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Décio Vieira

Décio Luiz Monteiro Vieira (Petrópolis, 1922 — Rio de Janeiro, 1988), mais conhecido como Décio Vieira, foi um pintor e desenhista brasileiro, conhecido por sua participação no Grupo Frente e no Grupo Neoconcreto, marcos para o Concretismo e Neoconcretismo.

Biografia - Itaú Cultural

Estuda desenho e pintura com Axl Leskoschek (1889 - 1975) na Fundação Getúlio Vargas - FGV do Rio de Janeiro, em 1948. A partir desse ano, entra em contato com a gravadora Fayga Ostrower (1920 - 2001) e tem aulas como pintor Ivan Serpa (1923 - 1973) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. Na década de 1950, integra o Grupo Frente, com Lygia Pape (1927 - 2004), Lygia Clark (1920 - 1988), Hélio Oiticica (1937 - 1980), e outros. Participa do Grupo Neoconcreto, dissidência carioca do grupo concretista. Entre 1954 e 1962, produz estampas para tecidos com Fayga Ostrower. Em 1966, em São Paulo, trabalha com Alfredo Volpi (1896 - 1988) no afresco Dom Bosco, para o Palácio dos Arcos, em Brasília, e com ele estuda a técnica da têmpera e passa a apresentar uma produção abstrata. Na década de 1970, volta à figuração, dedicando-se principalmente à pintura de paisagem, e leciona no MAM/RJ, nos cursos coordenados pelo crítico Frederico Morais. Com a orientação de Ivan Serpa cria, com Dulce Vieira, uma escola de arte para as crianças da comunidade da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. É realizada exposição retrospectiva de sua produção, intitulada Décio Vieira: Resumo de uma Trajetória, na Galeria Rodrigo de Mello Franco, da Funarte, no Rio de Janeiro, em 1992.

Comentário Crítico

Décio Vieira participa, na década de 1950, do Grupo Frente, constituído por artistas de tendências construtivo-geométricas. Nessa época, articula o espaço por meio de variações de formas e cores e por distorções da perspectiva, como ocorre em Espaço Construído, 1954. Em seus quadros, concilia a construção geométrica com a pesquisa de nuances cromáticas e o uso do sfumato, criando assim um jogo entre o definido e o indefinido.

O artista aprende com Alfredo Volpi (1896 - 1988) a técnica da pintura a têmpera, que confere ao seu trabalho um caráter mais lírico na abstração. Realiza obras que tendem ao monocromático. Em Quadrados, Retângulos e Linhas, 1961, o espaço pictórico é dividido em módulos regulares e o artista emprega o mínimo de variações tonais para construir a estrutura, que apresenta grande equilíbrio. A partir da metade da década de 1960, suas obras revelam maior liberdade no uso da cor e da textura. Em diálogo com a produção de Volpi, Décio Vieira realiza uma pintura econômica, com o emprego sutil da luz, em construções que utilizam predominantemente o branco. Na década de 1970, o artista tem importante atuação como professor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, criando também uma escola de arte para as crianças da favela da Rocinha.

Críticas

"Dentre os neoconcretistas destacou-se pelo radicalismo quanto às formas e pela sua opção por monocromias, algumas vezes trabalhando somente com o branco. O período neoconcreto coincide com o momento de maior síntese em sua obra. Por volta de 1966 observou-se um parênteses em sua postura ascética, quando passou a trabalhar a cor e a textura de maneira mais lírica, período que coincide com seu trabalho conjunto com Volpi nos painéis da Navegação Costeira e no Palácio dos Arcos. Foi com Volpi que aprendeu a técnica da têmpera e tomou gosto pelas possibilidades oferecidas por esse meio de expressão".

Maria Izabel Branco Ribeiro (Em busca da essência: elementos de redução na arte brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1987.)

"Foi sempre amoroso do artesanato da pintura. Com Volpi desenvolveu o gosto pela pintura enquanto ofício e não como ilustração de um ideário estético ou filosófico. Prepara ele mesmo suas telas e suas tintas e o ato de pintar é algo que lhe dá enorme prazer. Não é do tipo que sai por aí dando explicações, que sabe do quadro antes mesmo de acabá-lo, às vezes antes mesmo do início. Ao contrário, é do tipo que fica curtindo o quadro, descobrindo coisas, confrontando com os outros, esperando que os significados apareçam pouco a pouco. Vendo seus quadros, qualquer um pode concluir que pintar é, para ele, algo sensual, que lhe dá enorme prazer. E é nessa sensualidade que se manifesta especialmente na cor e na textura, ambas geradoras de espaço, que os cariocas se distinguem dos paulistas, desde os tempos polêmicos, e hoje históricos, do concretismo-neoconcretismo".

Frederico Morais (Em busca da essência: elementos de redução na arte brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1987.)

Exposições Individuais

1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Thomas Cohn

Exposições Coletivas

1953 - Petrópolis RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, no Hotel Quitandinha

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP

1954 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente, na Galeria Ibeu Copacabana

1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco

1955 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente, no MAM/RJ

1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações

1956 - Resende RJ - Grupo Frente, no Itatiaia Country Club

1956 - São Paulo SP - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/SP

1957 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/RJ

1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa -1959 : Munique, Alemanha) - Kunsthaus.

1959 - Rio de Janeiro RJ - Primeira Exposição de Arte Neoconcreta, no MAM/RJ

1959 - Salvador BA - 1ª Exposição de Arte Neoconcreta, na Galeria Belvedere da Sé

1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição de Arte Neoconcreta, no MEC

1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Zurique (Suíça) - Konkrete Korst, no Helmhaus

1961 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana

1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP

1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, MAM/RJ

1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ

1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado

1981 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva Nuchy, no Nuchy Galeria de Arte

1984 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente 1954-1956, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Rio de Janeiro RJ - Neoconcretismo 1959-1961, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Volta Redonda RJ - Grupo Frente 1954-1956

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - Rio de Janeiro RJ - Axl Leskoschek e seus Alunos: Brasil/1940-1948 na Galeria de Arte Banerj

1985 - São Paulo SP - Axl Leskoschek e seus Alunos: Brasil/1940-1948, no MAM/SP

1986 - Resende RJ - Grupo Frente 1954-1956

1987 - Rio de Janeiro RJ -1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, na Funarte

1987 - São Paulo SP - 19ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1987 - São Paulo SP - Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, no MAB/Faap

Exposições Póstumas

1989 - Rio de Janeiro RJ - Pequenas Grandezas dos Anos 50, no Gabinete de Arte Cleide Wanderley

1992 - Rio de Janeiro RJ - 1º A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini. No Paço Imperial

1992 - Rio de Janeiro RJ - Décio Vieira: resumo de uma trajetória, na Funarte. Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1996 - São Paulo SP - Desexp(l)os(ign)ição, na Casa das Rosas

1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP

1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ

2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal

2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Calouste Gulbekian

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ

2005 - Petrópolis RJ - Expresso Abstrato, no Museu Imperial

Fonte: DÉCIO Vieira. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 14 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Grupo Frente

Marco histórico do movimento construtivo no Brasil, o Grupo Frente, sob a liderança do artista carioca Ivan Serpa (1923-1973), um dos precursores da abstração geométrica no Brasil, abre sua primeira exposição em 1954, na Galeria do Ibeu, no Rio de Janeiro. Participam da mostra, apresentada pelo crítico Ferreira Gullar (1930-2016), os artistas Aluísio Carvão (1920-2001), Carlos Val (1937- ), Décio Vieira (1922-1988), Ivan Serpa, João José da Silva Costa (1931- ), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927-2004) e Vicent Ibberson (19--), a maioria alunos ou ex-alunos de Serpa nos cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Apesar de informados pelas discussões em torno da abstração e da arte concreta, com obras que trabalham sobretudo no registro da abstração geométrica, o grupo não se caracteriza por uma posição estilística única, sendo o elo de união entre seus integrantes a rejeição à pintura modernista brasileira de caráter figurativo e nacionalista.

A abertura a outras formas de manifestação artística e uma maior liberdade em relação às teorias concretas de um Max Bill (1908 - 1994), por exemplo, torna-se mais patente na segunda exposição do grupo, em 1955, no MAM/RJ. Aos fundadores do grupo unem-se outros sete artistas: Abraham Palatnik (1928), César Oiticica (1939- ), Franz Weissmann (1911-2005), Hélio Oiticica (1937-1980), Rubem Ludolf (1932-2010), Elisa Martins da Silveira (1912-2001) e Emil Baruch (1920- ). Além da diversidade no que se refere às técnicas e materiais utilizados (pastel, xilogravura, objeto cinético, colagem etc), percebe-se também uma certa variação de estilos, como a pintura primitiva de Elisa Martins e a construção geométrica lírica e repleta de nuances de Décio Vieira. Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em texto de apresentação dessa segunda mostra, não se trata "de uma panelinha fechada, nem muito menos uma academia onde se ensinam e se aprendem regrinhas e receitas para fazer abstracionismo, concretismo, expressionismo (...) e outros ismos". Ao contrário, aos olhos do crítico, o respeito à "liberdade de criação" é o postulado pelo qual lutam acima de tudo.

Para os artistas do Grupo Frente, a linguagem geométrica é, antes de qualquer coisa, um campo aberto à experiência e à indagação. A independência e individualidade com que tratavam os postulados teóricos da arte concreta estão no centro da crítica que o grupo concreto de São Paulo, principalmente o artista e porta-voz do movimento paulista Waldemar Cordeiro (1925-1973), faz ao grupo. A rigor, esses artistas não podem ser chamados de concretos em sentido estrito, pois de início ignoram a noção de objeto artístico como exercício de concreção racional de uma idéia, cuja execução deve ser previamente guiada por leis claras e inteligíveis, de preferência cálculos matemáticos. No entanto, é essa autonomia e certa dose de experimentação presente no Grupo Frente que garante o desenvolvimento singular que as poéticas construtivas vão conhecer nos trabalhos de alguns de seus integrantes ainda na segunda metade da década de 1950. Cabe lembrar das Superfícies Moduladas de Lygia Clark, das esculturas de Weissmann - em que o vazio passa a ser elemento ativo das estruturas -, das séries de relevos, poemas-objetos e poemas-luz e dos Tecelares de Lygia Pape, e das experiências cinéticas de Palatnik.

As últimas exposições do grupo ocorrem em 1956, em Resende e Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, organizada pelos concretos de São Paulo com a colaboração do grupo carioca - que ocorre em dezembro de 1956 e fevereiro de 1957 no MAM/SP em São Paulo e no Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Rio de Janeiro, respectivamente - torna evidente a distância entre os dois núcleos concretistas. Sua repercussão, tanto por parte do público quanto dos artistas, marca o início de uma nova fase da arte concreta brasileira, exigindo dos artistas cariocas uma tomada de posição mais definida diante das idéias veiculadas pelos concretos paulistas. A exposição também ajuda a revelar a amplitude que a arte abstrato-geométrica de matriz construtiva e concreta, havia adquirido no Brasil. Após a mostra, o Grupo Frente simultaneamente rompe com os artistas de São Paulo e começa a se desintegrar. Dois anos depois, alguns de seus integrantes iriam se agrupar para iniciar o Movimento Neoconcreto um dos mais significativos da arte brasileira.

Fonte: GRUPO Frente. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: Daniela Name, Décio Vieira em exposição com Volpi e Dulce Holzmeister, foto de 1976, publicado em 2 de março de 2010.

Décio Luiz Monteiro Vieira (Petrópolis, 1922 — Rio de Janeiro, 1988), mais conhecido como Décio Vieira, foi um pintor e desenhista brasileiro, conhecido por sua participação no Grupo Frente e no Grupo Neoconcreto, marcos para o Concretismo e Neoconcretismo.

Décio Vieira

Décio Luiz Monteiro Vieira (Petrópolis, 1922 — Rio de Janeiro, 1988), mais conhecido como Décio Vieira, foi um pintor e desenhista brasileiro, conhecido por sua participação no Grupo Frente e no Grupo Neoconcreto, marcos para o Concretismo e Neoconcretismo.

Biografia - Itaú Cultural

Estuda desenho e pintura com Axl Leskoschek (1889 - 1975) na Fundação Getúlio Vargas - FGV do Rio de Janeiro, em 1948. A partir desse ano, entra em contato com a gravadora Fayga Ostrower (1920 - 2001) e tem aulas como pintor Ivan Serpa (1923 - 1973) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. Na década de 1950, integra o Grupo Frente, com Lygia Pape (1927 - 2004), Lygia Clark (1920 - 1988), Hélio Oiticica (1937 - 1980), e outros. Participa do Grupo Neoconcreto, dissidência carioca do grupo concretista. Entre 1954 e 1962, produz estampas para tecidos com Fayga Ostrower. Em 1966, em São Paulo, trabalha com Alfredo Volpi (1896 - 1988) no afresco Dom Bosco, para o Palácio dos Arcos, em Brasília, e com ele estuda a técnica da têmpera e passa a apresentar uma produção abstrata. Na década de 1970, volta à figuração, dedicando-se principalmente à pintura de paisagem, e leciona no MAM/RJ, nos cursos coordenados pelo crítico Frederico Morais. Com a orientação de Ivan Serpa cria, com Dulce Vieira, uma escola de arte para as crianças da comunidade da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. É realizada exposição retrospectiva de sua produção, intitulada Décio Vieira: Resumo de uma Trajetória, na Galeria Rodrigo de Mello Franco, da Funarte, no Rio de Janeiro, em 1992.

Comentário Crítico

Décio Vieira participa, na década de 1950, do Grupo Frente, constituído por artistas de tendências construtivo-geométricas. Nessa época, articula o espaço por meio de variações de formas e cores e por distorções da perspectiva, como ocorre em Espaço Construído, 1954. Em seus quadros, concilia a construção geométrica com a pesquisa de nuances cromáticas e o uso do sfumato, criando assim um jogo entre o definido e o indefinido.

O artista aprende com Alfredo Volpi (1896 - 1988) a técnica da pintura a têmpera, que confere ao seu trabalho um caráter mais lírico na abstração. Realiza obras que tendem ao monocromático. Em Quadrados, Retângulos e Linhas, 1961, o espaço pictórico é dividido em módulos regulares e o artista emprega o mínimo de variações tonais para construir a estrutura, que apresenta grande equilíbrio. A partir da metade da década de 1960, suas obras revelam maior liberdade no uso da cor e da textura. Em diálogo com a produção de Volpi, Décio Vieira realiza uma pintura econômica, com o emprego sutil da luz, em construções que utilizam predominantemente o branco. Na década de 1970, o artista tem importante atuação como professor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, criando também uma escola de arte para as crianças da favela da Rocinha.

Críticas

"Dentre os neoconcretistas destacou-se pelo radicalismo quanto às formas e pela sua opção por monocromias, algumas vezes trabalhando somente com o branco. O período neoconcreto coincide com o momento de maior síntese em sua obra. Por volta de 1966 observou-se um parênteses em sua postura ascética, quando passou a trabalhar a cor e a textura de maneira mais lírica, período que coincide com seu trabalho conjunto com Volpi nos painéis da Navegação Costeira e no Palácio dos Arcos. Foi com Volpi que aprendeu a técnica da têmpera e tomou gosto pelas possibilidades oferecidas por esse meio de expressão".

Maria Izabel Branco Ribeiro (Em busca da essência: elementos de redução na arte brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1987.)

"Foi sempre amoroso do artesanato da pintura. Com Volpi desenvolveu o gosto pela pintura enquanto ofício e não como ilustração de um ideário estético ou filosófico. Prepara ele mesmo suas telas e suas tintas e o ato de pintar é algo que lhe dá enorme prazer. Não é do tipo que sai por aí dando explicações, que sabe do quadro antes mesmo de acabá-lo, às vezes antes mesmo do início. Ao contrário, é do tipo que fica curtindo o quadro, descobrindo coisas, confrontando com os outros, esperando que os significados apareçam pouco a pouco. Vendo seus quadros, qualquer um pode concluir que pintar é, para ele, algo sensual, que lhe dá enorme prazer. E é nessa sensualidade que se manifesta especialmente na cor e na textura, ambas geradoras de espaço, que os cariocas se distinguem dos paulistas, desde os tempos polêmicos, e hoje históricos, do concretismo-neoconcretismo".

Frederico Morais (Em busca da essência: elementos de redução na arte brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1987.)

Exposições Individuais

1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Thomas Cohn

Exposições Coletivas

1953 - Petrópolis RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, no Hotel Quitandinha

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP

1954 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente, na Galeria Ibeu Copacabana

1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco

1955 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente, no MAM/RJ

1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações

1956 - Resende RJ - Grupo Frente, no Itatiaia Country Club

1956 - São Paulo SP - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/SP

1957 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/RJ

1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa -1959 : Munique, Alemanha) - Kunsthaus.

1959 - Rio de Janeiro RJ - Primeira Exposição de Arte Neoconcreta, no MAM/RJ

1959 - Salvador BA - 1ª Exposição de Arte Neoconcreta, na Galeria Belvedere da Sé

1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição de Arte Neoconcreta, no MEC

1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Zurique (Suíça) - Konkrete Korst, no Helmhaus

1961 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana

1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP

1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, MAM/RJ

1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ

1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado

1981 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva Nuchy, no Nuchy Galeria de Arte

1984 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente 1954-1956, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Rio de Janeiro RJ - Neoconcretismo 1959-1961, na Galeria de Arte Banerj

1984 - Volta Redonda RJ - Grupo Frente 1954-1956

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - Rio de Janeiro RJ - Axl Leskoschek e seus Alunos: Brasil/1940-1948 na Galeria de Arte Banerj

1985 - São Paulo SP - Axl Leskoschek e seus Alunos: Brasil/1940-1948, no MAM/SP

1986 - Resende RJ - Grupo Frente 1954-1956

1987 - Rio de Janeiro RJ -1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, na Funarte

1987 - São Paulo SP - 19ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1987 - São Paulo SP - Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, no MAB/Faap

Exposições Póstumas

1989 - Rio de Janeiro RJ - Pequenas Grandezas dos Anos 50, no Gabinete de Arte Cleide Wanderley

1992 - Rio de Janeiro RJ - 1º A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini. No Paço Imperial

1992 - Rio de Janeiro RJ - Décio Vieira: resumo de uma trajetória, na Funarte. Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1996 - São Paulo SP - Desexp(l)os(ign)ição, na Casa das Rosas

1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP

1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ

2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal

2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Calouste Gulbekian

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ

2005 - Petrópolis RJ - Expresso Abstrato, no Museu Imperial

Fonte: DÉCIO Vieira. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 14 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Grupo Frente

Marco histórico do movimento construtivo no Brasil, o Grupo Frente, sob a liderança do artista carioca Ivan Serpa (1923-1973), um dos precursores da abstração geométrica no Brasil, abre sua primeira exposição em 1954, na Galeria do Ibeu, no Rio de Janeiro. Participam da mostra, apresentada pelo crítico Ferreira Gullar (1930-2016), os artistas Aluísio Carvão (1920-2001), Carlos Val (1937- ), Décio Vieira (1922-1988), Ivan Serpa, João José da Silva Costa (1931- ), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927-2004) e Vicent Ibberson (19--), a maioria alunos ou ex-alunos de Serpa nos cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Apesar de informados pelas discussões em torno da abstração e da arte concreta, com obras que trabalham sobretudo no registro da abstração geométrica, o grupo não se caracteriza por uma posição estilística única, sendo o elo de união entre seus integrantes a rejeição à pintura modernista brasileira de caráter figurativo e nacionalista.

A abertura a outras formas de manifestação artística e uma maior liberdade em relação às teorias concretas de um Max Bill (1908 - 1994), por exemplo, torna-se mais patente na segunda exposição do grupo, em 1955, no MAM/RJ. Aos fundadores do grupo unem-se outros sete artistas: Abraham Palatnik (1928), César Oiticica (1939- ), Franz Weissmann (1911-2005), Hélio Oiticica (1937-1980), Rubem Ludolf (1932-2010), Elisa Martins da Silveira (1912-2001) e Emil Baruch (1920- ). Além da diversidade no que se refere às técnicas e materiais utilizados (pastel, xilogravura, objeto cinético, colagem etc), percebe-se também uma certa variação de estilos, como a pintura primitiva de Elisa Martins e a construção geométrica lírica e repleta de nuances de Décio Vieira. Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em texto de apresentação dessa segunda mostra, não se trata "de uma panelinha fechada, nem muito menos uma academia onde se ensinam e se aprendem regrinhas e receitas para fazer abstracionismo, concretismo, expressionismo (...) e outros ismos". Ao contrário, aos olhos do crítico, o respeito à "liberdade de criação" é o postulado pelo qual lutam acima de tudo.

Para os artistas do Grupo Frente, a linguagem geométrica é, antes de qualquer coisa, um campo aberto à experiência e à indagação. A independência e individualidade com que tratavam os postulados teóricos da arte concreta estão no centro da crítica que o grupo concreto de São Paulo, principalmente o artista e porta-voz do movimento paulista Waldemar Cordeiro (1925-1973), faz ao grupo. A rigor, esses artistas não podem ser chamados de concretos em sentido estrito, pois de início ignoram a noção de objeto artístico como exercício de concreção racional de uma idéia, cuja execução deve ser previamente guiada por leis claras e inteligíveis, de preferência cálculos matemáticos. No entanto, é essa autonomia e certa dose de experimentação presente no Grupo Frente que garante o desenvolvimento singular que as poéticas construtivas vão conhecer nos trabalhos de alguns de seus integrantes ainda na segunda metade da década de 1950. Cabe lembrar das Superfícies Moduladas de Lygia Clark, das esculturas de Weissmann - em que o vazio passa a ser elemento ativo das estruturas -, das séries de relevos, poemas-objetos e poemas-luz e dos Tecelares de Lygia Pape, e das experiências cinéticas de Palatnik.

As últimas exposições do grupo ocorrem em 1956, em Resende e Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, organizada pelos concretos de São Paulo com a colaboração do grupo carioca - que ocorre em dezembro de 1956 e fevereiro de 1957 no MAM/SP em São Paulo e no Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Rio de Janeiro, respectivamente - torna evidente a distância entre os dois núcleos concretistas. Sua repercussão, tanto por parte do público quanto dos artistas, marca o início de uma nova fase da arte concreta brasileira, exigindo dos artistas cariocas uma tomada de posição mais definida diante das idéias veiculadas pelos concretos paulistas. A exposição também ajuda a revelar a amplitude que a arte abstrato-geométrica de matriz construtiva e concreta, havia adquirido no Brasil. Após a mostra, o Grupo Frente simultaneamente rompe com os artistas de São Paulo e começa a se desintegrar. Dois anos depois, alguns de seus integrantes iriam se agrupar para iniciar o Movimento Neoconcreto um dos mais significativos da arte brasileira.

Fonte: GRUPO Frente. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: Daniela Name, Décio Vieira em exposição com Volpi e Dulce Holzmeister, foto de 1976, publicado em 2 de março de 2010.

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