SP
1996 - São Paulo SP - O Mundo de Mario Schenberg, na Casa das Rosas
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - O Toque Revelador: retratos e auto-retratos, no MAC/USP
1997 - São Paulo SP - Pancetti um Pintor Pintor, na Galeria de Arte do Brasil
1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo: doações recentes 1996 - 1998, no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico
1998 - São Paulo SP - A Arte de Expor Arte, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no MAM/SP
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, na Caixa Cultural
1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Museu de Arte Brasileira. Salão Cultural
1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria
1999 - São Paulo SP - Os Ítalos e os Brasileiros na Arte do Entre Guerras, Pinacoteca do Estado
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - Rio de Janeiro RJ - Pancetti: o marinheiro só, no MNBA
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - Salvador BA - Pancetti: o marinheiro só, no MAM/BA
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento: Arte Moderna, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento: Negro de Corpo e Alma, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Brasil Sobre Papel: matizes e vivências, no Espaço de Artes Unicid
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Rio de Janeiro RJ - Acervo da Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Nova André Galeria
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB
2001 - São Paulo SP - Pancetti: o marinheiro só, no MAB
2002 - Campinas SP - 100 anos de Pancetti, no MACC
2002 - Ribeirão Preto SP - 100 anos de Pancetti, no Museu de Arte de Ribeirão Preto
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB
2002 - São Paulo SP - Espelho Selvagem: arte moderna no Brasil da primeira metade do século XX, Coleção Nemirovsky, no MAM/SP
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no Centro Cultural São Paulo - CCSP
2002 - São Paulo SP - Paisagens do Imaginário, na Nova André Galeria
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/SP
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, na Caixa Cultural
2003 - São Paulo SP - A Arte Atrás da Arte: onde ficam e como viajam as obras de arte, no Espaço MAM - Villa-Lobos
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2003 - São Paulo SP - José Pancetti (1902-1958): marinheiro, pintor e poeta, na Pinakotheke
2003 - São Paulo SP - Individual, na Pinakotheke
2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB
2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2004 - Rio de Janeiro RJ - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB
2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, na Léo Bahia Arte Contemporânea
2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, no Itaú Cultural
2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP
2005 - São Paulo SP - Odorico Tavares: a minha casa baiana - sonhos e desejos de um colecionador, na Galeria de Arte do Sesi
2006 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950, no MAM/RJ
2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, no Masp
2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado
2007 - Curitiba PR - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu Oscar Niemeyer
2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/BA
2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP
2007 - São Paulo SP - Brasil, Várias Vezes Moderno, no Espaço Arte Morumbi Shopping
2007 - São Paulo SP - Modernidade Negociada: um recorte da arte brasileira nos anos 40, no MAM/SP
2008 - São Paulo SP - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno, no Museu de Arte de São Paulo
Fonte: JOSÉ Pancetti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia - Wikipédia
Filho de Giovanni Battista Pancetti e Corinna Giannini, imigrantes italianos da Toscana, viveu em Campinas até os oito anos, quando seu pai, mestre de obras, mudou-se com mulher e filhos para a capital paulista, onde esperava encontrar melhores condições de trabalho. Aos onze anos, José Pancetti e uma de suas irmãs, são levados para a Itália para viver sob os cuidados de um tio e dos avós. É tio materno da cantora Isaurinha Garcia.[3]
Na Itália
Chegando à casa do tio Casimiro, é colocado para estudar no Colégio Salesiano de Massa-Carrara. Mas pouco tempo depois, o país seria envolvido na Primeira Guerra Mundial e Pancetti vai para o campo, em casa de seus avós, na localidade de Pietrasanta.
Não se adapta à vida de camponês, exercendo diversas ocupações desde aprendiz de carpinteiro, operário na fábrica de bicicletas Bianchi e empregado numa fábrica de materiais bélicos em Forte dei Marmi.
Para fixá-lo num ofício mais atraente, seu tio emprega-o na marinha mercante italiana onde deveria aprender a profissão de marinheiro. Embarca no veleiro Maria Rosa que percorria o Mediterrâneo, principalmente entre os portos de Gênova e Alexandria. Mas a inconstância própria de seu caráter faz com que abandone o navio e passe a vagar pelas ruas de Gênova, com sérias dificuldades de subsistência. Até que num determinado dia, alguém o encaminha para o consulado brasileiro, onde é providenciado o seu repatriamento.
De volta ao Brasil
Assim, no dia 12 de fevereiro de 1920, desembarca em Santos. Para sobreviver trabalha em diversos lugares e ofícios diferentes até que, em 1921, transfere-se para São Paulo onde um empresário, também italiano, lhe dá um emprego de pintor de paredes e cartazes. Parece ter sido este o seu primeiro contato com pinceis e tintas.
Naquele mesmo ano, o pintor Adolfo Fonzari oferece a Pancetti uma oportunidade de auxiliá-lo na decoração da casa do comendador Giuseppe Puglisi Carbone na cidade litorânea de Guarujá.
Em seguida, no ano de 1922, conseguiu realizar um grande desejo: alistar-se na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceria até 1946.
A descoberta do pintor
A bordo foi-lhe dada a tarefa de pintar cascos, paredes, camarotes e o fazia com tal zelo que sua fama correu pela Marinha, até que um almirante (Gastão Motta) criou um quadro de especialistas na profissão e nomeou Pancetti primeiro instrutor desse quadro. Mas, surge no marinheiro a vontade de passar para o papel aquilo que seus olhos viam. E assim começou a desenhar, em data que nem mesmo ele soube precisar, pequenos cartões com paisagens, marinhas, cenas românticas ainda bastante primárias mas que já mostravam seu potencial artístico.
Em 1932, o pintor tem seu primeiro trabalho publicado no jornal A Noite Ilustrada, sob o título, "Um Amador da Pintura". Ao ver seu desenho, o escultor Paulo Mazzuchelli, aconselha-o a ingressar no recém-criado Núcleo Bernardelli, um conselho repetido pelo pintor Giuseppe Gargaglione, a quem Pancetti conheceu passeando pelo Campo de Santana, no Rio de Janeiro. Acatando a sugestão, ingressa no Núcleo Bernardelli em 1933, onde teve como principal orientador o pintor Bruno Lechowski. No Núcleo, uma escola livre que funcionava nas dependências do edifício da Escola de Belas Artes, Pancetti teria como companheiros pintores que, ao passar do tempo, viriam a ganhar notoriedade como, entre outros, Edson Motta, José Rescala, Ado Malagoli, Expedito Camargo Freire, Manuel Santiago, Bustamante Sá e Silvio Pinto.
Dois anos depois, em 1935, casa-se com Annita Caruso.
Com o quadro "O Chão" ganha em 1941, o prêmio de viagem ao estrangeiro, na recém criada Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes. Por motivos de saúde é licenciado da Marinha e não desfruta seu prêmio no exterior. Muda-se para Campos do Jordão em 1942, em busca de tratamento para a tuberculose que o afetava. Neste mesmo ano nasce a sua filha Nilma. Posteriormente muda-se para São João del-Rei.
A primeira exposição individual ocorre em 1945, apresentando mais de setenta quadros. No ano seguinte é reformado pela Marinha na patente de segundo-tenente. Em 1948 recebe a medalha de ouro do Salão Nacional de Belas Artes, realizando a sua primeira exposição internacional em 1950, na Bienal de Veneza. Um ano depois participa da primeira Bienal de Arte de São Paulo.
Em 1952 dois fatos importantes marcam a sua vida: o nascimento de seu filho Luís Carlos e a promoção a primeiro-tenente da Marinha Brasileira. Decorridos dois anos recebe a medalha de ouro no Salão de Belas Artes da Bahia e em 1955 faz uma importante exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
A 10 de Fevereiro de 1958 morre de câncer de estômago no Hospital Central da Marinha no Rio de Janeiro. É enterrado no cemitério São João Batista no bairro do Botafogo, tendo o poeta Augusto Frederico Schmidt proferido a oração fúnebre.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 13 de novembro de 2017.
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Todo caminho deu no mar
A exposição Pancetti — Navegar é preciso, realizada na Galeria Almeida Dale, não tem caráter propriamente comercial. A grande maioria das telas, de diferentes coleções particulares, não está à venda. Juntas, elas compõem uma mostra representativa das principais facetas do pintor.
Lá estão, além de suas famosas marinhas, naturezas-mortas, retratos e cenas urbanas. Comum ao conjunto é o tamanho das telas, sempre modesto. Isto porque Pancetti preferia o ambiente externo à reclusão do ateliê e, portanto, precisava carregar as telas consigo. “Ele era um pintor do ar livre”, define Denise Mattar, curadora da exposição.
Junto das cores com as quais o filho de imigrantes italianos pintava o litoral brasileiro, o som do mar da Bahia, gravado no Solar do Unhão, e temas de Caymmi variados num violão fazem da mostra uma espécie de milagre ou miragem — o ar-condicionado, é claro, também ajuda.
O ar livre das praias brasileiras no ar-condicionado de uma galeria paulistana — talvez seja esta a natureza da miragem. Mas ainda que a atmosfera seja de suspensão e a promessa, de refúgio, vale ficar atento e não perder de vista a areia em que Pancetti esquentou os pés. Há ali trabalho e história.
Marinheiro só
José Pancetti foi pintor de parede na juventude, mas de 1922, quando tinha 20 anos, até 1946, quando se aposenta, trabalha na Marinha de Guerra brasileira. Antes disso, já havia trabalhado na marinha mercante durante uma passagem na Itália. Estes longos e constantes períodos no mar se refletem em sua pintura, cuja face mais conhecida é justamente a paisagem marítima.
Durante toda a vida adulta, a arte teve de ser conciliada com a profissão de marinheiro, da qual Pancetti retirava seu sustento. Mas isto não significou um sacrifício. Denise Mattar diz que o artista encontrou na Marinha “um amor correspondido”.
“O Pancetti tinha o maior orgulho de ser marinheiro e a Marinha sempre teve um carinho especial pelo Pancetti”, conta a curadora. Além de receber com frequência licenças por motivos de saúde, o artista acumulou o posto de “moço das tintas” na Marinha, fazendo com capricho os serviços de pintura do navio. Além disso, testava seu traço no que via pela frente, de caixas de charuto a lonas descartadas.
Olhar fotográfico
Um marco no seu amadurecimento como pintor acontece em 1933. Durante uma missão em terra, Pancetti frequenta o Núcleo Bernardelli, com sede nos porões da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Espécie de primo carioca do Grupo Santa Helena, o núcleo reunia artistas sem dinheiro, muitos deles imigrantes, que compartilhavam o horizonte modernista e o desejo de se aprimorar no métier.
Pancetti teria achado “tudo uma chatura”, conta Denise, mas a experiência valeu pelo encontro com dois artistas: o então jovem Milton Dacosta e o já experiente Bruno Lechowski. A orientação recebida pelo pintor polonês radicado no Brasil foi decisiva para o seu trabalho. Além do gosto compartilhado pelas marinhas, Pancetti herda — e, em seguida, aprofunda — de Lechowski a escolha por ângulos específicos, que recortam a paisagem de modo característico.
“O Pancetti tem uma forma de olhar quase fotográfica”, diz Denise Mattar, tomando como exemplo uma paisagem que, nas extremidades, apresenta partes de duas casas. Ao centro e ao fundo, uma saída para o mar. Este enquadramento da realidade, além da incisão geométrica que os elementos operam na paisagem, são desdobramentos de lições tomadas com Lechowski.
Gêneros fluidos
A construção desse olhar específico — alimentado pelas características de sua profissão, pelo autodidatismo e por encontros felizes — deságua numa produção sem par no modernismo brasileiro. “O Pancetti é um artista absolutamente original”, defende Denise Mattar. “Ele usa os gêneros clássicos da pintura — paisagem, retrato e natureza-morta — mas a cada uma dessas coisas ele dá um outro olhar.”
Nos retratos, e mais especificamente no número considerável de autorretratos que produziu, Pancetti “se reveste de várias personalidades diferentes”, aparecendo faceiro com um chapéu vermelho em uma tela, na outra como um almirante, naquela como camponês ou, ainda, como o marinheiro que de fato foi.
Nas naturezas-mortas, por sua vez, Pancetti revela “um olhar totalmente inusitado para as coisas do cotidiano”, segundo Denise. Nestas telas, o pintor hibridiza o gênero com elementos que lhe são alheios. Em uma das telas, um caranguejo passeia entre cajus. Em outra, um menino espreita uma mesa cheia de mangas. Na mais eloquente delas, maçãs e laranjas estão enfileiradas à janela de seu ateliê contra um fundo tipicamente pancettiano: uma paisagem de árvores, mar e barco, pintados em cores vivas, sem grande detalhe.
De todos os gêneros, no entanto, é sem dúvida nas paisagens que José Pancetti tem seu ápice criativo, sobretudo a partir dos anos 40, quando tem baixa da Marinha (e portanto mais tempo para pintar), e dos anos 50, quando vai morar na Bahia.
Neste período, o olhar sobre a paisagem litorânea se torna cada vez mais depurado, os elementos da praia passam a minguar e aqueles que resistem na tela ganham contornos geométricos. As faixas de areia tomam cada vez mais espaço, o céu e o mar se estreitam, pessoas e árvores são reduzidas a traços mínimos.
Este percurso estético de Pancetti é marcado, além da progressiva geometrização, pela centralidade das cores, que vão se tornando mais vivas conforme seu amadurecimento. Nos últimos quadros a cor de fato rouba o protagonismo do contorno dos elementos representados, tornando-se decisiva para a forma.
O sol de Amaralina ou, nas paisagens urbanas, a luz de Campos do Jordão são tão ou mais importantes para o olhar de Pancetti do que as coisas flagradas no local. Este aspecto se radicaliza com a recusa do realismo praieiro: o vento não faz cantiga nas folhas no alto dos coqueirais nem ondula as águas. O mar tampouco quebra na praia — bonito para Pancetti é uma vastidão imóvel de azul.
Na beira do mar
A viagem de Pancetti com destino na abstração, que lhe credencia à melhor embarcação moderna, encontra par na simplicidade que atravessou sua vida e seu ponto de vista. Como Volpi, Pancetti encontrou uma sofisticação que não se dá apesar mas em função da vida que levou — e que conferia possibilidades e restrições aos seus anseios artísticos. Nas praias que pintou, um ambiente democrático, popular e aberto (como as festas populares de seu par modernista) está representado de forma simples e depurada.
Além da política, as marinhas essenciais de Pancetti carregam um traço de sabedoria. “Há um grande cansaço de explicar o mar”, escreve Oswald de Andrade no canto que abre O Santeiro do Mangue. Teria o velho Pancetti cansaço de pintar o mar? Vai ver se trata da recusa a um esforço desnecessário, um convite a resolver as coisas com a lógica de uma canção de Caymmi — de estrutura “plena e simples”, como analisou Nuno Ramos.
O coqueiro, a areia, a morena e as águas de Itapoã — aqui sem vento ou saudade. Isto é, na pintura, porque para o espectador vale a máxima de outra canção praieira: quem vem para a beira do mar de Pancetti, nunca mais quer voltar.
Fonte: Revista Bravo, por Andrei Reina, publicado em 17 de outubro de 2017.
Crédito fotográfico: O “pintor do ar livre” José Pancetti em Salvador, clicado por Pierre Verger em 1950 (Imagens: Divulgação)
Giuseppe Gianinni Pancetti (Campinas, SP, 18 de junho de 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 10 de fevereiro de 1958), mais conhecido como José Pancetti, foi um pintor, escultor, desenhista, pintor de parede, militar da marinha e gravador brasileiro. Foi um pintor modernista, considerado um dos grandes paisagistas da pintura nacional, com destaque para suas numerosas e belas marinhas.
Biografia
Filho de imigrantes italianos de origem humilde, antes de se firmar como artista fez trabalhos simples - como garçom, auxiliar de ourives e numa fábrica de tecidos. Depois, surgiram bicos como pintor de paredes e cartazista improvisado. Foi auxiliar do pintor Adolfo Fonzari nas decorações da casa do comendador Pugiese, em Guarujá. A serviço da Marinha, executava serviços de pintura pela Companhia de Praticantes Especialistas de Convés. Chegou a ter o nome vinculado a uma tonalidade de verde (o "pancetti”) que usava nos navios. Nas horas vagas, pintava caixas de fósforo e pequenos cartões, que eram trocados por cigarros ou dados de presente. As paisagens marinhas que aprendeu a apreciar aí são, inclusive, suas obras mais conhecidas. Foi ao entrar no Núcleo Bernardelli que atingiu a maturidade como artista, sendo influenciado pelo polonês Bruno Lechowski e pelo amigo Bustamante Sá. Suas pinceladas em ziguezague partem de uma observação mimética da natureza, com traços simples e angulosos.
Em 1941, ganhou prêmio de viagem à Europa , promovido pela Divisão Moderna recém-criada. A premiação entregue a um artista não-acadêmico gerou revolta, com críticas acusando-no de "marinheiro que não pode ser almirante". Ainda assim e, apesar de não ter viajado ao exterior (sua saúde estava debilitada, o que levou à conversão do prêmio em dinheiro), Pancetti se inscreve como um dos maiores pintores cariocas.
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Biografia Itaú Cultural
Dos 11 aos 16 anos, por decisão do pai, vive na Itália aos cuidados do tio e dos avós. Antes de tornar-se marinheiro, Pancetti é aprendiz de marceneiro, trabalha em fábricas de bicicleta e de material bélico. Em 1919, ingressa na marinha mercante italiana e viaja por três meses pelo Mediterrâneo. Em 1920, volta para o Brasil e, na cidade de Santos, executa diversos ofícios: é operário têxtil, auxiliar de ourives, trabalhador na rede de esgotos e faxineiro de hotel. Em 1921, em São Paulo, trabalha na Oficina Beppe, especializada em decoração de pintura de parede, como cartazista, pintor de parede e auxiliar do pintor Adolfo Fonzari (1880 - 1959). Em 1922, alista-se na Marinha de Guerra brasileira, onde permanece até ser reformado, em 1946, no posto de 2º Tenente. Em 1925, servindo no encouraçado Minas Gerais, pinta suas primeiras obras. No ano seguinte, para progredir na carreira, integra o quadro de pintores dentro da "Companhia de Praticantes e Especialistas em Convés". Em 1933, ingressa no Núcleo Bernardelli e recebe orientação de Manoel Santiago (1897 - 1987), Edson Motta (1910 - 1981), Rescála (1910 - 1986) e principalmente do pintor polonês Bruno Lechowski (1887 - 1941). Na passagem pelo Núcleo adquire técnica e amadurecimento artístico. Sua obra é composta por paisagens, retratos, auto-retratos, naturezas-mortas e marinhas. As marinhas são as pinturas mais conhecidas. Inicialmente elaboradas de forma analítica, em pinceladas lisas e batidas e organizadas em planos geométricos, sem ondas e sem vento, tornam-se, com o tempo, mais limpas e, por fim, beiram a abstração, reduzidas à areia, à luz e ao mar.
Análise
Filho de imigrantes italianos, José Pancetti nasce em Campinas (SP) e viaja para a Itália ainda criança, em 1913, por causa das dificuldades financeiras da família. Vive em companhia de um tio, negociante de mármore, na região da Toscana, em Massa-Carrara e depois em Pietra Santa, com os avós. Tem várias ocupações até ingressar na Marinha Mercante. Volta ao Brasil em 1920, exerce diferentes ofícios até entrar, dois anos depois, para a Marinha de Guerra, onde permanece até 1946. As constantes viagens não lhe permitem um aprendizado artístico regular. Em 1933, participa do Núcleo Bernardelli, grupo formado por jovens que lutam pela reformulação do ensino artístico na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. É orientado em pintura a óleo pelo artista polonês Bruno Lechowski (1887 - 1941).
O retrato é uma constante em sua carreira. São, em maior parte, composições simplificadas, com poucos elementos. Muitas vezes os retratados revelam a sensação de desalento, como ocorre em Menina Triste e Doente (1940) ou em Retrato de Lourdes (s.d.). Dedica-se também aos auto-retratos, em que mostra a admiração por Vincent van Gogh (1853 - 1890) e Paul Gauguin (1848 - 1903). Representa-se freqüentemente como trabalhador manual, como a lembrar sua origem humilde. Nos auto-retratos, em geral, recusa a frontalidade. A expressão sombria, a cabeça e o busto tratados com cuidado geométrico (procedimento que deriva do cubismo) e os jogos de claro-escuro estruturam essas composições, muito representativas de sua produção e das quais são conhecidas mais de 40 obras.
Na década de 1940, pinta paisagens urbanas, em sua maioria realizadas em cores escuras, com predominância de tons ocre e marcadas por grande melancolia, são exemplos O Chão (1941) ou Pátio da Rua de Santana (1944). Nessas paisagens e também em algumas naturezas-mortas revela interesse pelas obras de Paul Cézanne (1839 - 1906) e Henri Matisse (1869 - 1954). Em outros quadros, como Campos de Jordão (1944) utiliza nuances um pouco mais luminosas de verde e azul, embora em tons rebaixados, e explora a verticalidade dos troncos das árvores.
As marinhas são a face mais conhecida de sua produção, nelas se refletem a experiência de marinheiro e o amor pelos diversos recantos do litoral: Itanhaém, Mangaratiba, Cabo Frio e Arraial do Cabo. Seus quadros são concebidos com grande simplificação formal, como, por exemplo, Cabo Frio (1947). Nele, Pancetti utiliza as linhas em ziguezague, diagonais que percorrem o espaço pictórico e são um recurso constante em suas obras. Em Paisagem com Dunas (1947) ou Praia em Cabo Frio (1947) destaca-se o enquadramento, não usual. O artista realiza uma série de quadros de Arraial do Cabo, nos quais o olhar do espectador percorre as humildes casas de pescadores, a areia muito branca e as canoas coloridas.
Em 1950, viaja para a Bahia, onde fixa residência. Nesse local, sua obra se modifica, a paleta adquire cores quentes e fortes. Suas marinhas tornam-se plenas de luz. Pinta a cidade de Salvador e arredores nos anos 50: a Praia de Itapoã, o Farol da Barra e a Lagoa do Abaeté. Esta última é representada em muitos quadros, que têm como tema o contraste entre as águas escuras, a areia branca e os tecidos coloridos das lavadeiras. Em algumas paisagens baianas explora a consistência, a luminosidade e a cor dourada das areias, como ocorre, por exemplo, em Farol da Barra (1954). Em quadros do final da carreira aproxima-se da abstração, como em Itapoã (1957), no qual a paisagem é concebida por meio de faixas de cores vibrantes e luminosas.
José Pancetti, já em obras iniciais, produz "composições desenquadradas", desenvolvendo ângulos de enquadramento não usuais. Revitaliza, assim, não apenas a pintura de marinhas, mas também as demais composições paisagísticas e retratos. Conhecido como um dos grandes marinhistas brasileiros, cria imagens de grande intensidade poética, revelando muita sensibilidade no uso da cor.
Críticas
"Homem do Povo, Pancetti, procura no povo a grande força inspiradora de sua arte. É na paisagem brasileira, a síntese de seu sentimento nativista. Imagino-o um homem rude, poético e violento, talvez triste, talvez nostálgico dos velhos portos do mundo, onde viu a vida de perto. Essa experiência humana ele a transportou para quadros, com um lirismo admirável e por vezes patético. Não é um pintor de água doce. É um notável artista oceânico".
Luis Martins (PANCETTI, José. Exposição de pintura de José Pancetti. São Paulo: Instituto dos Arquitetos, 1945. 7 p., il. p&b. p. 6.)
"O marinheiro Pancetti é o Maior paisagista moderno do Brasil. Seus quadros realizam a imagem da natureza d'aprés lê rêve e composição reconstituindo as linhas da percepção objetiva, mas o colorido inundando com imaginação o desenho meramente sensorial. Em todas as paisagens de Pancetti reina uma atmosfera azulada e sombria, de um azul denso, misterioso e triste, a constante emotiva do marinheiro. Se há um pintor poeta, é esse. Entre o seu quadro premiado e as duas marinhas é difícil estabelecer uma preferência. A densidade espiritual é a mesma. O mais que se pode dizer é que a paisagem da terra firme ofereceu um tema para o pintor demonstrar a variedade e a riqueza dos seus dons de coloristas".
Ruben Navarra (PANCETTI, José. Exposição de pintura de José Pancetti. São Paulo: Instituto dos Arquitetos, 1945. 7 p., il. p&b. p. 6.)
"Uma obra que se dispôs a ser simultaneamente intuitiva e refinada, para a qual a vivência do mar - olhos entregues à distância de horizontes intermináveis ou ao mergulho na solidão interior - terá contribuído de modo muito direto no sentido de sua preferência pela paisagem marítima e pelo auto-retrato. Em qualquer um dos casos, a disposição de ir aos poucos simplificando e resumindo os detalhes da realidade a registrar na superfície da pintura, bem como a capacidade de conferir à cor, em amplas chapadas ou marcas quase instantâneas, poderosa função sugestiva determinaram sempre a evolução de Pancetti. Sua obra ficou como uma das raras demonstrações, na arte brasileira, de acerto no registro da paisagem litorânea, especialmente do Rio e da Bahia, captando-lhe a luminosidade exata e o equilíbrio entre contenção e exuberância. Equilíbrio que os seus retratos também souberam alcançar, ainda que tendentes mais para o retraimento e a introspecção".
Roberto Pontual (José Pancetti. In: ___. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1976. p. 115.)
"Pancetti simplifica o mais que pode as suas marinhas. Reduz as cores a duas ou três tonalidades, com as quais joga com segurança magistral. Seu espírito de síntese torna-se, então, de um grande refinamento e, ao mesmo tempo, de uma rara pureza na pintura moderna brasileira".
Antônio Bento (Pancetti. In: LEITE, José Roberto Teixeira. Pancetti: o pintor marinheiro. Rio de Janeiro: Conquista, 1979. p. 99.)
"O que nele é permanente é o artista, o pintor, o maior marinhista que o Brasil já teve e o paisagista interiorizado dos esfumatos, dos cinzas tonalizados mais belos que conhecemos de Campos do Jordão, e rival dos grandes como Segall, Volpi e Guignard. (...)
Sua pintura foi sempre uma imagem de cores fundamentais, de paisagens fundamentais, cara de gente, montanha, mar, vista através de uma percepção direta, primeira, quase de criança. Daí a frescura sem par de suas melhores telas. Foi sempre uma máquina de ver, de ver carinhosamente as coisas externas naturais, mesmo quando essas coisas naturais são barcos, pois, para marinheiro, barco, qualquer que seja, grande ou pequeno, é sempre obra da natureza, faz parte do mar, criador de tudo, das coisas e dos homens.
O velho Pancetti, entrado em anos, não consegue ser velho. E mesmo no leito de dor é moço, tem alma de menino. Seu diário é nesse sentido muito revelador. Menino vê tudo de olhos esbugalhados, como se fosse pela primeira vez. E vê tudo de fora, tal a atração que o espetáculo da vida sobre ele exerce. Pois é assim que age o nosso caro, grande Pancetti: até o seu tratamento, ele o encara de fora, como 'formalidades do costume: injeções, remédios, temperatura, pressão'".
Mário Pedrosa (Pancetti e o seu diário. In: PEDROSA, Mário; AMARAL, Aracy (Org. ). Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília. São Paulo: Perspectiva, 1981. p. 165-166. Debates, 170)
"Pancetti faz parte do rol de artistas que, por esse ato de volição, mais determinado pela intuição do que pelo saber, embrenha-se na tarefa quase heróica de modernizar a cena artística brasileira. E o esforço dessa modernização haveria de corresponder ao esforço por atingir a planaridade do espaço, objeto de todo o processo pictórico moderno. Aderir a esse espaço plano, superficial, tinha porém implicações de várias naturezas. Significava a ruptura com a perspectiva ilusionista da representação em profundidade, ruptura de antigos esquemas geométricos convencionais, que havia acompanhado a descoberta da física newtoniana de que todo o espaço é plano. Significava ainda a busca da pintura em se instituir como um campo autônomo e autocrítico, que reconhecia como seu componente exclusivo a bidimensionalidade. O artista europeu desconstrói então a idéia monolítica do espaço em perspectiva fixa, começa a justapor e a articular múltiplos planos sem violar a superfície da tela, e a criar imagens heterogêneas e fragmentadas, que procuram exprimir o próprio dilaceramento do mundo. Essa teria sido, em última instância, a operação cubista. O processo progressivo e radical da conquista do plano, de Cézanne a Mondrian, passa pois por esses dois fatores determinantes: primeiro, contrapõe-se à estabilidade da imagem renascentista perspectivada, como forma de declarar a instabilidade do mundo moderno, e, segundo, busca uma racionalização das formas e dos espaços para, utopicamente, reconduzir esse mundo à ordem. Certamente a procura de Pancetti pela superficialidade da pintura não passa por tais esclarecimentos. Ele provavelmente mais 'intuiu' do que reconheceu as qualidades modernas. Mas sabemos de sua admiração por Cézanne. Uma admiração que soube conectar Cézanne com esse anseio, também seu, pela geometrização e planificação dos espaços. Raras, aliás, as afinidades modernistas brasileiras com Cézanne e Pancetti".
Ligia Canongia (Pancetti: o mar imóvel. In: PANCETTI, José. Pancetti - O marinheiro só. [Salvador]: Museu de Arte da Bahia, 2000. p. 20-21.)
Exposições Individuais
1945 - São Paulo SP - Individual, no Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB/SP
1946 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Montparnasse
1946 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Itapetininga
1950 - Recife PE - Individual, no Sindicato dos Empregados do Comércio
1952 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1958 - Recife PE - Individual, no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/PE
Exposições Coletivas
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola de Belas Artes
1934 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, na Escola de Belas Artes - menção honrosa
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto da Previdência - medalha de bronze
1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - medalha de prata
1939 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Belas Artes
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1941 - Nova York (Estados Unidos) - Contemporary Art of the Western Hemisphere, patrocinada pela IBM Corporation
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao exterior
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição de Arte Brasileira, em homenagem a RAF - Royal Air Force, no Burlington House
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Museu de Arte da Pampulha - MAP
1944 - Londres (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1945 - Bath (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Victiry Art Gallery
1945 - Bristol (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición
1945 - Edimburgo (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Manchester (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura
1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante
1945 - São Paulo SP - Alfredo Volpi, Bonadei, Carlos Prado, Quirino da Silva, Francisco Rebolo, Mario Zanini e José Pancetti, na Galeria Benedetti
1945 - São Paulo SP - Anita Malfati, Virgínia Artigas, Clóvis Graciano, Mick Carnicelli, Oswald de Andrade Filho, José Pancetti, Carlos Prado, Francisco Rebolo, Quirino da Silva, Alfredo Volpi, Mario Zanini, na Galeria Itapetininga
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na Escola Nacional de Belas Artes - ENBA
1947 - Rio de Janeiro RJ - 53º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao país
1948 - Rio de Janeiro RJ - 54º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de ouro
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1950 - Roma (Itália) - Coletiva de Arte Brasileira
1950 - Veneza (Itália) - 25ª Bienal de Veneza
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1953 - Paris (França) - Coletiva de Arte Brasileira
1954 - Salvador BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia - medalha de ouro
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Santiago (Chile) - Coletiva de Arte Brasileira
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP
Exposições Póstumas
1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas
1962 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti: retrospectiva, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1963 - Belo Horizonte MG - Exposição na Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais, na UFMG
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil
1963 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem como Tema, na Galeria Ibeu Copacabana
1965 - Maceió AL - José Pancetti: retrospectiva, na Galeria Rosalvo Ribeiro
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Stand do Edifício Pancetti, na avenida Vieira Souto, 416
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP
1973 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1974 - São Paulo SP - José Pancetti: retrospectiva, na Galeria de Arte Ipanema
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1980 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Christina Faria de Paula Galeria de Arte
1980 - Rio de Janeiro RJ - Permanência em Pancetti, na Acervo Galeria de Arte
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Nuseu de Arte Brasileira - MAB
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, no Acervo Galeria de Arte
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado - Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti
1983 - Campinas SP - Individual, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti - MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Contemporânea
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1983 - São Paulo SP - José Pancetti Bahia 50-57, no Museu de Arte de São Paulo
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo - Masp
1986 - Curitiba PR - José Pancetti: retrospectiva, no Museu da Gravura
1986 - Rio de Janeiro RJ - Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro, Fevereiro, Março: do modernismo à geração 80, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/SP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Rio de Janeiro RJ - Exposição da Coleção Aloysio de Paula, na Galeria de Arte Ipanema
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no Centro Cultural do Banco do Brasil
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes
1993 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti: retrospectiva, no MAM/RJ
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Museu de Arte de São Paulo
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Figura e Paisagem no Acervo do MAM: homenagem a Volpi, no MAM/SP
1996 - São Paulo SP - O Mundo de Mario Schenberg, na Casa das Rosas
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - O Toque Revelador: retratos e auto-retratos, no MAC/USP
1997 - São Paulo SP - Pancetti um Pintor Pintor, na Galeria de Arte do Brasil
1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo: doações recentes 1996 - 1998, no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico
1998 - São Paulo SP - A Arte de Expor Arte, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no MAM/SP
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, na Caixa Cultural
1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Museu de Arte Brasileira. Salão Cultural
1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria
1999 - São Paulo SP - Os Ítalos e os Brasileiros na Arte do Entre Guerras, Pinacoteca do Estado
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - Rio de Janeiro RJ - Pancetti: o marinheiro só, no MNBA
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - Salvador BA - Pancetti: o marinheiro só, no MAM/BA
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento: Arte Moderna, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento: Negro de Corpo e Alma, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Brasil Sobre Papel: matizes e vivências, no Espaço de Artes Unicid
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Rio de Janeiro RJ - Acervo da Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Nova André Galeria
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB
2001 - São Paulo SP - Pancetti: o marinheiro só, no MAB
2002 - Campinas SP - 100 anos de Pancetti, no MACC
2002 - Ribeirão Preto SP - 100 anos de Pancetti, no Museu de Arte de Ribeirão Preto
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB
2002 - São Paulo SP - Espelho Selvagem: arte moderna no Brasil da primeira metade do século XX, Coleção Nemirovsky, no MAM/SP
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no Centro Cultural São Paulo - CCSP
2002 - São Paulo SP - Paisagens do Imaginário, na Nova André Galeria
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/SP
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, na Caixa Cultural
2003 - São Paulo SP - A Arte Atrás da Arte: onde ficam e como viajam as obras de arte, no Espaço MAM - Villa-Lobos
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2003 - São Paulo SP - José Pancetti (1902-1958): marinheiro, pintor e poeta, na Pinakotheke
2003 - São Paulo SP - Individual, na Pinakotheke
2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB
2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2004 - Rio de Janeiro RJ - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB
2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, na Léo Bahia Arte Contemporânea
2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, no Itaú Cultural
2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP
2005 - São Paulo SP - Odorico Tavares: a minha casa baiana - sonhos e desejos de um colecionador, na Galeria de Arte do Sesi
2006 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950, no MAM/RJ
2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, no Masp
2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado
2007 - Curitiba PR - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu Oscar Niemeyer
2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/BA
2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP
2007 - São Paulo SP - Brasil, Várias Vezes Moderno, no Espaço Arte Morumbi Shopping
2007 - São Paulo SP - Modernidade Negociada: um recorte da arte brasileira nos anos 40, no MAM/SP
2008 - São Paulo SP - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno, no Museu de Arte de São Paulo
Fonte: JOSÉ Pancetti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia - Wikipédia
Filho de Giovanni Battista Pancetti e Corinna Giannini, imigrantes italianos da Toscana, viveu em Campinas até os oito anos, quando seu pai, mestre de obras, mudou-se com mulher e filhos para a capital paulista, onde esperava encontrar melhores condições de trabalho. Aos onze anos, José Pancetti e uma de suas irmãs, são levados para a Itália para viver sob os cuidados de um tio e dos avós. É tio materno da cantora Isaurinha Garcia.[3]
Na Itália
Chegando à casa do tio Casimiro, é colocado para estudar no Colégio Salesiano de Massa-Carrara. Mas pouco tempo depois, o país seria envolvido na Primeira Guerra Mundial e Pancetti vai para o campo, em casa de seus avós, na localidade de Pietrasanta.
Não se adapta à vida de camponês, exercendo diversas ocupações desde aprendiz de carpinteiro, operário na fábrica de bicicletas Bianchi e empregado numa fábrica de materiais bélicos em Forte dei Marmi.
Para fixá-lo num ofício mais atraente, seu tio emprega-o na marinha mercante italiana onde deveria aprender a profissão de marinheiro. Embarca no veleiro Maria Rosa que percorria o Mediterrâneo, principalmente entre os portos de Gênova e Alexandria. Mas a inconstância própria de seu caráter faz com que abandone o navio e passe a vagar pelas ruas de Gênova, com sérias dificuldades de subsistência. Até que num determinado dia, alguém o encaminha para o consulado brasileiro, onde é providenciado o seu repatriamento.
De volta ao Brasil
Assim, no dia 12 de fevereiro de 1920, desembarca em Santos. Para sobreviver trabalha em diversos lugares e ofícios diferentes até que, em 1921, transfere-se para São Paulo onde um empresário, também italiano, lhe dá um emprego de pintor de paredes e cartazes. Parece ter sido este o seu primeiro contato com pinceis e tintas.
Naquele mesmo ano, o pintor Adolfo Fonzari oferece a Pancetti uma oportunidade de auxiliá-lo na decoração da casa do comendador Giuseppe Puglisi Carbone na cidade litorânea de Guarujá.
Em seguida, no ano de 1922, conseguiu realizar um grande desejo: alistar-se na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceria até 1946.
A descoberta do pintor
A bordo foi-lhe dada a tarefa de pintar cascos, paredes, camarotes e o fazia com tal zelo que sua fama correu pela Marinha, até que um almirante (Gastão Motta) criou um quadro de especialistas na profissão e nomeou Pancetti primeiro instrutor desse quadro. Mas, surge no marinheiro a vontade de passar para o papel aquilo que seus olhos viam. E assim começou a desenhar, em data que nem mesmo ele soube precisar, pequenos cartões com paisagens, marinhas, cenas românticas ainda bastante primárias mas que já mostravam seu potencial artístico.
Em 1932, o pintor tem seu primeiro trabalho publicado no jornal A Noite Ilustrada, sob o título, "Um Amador da Pintura". Ao ver seu desenho, o escultor Paulo Mazzuchelli, aconselha-o a ingressar no recém-criado Núcleo Bernardelli, um conselho repetido pelo pintor Giuseppe Gargaglione, a quem Pancetti conheceu passeando pelo Campo de Santana, no Rio de Janeiro. Acatando a sugestão, ingressa no Núcleo Bernardelli em 1933, onde teve como principal orientador o pintor Bruno Lechowski. No Núcleo, uma escola livre que funcionava nas dependências do edifício da Escola de Belas Artes, Pancetti teria como companheiros pintores que, ao passar do tempo, viriam a ganhar notoriedade como, entre outros, Edson Motta, José Rescala, Ado Malagoli, Expedito Camargo Freire, Manuel Santiago, Bustamante Sá e Silvio Pinto.
Dois anos depois, em 1935, casa-se com Annita Caruso.
Com o quadro "O Chão" ganha em 1941, o prêmio de viagem ao estrangeiro, na recém criada Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes. Por motivos de saúde é licenciado da Marinha e não desfruta seu prêmio no exterior. Muda-se para Campos do Jordão em 1942, em busca de tratamento para a tuberculose que o afetava. Neste mesmo ano nasce a sua filha Nilma. Posteriormente muda-se para São João del-Rei.
A primeira exposição individual ocorre em 1945, apresentando mais de setenta quadros. No ano seguinte é reformado pela Marinha na patente de segundo-tenente. Em 1948 recebe a medalha de ouro do Salão Nacional de Belas Artes, realizando a sua primeira exposição internacional em 1950, na Bienal de Veneza. Um ano depois participa da primeira Bienal de Arte de São Paulo.
Em 1952 dois fatos importantes marcam a sua vida: o nascimento de seu filho Luís Carlos e a promoção a primeiro-tenente da Marinha Brasileira. Decorridos dois anos recebe a medalha de ouro no Salão de Belas Artes da Bahia e em 1955 faz uma importante exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
A 10 de Fevereiro de 1958 morre de câncer de estômago no Hospital Central da Marinha no Rio de Janeiro. É enterrado no cemitério São João Batista no bairro do Botafogo, tendo o poeta Augusto Frederico Schmidt proferido a oração fúnebre.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 13 de novembro de 2017.
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Todo caminho deu no mar
A exposição Pancetti — Navegar é preciso, realizada na Galeria Almeida Dale, não tem caráter propriamente comercial. A grande maioria das telas, de diferentes coleções particulares, não está à venda. Juntas, elas compõem uma mostra representativa das principais facetas do pintor.
Lá estão, além de suas famosas marinhas, naturezas-mortas, retratos e cenas urbanas. Comum ao conjunto é o tamanho das telas, sempre modesto. Isto porque Pancetti preferia o ambiente externo à reclusão do ateliê e, portanto, precisava carregar as telas consigo. “Ele era um pintor do ar livre”, define Denise Mattar, curadora da exposição.
Junto das cores com as quais o filho de imigrantes italianos pintava o litoral brasileiro, o som do mar da Bahia, gravado no Solar do Unhão, e temas de Caymmi variados num violão fazem da mostra uma espécie de milagre ou miragem — o ar-condicionado, é claro, também ajuda.
O ar livre das praias brasileiras no ar-condicionado de uma galeria paulistana — talvez seja esta a natureza da miragem. Mas ainda que a atmosfera seja de suspensão e a promessa, de refúgio, vale ficar atento e não perder de vista a areia em que Pancetti esquentou os pés. Há ali trabalho e história.
Marinheiro só
José Pancetti foi pintor de parede na juventude, mas de 1922, quando tinha 20 anos, até 1946, quando se aposenta, trabalha na Marinha de Guerra brasileira. Antes disso, já havia trabalhado na marinha mercante durante uma passagem na Itália. Estes longos e constantes períodos no mar se refletem em sua pintura, cuja face mais conhecida é justamente a paisagem marítima.
Durante toda a vida adulta, a arte teve de ser conciliada com a profissão de marinheiro, da qual Pancetti retirava seu sustento. Mas isto não significou um sacrifício. Denise Mattar diz que o artista encontrou na Marinha “um amor correspondido”.
“O Pancetti tinha o maior orgulho de ser marinheiro e a Marinha sempre teve um carinho especial pelo Pancetti”, conta a curadora. Além de receber com frequência licenças por motivos de saúde, o artista acumulou o posto de “moço das tintas” na Marinha, fazendo com capricho os serviços de pintura do navio. Além disso, testava seu traço no que via pela frente, de caixas de charuto a lonas descartadas.
Olhar fotográfico
Um marco no seu amadurecimento como pintor acontece em 1933. Durante uma missão em terra, Pancetti frequenta o Núcleo Bernardelli, com sede nos porões da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Espécie de primo carioca do Grupo Santa Helena, o núcleo reunia artistas sem dinheiro, muitos deles imigrantes, que compartilhavam o horizonte modernista e o desejo de se aprimorar no métier.
Pancetti teria achado “tudo uma chatura”, conta Denise, mas a experiência valeu pelo encontro com dois artistas: o então jovem Milton Dacosta e o já experiente Bruno Lechowski. A orientação recebida pelo pintor polonês radicado no Brasil foi decisiva para o seu trabalho. Além do gosto compartilhado pelas marinhas, Pancetti herda — e, em seguida, aprofunda — de Lechowski a escolha por ângulos específicos, que recortam a paisagem de modo característico.
“O Pancetti tem uma forma de olhar quase fotográfica”, diz Denise Mattar, tomando como exemplo uma paisagem que, nas extremidades, apresenta partes de duas casas. Ao centro e ao fundo, uma saída para o mar. Este enquadramento da realidade, além da incisão geométrica que os elementos operam na paisagem, são desdobramentos de lições tomadas com Lechowski.
Gêneros fluidos
A construção desse olhar específico — alimentado pelas características de sua profissão, pelo autodidatismo e por encontros felizes — deságua numa produção sem par no modernismo brasileiro. “O Pancetti é um artista absolutamente original”, defende Denise Mattar. “Ele usa os gêneros clássicos da pintura — paisagem, retrato e natureza-morta — mas a cada uma dessas coisas ele dá um outro olhar.”
Nos retratos, e mais especificamente no número considerável de autorretratos que produziu, Pancetti “se reveste de várias personalidades diferentes”, aparecendo faceiro com um chapéu vermelho em uma tela, na outra como um almirante, naquela como camponês ou, ainda, como o marinheiro que de fato foi.
Nas naturezas-mortas, por sua vez, Pancetti revela “um olhar totalmente inusitado para as coisas do cotidiano”, segundo Denise. Nestas telas, o pintor hibridiza o gênero com elementos que lhe são alheios. Em uma das telas, um caranguejo passeia entre cajus. Em outra, um menino espreita uma mesa cheia de mangas. Na mais eloquente delas, maçãs e laranjas estão enfileiradas à janela de seu ateliê contra um fundo tipicamente pancettiano: uma paisagem de árvores, mar e barco, pintados em cores vivas, sem grande detalhe.
De todos os gêneros, no entanto, é sem dúvida nas paisagens que José Pancetti tem seu ápice criativo, sobretudo a partir dos anos 40, quando tem baixa da Marinha (e portanto mais tempo para pintar), e dos anos 50, quando vai morar na Bahia.
Neste período, o olhar sobre a paisagem litorânea se torna cada vez mais depurado, os elementos da praia passam a minguar e aqueles que resistem na tela ganham contornos geométricos. As faixas de areia tomam cada vez mais espaço, o céu e o mar se estreitam, pessoas e árvores são reduzidas a traços mínimos.
Este percurso estético de Pancetti é marcado, além da progressiva geometrização, pela centralidade das cores, que vão se tornando mais vivas conforme seu amadurecimento. Nos últimos quadros a cor de fato rouba o protagonismo do contorno dos elementos representados, tornando-se decisiva para a forma.
O sol de Amaralina ou, nas paisagens urbanas, a luz de Campos do Jordão são tão ou mais importantes para o olhar de Pancetti do que as coisas flagradas no local. Este aspecto se radicaliza com a recusa do realismo praieiro: o vento não faz cantiga nas folhas no alto dos coqueirais nem ondula as águas. O mar tampouco quebra na praia — bonito para Pancetti é uma vastidão imóvel de azul.
Na beira do mar
A viagem de Pancetti com destino na abstração, que lhe credencia à melhor embarcação moderna, encontra par na simplicidade que atravessou sua vida e seu ponto de vista. Como Volpi, Pancetti encontrou uma sofisticação que não se dá apesar mas em função da vida que levou — e que conferia possibilidades e restrições aos seus anseios artísticos. Nas praias que pintou, um ambiente democrático, popular e aberto (como as festas populares de seu par modernista) está representado de forma simples e depurada.
Além da política, as marinhas essenciais de Pancetti carregam um traço de sabedoria. “Há um grande cansaço de explicar o mar”, escreve Oswald de Andrade no canto que abre O Santeiro do Mangue. Teria o velho Pancetti cansaço de pintar o mar? Vai ver se trata da recusa a um esforço desnecessário, um convite a resolver as coisas com a lógica de uma canção de Caymmi — de estrutura “plena e simples”, como analisou Nuno Ramos.
O coqueiro, a areia, a morena e as águas de Itapoã — aqui sem vento ou saudade. Isto é, na pintura, porque para o espectador vale a máxima de outra canção praieira: quem vem para a beira do mar de Pancetti, nunca mais quer voltar.
Fonte: Revista Bravo, por Andrei Reina, publicado em 17 de outubro de 2017.
Crédito fotográfico: O “pintor do ar livre” José Pancetti em Salvador, clicado por Pierre Verger em 1950 (Imagens: Divulgação)
1 artista relacionado
Giuseppe Gianinni Pancetti (Campinas, SP, 18 de junho de 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 10 de fevereiro de 1958), mais conhecido como José Pancetti, foi um pintor, escultor, desenhista, pintor de parede, militar da marinha e gravador brasileiro. Foi um pintor modernista, considerado um dos grandes paisagistas da pintura nacional, com destaque para suas numerosas e belas marinhas.
Biografia
Filho de imigrantes italianos de origem humilde, antes de se firmar como artista fez trabalhos simples - como garçom, auxiliar de ourives e numa fábrica de tecidos. Depois, surgiram bicos como pintor de paredes e cartazista improvisado. Foi auxiliar do pintor Adolfo Fonzari nas decorações da casa do comendador Pugiese, em Guarujá. A serviço da Marinha, executava serviços de pintura pela Companhia de Praticantes Especialistas de Convés. Chegou a ter o nome vinculado a uma tonalidade de verde (o "pancetti”) que usava nos navios. Nas horas vagas, pintava caixas de fósforo e pequenos cartões, que eram trocados por cigarros ou dados de presente. As paisagens marinhas que aprendeu a apreciar aí são, inclusive, suas obras mais conhecidas. Foi ao entrar no Núcleo Bernardelli que atingiu a maturidade como artista, sendo influenciado pelo polonês Bruno Lechowski e pelo amigo Bustamante Sá. Suas pinceladas em ziguezague partem de uma observação mimética da natureza, com traços simples e angulosos.
Em 1941, ganhou prêmio de viagem à Europa , promovido pela Divisão Moderna recém-criada. A premiação entregue a um artista não-acadêmico gerou revolta, com críticas acusando-no de "marinheiro que não pode ser almirante". Ainda assim e, apesar de não ter viajado ao exterior (sua saúde estava debilitada, o que levou à conversão do prêmio em dinheiro), Pancetti se inscreve como um dos maiores pintores cariocas.
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Biografia Itaú Cultural
Dos 11 aos 16 anos, por decisão do pai, vive na Itália aos cuidados do tio e dos avós. Antes de tornar-se marinheiro, Pancetti é aprendiz de marceneiro, trabalha em fábricas de bicicleta e de material bélico. Em 1919, ingressa na marinha mercante italiana e viaja por três meses pelo Mediterrâneo. Em 1920, volta para o Brasil e, na cidade de Santos, executa diversos ofícios: é operário têxtil, auxiliar de ourives, trabalhador na rede de esgotos e faxineiro de hotel. Em 1921, em São Paulo, trabalha na Oficina Beppe, especializada em decoração de pintura de parede, como cartazista, pintor de parede e auxiliar do pintor Adolfo Fonzari (1880 - 1959). Em 1922, alista-se na Marinha de Guerra brasileira, onde permanece até ser reformado, em 1946, no posto de 2º Tenente. Em 1925, servindo no encouraçado Minas Gerais, pinta suas primeiras obras. No ano seguinte, para progredir na carreira, integra o quadro de pintores dentro da "Companhia de Praticantes e Especialistas em Convés". Em 1933, ingressa no Núcleo Bernardelli e recebe orientação de Manoel Santiago (1897 - 1987), Edson Motta (1910 - 1981), Rescála (1910 - 1986) e principalmente do pintor polonês Bruno Lechowski (1887 - 1941). Na passagem pelo Núcleo adquire técnica e amadurecimento artístico. Sua obra é composta por paisagens, retratos, auto-retratos, naturezas-mortas e marinhas. As marinhas são as pinturas mais conhecidas. Inicialmente elaboradas de forma analítica, em pinceladas lisas e batidas e organizadas em planos geométricos, sem ondas e sem vento, tornam-se, com o tempo, mais limpas e, por fim, beiram a abstração, reduzidas à areia, à luz e ao mar.
Análise
Filho de imigrantes italianos, José Pancetti nasce em Campinas (SP) e viaja para a Itália ainda criança, em 1913, por causa das dificuldades financeiras da família. Vive em companhia de um tio, negociante de mármore, na região da Toscana, em Massa-Carrara e depois em Pietra Santa, com os avós. Tem várias ocupações até ingressar na Marinha Mercante. Volta ao Brasil em 1920, exerce diferentes ofícios até entrar, dois anos depois, para a Marinha de Guerra, onde permanece até 1946. As constantes viagens não lhe permitem um aprendizado artístico regular. Em 1933, participa do Núcleo Bernardelli, grupo formado por jovens que lutam pela reformulação do ensino artístico na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. É orientado em pintura a óleo pelo artista polonês Bruno Lechowski (1887 - 1941).
O retrato é uma constante em sua carreira. São, em maior parte, composições simplificadas, com poucos elementos. Muitas vezes os retratados revelam a sensação de desalento, como ocorre em Menina Triste e Doente (1940) ou em Retrato de Lourdes (s.d.). Dedica-se também aos auto-retratos, em que mostra a admiração por Vincent van Gogh (1853 - 1890) e Paul Gauguin (1848 - 1903). Representa-se freqüentemente como trabalhador manual, como a lembrar sua origem humilde. Nos auto-retratos, em geral, recusa a frontalidade. A expressão sombria, a cabeça e o busto tratados com cuidado geométrico (procedimento que deriva do cubismo) e os jogos de claro-escuro estruturam essas composições, muito representativas de sua produção e das quais são conhecidas mais de 40 obras.
Na década de 1940, pinta paisagens urbanas, em sua maioria realizadas em cores escuras, com predominância de tons ocre e marcadas por grande melancolia, são exemplos O Chão (1941) ou Pátio da Rua de Santana (1944). Nessas paisagens e também em algumas naturezas-mortas revela interesse pelas obras de Paul Cézanne (1839 - 1906) e Henri Matisse (1869 - 1954). Em outros quadros, como Campos de Jordão (1944) utiliza nuances um pouco mais luminosas de verde e azul, embora em tons rebaixados, e explora a verticalidade dos troncos das árvores.
As marinhas são a face mais conhecida de sua produção, nelas se refletem a experiência de marinheiro e o amor pelos diversos recantos do litoral: Itanhaém, Mangaratiba, Cabo Frio e Arraial do Cabo. Seus quadros são concebidos com grande simplificação formal, como, por exemplo, Cabo Frio (1947). Nele, Pancetti utiliza as linhas em ziguezague, diagonais que percorrem o espaço pictórico e são um recurso constante em suas obras. Em Paisagem com Dunas (1947) ou Praia em Cabo Frio (1947) destaca-se o enquadramento, não usual. O artista realiza uma série de quadros de Arraial do Cabo, nos quais o olhar do espectador percorre as humildes casas de pescadores, a areia muito branca e as canoas coloridas.
Em 1950, viaja para a Bahia, onde fixa residência. Nesse local, sua obra se modifica, a paleta adquire cores quentes e fortes. Suas marinhas tornam-se plenas de luz. Pinta a cidade de Salvador e arredores nos anos 50: a Praia de Itapoã, o Farol da Barra e a Lagoa do Abaeté. Esta última é representada em muitos quadros, que têm como tema o contraste entre as águas escuras, a areia branca e os tecidos coloridos das lavadeiras. Em algumas paisagens baianas explora a consistência, a luminosidade e a cor dourada das areias, como ocorre, por exemplo, em Farol da Barra (1954). Em quadros do final da carreira aproxima-se da abstração, como em Itapoã (1957), no qual a paisagem é concebida por meio de faixas de cores vibrantes e luminosas.
José Pancetti, já em obras iniciais, produz "composições desenquadradas", desenvolvendo ângulos de enquadramento não usuais. Revitaliza, assim, não apenas a pintura de marinhas, mas também as demais composições paisagísticas e retratos. Conhecido como um dos grandes marinhistas brasileiros, cria imagens de grande intensidade poética, revelando muita sensibilidade no uso da cor.
Críticas
"Homem do Povo, Pancetti, procura no povo a grande força inspiradora de sua arte. É na paisagem brasileira, a síntese de seu sentimento nativista. Imagino-o um homem rude, poético e violento, talvez triste, talvez nostálgico dos velhos portos do mundo, onde viu a vida de perto. Essa experiência humana ele a transportou para quadros, com um lirismo admirável e por vezes patético. Não é um pintor de água doce. É um notável artista oceânico".
Luis Martins (PANCETTI, José. Exposição de pintura de José Pancetti. São Paulo: Instituto dos Arquitetos, 1945. 7 p., il. p&b. p. 6.)
"O marinheiro Pancetti é o Maior paisagista moderno do Brasil. Seus quadros realizam a imagem da natureza d'aprés lê rêve e composição reconstituindo as linhas da percepção objetiva, mas o colorido inundando com imaginação o desenho meramente sensorial. Em todas as paisagens de Pancetti reina uma atmosfera azulada e sombria, de um azul denso, misterioso e triste, a constante emotiva do marinheiro. Se há um pintor poeta, é esse. Entre o seu quadro premiado e as duas marinhas é difícil estabelecer uma preferência. A densidade espiritual é a mesma. O mais que se pode dizer é que a paisagem da terra firme ofereceu um tema para o pintor demonstrar a variedade e a riqueza dos seus dons de coloristas".
Ruben Navarra (PANCETTI, José. Exposição de pintura de José Pancetti. São Paulo: Instituto dos Arquitetos, 1945. 7 p., il. p&b. p. 6.)
"Uma obra que se dispôs a ser simultaneamente intuitiva e refinada, para a qual a vivência do mar - olhos entregues à distância de horizontes intermináveis ou ao mergulho na solidão interior - terá contribuído de modo muito direto no sentido de sua preferência pela paisagem marítima e pelo auto-retrato. Em qualquer um dos casos, a disposição de ir aos poucos simplificando e resumindo os detalhes da realidade a registrar na superfície da pintura, bem como a capacidade de conferir à cor, em amplas chapadas ou marcas quase instantâneas, poderosa função sugestiva determinaram sempre a evolução de Pancetti. Sua obra ficou como uma das raras demonstrações, na arte brasileira, de acerto no registro da paisagem litorânea, especialmente do Rio e da Bahia, captando-lhe a luminosidade exata e o equilíbrio entre contenção e exuberância. Equilíbrio que os seus retratos também souberam alcançar, ainda que tendentes mais para o retraimento e a introspecção".
Roberto Pontual (José Pancetti. In: ___. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1976. p. 115.)
"Pancetti simplifica o mais que pode as suas marinhas. Reduz as cores a duas ou três tonalidades, com as quais joga com segurança magistral. Seu espírito de síntese torna-se, então, de um grande refinamento e, ao mesmo tempo, de uma rara pureza na pintura moderna brasileira".
Antônio Bento (Pancetti. In: LEITE, José Roberto Teixeira. Pancetti: o pintor marinheiro. Rio de Janeiro: Conquista, 1979. p. 99.)
"O que nele é permanente é o artista, o pintor, o maior marinhista que o Brasil já teve e o paisagista interiorizado dos esfumatos, dos cinzas tonalizados mais belos que conhecemos de Campos do Jordão, e rival dos grandes como Segall, Volpi e Guignard. (...)
Sua pintura foi sempre uma imagem de cores fundamentais, de paisagens fundamentais, cara de gente, montanha, mar, vista através de uma percepção direta, primeira, quase de criança. Daí a frescura sem par de suas melhores telas. Foi sempre uma máquina de ver, de ver carinhosamente as coisas externas naturais, mesmo quando essas coisas naturais são barcos, pois, para marinheiro, barco, qualquer que seja, grande ou pequeno, é sempre obra da natureza, faz parte do mar, criador de tudo, das coisas e dos homens.
O velho Pancetti, entrado em anos, não consegue ser velho. E mesmo no leito de dor é moço, tem alma de menino. Seu diário é nesse sentido muito revelador. Menino vê tudo de olhos esbugalhados, como se fosse pela primeira vez. E vê tudo de fora, tal a atração que o espetáculo da vida sobre ele exerce. Pois é assim que age o nosso caro, grande Pancetti: até o seu tratamento, ele o encara de fora, como 'formalidades do costume: injeções, remédios, temperatura, pressão'".
Mário Pedrosa (Pancetti e o seu diário. In: PEDROSA, Mário; AMARAL, Aracy (Org. ). Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília. São Paulo: Perspectiva, 1981. p. 165-166. Debates, 170)
"Pancetti faz parte do rol de artistas que, por esse ato de volição, mais determinado pela intuição do que pelo saber, embrenha-se na tarefa quase heróica de modernizar a cena artística brasileira. E o esforço dessa modernização haveria de corresponder ao esforço por atingir a planaridade do espaço, objeto de todo o processo pictórico moderno. Aderir a esse espaço plano, superficial, tinha porém implicações de várias naturezas. Significava a ruptura com a perspectiva ilusionista da representação em profundidade, ruptura de antigos esquemas geométricos convencionais, que havia acompanhado a descoberta da física newtoniana de que todo o espaço é plano. Significava ainda a busca da pintura em se instituir como um campo autônomo e autocrítico, que reconhecia como seu componente exclusivo a bidimensionalidade. O artista europeu desconstrói então a idéia monolítica do espaço em perspectiva fixa, começa a justapor e a articular múltiplos planos sem violar a superfície da tela, e a criar imagens heterogêneas e fragmentadas, que procuram exprimir o próprio dilaceramento do mundo. Essa teria sido, em última instância, a operação cubista. O processo progressivo e radical da conquista do plano, de Cézanne a Mondrian, passa pois por esses dois fatores determinantes: primeiro, contrapõe-se à estabilidade da imagem renascentista perspectivada, como forma de declarar a instabilidade do mundo moderno, e, segundo, busca uma racionalização das formas e dos espaços para, utopicamente, reconduzir esse mundo à ordem. Certamente a procura de Pancetti pela superficialidade da pintura não passa por tais esclarecimentos. Ele provavelmente mais 'intuiu' do que reconheceu as qualidades modernas. Mas sabemos de sua admiração por Cézanne. Uma admiração que soube conectar Cézanne com esse anseio, também seu, pela geometrização e planificação dos espaços. Raras, aliás, as afinidades modernistas brasileiras com Cézanne e Pancetti".
Ligia Canongia (Pancetti: o mar imóvel. In: PANCETTI, José. Pancetti - O marinheiro só. [Salvador]: Museu de Arte da Bahia, 2000. p. 20-21.)
Exposições Individuais
1945 - São Paulo SP - Individual, no Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB/SP
1946 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Montparnasse
1946 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Itapetininga
1950 - Recife PE - Individual, no Sindicato dos Empregados do Comércio
1952 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1958 - Recife PE - Individual, no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/PE
Exposições Coletivas
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola de Belas Artes
1934 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, na Escola de Belas Artes - menção honrosa
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto da Previdência - medalha de bronze
1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - medalha de prata
1939 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Belas Artes
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1941 - Nova York (Estados Unidos) - Contemporary Art of the Western Hemisphere, patrocinada pela IBM Corporation
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao exterior
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição de Arte Brasileira, em homenagem a RAF - Royal Air Force, no Burlington House
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Museu de Arte da Pampulha - MAP
1944 - Londres (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1945 - Bath (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Victiry Art Gallery
1945 - Bristol (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición
1945 - Edimburgo (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Manchester (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura
1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante
1945 - São Paulo SP - Alfredo Volpi, Bonadei, Carlos Prado, Quirino da Silva, Francisco Rebolo, Mario Zanini e José Pancetti, na Galeria Benedetti
1945 - São Paulo SP - Anita Malfati, Virgínia Artigas, Clóvis Graciano, Mick Carnicelli, Oswald de Andrade Filho, José Pancetti, Carlos Prado, Francisco Rebolo, Quirino da Silva, Alfredo Volpi, Mario Zanini, na Galeria Itapetininga
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na Escola Nacional de Belas Artes - ENBA
1947 - Rio de Janeiro RJ - 53º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao país
1948 - Rio de Janeiro RJ - 54º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de ouro
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1950 - Roma (Itália) - Coletiva de Arte Brasileira
1950 - Veneza (Itália) - 25ª Bienal de Veneza
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1953 - Paris (França) - Coletiva de Arte Brasileira
1954 - Salvador BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia - medalha de ouro
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Santiago (Chile) - Coletiva de Arte Brasileira
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP
Exposições Póstumas
1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas
1962 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti: retrospectiva, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1963 - Belo Horizonte MG - Exposição na Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais, na UFMG
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil
1963 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem como Tema, na Galeria Ibeu Copacabana
1965 - Maceió AL - José Pancetti: retrospectiva, na Galeria Rosalvo Ribeiro
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Stand do Edifício Pancetti, na avenida Vieira Souto, 416
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP
1973 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1974 - São Paulo SP - José Pancetti: retrospectiva, na Galeria de Arte Ipanema
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1980 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Christina Faria de Paula Galeria de Arte
1980 - Rio de Janeiro RJ - Permanência em Pancetti, na Acervo Galeria de Arte
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Nuseu de Arte Brasileira - MAB
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, no Acervo Galeria de Arte
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado - Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti
1983 - Campinas SP - Individual, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti - MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Contemporânea
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1983 - São Paulo SP - José Pancetti Bahia 50-57, no Museu de Arte de São Paulo
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo - Masp
1986 - Curitiba PR - José Pancetti: retrospectiva, no Museu da Gravura
1986 - Rio de Janeiro RJ - Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro, Fevereiro, Março: do modernismo à geração 80, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/SP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Rio de Janeiro RJ - Exposição da Coleção Aloysio de Paula, na Galeria de Arte Ipanema
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no Centro Cultural do Banco do Brasil
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes
1993 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti: retrospectiva, no MAM/RJ
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Museu de Arte de São Paulo
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Figura e Paisagem no Acervo do MAM: homenagem a Volpi, no MAM/SP
1996 - São Paulo SP - O Mundo de Mario Schenberg, na Casa das Rosas
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - O Toque Revelador: retratos e auto-retratos, no MAC/USP
1997 - São Paulo SP - Pancetti um Pintor Pintor, na Galeria de Arte do Brasil
1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo: doações recentes 1996 - 1998, no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico
1998 - São Paulo SP - A Arte de Expor Arte, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no MAM/SP
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, na Caixa Cultural
1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Museu de Arte Brasileira. Salão Cultural
1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria
1999 - São Paulo SP - Os Ítalos e os Brasileiros na Arte do Entre Guerras, Pinacoteca do Estado
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - Rio de Janeiro RJ - Pancetti: o marinheiro só, no MNBA
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - Salvador BA - Pancetti: o marinheiro só, no MAM/BA
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento: Arte Moderna, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento: Negro de Corpo e Alma, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Brasil Sobre Papel: matizes e vivências, no Espaço de Artes Unicid
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Rio de Janeiro RJ - Acervo da Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Nova André Galeria
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB
2001 - São Paulo SP - Pancetti: o marinheiro só, no MAB
2002 - Campinas SP - 100 anos de Pancetti, no MACC
2002 - Ribeirão Preto SP - 100 anos de Pancetti, no Museu de Arte de Ribeirão Preto
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB
2002 - São Paulo SP - Espelho Selvagem: arte moderna no Brasil da primeira metade do século XX, Coleção Nemirovsky, no MAM/SP
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no Centro Cultural São Paulo - CCSP
2002 - São Paulo SP - Paisagens do Imaginário, na Nova André Galeria
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/SP
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, na Caixa Cultural
2003 - São Paulo SP - A Arte Atrás da Arte: onde ficam e como viajam as obras de arte, no Espaço MAM - Villa-Lobos
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2003 - São Paulo SP - José Pancetti (1902-1958): marinheiro, pintor e poeta, na Pinakotheke
2003 - São Paulo SP - Individual, na Pinakotheke
2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB
2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2004 - Rio de Janeiro RJ - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB
2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, na Léo Bahia Arte Contemporânea
2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, no Itaú Cultural
2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP
2005 - São Paulo SP - Odorico Tavares: a minha casa baiana - sonhos e desejos de um colecionador, na Galeria de Arte do Sesi
2006 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950, no MAM/RJ
2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, no Masp
2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado
2007 - Curitiba PR - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu Oscar Niemeyer
2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/BA
2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP
2007 - São Paulo SP - Brasil, Várias Vezes Moderno, no Espaço Arte Morumbi Shopping
2007 - São Paulo SP - Modernidade Negociada: um recorte da arte brasileira nos anos 40, no MAM/SP
2008 - São Paulo SP - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno, no Museu de Arte de São Paulo
Fonte: JOSÉ Pancetti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia - Wikipédia
Filho de Giovanni Battista Pancetti e Corinna Giannini, imigrantes italianos da Toscana, viveu em Campinas até os oito anos, quando seu pai, mestre de obras, mudou-se com mulher e filhos para a capital paulista, onde esperava encontrar melhores condições de trabalho. Aos onze anos, José Pancetti e uma de suas irmãs, são levados para a Itália para viver sob os cuidados de um tio e dos avós. É tio materno da cantora Isaurinha Garcia.[3]
Na Itália
Chegando à casa do tio Casimiro, é colocado para estudar no Colégio Salesiano de Massa-Carrara. Mas pouco tempo depois, o país seria envolvido na Primeira Guerra Mundial e Pancetti vai para o campo, em casa de seus avós, na localidade de Pietrasanta.
Não se adapta à vida de camponês, exercendo diversas ocupações desde aprendiz de carpinteiro, operário na fábrica de bicicletas Bianchi e empregado numa fábrica de materiais bélicos em Forte dei Marmi.
Para fixá-lo num ofício mais atraente, seu tio emprega-o na marinha mercante italiana onde deveria aprender a profissão de marinheiro. Embarca no veleiro Maria Rosa que percorria o Mediterrâneo, principalmente entre os portos de Gênova e Alexandria. Mas a inconstância própria de seu caráter faz com que abandone o navio e passe a vagar pelas ruas de Gênova, com sérias dificuldades de subsistência. Até que num determinado dia, alguém o encaminha para o consulado brasileiro, onde é providenciado o seu repatriamento.
De volta ao Brasil
Assim, no dia 12 de fevereiro de 1920, desembarca em Santos. Para sobreviver trabalha em diversos lugares e ofícios diferentes até que, em 1921, transfere-se para São Paulo onde um empresário, também italiano, lhe dá um emprego de pintor de paredes e cartazes. Parece ter sido este o seu primeiro contato com pinceis e tintas.
Naquele mesmo ano, o pintor Adolfo Fonzari oferece a Pancetti uma oportunidade de auxiliá-lo na decoração da casa do comendador Giuseppe Puglisi Carbone na cidade litorânea de Guarujá.
Em seguida, no ano de 1922, conseguiu realizar um grande desejo: alistar-se na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceria até 1946.
A descoberta do pintor
A bordo foi-lhe dada a tarefa de pintar cascos, paredes, camarotes e o fazia com tal zelo que sua fama correu pela Marinha, até que um almirante (Gastão Motta) criou um quadro de especialistas na profissão e nomeou Pancetti primeiro instrutor desse quadro. Mas, surge no marinheiro a vontade de passar para o papel aquilo que seus olhos viam. E assim começou a desenhar, em data que nem mesmo ele soube precisar, pequenos cartões com paisagens, marinhas, cenas românticas ainda bastante primárias mas que já mostravam seu potencial artístico.
Em 1932, o pintor tem seu primeiro trabalho publicado no jornal A Noite Ilustrada, sob o título, "Um Amador da Pintura". Ao ver seu desenho, o escultor Paulo Mazzuchelli, aconselha-o a ingressar no recém-criado Núcleo Bernardelli, um conselho repetido pelo pintor Giuseppe Gargaglione, a quem Pancetti conheceu passeando pelo Campo de Santana, no Rio de Janeiro. Acatando a sugestão, ingressa no Núcleo Bernardelli em 1933, onde teve como principal orientador o pintor Bruno Lechowski. No Núcleo, uma escola livre que funcionava nas dependências do edifício da Escola de Belas Artes, Pancetti teria como companheiros pintores que, ao passar do tempo, viriam a ganhar notoriedade como, entre outros, Edson Motta, José Rescala, Ado Malagoli, Expedito Camargo Freire, Manuel Santiago, Bustamante Sá e Silvio Pinto.
Dois anos depois, em 1935, casa-se com Annita Caruso.
Com o quadro "O Chão" ganha em 1941, o prêmio de viagem ao estrangeiro, na recém criada Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes. Por motivos de saúde é licenciado da Marinha e não desfruta seu prêmio no exterior. Muda-se para Campos do Jordão em 1942, em busca de tratamento para a tuberculose que o afetava. Neste mesmo ano nasce a sua filha Nilma. Posteriormente muda-se para São João del-Rei.
A primeira exposição individual ocorre em 1945, apresentando mais de setenta quadros. No ano seguinte é reformado pela Marinha na patente de segundo-tenente. Em 1948 recebe a medalha de ouro do Salão Nacional de Belas Artes, realizando a sua primeira exposição internacional em 1950, na Bienal de Veneza. Um ano depois participa da primeira Bienal de Arte de São Paulo.
Em 1952 dois fatos importantes marcam a sua vida: o nascimento de seu filho Luís Carlos e a promoção a primeiro-tenente da Marinha Brasileira. Decorridos dois anos recebe a medalha de ouro no Salão de Belas Artes da Bahia e em 1955 faz uma importante exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
A 10 de Fevereiro de 1958 morre de câncer de estômago no Hospital Central da Marinha no Rio de Janeiro. É enterrado no cemitério São João Batista no bairro do Botafogo, tendo o poeta Augusto Frederico Schmidt proferido a oração fúnebre.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 13 de novembro de 2017.
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Todo caminho deu no mar
A exposição Pancetti — Navegar é preciso, realizada na Galeria Almeida Dale, não tem caráter propriamente comercial. A grande maioria das telas, de diferentes coleções particulares, não está à venda. Juntas, elas compõem uma mostra representativa das principais facetas do pintor.
Lá estão, além de suas famosas marinhas, naturezas-mortas, retratos e cenas urbanas. Comum ao conjunto é o tamanho das telas, sempre modesto. Isto porque Pancetti preferia o ambiente externo à reclusão do ateliê e, portanto, precisava carregar as telas consigo. “Ele era um pintor do ar livre”, define Denise Mattar, curadora da exposição.
Junto das cores com as quais o filho de imigrantes italianos pintava o litoral brasileiro, o som do mar da Bahia, gravado no Solar do Unhão, e temas de Caymmi variados num violão fazem da mostra uma espécie de milagre ou miragem — o ar-condicionado, é claro, também ajuda.
O ar livre das praias brasileiras no ar-condicionado de uma galeria paulistana — talvez seja esta a natureza da miragem. Mas ainda que a atmosfera seja de suspensão e a promessa, de refúgio, vale ficar atento e não perder de vista a areia em que Pancetti esquentou os pés. Há ali trabalho e história.
Marinheiro só
José Pancetti foi pintor de parede na juventude, mas de 1922, quando tinha 20 anos, até 1946, quando se aposenta, trabalha na Marinha de Guerra brasileira. Antes disso, já havia trabalhado na marinha mercante durante uma passagem na Itália. Estes longos e constantes períodos no mar se refletem em sua pintura, cuja face mais conhecida é justamente a paisagem marítima.
Durante toda a vida adulta, a arte teve de ser conciliada com a profissão de marinheiro, da qual Pancetti retirava seu sustento. Mas isto não significou um sacrifício. Denise Mattar diz que o artista encontrou na Marinha “um amor correspondido”.
“O Pancetti tinha o maior orgulho de ser marinheiro e a Marinha sempre teve um carinho especial pelo Pancetti”, conta a curadora. Além de receber com frequência licenças por motivos de saúde, o artista acumulou o posto de “moço das tintas” na Marinha, fazendo com capricho os serviços de pintura do navio. Além disso, testava seu traço no que via pela frente, de caixas de charuto a lonas descartadas.
Olhar fotográfico
Um marco no seu amadurecimento como pintor acontece em 1933. Durante uma missão em terra, Pancetti frequenta o Núcleo Bernardelli, com sede nos porões da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Espécie de primo carioca do Grupo Santa Helena, o núcleo reunia artistas sem dinheiro, muitos deles imigrantes, que compartilhavam o horizonte modernista e o desejo de se aprimorar no métier.
Pancetti teria achado “tudo uma chatura”, conta Denise, mas a experiência valeu pelo encontro com dois artistas: o então jovem Milton Dacosta e o já experiente Bruno Lechowski. A orientação recebida pelo pintor polonês radicado no Brasil foi decisiva para o seu trabalho. Além do gosto compartilhado pelas marinhas, Pancetti herda — e, em seguida, aprofunda — de Lechowski a escolha por ângulos específicos, que recortam a paisagem de modo característico.
“O Pancetti tem uma forma de olhar quase fotográfica”, diz Denise Mattar, tomando como exemplo uma paisagem que, nas extremidades, apresenta partes de duas casas. Ao centro e ao fundo, uma saída para o mar. Este enquadramento da realidade, além da incisão geométrica que os elementos operam na paisagem, são desdobramentos de lições tomadas com Lechowski.
Gêneros fluidos
A construção desse olhar específico — alimentado pelas características de sua profissão, pelo autodidatismo e por encontros felizes — deságua numa produção sem par no modernismo brasileiro. “O Pancetti é um artista absolutamente original”, defende Denise Mattar. “Ele usa os gêneros clássicos da pintura — paisagem, retrato e natureza-morta — mas a cada uma dessas coisas ele dá um outro olhar.”
Nos retratos, e mais especificamente no número considerável de autorretratos que produziu, Pancetti “se reveste de várias personalidades diferentes”, aparecendo faceiro com um chapéu vermelho em uma tela, na outra como um almirante, naquela como camponês ou, ainda, como o marinheiro que de fato foi.
Nas naturezas-mortas, por sua vez, Pancetti revela “um olhar totalmente inusitado para as coisas do cotidiano”, segundo Denise. Nestas telas, o pintor hibridiza o gênero com elementos que lhe são alheios. Em uma das telas, um caranguejo passeia entre cajus. Em outra, um menino espreita uma mesa cheia de mangas. Na mais eloquente delas, maçãs e laranjas estão enfileiradas à janela de seu ateliê contra um fundo tipicamente pancettiano: uma paisagem de árvores, mar e barco, pintados em cores vivas, sem grande detalhe.
De todos os gêneros, no entanto, é sem dúvida nas paisagens que José Pancetti tem seu ápice criativo, sobretudo a partir dos anos 40, quando tem baixa da Marinha (e portanto mais tempo para pintar), e dos anos 50, quando vai morar na Bahia.
Neste período, o olhar sobre a paisagem litorânea se torna cada vez mais depurado, os elementos da praia passam a minguar e aqueles que resistem na tela ganham contornos geométricos. As faixas de areia tomam cada vez mais espaço, o céu e o mar se estreitam, pessoas e árvores são reduzidas a traços mínimos.
Este percurso estético de Pancetti é marcado, além da progressiva geometrização, pela centralidade das cores, que vão se tornando mais vivas conforme seu amadurecimento. Nos últimos quadros a cor de fato rouba o protagonismo do contorno dos elementos representados, tornando-se decisiva para a forma.
O sol de Amaralina ou, nas paisagens urbanas, a luz de Campos do Jordão são tão ou mais importantes para o olhar de Pancetti do que as coisas flagradas no local. Este aspecto se radicaliza com a recusa do realismo praieiro: o vento não faz cantiga nas folhas no alto dos coqueirais nem ondula as águas. O mar tampouco quebra na praia — bonito para Pancetti é uma vastidão imóvel de azul.
Na beira do mar
A viagem de Pancetti com destino na abstração, que lhe credencia à melhor embarcação moderna, encontra par na simplicidade que atravessou sua vida e seu ponto de vista. Como Volpi, Pancetti encontrou uma sofisticação que não se dá apesar mas em função da vida que levou — e que conferia possibilidades e restrições aos seus anseios artísticos. Nas praias que pintou, um ambiente democrático, popular e aberto (como as festas populares de seu par modernista) está representado de forma simples e depurada.
Além da política, as marinhas essenciais de Pancetti carregam um traço de sabedoria. “Há um grande cansaço de explicar o mar”, escreve Oswald de Andrade no canto que abre O Santeiro do Mangue. Teria o velho Pancetti cansaço de pintar o mar? Vai ver se trata da recusa a um esforço desnecessário, um convite a resolver as coisas com a lógica de uma canção de Caymmi — de estrutura “plena e simples”, como analisou Nuno Ramos.
O coqueiro, a areia, a morena e as águas de Itapoã — aqui sem vento ou saudade. Isto é, na pintura, porque para o espectador vale a máxima de outra canção praieira: quem vem para a beira do mar de Pancetti, nunca mais quer voltar.
Fonte: Revista Bravo, por Andrei Reina, publicado em 17 de outubro de 2017.
Crédito fotográfico: O “pintor do ar livre” José Pancetti em Salvador, clicado por Pierre Verger em 1950 (Imagens: Divulgação)
Giuseppe Gianinni Pancetti (Campinas, SP, 18 de junho de 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 10 de fevereiro de 1958), mais conhecido como José Pancetti, foi um pintor, escultor, desenhista, pintor de parede, militar da marinha e gravador brasileiro. Foi um pintor modernista, considerado um dos grandes paisagistas da pintura nacional, com destaque para suas numerosas e belas marinhas.
Biografia
Filho de imigrantes italianos de origem humilde, antes de se firmar como artista fez trabalhos simples - como garçom, auxiliar de ourives e numa fábrica de tecidos. Depois, surgiram bicos como pintor de paredes e cartazista improvisado. Foi auxiliar do pintor Adolfo Fonzari nas decorações da casa do comendador Pugiese, em Guarujá. A serviço da Marinha, executava serviços de pintura pela Companhia de Praticantes Especialistas de Convés. Chegou a ter o nome vinculado a uma tonalidade de verde (o "pancetti”) que usava nos navios. Nas horas vagas, pintava caixas de fósforo e pequenos cartões, que eram trocados por cigarros ou dados de presente. As paisagens marinhas que aprendeu a apreciar aí são, inclusive, suas obras mais conhecidas. Foi ao entrar no Núcleo Bernardelli que atingiu a maturidade como artista, sendo influenciado pelo polonês Bruno Lechowski e pelo amigo Bustamante Sá. Suas pinceladas em ziguezague partem de uma observação mimética da natureza, com traços simples e angulosos.
Em 1941, ganhou prêmio de viagem à Europa , promovido pela Divisão Moderna recém-criada. A premiação entregue a um artista não-acadêmico gerou revolta, com críticas acusando-no de "marinheiro que não pode ser almirante". Ainda assim e, apesar de não ter viajado ao exterior (sua saúde estava debilitada, o que levou à conversão do prêmio em dinheiro), Pancetti se inscreve como um dos maiores pintores cariocas.
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Biografia Itaú Cultural
Dos 11 aos 16 anos, por decisão do pai, vive na Itália aos cuidados do tio e dos avós. Antes de tornar-se marinheiro, Pancetti é aprendiz de marceneiro, trabalha em fábricas de bicicleta e de material bélico. Em 1919, ingressa na marinha mercante italiana e viaja por três meses pelo Mediterrâneo. Em 1920, volta para o Brasil e, na cidade de Santos, executa diversos ofícios: é operário têxtil, auxiliar de ourives, trabalhador na rede de esgotos e faxineiro de hotel. Em 1921, em São Paulo, trabalha na Oficina Beppe, especializada em decoração de pintura de parede, como cartazista, pintor de parede e auxiliar do pintor Adolfo Fonzari (1880 - 1959). Em 1922, alista-se na Marinha de Guerra brasileira, onde permanece até ser reformado, em 1946, no posto de 2º Tenente. Em 1925, servindo no encouraçado Minas Gerais, pinta suas primeiras obras. No ano seguinte, para progredir na carreira, integra o quadro de pintores dentro da "Companhia de Praticantes e Especialistas em Convés". Em 1933, ingressa no Núcleo Bernardelli e recebe orientação de Manoel Santiago (1897 - 1987), Edson Motta (1910 - 1981), Rescála (1910 - 1986) e principalmente do pintor polonês Bruno Lechowski (1887 - 1941). Na passagem pelo Núcleo adquire técnica e amadurecimento artístico. Sua obra é composta por paisagens, retratos, auto-retratos, naturezas-mortas e marinhas. As marinhas são as pinturas mais conhecidas. Inicialmente elaboradas de forma analítica, em pinceladas lisas e batidas e organizadas em planos geométricos, sem ondas e sem vento, tornam-se, com o tempo, mais limpas e, por fim, beiram a abstração, reduzidas à areia, à luz e ao mar.
Análise
Filho de imigrantes italianos, José Pancetti nasce em Campinas (SP) e viaja para a Itália ainda criança, em 1913, por causa das dificuldades financeiras da família. Vive em companhia de um tio, negociante de mármore, na região da Toscana, em Massa-Carrara e depois em Pietra Santa, com os avós. Tem várias ocupações até ingressar na Marinha Mercante. Volta ao Brasil em 1920, exerce diferentes ofícios até entrar, dois anos depois, para a Marinha de Guerra, onde permanece até 1946. As constantes viagens não lhe permitem um aprendizado artístico regular. Em 1933, participa do Núcleo Bernardelli, grupo formado por jovens que lutam pela reformulação do ensino artístico na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. É orientado em pintura a óleo pelo artista polonês Bruno Lechowski (1887 - 1941).
O retrato é uma constante em sua carreira. São, em maior parte, composições simplificadas, com poucos elementos. Muitas vezes os retratados revelam a sensação de desalento, como ocorre em Menina Triste e Doente (1940) ou em Retrato de Lourdes (s.d.). Dedica-se também aos auto-retratos, em que mostra a admiração por Vincent van Gogh (1853 - 1890) e Paul Gauguin (1848 - 1903). Representa-se freqüentemente como trabalhador manual, como a lembrar sua origem humilde. Nos auto-retratos, em geral, recusa a frontalidade. A expressão sombria, a cabeça e o busto tratados com cuidado geométrico (procedimento que deriva do cubismo) e os jogos de claro-escuro estruturam essas composições, muito representativas de sua produção e das quais são conhecidas mais de 40 obras.
Na década de 1940, pinta paisagens urbanas, em sua maioria realizadas em cores escuras, com predominância de tons ocre e marcadas por grande melancolia, são exemplos O Chão (1941) ou Pátio da Rua de Santana (1944). Nessas paisagens e também em algumas naturezas-mortas revela interesse pelas obras de Paul Cézanne (1839 - 1906) e Henri Matisse (1869 - 1954). Em outros quadros, como Campos de Jordão (1944) utiliza nuances um pouco mais luminosas de verde e azul, embora em tons rebaixados, e explora a verticalidade dos troncos das árvores.
As marinhas são a face mais conhecida de sua produção, nelas se refletem a experiência de marinheiro e o amor pelos diversos recantos do litoral: Itanhaém, Mangaratiba, Cabo Frio e Arraial do Cabo. Seus quadros são concebidos com grande simplificação formal, como, por exemplo, Cabo Frio (1947). Nele, Pancetti utiliza as linhas em ziguezague, diagonais que percorrem o espaço pictórico e são um recurso constante em suas obras. Em Paisagem com Dunas (1947) ou Praia em Cabo Frio (1947) destaca-se o enquadramento, não usual. O artista realiza uma série de quadros de Arraial do Cabo, nos quais o olhar do espectador percorre as humildes casas de pescadores, a areia muito branca e as canoas coloridas.
Em 1950, viaja para a Bahia, onde fixa residência. Nesse local, sua obra se modifica, a paleta adquire cores quentes e fortes. Suas marinhas tornam-se plenas de luz. Pinta a cidade de Salvador e arredores nos anos 50: a Praia de Itapoã, o Farol da Barra e a Lagoa do Abaeté. Esta última é representada em muitos quadros, que têm como tema o contraste entre as águas escuras, a areia branca e os tecidos coloridos das lavadeiras. Em algumas paisagens baianas explora a consistência, a luminosidade e a cor dourada das areias, como ocorre, por exemplo, em Farol da Barra (1954). Em quadros do final da carreira aproxima-se da abstração, como em Itapoã (1957), no qual a paisagem é concebida por meio de faixas de cores vibrantes e luminosas.
José Pancetti, já em obras iniciais, produz "composições desenquadradas", desenvolvendo ângulos de enquadramento não usuais. Revitaliza, assim, não apenas a pintura de marinhas, mas também as demais composições paisagísticas e retratos. Conhecido como um dos grandes marinhistas brasileiros, cria imagens de grande intensidade poética, revelando muita sensibilidade no uso da cor.
Críticas
"Homem do Povo, Pancetti, procura no povo a grande força inspiradora de sua arte. É na paisagem brasileira, a síntese de seu sentimento nativista. Imagino-o um homem rude, poético e violento, talvez triste, talvez nostálgico dos velhos portos do mundo, onde viu a vida de perto. Essa experiência humana ele a transportou para quadros, com um lirismo admirável e por vezes patético. Não é um pintor de água doce. É um notável artista oceânico".
Luis Martins (PANCETTI, José. Exposição de pintura de José Pancetti. São Paulo: Instituto dos Arquitetos, 1945. 7 p., il. p&b. p. 6.)
"O marinheiro Pancetti é o Maior paisagista moderno do Brasil. Seus quadros realizam a imagem da natureza d'aprés lê rêve e composição reconstituindo as linhas da percepção objetiva, mas o colorido inundando com imaginação o desenho meramente sensorial. Em todas as paisagens de Pancetti reina uma atmosfera azulada e sombria, de um azul denso, misterioso e triste, a constante emotiva do marinheiro. Se há um pintor poeta, é esse. Entre o seu quadro premiado e as duas marinhas é difícil estabelecer uma preferência. A densidade espiritual é a mesma. O mais que se pode dizer é que a paisagem da terra firme ofereceu um tema para o pintor demonstrar a variedade e a riqueza dos seus dons de coloristas".
Ruben Navarra (PANCETTI, José. Exposição de pintura de José Pancetti. São Paulo: Instituto dos Arquitetos, 1945. 7 p., il. p&b. p. 6.)
"Uma obra que se dispôs a ser simultaneamente intuitiva e refinada, para a qual a vivência do mar - olhos entregues à distância de horizontes intermináveis ou ao mergulho na solidão interior - terá contribuído de modo muito direto no sentido de sua preferência pela paisagem marítima e pelo auto-retrato. Em qualquer um dos casos, a disposição de ir aos poucos simplificando e resumindo os detalhes da realidade a registrar na superfície da pintura, bem como a capacidade de conferir à cor, em amplas chapadas ou marcas quase instantâneas, poderosa função sugestiva determinaram sempre a evolução de Pancetti. Sua obra ficou como uma das raras demonstrações, na arte brasileira, de acerto no registro da paisagem litorânea, especialmente do Rio e da Bahia, captando-lhe a luminosidade exata e o equilíbrio entre contenção e exuberância. Equilíbrio que os seus retratos também souberam alcançar, ainda que tendentes mais para o retraimento e a introspecção".
Roberto Pontual (José Pancetti. In: ___. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1976. p. 115.)
"Pancetti simplifica o mais que pode as suas marinhas. Reduz as cores a duas ou três tonalidades, com as quais joga com segurança magistral. Seu espírito de síntese torna-se, então, de um grande refinamento e, ao mesmo tempo, de uma rara pureza na pintura moderna brasileira".
Antônio Bento (Pancetti. In: LEITE, José Roberto Teixeira. Pancetti: o pintor marinheiro. Rio de Janeiro: Conquista, 1979. p. 99.)
"O que nele é permanente é o artista, o pintor, o maior marinhista que o Brasil já teve e o paisagista interiorizado dos esfumatos, dos cinzas tonalizados mais belos que conhecemos de Campos do Jordão, e rival dos grandes como Segall, Volpi e Guignard. (...)
Sua pintura foi sempre uma imagem de cores fundamentais, de paisagens fundamentais, cara de gente, montanha, mar, vista através de uma percepção direta, primeira, quase de criança. Daí a frescura sem par de suas melhores telas. Foi sempre uma máquina de ver, de ver carinhosamente as coisas externas naturais, mesmo quando essas coisas naturais são barcos, pois, para marinheiro, barco, qualquer que seja, grande ou pequeno, é sempre obra da natureza, faz parte do mar, criador de tudo, das coisas e dos homens.
O velho Pancetti, entrado em anos, não consegue ser velho. E mesmo no leito de dor é moço, tem alma de menino. Seu diário é nesse sentido muito revelador. Menino vê tudo de olhos esbugalhados, como se fosse pela primeira vez. E vê tudo de fora, tal a atração que o espetáculo da vida sobre ele exerce. Pois é assim que age o nosso caro, grande Pancetti: até o seu tratamento, ele o encara de fora, como 'formalidades do costume: injeções, remédios, temperatura, pressão'".
Mário Pedrosa (Pancetti e o seu diário. In: PEDROSA, Mário; AMARAL, Aracy (Org. ). Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília. São Paulo: Perspectiva, 1981. p. 165-166. Debates, 170)
"Pancetti faz parte do rol de artistas que, por esse ato de volição, mais determinado pela intuição do que pelo saber, embrenha-se na tarefa quase heróica de modernizar a cena artística brasileira. E o esforço dessa modernização haveria de corresponder ao esforço por atingir a planaridade do espaço, objeto de todo o processo pictórico moderno. Aderir a esse espaço plano, superficial, tinha porém implicações de várias naturezas. Significava a ruptura com a perspectiva ilusionista da representação em profundidade, ruptura de antigos esquemas geométricos convencionais, que havia acompanhado a descoberta da física newtoniana de que todo o espaço é plano. Significava ainda a busca da pintura em se instituir como um campo autônomo e autocrítico, que reconhecia como seu componente exclusivo a bidimensionalidade. O artista europeu desconstrói então a idéia monolítica do espaço em perspectiva fixa, começa a justapor e a articular múltiplos planos sem violar a superfície da tela, e a criar imagens heterogêneas e fragmentadas, que procuram exprimir o próprio dilaceramento do mundo. Essa teria sido, em última instância, a operação cubista. O processo progressivo e radical da conquista do plano, de Cézanne a Mondrian, passa pois por esses dois fatores determinantes: primeiro, contrapõe-se à estabilidade da imagem renascentista perspectivada, como forma de declarar a instabilidade do mundo moderno, e, segundo, busca uma racionalização das formas e dos espaços para, utopicamente, reconduzir esse mundo à ordem. Certamente a procura de Pancetti pela superficialidade da pintura não passa por tais esclarecimentos. Ele provavelmente mais 'intuiu' do que reconheceu as qualidades modernas. Mas sabemos de sua admiração por Cézanne. Uma admiração que soube conectar Cézanne com esse anseio, também seu, pela geometrização e planificação dos espaços. Raras, aliás, as afinidades modernistas brasileiras com Cézanne e Pancetti".
Ligia Canongia (Pancetti: o mar imóvel. In: PANCETTI, José. Pancetti - O marinheiro só. [Salvador]: Museu de Arte da Bahia, 2000. p. 20-21.)
Exposições Individuais
1945 - São Paulo SP - Individual, no Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB/SP
1946 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Montparnasse
1946 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Itapetininga
1950 - Recife PE - Individual, no Sindicato dos Empregados do Comércio
1952 - Salvador BA - Individual, na Galeria Oxumaré
1955 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1958 - Recife PE - Individual, no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/PE
Exposições Coletivas
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola de Belas Artes
1934 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, na Escola de Belas Artes - menção honrosa
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto da Previdência - medalha de bronze
1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes
1939 - Rio de Janeiro RJ - 45º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - medalha de prata
1939 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Belas Artes
1940 - Rio de Janeiro RJ - 46º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1941 - Nova York (Estados Unidos) - Contemporary Art of the Western Hemisphere, patrocinada pela IBM Corporation
1941 - Rio de Janeiro RJ - 47º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao exterior
1943 - Londres (Inglaterra) - Exposição de Arte Brasileira, em homenagem a RAF - Royal Air Force, no Burlington House
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Museu de Arte da Pampulha - MAP
1944 - Londres (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum
1945 - Bath (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Victiry Art Gallery
1945 - Bristol (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Buenos Aires (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, nas Salas Nacionales de Exposición
1945 - Edimburgo (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - La Plata (Argentina) - 20 Artistas Brasileños, no Museo Provincial de Bellas Artes
1945 - Manchester (Reino Unido) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1945 - Montevidéu (Uruguai) - 20 Artistas Brasileños, na Comisión Municipal de Cultura
1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante
1945 - São Paulo SP - Alfredo Volpi, Bonadei, Carlos Prado, Quirino da Silva, Francisco Rebolo, Mario Zanini e José Pancetti, na Galeria Benedetti
1945 - São Paulo SP - Anita Malfati, Virgínia Artigas, Clóvis Graciano, Mick Carnicelli, Oswald de Andrade Filho, José Pancetti, Carlos Prado, Francisco Rebolo, Quirino da Silva, Alfredo Volpi, Mario Zanini, na Galeria Itapetininga
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na Escola Nacional de Belas Artes - ENBA
1947 - Rio de Janeiro RJ - 53º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - prêmio viagem ao país
1948 - Rio de Janeiro RJ - 54º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - medalha de ouro
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1950 - Roma (Itália) - Coletiva de Arte Brasileira
1950 - Veneza (Itália) - 25ª Bienal de Veneza
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1953 - Paris (França) - Coletiva de Arte Brasileira
1954 - Salvador BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia - medalha de ouro
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Santiago (Chile) - Coletiva de Arte Brasileira
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP
Exposições Póstumas
1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Galeria Macunaíma
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas
1962 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti: retrospectiva, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
1963 - Belo Horizonte MG - Exposição na Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais, na UFMG
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil
1963 - Rio de Janeiro RJ - A Paisagem como Tema, na Galeria Ibeu Copacabana
1965 - Maceió AL - José Pancetti: retrospectiva, na Galeria Rosalvo Ribeiro
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Stand do Edifício Pancetti, na avenida Vieira Souto, 416
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - sala especial
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP
1973 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti, na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
1974 - São Paulo SP - José Pancetti: retrospectiva, na Galeria de Arte Ipanema
1980 - Buenos Aires (Argentina) - Ochenta Años de Arte Brasileño, no Banco Itaú
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1980 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Christina Faria de Paula Galeria de Arte
1980 - Rio de Janeiro RJ - Permanência em Pancetti, na Acervo Galeria de Arte
1980 - Santiago (Chile) - 20 Pintores Brasileños, na Academia Chilena de Bellas Artes
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Nuseu de Arte Brasileira - MAB
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, no Acervo Galeria de Arte
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado - Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti
1983 - Campinas SP - Individual, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti - MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Contemporânea
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1983 - São Paulo SP - José Pancetti Bahia 50-57, no Museu de Arte de São Paulo
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo - Masp
1986 - Curitiba PR - José Pancetti: retrospectiva, no Museu da Gravura
1986 - Rio de Janeiro RJ - Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro, Fevereiro, Março: do modernismo à geração 80, na Galeria de Arte Banerj
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/SP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Rio de Janeiro RJ - Exposição da Coleção Aloysio de Paula, na Galeria de Arte Ipanema
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no Centro Cultural do Banco do Brasil
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: 100 Anos de Arte Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes
1993 - Rio de Janeiro RJ - José Pancetti: retrospectiva, no MAM/RJ
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Museu de Arte de São Paulo
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Figura e Paisagem no Acervo do MAM: homenagem a Volpi, no MAM/SP
1996 - São Paulo SP - O Mundo de Mario Schenberg, na Casa das Rosas
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - O Toque Revelador: retratos e auto-retratos, no MAC/USP
1997 - São Paulo SP - Pancetti um Pintor Pintor, na Galeria de Arte do Brasil
1998 - Brasília DF - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Ministério das Relações Exteriores
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo: doações recentes 1996 - 1998, no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico
1998 - São Paulo SP - A Arte de Expor Arte, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no MAM/SP
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, na Caixa Cultural
1999 - São Paulo SP - Brasileiro que nem Eu, que nem Quem?, no Museu de Arte Brasileira. Salão Cultural
1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria
1999 - São Paulo SP - Os Ítalos e os Brasileiros na Arte do Entre Guerras, Pinacoteca do Estado
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul
2000 - Rio de Janeiro RJ - Pancetti: o marinheiro só, no MNBA
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - Salvador BA - Pancetti: o marinheiro só, no MAM/BA
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento: Arte Moderna, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento: Negro de Corpo e Alma, na Fundação Bienal
2000 - São Paulo SP - Brasil Sobre Papel: matizes e vivências, no Espaço de Artes Unicid
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2001 - Rio de Janeiro RJ - Acervo da Arte Carioca, na Galeria de Arte Ipanema
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Nova André Galeria
2001 - São Paulo SP - Coleção Aldo Franco, na Pinacoteca do Estado
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB
2001 - São Paulo SP - Pancetti: o marinheiro só, no MAB
2002 - Campinas SP - 100 anos de Pancetti, no MACC
2002 - Ribeirão Preto SP - 100 anos de Pancetti, no Museu de Arte de Ribeirão Preto
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB
2002 - São Paulo SP - Espelho Selvagem: arte moderna no Brasil da primeira metade do século XX, Coleção Nemirovsky, no MAM/SP
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no Centro Cultural São Paulo - CCSP
2002 - São Paulo SP - Paisagens do Imaginário, na Nova André Galeria
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/SP
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, na Caixa Cultural
2003 - São Paulo SP - A Arte Atrás da Arte: onde ficam e como viajam as obras de arte, no Espaço MAM - Villa-Lobos
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
2003 - São Paulo SP - José Pancetti (1902-1958): marinheiro, pintor e poeta, na Pinakotheke
2003 - São Paulo SP - Individual, na Pinakotheke
2003 - São Paulo SP - Retratos, no MAB
2004 - Brasília DF - O Olhar Modernista de JK, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2004 - Rio de Janeiro RJ - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
2004 - São Paulo SP - Gabinete de Papel, no CCSP
2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB
2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, na Léo Bahia Arte Contemporânea
2005 - Fortaleza CE - Arte Brasileira: nas coleções públicas e privadas do Ceará, no Espaço Cultural Unifor
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, no Itaú Cultural
2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP
2005 - São Paulo SP - Odorico Tavares: a minha casa baiana - sonhos e desejos de um colecionador, na Galeria de Arte do Sesi
2006 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno Brasileiro 1917-1950, no MAM/RJ
2006 - Rio de Janeiro RJ - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2006 - São Paulo SP - Brasiliana Masp: moderna contemporânea, no Masp
2006 - São Paulo SP - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado
2007 - Curitiba PR - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu Oscar Niemeyer
2007 - Salvador BA - Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/BA
2007 - São Paulo SP - Arte-Antropologia, no MAC/USP
2007 - São Paulo SP - Brasil, Várias Vezes Moderno, no Espaço Arte Morumbi Shopping
2007 - São Paulo SP - Modernidade Negociada: um recorte da arte brasileira nos anos 40, no MAM/SP
2008 - São Paulo SP - Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade na Coleção Itaú Moderno, no Museu de Arte de São Paulo
Fonte: JOSÉ Pancetti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Núcleo Bernardelli
Fundado em 12 de junho de 1931 por um conjunto de pintores comprometidos com a oposição ao modelo de ensino da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, o Núcleo Bernadelli possui como metas centrais a formação, o aprimoramento técnico e a profissionalização artísticos. "Queríamos liberdade de pesquisa e uma reformulação do ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes, reduto de professores reacionários, infensos às conquistas trazidas pelos modernos", afirma Edson Motta (1910 - 1981), um dos líderes do grupo. Além de democratizar o ensino, o grupo almeja permitir o acesso dos artistas modernos ao Salão Nacional de Belas Artes e aos prêmios de viagens ao exterior, dominados pelos pintores acadêmicos. O nome do grupo é uma homenagem clara a dois professores da Enba, Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Henrique Bernardelli (1858 - 1936), que no final do século XIX, insatisfeitos com o ensino da escola, mas também movidos por interesses políticos-administrativos, montam um curso paralelo na Rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Núcleo Bernardelli funciona primeiramente no Studio Nicolas, do fotógrafo Nicolas Alagemovits, e muda-se em seguida para os porões da Enba, onde funciona até 1936. Nessa data, transfere-se para a Rua São José, depois para a Praça Tiradentes, n. 85, até a sua extinção em 1941. Participam do também denominado "ateliê livre", os pintores: Ado Malagoli (1906 - 1994), Bráulio Poiava (1911), Bustamante Sá (1907 - 1988), Bruno Lechowski (1887 - 1941), Sigaud (1899 - 1979), Camargo Freire (1908 - 1988), Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), Quirino Campofiorito (1902 - 1993), Rescála (1910 - 1986), José Gomez Correia, José Pancetti (1902 - 1958), Milton Dacosta (1915 - 1988), Manoel Santiago (1897 - 1987), Yoshiya Takaoka (1909 - 1978) e Tamaki (1916 - 1979).
A criação do Núcleo Bernadelli remete a um contexto artístico, dos anos 1930 e 1940, atravessado por tentativas de ampliação dos espaços da arte e dos artistas modernos, por meio da criação de grupos e associações. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas como Clube dos Artistas Modernos - CAM, a Sociedade Pró - Arte Moderna - SPAM, ambos de 1932, o Grupo Santa Helena (1934) e a Família Artística Paulista - FAP (1937) são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país na época. Cada qual à sua maneira, esses grupos problematizam o legado do modernismo. Um outro esforço de modernização do ensino artístico pode ser localizado na tentativa de reforma da Enba, empreendida por Lúcio Costa (1902 - 1998) ao assumir a direção da escola, em 12 de dezembro de 1930.
Se o Núcleo Bernadelli é concebido em consonância com os projetos modernos em gestação e desenvolvimento, seu funcionamento parece mais voltado para uma tentativa de ocupação de espaço profissional do que de reformulação da linguagem artística. Trata-se fundamentalmente de incentivar o estudo e a formação pela criação de um lugar para convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura ao ar livre, nus, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos são realizados no ateliê, que promove também exposições das obras. Entre 1932 e 1941 são realizados cinco salões dos integrantes do Núcleo Bernadelli. Além disso, em 1933, o conjunto dessas obras é exposto no Studio Eros Volúsia e, em 1934, em mostra promovida pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. Além das paisagens, amplamente realizadas, os artistas do grupo pintam cenas urbanas e figuras humanas. Alguns críticos sublinham a inspiração impressionista desse paisagismo, além da influência construtiva de Paul Cézanne (1839-1906), sobretudo nas naturezas-mortas de Milton Dacosta. Mas é possível localizar em parte da produção do grupo - em Malagoli, por exemplo - afinidades com o ideário do retorno à ordem. Alguns trabalhos de Malagoli, Sigaud e Campofiorito, por sua vez, anunciam questões sociais, em pauta nas manifestações artísticas da década de 1930.
Os nomes de José Pancetti e Milton Dacosta, egressos do grupo, destacam-se posteriormente em função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos. Pancetti se notabiliza pelas marinhas que realiza, além dos diversos retratos e auto-retratos. Os anos de 1950, considerados o ápice de sua produção, conhecem as célebres Lavadeiras na Lagoa do Abaeté, as paisagens de Saquarema e cenas de Mangaratiba. Atento, desde o início de sua obra, aos desafios da composição e ao uso da cor, seus trabalhos dos anos de 1950 enfatizam a organização dos planos geométricos, fazendo com que beirem a abstracão. Milton Dacosta, responsável por uma obra convencionalmente dividida em fases em função das influências que recebe - Paul Cézanne, De Chirico (1888 - 1978), Pablo Picasso (1881 - 1973) e Giorgio Morandi (1890 - 1964) -, esteve sempre preocupado com a esquematização das formas, e recusa mesmo em suas obras figurativas dos anos 1930, qualquer inclinação naturalista mais direta. As lições construtivas, as deformações picassianas e cubistas, o equilíbrio entre planos colorísticos são todas preocupações precoces de seu trabalho (vide Paisagem de Santa Teresa, 1937), indica Mário Pedrosa (1900 - 1981). Por essa razão, o crítico defende que o abstrato é "o ponto de partida do pintor", e não apenas a marca de sua obra após a década de 1950.
Fonte: NÚCLEO Bernardelli (Rio de Janeiro, RJ). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 11 de Nov. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia - Wikipédia
Filho de Giovanni Battista Pancetti e Corinna Giannini, imigrantes italianos da Toscana, viveu em Campinas até os oito anos, quando seu pai, mestre de obras, mudou-se com mulher e filhos para a capital paulista, onde esperava encontrar melhores condições de trabalho. Aos onze anos, José Pancetti e uma de suas irmãs, são levados para a Itália para viver sob os cuidados de um tio e dos avós. É tio materno da cantora Isaurinha Garcia.[3]
Na Itália
Chegando à casa do tio Casimiro, é colocado para estudar no Colégio Salesiano de Massa-Carrara. Mas pouco tempo depois, o país seria envolvido na Primeira Guerra Mundial e Pancetti vai para o campo, em casa de seus avós, na localidade de Pietrasanta.
Não se adapta à vida de camponês, exercendo diversas ocupações desde aprendiz de carpinteiro, operário na fábrica de bicicletas Bianchi e empregado numa fábrica de materiais bélicos em Forte dei Marmi.
Para fixá-lo num ofício mais atraente, seu tio emprega-o na marinha mercante italiana onde deveria aprender a profissão de marinheiro. Embarca no veleiro Maria Rosa que percorria o Mediterrâneo, principalmente entre os portos de Gênova e Alexandria. Mas a inconstância própria de seu caráter faz com que abandone o navio e passe a vagar pelas ruas de Gênova, com sérias dificuldades de subsistência. Até que num determinado dia, alguém o encaminha para o consulado brasileiro, onde é providenciado o seu repatriamento.
De volta ao Brasil
Assim, no dia 12 de fevereiro de 1920, desembarca em Santos. Para sobreviver trabalha em diversos lugares e ofícios diferentes até que, em 1921, transfere-se para São Paulo onde um empresário, também italiano, lhe dá um emprego de pintor de paredes e cartazes. Parece ter sido este o seu primeiro contato com pinceis e tintas.
Naquele mesmo ano, o pintor Adolfo Fonzari oferece a Pancetti uma oportunidade de auxiliá-lo na decoração da casa do comendador Giuseppe Puglisi Carbone na cidade litorânea de Guarujá.
Em seguida, no ano de 1922, conseguiu realizar um grande desejo: alistar-se na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceria até 1946.
A descoberta do pintor
A bordo foi-lhe dada a tarefa de pintar cascos, paredes, camarotes e o fazia com tal zelo que sua fama correu pela Marinha, até que um almirante (Gastão Motta) criou um quadro de especialistas na profissão e nomeou Pancetti primeiro instrutor desse quadro. Mas, surge no marinheiro a vontade de passar para o papel aquilo que seus olhos viam. E assim começou a desenhar, em data que nem mesmo ele soube precisar, pequenos cartões com paisagens, marinhas, cenas românticas ainda bastante primárias mas que já mostravam seu potencial artístico.
Em 1932, o pintor tem seu primeiro trabalho publicado no jornal A Noite Ilustrada, sob o título, "Um Amador da Pintura". Ao ver seu desenho, o escultor Paulo Mazzuchelli, aconselha-o a ingressar no recém-criado Núcleo Bernardelli, um conselho repetido pelo pintor Giuseppe Gargaglione, a quem Pancetti conheceu passeando pelo Campo de Santana, no Rio de Janeiro. Acatando a sugestão, ingressa no Núcleo Bernardelli em 1933, onde teve como principal orientador o pintor Bruno Lechowski. No Núcleo, uma escola livre que funcionava nas dependências do edifício da Escola de Belas Artes, Pancetti teria como companheiros pintores que, ao passar do tempo, viriam a ganhar notoriedade como, entre outros, Edson Motta, José Rescala, Ado Malagoli, Expedito Camargo Freire, Manuel Santiago, Bustamante Sá e Silvio Pinto.
Dois anos depois, em 1935, casa-se com Annita Caruso.
Com o quadro "O Chão" ganha em 1941, o prêmio de viagem ao estrangeiro, na recém criada Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes. Por motivos de saúde é licenciado da Marinha e não desfruta seu prêmio no exterior. Muda-se para Campos do Jordão em 1942, em busca de tratamento para a tuberculose que o afetava. Neste mesmo ano nasce a sua filha Nilma. Posteriormente muda-se para São João del-Rei.
A primeira exposição individual ocorre em 1945, apresentando mais de setenta quadros. No ano seguinte é reformado pela Marinha na patente de segundo-tenente. Em 1948 recebe a medalha de ouro do Salão Nacional de Belas Artes, realizando a sua primeira exposição internacional em 1950, na Bienal de Veneza. Um ano depois participa da primeira Bienal de Arte de São Paulo.
Em 1952 dois fatos importantes marcam a sua vida: o nascimento de seu filho Luís Carlos e a promoção a primeiro-tenente da Marinha Brasileira. Decorridos dois anos recebe a medalha de ouro no Salão de Belas Artes da Bahia e em 1955 faz uma importante exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
A 10 de Fevereiro de 1958 morre de câncer de estômago no Hospital Central da Marinha no Rio de Janeiro. É enterrado no cemitério São João Batista no bairro do Botafogo, tendo o poeta Augusto Frederico Schmidt proferido a oração fúnebre.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 13 de novembro de 2017.
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Todo caminho deu no mar
A exposição Pancetti — Navegar é preciso, realizada na Galeria Almeida Dale, não tem caráter propriamente comercial. A grande maioria das telas, de diferentes coleções particulares, não está à venda. Juntas, elas compõem uma mostra representativa das principais facetas do pintor.
Lá estão, além de suas famosas marinhas, naturezas-mortas, retratos e cenas urbanas. Comum ao conjunto é o tamanho das telas, sempre modesto. Isto porque Pancetti preferia o ambiente externo à reclusão do ateliê e, portanto, precisava carregar as telas consigo. “Ele era um pintor do ar livre”, define Denise Mattar, curadora da exposição.
Junto das cores com as quais o filho de imigrantes italianos pintava o litoral brasileiro, o som do mar da Bahia, gravado no Solar do Unhão, e temas de Caymmi variados num violão fazem da mostra uma espécie de milagre ou miragem — o ar-condicionado, é claro, também ajuda.
O ar livre das praias brasileiras no ar-condicionado de uma galeria paulistana — talvez seja esta a natureza da miragem. Mas ainda que a atmosfera seja de suspensão e a promessa, de refúgio, vale ficar atento e não perder de vista a areia em que Pancetti esquentou os pés. Há ali trabalho e história.
Marinheiro só
José Pancetti foi pintor de parede na juventude, mas de 1922, quando tinha 20 anos, até 1946, quando se aposenta, trabalha na Marinha de Guerra brasileira. Antes disso, já havia trabalhado na marinha mercante durante uma passagem na Itália. Estes longos e constantes períodos no mar se refletem em sua pintura, cuja face mais conhecida é justamente a paisagem marítima.
Durante toda a vida adulta, a arte teve de ser conciliada com a profissão de marinheiro, da qual Pancetti retirava seu sustento. Mas isto não significou um sacrifício. Denise Mattar diz que o artista encontrou na Marinha “um amor correspondido”.
“O Pancetti tinha o maior orgulho de ser marinheiro e a Marinha sempre teve um carinho especial pelo Pancetti”, conta a curadora. Além de receber com frequência licenças por motivos de saúde, o artista acumulou o posto de “moço das tintas” na Marinha, fazendo com capricho os serviços de pintura do navio. Além disso, testava seu traço no que via pela frente, de caixas de charuto a lonas descartadas.
Olhar fotográfico
Um marco no seu amadurecimento como pintor acontece em 1933. Durante uma missão em terra, Pancetti frequenta o Núcleo Bernardelli, com sede nos porões da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Espécie de primo carioca do Grupo Santa Helena, o núcleo reunia artistas sem dinheiro, muitos deles imigrantes, que compartilhavam o horizonte modernista e o desejo de se aprimorar no métier.
Pancetti teria achado “tudo uma chatura”, conta Denise, mas a experiência valeu pelo encontro com dois artistas: o então jovem Milton Dacosta e o já experiente Bruno Lechowski. A orientação recebida pelo pintor polonês radicado no Brasil foi decisiva para o seu trabalho. Além do gosto compartilhado pelas marinhas, Pancetti herda — e, em seguida, aprofunda — de Lechowski a escolha por ângulos específicos, que recortam a paisagem de modo característico.
“O Pancetti tem uma forma de olhar quase fotográfica”, diz Denise Mattar, tomando como exemplo uma paisagem que, nas extremidades, apresenta partes de duas casas. Ao centro e ao fundo, uma saída para o mar. Este enquadramento da realidade, além da incisão geométrica que os elementos operam na paisagem, são desdobramentos de lições tomadas com Lechowski.
Gêneros fluidos
A construção desse olhar específico — alimentado pelas características de sua profissão, pelo autodidatismo e por encontros felizes — deságua numa produção sem par no modernismo brasileiro. “O Pancetti é um artista absolutamente original”, defende Denise Mattar. “Ele usa os gêneros clássicos da pintura — paisagem, retrato e natureza-morta — mas a cada uma dessas coisas ele dá um outro olhar.”
Nos retratos, e mais especificamente no número considerável de autorretratos que produziu, Pancetti “se reveste de várias personalidades diferentes”, aparecendo faceiro com um chapéu vermelho em uma tela, na outra como um almirante, naquela como camponês ou, ainda, como o marinheiro que de fato foi.
Nas naturezas-mortas, por sua vez, Pancetti revela “um olhar totalmente inusitado para as coisas do cotidiano”, segundo Denise. Nestas telas, o pintor hibridiza o gênero com elementos que lhe são alheios. Em uma das telas, um caranguejo passeia entre cajus. Em outra, um menino espreita uma mesa cheia de mangas. Na mais eloquente delas, maçãs e laranjas estão enfileiradas à janela de seu ateliê contra um fundo tipicamente pancettiano: uma paisagem de árvores, mar e barco, pintados em cores vivas, sem grande detalhe.
De todos os gêneros, no entanto, é sem dúvida nas paisagens que José Pancetti tem seu ápice criativo, sobretudo a partir dos anos 40, quando tem baixa da Marinha (e portanto mais tempo para pintar), e dos anos 50, quando vai morar na Bahia.
Neste período, o olhar sobre a paisagem litorânea se torna cada vez mais depurado, os elementos da praia passam a minguar e aqueles que resistem na tela ganham contornos geométricos. As faixas de areia tomam cada vez mais espaço, o céu e o mar se estreitam, pessoas e árvores são reduzidas a traços mínimos.
Este percurso estético de Pancetti é marcado, além da progressiva geometrização, pela centralidade das cores, que vão se tornando mais vivas conforme seu amadurecimento. Nos últimos quadros a cor de fato rouba o protagonismo do contorno dos elementos representados, tornando-se decisiva para a forma.
O sol de Amaralina ou, nas paisagens urbanas, a luz de Campos do Jordão são tão ou mais importantes para o olhar de Pancetti do que as coisas flagradas no local. Este aspecto se radicaliza com a recusa do realismo praieiro: o vento não faz cantiga nas folhas no alto dos coqueirais nem ondula as águas. O mar tampouco quebra na praia — bonito para Pancetti é uma vastidão imóvel de azul.
Na beira do mar
A viagem de Pancetti com destino na abstração, que lhe credencia à melhor embarcação moderna, encontra par na simplicidade que atravessou sua vida e seu ponto de vista. Como Volpi, Pancetti encontrou uma sofisticação que não se dá apesar mas em função da vida que levou — e que conferia possibilidades e restrições aos seus anseios artísticos. Nas praias que pintou, um ambiente democrático, popular e aberto (como as festas populares de seu par modernista) está representado de forma simples e depurada.
Além da política, as marinhas essenciais de Pancetti carregam um traço de sabedoria. “Há um grande cansaço de explicar o mar”, escreve Oswald de Andrade no canto que abre O Santeiro do Mangue. Teria o velho Pancetti cansaço de pintar o mar? Vai ver se trata da recusa a um esforço desnecessário, um convite a resolver as coisas com a lógica de uma canção de Caymmi — de estrutura “plena e simples”, como analisou Nuno Ramos.
O coqueiro, a areia, a morena e as águas de Itapoã — aqui sem vento ou saudade. Isto é, na pintura, porque para o espectador vale a máxima de outra canção praieira: quem vem para a beira do mar de Pancetti, nunca mais quer voltar.
Fonte: Revista Bravo, por Andrei Reina, publicado em 17 de outubro de 2017.
Crédito fotográfico: O “pintor do ar livre” José Pancetti em Salvador, clicado por Pierre Verger em 1950 (Imagens: Divulgação)