Jean-Pierre Chabloz (Lausanne, Suiça, 5 de junho de 1910 - Fortaleza CE 1984) foi um pintor, desenhista, cartazista, crítico de arte, músico, professor e publicitário suiço radicado no Brasil.
Biografia Itaú Cultural
Entre 1929 e 1932, estuda na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. Forma-se em 1938 pela Accademia Belle Arti di Brera, Milão. Em 1940, por causa da guerra, transfere-se para o Rio de Janeiro com a família. Freqüenta o núcleo artístico da Pensão Mauá, localizada em frente à casa de seus sogros. Expõe no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1943, é convidado a trabalhar em Fortaleza, na campanha da borracha, parte do esforço de guerra. Expõe no 1º Salão de Abril e, em seguida, organiza uma mostra individual. Participa da Associação Cultural Franco-Brasileira do Ceará e da Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP. Incentiva os artistas locais e publica uma coluna cultural no jornal cearense O Estado. Faz recitais de violino e dá aulas de música. Em 1945, volta ao Rio de Janeiro e expõe na galeria Askanasy com artistas cearenses, inclusive Chico da Silva (1910 - 1985), pintor que Chabloz descobre e divulga. Em 1948, novamente em Fortaleza, expõe no 4º Salão de Abril. Depois parte para a Europa e só retorna a Fortaleza em 1960. Vive em Niterói a partir de 1970. Morre em Fortaleza, durante uma estada na cidade. Seu acervo é doado ao Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará - MAUC e à Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. Em 2003, a Galeria Multiarte, Fortaleza, expõe pinturas e desenhos seus.
Comentário crítico
Chabloz pinta e desenha principalmente paisagens e retratos, com preferência pelos últimos. Os temas são aqueles do seu ambiente: no Ceará, a natureza ou as cidades e os tipos que considera locais. É sempre figurativo. O crítico Ruben Navarra, seu contemporâneo, diz que o pintor não se preocupa em parecer moderno, característica que hoje nos salta aos olhos.
Em um artigo sobre Chabloz publicado por ocasião da exposição individual do pintor na Galeria Casa e Jardim, São Paulo, em 1942, o crítico e historiador Lourival Gomes Machado afirma que a característica primordial de Chabloz é ser um pintor que pensa, sugerindo provavelmente que ele foi mais intelectual do que pintor. E, de fato, sua trajetória no Brasil não poderia se resumir apenas à sua produção artística. Chabloz, em seus escritos e palestras, se mostra duro crítico do academicismo e dos estilos que o Brasil importa. Em artigo que publica na revista Clima, ele expõe as causas do que identifica como um problema na pintura brasileira. Uma dessas causas, além dos fatores naturais e psicológicos, é a adoção do neoclassicismo da Missão Artística Francesa, que ele explica em parte por uma falta de confiança dos artistas em si mesmos.
Mas o racionalismo é apenas parte da atividade extra-artística de Chabloz. Sua principal contribuição é de ordem mais prática. Em primeiro lugar, produz cartazes publicitários, nos quais alia um desenho que tende ao art déco a um preenchimento de cor claramente não industrial, seja lápis, pastel ou pintura. O fato de não expor esse trabalho, separando-o de sua produção artística, mostra um apego à hierarquização acadêmica dos gêneros, minimizando seu antiacademicismo. Em segundo lugar e mais fundamentalmente, Chabloz incentiva o encontro entre artistas, promove exposições, palestras e recitais, desenvolvendo a vida cultural, principalmente de Fortaleza. Nessa cidade, conhece Mário Barata (1915 - 1983), Aldemir Martins (1922 - 2006), Antônio Bandeira (1922 - 1967), Raimundo Cela (1890 - 1954) e outros artistas que participam da Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP e dos Salões de Abril. É um dos expositores, junto com Inimá de Paula (1918 - 1999), Raimundo Feitosa e Antônio Bandeira, na galeria Askanasy do Rio de Janeiro, em 1945, onde apresenta os primeiros guaches de Chico da Silva (1910 - 1985), pintor que ele em seguida divulga pela Europa.
Exposições Individuais
1934 - Florença (Itália) - Individual
1936/1939 - Lausanne (Suíça) - Individual
1940/1942 - Rio de Janeiro RJ - Individual
1942 - São Paulo SP - Individual
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Askanasy
1946 - Genebra (Suíça) - Individual, no Musée d'Art et d'Histoire
1951 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Secretaria Nacional de Informação e Cultura
1952 - Berna (Suíça) - Individual, na Galeria Atelier Theatre
1956 - Suíça - Individual, na Galerie Arts et Letters
1968 - Campina Grande PB - Individual, no Teatro Municipal
Exposições Coletivas
1942 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes
1943 - Fortaleza CE - 1º Salão de Abril
1945 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Cearense, na Galeria Askanasy
1946 - Genebra (Suíça) - Coletiva, no Musée d'Art et d'Historie
1951 - Lisboa ( Portugal) - Coletiva, na Secretaria Nacional de Informação e Cultura
1967 - Fortaleza CE - Exposição Inaugural da Casa Raimundo Cela
1969 - Fortaleza CE - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas
1970 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - menção honrosa
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1991 - Fortaleza CE - Scap: 50 anos, no Imperial Othon Palace Hotel
Exposições Póstumas
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1991 - Fortaleza CE - Scap: 50 anos, no Imperial Othon Palace Hotel
Fonte: JEAN-PIERRE Chabloz. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2017. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Genebra (Suíça), e da Academia de Belas Artes de Brera (Itália), entre os anos de 1929 e 1938.
II Guerra mundial
Devido a II Guerra Mundial, imigrou para o Brasil, onde fixando residência em Fortaleza.
Foi o ilustrador da SEMTA para a campanha de alistamento dos "Soldados da Borracha.
Chico da Silva
Nos anos 50 descobre o pintor Chico da Silva.
Salão de Abril
Juntamente com Aldemir Martins, Antonio Bandeira, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Feitosa, formou um grupo renovador da arte cearense, responsável pela criação do Salão de Abril.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 21 de abril de 2017.
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A diferença do artista pro fazedor de arte
Era início da década de 80, quando tive a feliz oportunidade de conhecer Jean-Pierre Chabloz que, bastante receptivo, logo me convidou a visitá-lo.
Cheguei num sábado à sua casa na Vila Pita, começamos a conversar e todos os assuntos, naturalmente, convergiam para as artes. Ofereceu-me e preparou um coquetel de receita extravagante: leite, café solúvel, canela, cachaça e açúcar eram alguns dos ingredientes que compunham a fórmula. Para logo me livrar da poção, a bebi de gute-gute. Não deu certo, pois o novo amigo entendeu que assim eu tinha feito por ter gostado e me repetiu a dose.
Tranquilamente, Chabloz me falou de conceitos e fundamentos da arte de desenhar e pintar. Contou-me uma história que até hoje repito, como agora farei.
Pois bem, certa vez ele pediu a um menino, seu aprendiz, para realizar a seguinte tarefa: um desenho de uma criança numa ilha, debaixo de um coqueiro e avistando uma jangada. Não demorou muito e o menino já apresentou o desenho ao mestre, que de pronto o arguiu:
- Eu estou vendo a ilha, o coqueiro e a jangada. Mas, e a criança?
- A criança sou eu, mestre. Respondeu o menino.
Clique aqui para ver o desenho que aprendi com a história do Chabloz.
Essa história me apontou o ponto de vista de que, na arte, o seu autor tem que estar inserido nela. Assim sendo, saberemos diferenciar o artista do fazedor de arte.
Fonte e crédito fotográfico: Blog do Lapoviterra, postado em 8 de setembro de 2011.
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Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP
Criada em Fortaleza, em 1944, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP tem papel destacado na afirmação da arte moderna no Ceará. Sua origem remete ao Centro Cultural de Belas Artes - CCBA, fundado por Mário Baratta (1915 - 1983), em 1941, primeira entidade inteiramente dedicada às artes visuais na capital cearense. O Centro Cultural revela novos talentos, como Antonio Bandeira (1922 - 1967) e Aldemir Martins (1922), além de consolidar expressões locais, como Raimundo Cela (1890 - 1954). Os Salões de Abril, promovidos a partir de 1943 pelo CCBA - mas que ganham força a partir de 1946, com a SCAP - constituem importante espaço para a promoção dos artistas da região e para o intercâmbio com os de fora. Uma característica particular da Sociedade Cearense de Artes Plásticas é sua íntima articulação com a literatura. No seu interior surge o grupo Clã (Clube de Literatura e Artes), que reúne artistas plásticos e escritores. A repercussão das atividades da SCAP pode ser sentida, já em 1945, quando a galeria Askanasy, no Rio de Janeiro, realiza uma mostra de artistas cearenses, apresentada pelo crítico Rubem Navarra. A Sociedade, ativa até 1958, tem o mérito de impulsionar as artes no Ceará e, ao mesmo tempo, de divulgar artistas atuantes no Estado. Além de exposições periódicas e dos salões anuais, a Sociedade organiza também cursos de arte, que visam o aprimoramento da formação artística.
Ainda que o Rio de Janeiro e São Paulo sejam os centros da produção cultural e artística do país, os anos 1930 e 1940 assistem uma forte expansão das artes para outros Estados. Um dos canais importantes para a criação de um circuito nacional de arte são as mostras circulantes, como aquela que Marques Rebelo (1907 - 1973) organiza e que, entre 1947 e 1950, passa por Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e Belo Horizonte. Antes disso, em 1937, Waldemar da Costa (1904 - 1982) leva a Fortaleza e Belém um conjunto de obras de São Paulo. Em Porto Alegre, Carlos Scliar (1920 - 2001), um dos principais membros do Clube de Gravura de Porto Alegre, atua, desde 1940, como importante intermediário entre os artistas de São Paulo e do Sul do país: membro da Família Artística Paulista - FAP, ele é responsável por levar ao Rio Grande do Sul um grupo de artistas e pintores no período, com vistas a incentivar a modernização artística local. A criação da Escola Guignard, em Belo Horizonte, na década de 1940, pelo pintor Guignard (1896 - 1962), é mais uma expressão das tentativas de ampliação dos centros artísticos no período. A 1ª Exposição de Arte Moderna, 1944, realizada na capital mineira, com a participação de artistas de diferentes regiões do país, confere visibilidade à produção local e à própria Escola Guignard. Em Recife, por sua vez, observam-se iniciativas de grupos e associações, como a criação da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, fundada em 1948 por iniciativa de Abelardo da Hora (1924) e do arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó (1913 - 1991), gérmen da criação do Ateliê Coletivo nos anos de 1950. A intensificação de canais de promoção e divulgação das artes em Fortaleza é mais um exemplo do movimento centrífugo que as artes e a produção cultural desenham no período.
Se os nomes de Vicente Leite (1900 - 1941) e do próprio Raimundo Cela são lembrados na história das artes cearense, é com o CCBA e depois com a SCAP que o Estado conhece suas maiores expressões artísticas: Mário Baratta, Barrica (1913 - 1993), Jean-Pierre Chabloz (1910 - 1984), Inimá de Paula (1918 - 1999), Antonio Bandeira, Aldemir Martins, entre outros. A tradição paisagística inaugurada pelos pioneiros é retomada nas obras de Mário Baratta, Barrica e Barbosa Leite (1920 - 1997), fiéis ao figurativismo. Inimá de Paula combina a paisagem com retratos, vistas urbanas, marinhas e naturezas-mortas. Próximo a Candido Portinari (1903 - 1962), que o auxilia na execução do grande painel Tiradentes, hoje no Memorial da América Latina, em São Paulo. A estada em Paris (de 1952 a 1956) dá lugar a trabalhos que caminham para a abstração. Mas, após curta passagem pelo abstracionismo, o pintor volta às figuras e, sobretudo, às paisagens. Aldemir Martins é talvez o nome mais popular do grupo, em função dos materiais gráficos que produz (capas de livros, discos e ilustrações) e dos objetos utilitários, jóias e embalagens que trazem os seus desenhos. Sua obra mobiliza um amplo repertório de temas e figuras do Nordeste brasileiro (como cangaceiros e rendeiras), além de explorar o colorido e as imagens da fauna e flora nacionais.
Antonio Bandeira talvez seja aquele a adquirir maior reconhecimento entre os críticos e mais destacada projeção internacional. Pintor, gravador e desenhista, Bandeira inicia sua carreira com trabalhos figurativos, mas que procuram fugir do típico e pitoresco, como indica a tela premiada no 3º Salão Anual Cearense, Cena de Botequim (1943). O período parisiense (1946-1950) representa uma guinada de sua obra em direção à abstração. Isso se dá, fundamentalmente, pelo contato com as vanguardas - sobretudo com o cubismo e com o fauvismo - e pela participação no Grupo Banbryols, que ele cria com Camille Bryen (1907) e Wols (1913-1951), em 1949. Os críticos datam justamente desse período (1948) sua adesão ao abstracionismo de corte informal, como em Paysage Lointan, 1949.
Fonte: SOCIEDADE Cearense de Artes Plásticas (Fortaleza, CE). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 23 de Abr. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Jean-Pierre Chabloz (Lausanne, Suiça, 5 de junho de 1910 - Fortaleza CE 1984) foi um pintor, desenhista, cartazista, crítico de arte, músico, professor e publicitário suiço radicado no Brasil.
Biografia Itaú Cultural
Entre 1929 e 1932, estuda na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. Forma-se em 1938 pela Accademia Belle Arti di Brera, Milão. Em 1940, por causa da guerra, transfere-se para o Rio de Janeiro com a família. Freqüenta o núcleo artístico da Pensão Mauá, localizada em frente à casa de seus sogros. Expõe no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1943, é convidado a trabalhar em Fortaleza, na campanha da borracha, parte do esforço de guerra. Expõe no 1º Salão de Abril e, em seguida, organiza uma mostra individual. Participa da Associação Cultural Franco-Brasileira do Ceará e da Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP. Incentiva os artistas locais e publica uma coluna cultural no jornal cearense O Estado. Faz recitais de violino e dá aulas de música. Em 1945, volta ao Rio de Janeiro e expõe na galeria Askanasy com artistas cearenses, inclusive Chico da Silva (1910 - 1985), pintor que Chabloz descobre e divulga. Em 1948, novamente em Fortaleza, expõe no 4º Salão de Abril. Depois parte para a Europa e só retorna a Fortaleza em 1960. Vive em Niterói a partir de 1970. Morre em Fortaleza, durante uma estada na cidade. Seu acervo é doado ao Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará - MAUC e à Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. Em 2003, a Galeria Multiarte, Fortaleza, expõe pinturas e desenhos seus.
Comentário crítico
Chabloz pinta e desenha principalmente paisagens e retratos, com preferência pelos últimos. Os temas são aqueles do seu ambiente: no Ceará, a natureza ou as cidades e os tipos que considera locais. É sempre figurativo. O crítico Ruben Navarra, seu contemporâneo, diz que o pintor não se preocupa em parecer moderno, característica que hoje nos salta aos olhos.
Em um artigo sobre Chabloz publicado por ocasião da exposição individual do pintor na Galeria Casa e Jardim, São Paulo, em 1942, o crítico e historiador Lourival Gomes Machado afirma que a característica primordial de Chabloz é ser um pintor que pensa, sugerindo provavelmente que ele foi mais intelectual do que pintor. E, de fato, sua trajetória no Brasil não poderia se resumir apenas à sua produção artística. Chabloz, em seus escritos e palestras, se mostra duro crítico do academicismo e dos estilos que o Brasil importa. Em artigo que publica na revista Clima, ele expõe as causas do que identifica como um problema na pintura brasileira. Uma dessas causas, além dos fatores naturais e psicológicos, é a adoção do neoclassicismo da Missão Artística Francesa, que ele explica em parte por uma falta de confiança dos artistas em si mesmos.
Mas o racionalismo é apenas parte da atividade extra-artística de Chabloz. Sua principal contribuição é de ordem mais prática. Em primeiro lugar, produz cartazes publicitários, nos quais alia um desenho que tende ao art déco a um preenchimento de cor claramente não industrial, seja lápis, pastel ou pintura. O fato de não expor esse trabalho, separando-o de sua produção artística, mostra um apego à hierarquização acadêmica dos gêneros, minimizando seu antiacademicismo. Em segundo lugar e mais fundamentalmente, Chabloz incentiva o encontro entre artistas, promove exposições, palestras e recitais, desenvolvendo a vida cultural, principalmente de Fortaleza. Nessa cidade, conhece Mário Barata (1915 - 1983), Aldemir Martins (1922 - 2006), Antônio Bandeira (1922 - 1967), Raimundo Cela (1890 - 1954) e outros artistas que participam da Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP e dos Salões de Abril. É um dos expositores, junto com Inimá de Paula (1918 - 1999), Raimundo Feitosa e Antônio Bandeira, na galeria Askanasy do Rio de Janeiro, em 1945, onde apresenta os primeiros guaches de Chico da Silva (1910 - 1985), pintor que ele em seguida divulga pela Europa.
Exposições Individuais
1934 - Florença (Itália) - Individual
1936/1939 - Lausanne (Suíça) - Individual
1940/1942 - Rio de Janeiro RJ - Individual
1942 - São Paulo SP - Individual
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Askanasy
1946 - Genebra (Suíça) - Individual, no Musée d'Art et d'Histoire
1951 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Secretaria Nacional de Informação e Cultura
1952 - Berna (Suíça) - Individual, na Galeria Atelier Theatre
1956 - Suíça - Individual, na Galerie Arts et Letters
1968 - Campina Grande PB - Individual, no Teatro Municipal
Exposições Coletivas
1942 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes
1943 - Fortaleza CE - 1º Salão de Abril
1945 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Cearense, na Galeria Askanasy
1946 - Genebra (Suíça) - Coletiva, no Musée d'Art et d'Historie
1951 - Lisboa ( Portugal) - Coletiva, na Secretaria Nacional de Informação e Cultura
1967 - Fortaleza CE - Exposição Inaugural da Casa Raimundo Cela
1969 - Fortaleza CE - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas
1970 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - menção honrosa
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1991 - Fortaleza CE - Scap: 50 anos, no Imperial Othon Palace Hotel
Exposições Póstumas
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1991 - Fortaleza CE - Scap: 50 anos, no Imperial Othon Palace Hotel
Fonte: JEAN-PIERRE Chabloz. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2017. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Genebra (Suíça), e da Academia de Belas Artes de Brera (Itália), entre os anos de 1929 e 1938.
II Guerra mundial
Devido a II Guerra Mundial, imigrou para o Brasil, onde fixando residência em Fortaleza.
Foi o ilustrador da SEMTA para a campanha de alistamento dos "Soldados da Borracha.
Chico da Silva
Nos anos 50 descobre o pintor Chico da Silva.
Salão de Abril
Juntamente com Aldemir Martins, Antonio Bandeira, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Feitosa, formou um grupo renovador da arte cearense, responsável pela criação do Salão de Abril.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 21 de abril de 2017.
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A diferença do artista pro fazedor de arte
Era início da década de 80, quando tive a feliz oportunidade de conhecer Jean-Pierre Chabloz que, bastante receptivo, logo me convidou a visitá-lo.
Cheguei num sábado à sua casa na Vila Pita, começamos a conversar e todos os assuntos, naturalmente, convergiam para as artes. Ofereceu-me e preparou um coquetel de receita extravagante: leite, café solúvel, canela, cachaça e açúcar eram alguns dos ingredientes que compunham a fórmula. Para logo me livrar da poção, a bebi de gute-gute. Não deu certo, pois o novo amigo entendeu que assim eu tinha feito por ter gostado e me repetiu a dose.
Tranquilamente, Chabloz me falou de conceitos e fundamentos da arte de desenhar e pintar. Contou-me uma história que até hoje repito, como agora farei.
Pois bem, certa vez ele pediu a um menino, seu aprendiz, para realizar a seguinte tarefa: um desenho de uma criança numa ilha, debaixo de um coqueiro e avistando uma jangada. Não demorou muito e o menino já apresentou o desenho ao mestre, que de pronto o arguiu:
- Eu estou vendo a ilha, o coqueiro e a jangada. Mas, e a criança?
- A criança sou eu, mestre. Respondeu o menino.
Clique aqui para ver o desenho que aprendi com a história do Chabloz.
Essa história me apontou o ponto de vista de que, na arte, o seu autor tem que estar inserido nela. Assim sendo, saberemos diferenciar o artista do fazedor de arte.
Fonte e crédito fotográfico: Blog do Lapoviterra, postado em 8 de setembro de 2011.
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Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP
Criada em Fortaleza, em 1944, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP tem papel destacado na afirmação da arte moderna no Ceará. Sua origem remete ao Centro Cultural de Belas Artes - CCBA, fundado por Mário Baratta (1915 - 1983), em 1941, primeira entidade inteiramente dedicada às artes visuais na capital cearense. O Centro Cultural revela novos talentos, como Antonio Bandeira (1922 - 1967) e Aldemir Martins (1922), além de consolidar expressões locais, como Raimundo Cela (1890 - 1954). Os Salões de Abril, promovidos a partir de 1943 pelo CCBA - mas que ganham força a partir de 1946, com a SCAP - constituem importante espaço para a promoção dos artistas da região e para o intercâmbio com os de fora. Uma característica particular da Sociedade Cearense de Artes Plásticas é sua íntima articulação com a literatura. No seu interior surge o grupo Clã (Clube de Literatura e Artes), que reúne artistas plásticos e escritores. A repercussão das atividades da SCAP pode ser sentida, já em 1945, quando a galeria Askanasy, no Rio de Janeiro, realiza uma mostra de artistas cearenses, apresentada pelo crítico Rubem Navarra. A Sociedade, ativa até 1958, tem o mérito de impulsionar as artes no Ceará e, ao mesmo tempo, de divulgar artistas atuantes no Estado. Além de exposições periódicas e dos salões anuais, a Sociedade organiza também cursos de arte, que visam o aprimoramento da formação artística.
Ainda que o Rio de Janeiro e São Paulo sejam os centros da produção cultural e artística do país, os anos 1930 e 1940 assistem uma forte expansão das artes para outros Estados. Um dos canais importantes para a criação de um circuito nacional de arte são as mostras circulantes, como aquela que Marques Rebelo (1907 - 1973) organiza e que, entre 1947 e 1950, passa por Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e Belo Horizonte. Antes disso, em 1937, Waldemar da Costa (1904 - 1982) leva a Fortaleza e Belém um conjunto de obras de São Paulo. Em Porto Alegre, Carlos Scliar (1920 - 2001), um dos principais membros do Clube de Gravura de Porto Alegre, atua, desde 1940, como importante intermediário entre os artistas de São Paulo e do Sul do país: membro da Família Artística Paulista - FAP, ele é responsável por levar ao Rio Grande do Sul um grupo de artistas e pintores no período, com vistas a incentivar a modernização artística local. A criação da Escola Guignard, em Belo Horizonte, na década de 1940, pelo pintor Guignard (1896 - 1962), é mais uma expressão das tentativas de ampliação dos centros artísticos no período. A 1ª Exposição de Arte Moderna, 1944, realizada na capital mineira, com a participação de artistas de diferentes regiões do país, confere visibilidade à produção local e à própria Escola Guignard. Em Recife, por sua vez, observam-se iniciativas de grupos e associações, como a criação da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, fundada em 1948 por iniciativa de Abelardo da Hora (1924) e do arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó (1913 - 1991), gérmen da criação do Ateliê Coletivo nos anos de 1950. A intensificação de canais de promoção e divulgação das artes em Fortaleza é mais um exemplo do movimento centrífugo que as artes e a produção cultural desenham no período.
Se os nomes de Vicente Leite (1900 - 1941) e do próprio Raimundo Cela são lembrados na história das artes cearense, é com o CCBA e depois com a SCAP que o Estado conhece suas maiores expressões artísticas: Mário Baratta, Barrica (1913 - 1993), Jean-Pierre Chabloz (1910 - 1984), Inimá de Paula (1918 - 1999), Antonio Bandeira, Aldemir Martins, entre outros. A tradição paisagística inaugurada pelos pioneiros é retomada nas obras de Mário Baratta, Barrica e Barbosa Leite (1920 - 1997), fiéis ao figurativismo. Inimá de Paula combina a paisagem com retratos, vistas urbanas, marinhas e naturezas-mortas. Próximo a Candido Portinari (1903 - 1962), que o auxilia na execução do grande painel Tiradentes, hoje no Memorial da América Latina, em São Paulo. A estada em Paris (de 1952 a 1956) dá lugar a trabalhos que caminham para a abstração. Mas, após curta passagem pelo abstracionismo, o pintor volta às figuras e, sobretudo, às paisagens. Aldemir Martins é talvez o nome mais popular do grupo, em função dos materiais gráficos que produz (capas de livros, discos e ilustrações) e dos objetos utilitários, jóias e embalagens que trazem os seus desenhos. Sua obra mobiliza um amplo repertório de temas e figuras do Nordeste brasileiro (como cangaceiros e rendeiras), além de explorar o colorido e as imagens da fauna e flora nacionais.
Antonio Bandeira talvez seja aquele a adquirir maior reconhecimento entre os críticos e mais destacada projeção internacional. Pintor, gravador e desenhista, Bandeira inicia sua carreira com trabalhos figurativos, mas que procuram fugir do típico e pitoresco, como indica a tela premiada no 3º Salão Anual Cearense, Cena de Botequim (1943). O período parisiense (1946-1950) representa uma guinada de sua obra em direção à abstração. Isso se dá, fundamentalmente, pelo contato com as vanguardas - sobretudo com o cubismo e com o fauvismo - e pela participação no Grupo Banbryols, que ele cria com Camille Bryen (1907) e Wols (1913-1951), em 1949. Os críticos datam justamente desse período (1948) sua adesão ao abstracionismo de corte informal, como em Paysage Lointan, 1949.
Fonte: SOCIEDADE Cearense de Artes Plásticas (Fortaleza, CE). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 23 de Abr. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Jean-Pierre Chabloz (Lausanne, Suiça, 5 de junho de 1910 - Fortaleza CE 1984) foi um pintor, desenhista, cartazista, crítico de arte, músico, professor e publicitário suiço radicado no Brasil.
Biografia Itaú Cultural
Entre 1929 e 1932, estuda na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. Forma-se em 1938 pela Accademia Belle Arti di Brera, Milão. Em 1940, por causa da guerra, transfere-se para o Rio de Janeiro com a família. Freqüenta o núcleo artístico da Pensão Mauá, localizada em frente à casa de seus sogros. Expõe no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1943, é convidado a trabalhar em Fortaleza, na campanha da borracha, parte do esforço de guerra. Expõe no 1º Salão de Abril e, em seguida, organiza uma mostra individual. Participa da Associação Cultural Franco-Brasileira do Ceará e da Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP. Incentiva os artistas locais e publica uma coluna cultural no jornal cearense O Estado. Faz recitais de violino e dá aulas de música. Em 1945, volta ao Rio de Janeiro e expõe na galeria Askanasy com artistas cearenses, inclusive Chico da Silva (1910 - 1985), pintor que Chabloz descobre e divulga. Em 1948, novamente em Fortaleza, expõe no 4º Salão de Abril. Depois parte para a Europa e só retorna a Fortaleza em 1960. Vive em Niterói a partir de 1970. Morre em Fortaleza, durante uma estada na cidade. Seu acervo é doado ao Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará - MAUC e à Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. Em 2003, a Galeria Multiarte, Fortaleza, expõe pinturas e desenhos seus.
Comentário crítico
Chabloz pinta e desenha principalmente paisagens e retratos, com preferência pelos últimos. Os temas são aqueles do seu ambiente: no Ceará, a natureza ou as cidades e os tipos que considera locais. É sempre figurativo. O crítico Ruben Navarra, seu contemporâneo, diz que o pintor não se preocupa em parecer moderno, característica que hoje nos salta aos olhos.
Em um artigo sobre Chabloz publicado por ocasião da exposição individual do pintor na Galeria Casa e Jardim, São Paulo, em 1942, o crítico e historiador Lourival Gomes Machado afirma que a característica primordial de Chabloz é ser um pintor que pensa, sugerindo provavelmente que ele foi mais intelectual do que pintor. E, de fato, sua trajetória no Brasil não poderia se resumir apenas à sua produção artística. Chabloz, em seus escritos e palestras, se mostra duro crítico do academicismo e dos estilos que o Brasil importa. Em artigo que publica na revista Clima, ele expõe as causas do que identifica como um problema na pintura brasileira. Uma dessas causas, além dos fatores naturais e psicológicos, é a adoção do neoclassicismo da Missão Artística Francesa, que ele explica em parte por uma falta de confiança dos artistas em si mesmos.
Mas o racionalismo é apenas parte da atividade extra-artística de Chabloz. Sua principal contribuição é de ordem mais prática. Em primeiro lugar, produz cartazes publicitários, nos quais alia um desenho que tende ao art déco a um preenchimento de cor claramente não industrial, seja lápis, pastel ou pintura. O fato de não expor esse trabalho, separando-o de sua produção artística, mostra um apego à hierarquização acadêmica dos gêneros, minimizando seu antiacademicismo. Em segundo lugar e mais fundamentalmente, Chabloz incentiva o encontro entre artistas, promove exposições, palestras e recitais, desenvolvendo a vida cultural, principalmente de Fortaleza. Nessa cidade, conhece Mário Barata (1915 - 1983), Aldemir Martins (1922 - 2006), Antônio Bandeira (1922 - 1967), Raimundo Cela (1890 - 1954) e outros artistas que participam da Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP e dos Salões de Abril. É um dos expositores, junto com Inimá de Paula (1918 - 1999), Raimundo Feitosa e Antônio Bandeira, na galeria Askanasy do Rio de Janeiro, em 1945, onde apresenta os primeiros guaches de Chico da Silva (1910 - 1985), pintor que ele em seguida divulga pela Europa.
Exposições Individuais
1934 - Florença (Itália) - Individual
1936/1939 - Lausanne (Suíça) - Individual
1940/1942 - Rio de Janeiro RJ - Individual
1942 - São Paulo SP - Individual
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Askanasy
1946 - Genebra (Suíça) - Individual, no Musée d'Art et d'Histoire
1951 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Secretaria Nacional de Informação e Cultura
1952 - Berna (Suíça) - Individual, na Galeria Atelier Theatre
1956 - Suíça - Individual, na Galerie Arts et Letters
1968 - Campina Grande PB - Individual, no Teatro Municipal
Exposições Coletivas
1942 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes
1943 - Fortaleza CE - 1º Salão de Abril
1945 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Cearense, na Galeria Askanasy
1946 - Genebra (Suíça) - Coletiva, no Musée d'Art et d'Historie
1951 - Lisboa ( Portugal) - Coletiva, na Secretaria Nacional de Informação e Cultura
1967 - Fortaleza CE - Exposição Inaugural da Casa Raimundo Cela
1969 - Fortaleza CE - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas
1970 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - menção honrosa
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1991 - Fortaleza CE - Scap: 50 anos, no Imperial Othon Palace Hotel
Exposições Póstumas
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1991 - Fortaleza CE - Scap: 50 anos, no Imperial Othon Palace Hotel
Fonte: JEAN-PIERRE Chabloz. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2017. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Genebra (Suíça), e da Academia de Belas Artes de Brera (Itália), entre os anos de 1929 e 1938.
II Guerra mundial
Devido a II Guerra Mundial, imigrou para o Brasil, onde fixando residência em Fortaleza.
Foi o ilustrador da SEMTA para a campanha de alistamento dos "Soldados da Borracha.
Chico da Silva
Nos anos 50 descobre o pintor Chico da Silva.
Salão de Abril
Juntamente com Aldemir Martins, Antonio Bandeira, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Feitosa, formou um grupo renovador da arte cearense, responsável pela criação do Salão de Abril.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 21 de abril de 2017.
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A diferença do artista pro fazedor de arte
Era início da década de 80, quando tive a feliz oportunidade de conhecer Jean-Pierre Chabloz que, bastante receptivo, logo me convidou a visitá-lo.
Cheguei num sábado à sua casa na Vila Pita, começamos a conversar e todos os assuntos, naturalmente, convergiam para as artes. Ofereceu-me e preparou um coquetel de receita extravagante: leite, café solúvel, canela, cachaça e açúcar eram alguns dos ingredientes que compunham a fórmula. Para logo me livrar da poção, a bebi de gute-gute. Não deu certo, pois o novo amigo entendeu que assim eu tinha feito por ter gostado e me repetiu a dose.
Tranquilamente, Chabloz me falou de conceitos e fundamentos da arte de desenhar e pintar. Contou-me uma história que até hoje repito, como agora farei.
Pois bem, certa vez ele pediu a um menino, seu aprendiz, para realizar a seguinte tarefa: um desenho de uma criança numa ilha, debaixo de um coqueiro e avistando uma jangada. Não demorou muito e o menino já apresentou o desenho ao mestre, que de pronto o arguiu:
- Eu estou vendo a ilha, o coqueiro e a jangada. Mas, e a criança?
- A criança sou eu, mestre. Respondeu o menino.
Clique aqui para ver o desenho que aprendi com a história do Chabloz.
Essa história me apontou o ponto de vista de que, na arte, o seu autor tem que estar inserido nela. Assim sendo, saberemos diferenciar o artista do fazedor de arte.
Fonte e crédito fotográfico: Blog do Lapoviterra, postado em 8 de setembro de 2011.
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Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP
Criada em Fortaleza, em 1944, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP tem papel destacado na afirmação da arte moderna no Ceará. Sua origem remete ao Centro Cultural de Belas Artes - CCBA, fundado por Mário Baratta (1915 - 1983), em 1941, primeira entidade inteiramente dedicada às artes visuais na capital cearense. O Centro Cultural revela novos talentos, como Antonio Bandeira (1922 - 1967) e Aldemir Martins (1922), além de consolidar expressões locais, como Raimundo Cela (1890 - 1954). Os Salões de Abril, promovidos a partir de 1943 pelo CCBA - mas que ganham força a partir de 1946, com a SCAP - constituem importante espaço para a promoção dos artistas da região e para o intercâmbio com os de fora. Uma característica particular da Sociedade Cearense de Artes Plásticas é sua íntima articulação com a literatura. No seu interior surge o grupo Clã (Clube de Literatura e Artes), que reúne artistas plásticos e escritores. A repercussão das atividades da SCAP pode ser sentida, já em 1945, quando a galeria Askanasy, no Rio de Janeiro, realiza uma mostra de artistas cearenses, apresentada pelo crítico Rubem Navarra. A Sociedade, ativa até 1958, tem o mérito de impulsionar as artes no Ceará e, ao mesmo tempo, de divulgar artistas atuantes no Estado. Além de exposições periódicas e dos salões anuais, a Sociedade organiza também cursos de arte, que visam o aprimoramento da formação artística.
Ainda que o Rio de Janeiro e São Paulo sejam os centros da produção cultural e artística do país, os anos 1930 e 1940 assistem uma forte expansão das artes para outros Estados. Um dos canais importantes para a criação de um circuito nacional de arte são as mostras circulantes, como aquela que Marques Rebelo (1907 - 1973) organiza e que, entre 1947 e 1950, passa por Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e Belo Horizonte. Antes disso, em 1937, Waldemar da Costa (1904 - 1982) leva a Fortaleza e Belém um conjunto de obras de São Paulo. Em Porto Alegre, Carlos Scliar (1920 - 2001), um dos principais membros do Clube de Gravura de Porto Alegre, atua, desde 1940, como importante intermediário entre os artistas de São Paulo e do Sul do país: membro da Família Artística Paulista - FAP, ele é responsável por levar ao Rio Grande do Sul um grupo de artistas e pintores no período, com vistas a incentivar a modernização artística local. A criação da Escola Guignard, em Belo Horizonte, na década de 1940, pelo pintor Guignard (1896 - 1962), é mais uma expressão das tentativas de ampliação dos centros artísticos no período. A 1ª Exposição de Arte Moderna, 1944, realizada na capital mineira, com a participação de artistas de diferentes regiões do país, confere visibilidade à produção local e à própria Escola Guignard. Em Recife, por sua vez, observam-se iniciativas de grupos e associações, como a criação da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, fundada em 1948 por iniciativa de Abelardo da Hora (1924) e do arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó (1913 - 1991), gérmen da criação do Ateliê Coletivo nos anos de 1950. A intensificação de canais de promoção e divulgação das artes em Fortaleza é mais um exemplo do movimento centrífugo que as artes e a produção cultural desenham no período.
Se os nomes de Vicente Leite (1900 - 1941) e do próprio Raimundo Cela são lembrados na história das artes cearense, é com o CCBA e depois com a SCAP que o Estado conhece suas maiores expressões artísticas: Mário Baratta, Barrica (1913 - 1993), Jean-Pierre Chabloz (1910 - 1984), Inimá de Paula (1918 - 1999), Antonio Bandeira, Aldemir Martins, entre outros. A tradição paisagística inaugurada pelos pioneiros é retomada nas obras de Mário Baratta, Barrica e Barbosa Leite (1920 - 1997), fiéis ao figurativismo. Inimá de Paula combina a paisagem com retratos, vistas urbanas, marinhas e naturezas-mortas. Próximo a Candido Portinari (1903 - 1962), que o auxilia na execução do grande painel Tiradentes, hoje no Memorial da América Latina, em São Paulo. A estada em Paris (de 1952 a 1956) dá lugar a trabalhos que caminham para a abstração. Mas, após curta passagem pelo abstracionismo, o pintor volta às figuras e, sobretudo, às paisagens. Aldemir Martins é talvez o nome mais popular do grupo, em função dos materiais gráficos que produz (capas de livros, discos e ilustrações) e dos objetos utilitários, jóias e embalagens que trazem os seus desenhos. Sua obra mobiliza um amplo repertório de temas e figuras do Nordeste brasileiro (como cangaceiros e rendeiras), além de explorar o colorido e as imagens da fauna e flora nacionais.
Antonio Bandeira talvez seja aquele a adquirir maior reconhecimento entre os críticos e mais destacada projeção internacional. Pintor, gravador e desenhista, Bandeira inicia sua carreira com trabalhos figurativos, mas que procuram fugir do típico e pitoresco, como indica a tela premiada no 3º Salão Anual Cearense, Cena de Botequim (1943). O período parisiense (1946-1950) representa uma guinada de sua obra em direção à abstração. Isso se dá, fundamentalmente, pelo contato com as vanguardas - sobretudo com o cubismo e com o fauvismo - e pela participação no Grupo Banbryols, que ele cria com Camille Bryen (1907) e Wols (1913-1951), em 1949. Os críticos datam justamente desse período (1948) sua adesão ao abstracionismo de corte informal, como em Paysage Lointan, 1949.
Fonte: SOCIEDADE Cearense de Artes Plásticas (Fortaleza, CE). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 23 de Abr. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Jean-Pierre Chabloz (Lausanne, Suiça, 5 de junho de 1910 - Fortaleza CE 1984) foi um pintor, desenhista, cartazista, crítico de arte, músico, professor e publicitário suiço radicado no Brasil.
Biografia Itaú Cultural
Entre 1929 e 1932, estuda na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. Forma-se em 1938 pela Accademia Belle Arti di Brera, Milão. Em 1940, por causa da guerra, transfere-se para o Rio de Janeiro com a família. Freqüenta o núcleo artístico da Pensão Mauá, localizada em frente à casa de seus sogros. Expõe no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1943, é convidado a trabalhar em Fortaleza, na campanha da borracha, parte do esforço de guerra. Expõe no 1º Salão de Abril e, em seguida, organiza uma mostra individual. Participa da Associação Cultural Franco-Brasileira do Ceará e da Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP. Incentiva os artistas locais e publica uma coluna cultural no jornal cearense O Estado. Faz recitais de violino e dá aulas de música. Em 1945, volta ao Rio de Janeiro e expõe na galeria Askanasy com artistas cearenses, inclusive Chico da Silva (1910 - 1985), pintor que Chabloz descobre e divulga. Em 1948, novamente em Fortaleza, expõe no 4º Salão de Abril. Depois parte para a Europa e só retorna a Fortaleza em 1960. Vive em Niterói a partir de 1970. Morre em Fortaleza, durante uma estada na cidade. Seu acervo é doado ao Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará - MAUC e à Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. Em 2003, a Galeria Multiarte, Fortaleza, expõe pinturas e desenhos seus.
Comentário crítico
Chabloz pinta e desenha principalmente paisagens e retratos, com preferência pelos últimos. Os temas são aqueles do seu ambiente: no Ceará, a natureza ou as cidades e os tipos que considera locais. É sempre figurativo. O crítico Ruben Navarra, seu contemporâneo, diz que o pintor não se preocupa em parecer moderno, característica que hoje nos salta aos olhos.
Em um artigo sobre Chabloz publicado por ocasião da exposição individual do pintor na Galeria Casa e Jardim, São Paulo, em 1942, o crítico e historiador Lourival Gomes Machado afirma que a característica primordial de Chabloz é ser um pintor que pensa, sugerindo provavelmente que ele foi mais intelectual do que pintor. E, de fato, sua trajetória no Brasil não poderia se resumir apenas à sua produção artística. Chabloz, em seus escritos e palestras, se mostra duro crítico do academicismo e dos estilos que o Brasil importa. Em artigo que publica na revista Clima, ele expõe as causas do que identifica como um problema na pintura brasileira. Uma dessas causas, além dos fatores naturais e psicológicos, é a adoção do neoclassicismo da Missão Artística Francesa, que ele explica em parte por uma falta de confiança dos artistas em si mesmos.
Mas o racionalismo é apenas parte da atividade extra-artística de Chabloz. Sua principal contribuição é de ordem mais prática. Em primeiro lugar, produz cartazes publicitários, nos quais alia um desenho que tende ao art déco a um preenchimento de cor claramente não industrial, seja lápis, pastel ou pintura. O fato de não expor esse trabalho, separando-o de sua produção artística, mostra um apego à hierarquização acadêmica dos gêneros, minimizando seu antiacademicismo. Em segundo lugar e mais fundamentalmente, Chabloz incentiva o encontro entre artistas, promove exposições, palestras e recitais, desenvolvendo a vida cultural, principalmente de Fortaleza. Nessa cidade, conhece Mário Barata (1915 - 1983), Aldemir Martins (1922 - 2006), Antônio Bandeira (1922 - 1967), Raimundo Cela (1890 - 1954) e outros artistas que participam da Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP e dos Salões de Abril. É um dos expositores, junto com Inimá de Paula (1918 - 1999), Raimundo Feitosa e Antônio Bandeira, na galeria Askanasy do Rio de Janeiro, em 1945, onde apresenta os primeiros guaches de Chico da Silva (1910 - 1985), pintor que ele em seguida divulga pela Europa.
Exposições Individuais
1934 - Florença (Itália) - Individual
1936/1939 - Lausanne (Suíça) - Individual
1940/1942 - Rio de Janeiro RJ - Individual
1942 - São Paulo SP - Individual
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Askanasy
1946 - Genebra (Suíça) - Individual, no Musée d'Art et d'Histoire
1951 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Secretaria Nacional de Informação e Cultura
1952 - Berna (Suíça) - Individual, na Galeria Atelier Theatre
1956 - Suíça - Individual, na Galerie Arts et Letters
1968 - Campina Grande PB - Individual, no Teatro Municipal
Exposições Coletivas
1942 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes
1943 - Fortaleza CE - 1º Salão de Abril
1945 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Cearense, na Galeria Askanasy
1946 - Genebra (Suíça) - Coletiva, no Musée d'Art et d'Historie
1951 - Lisboa ( Portugal) - Coletiva, na Secretaria Nacional de Informação e Cultura
1967 - Fortaleza CE - Exposição Inaugural da Casa Raimundo Cela
1969 - Fortaleza CE - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas
1970 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA - menção honrosa
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1991 - Fortaleza CE - Scap: 50 anos, no Imperial Othon Palace Hotel
Exposições Póstumas
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1991 - Fortaleza CE - Scap: 50 anos, no Imperial Othon Palace Hotel
Fonte: JEAN-PIERRE Chabloz. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 22 de Abr. 2017. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Biografia Wikipédia
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Genebra (Suíça), e da Academia de Belas Artes de Brera (Itália), entre os anos de 1929 e 1938.
II Guerra mundial
Devido a II Guerra Mundial, imigrou para o Brasil, onde fixando residência em Fortaleza.
Foi o ilustrador da SEMTA para a campanha de alistamento dos "Soldados da Borracha.
Chico da Silva
Nos anos 50 descobre o pintor Chico da Silva.
Salão de Abril
Juntamente com Aldemir Martins, Antonio Bandeira, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Feitosa, formou um grupo renovador da arte cearense, responsável pela criação do Salão de Abril.
Fonte: Wikipédia, consultado pela última vez em 21 de abril de 2017.
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A diferença do artista pro fazedor de arte
Era início da década de 80, quando tive a feliz oportunidade de conhecer Jean-Pierre Chabloz que, bastante receptivo, logo me convidou a visitá-lo.
Cheguei num sábado à sua casa na Vila Pita, começamos a conversar e todos os assuntos, naturalmente, convergiam para as artes. Ofereceu-me e preparou um coquetel de receita extravagante: leite, café solúvel, canela, cachaça e açúcar eram alguns dos ingredientes que compunham a fórmula. Para logo me livrar da poção, a bebi de gute-gute. Não deu certo, pois o novo amigo entendeu que assim eu tinha feito por ter gostado e me repetiu a dose.
Tranquilamente, Chabloz me falou de conceitos e fundamentos da arte de desenhar e pintar. Contou-me uma história que até hoje repito, como agora farei.
Pois bem, certa vez ele pediu a um menino, seu aprendiz, para realizar a seguinte tarefa: um desenho de uma criança numa ilha, debaixo de um coqueiro e avistando uma jangada. Não demorou muito e o menino já apresentou o desenho ao mestre, que de pronto o arguiu:
- Eu estou vendo a ilha, o coqueiro e a jangada. Mas, e a criança?
- A criança sou eu, mestre. Respondeu o menino.
Clique aqui para ver o desenho que aprendi com a história do Chabloz.
Essa história me apontou o ponto de vista de que, na arte, o seu autor tem que estar inserido nela. Assim sendo, saberemos diferenciar o artista do fazedor de arte.
Fonte e crédito fotográfico: Blog do Lapoviterra, postado em 8 de setembro de 2011.
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Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP
Criada em Fortaleza, em 1944, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP tem papel destacado na afirmação da arte moderna no Ceará. Sua origem remete ao Centro Cultural de Belas Artes - CCBA, fundado por Mário Baratta (1915 - 1983), em 1941, primeira entidade inteiramente dedicada às artes visuais na capital cearense. O Centro Cultural revela novos talentos, como Antonio Bandeira (1922 - 1967) e Aldemir Martins (1922), além de consolidar expressões locais, como Raimundo Cela (1890 - 1954). Os Salões de Abril, promovidos a partir de 1943 pelo CCBA - mas que ganham força a partir de 1946, com a SCAP - constituem importante espaço para a promoção dos artistas da região e para o intercâmbio com os de fora. Uma característica particular da Sociedade Cearense de Artes Plásticas é sua íntima articulação com a literatura. No seu interior surge o grupo Clã (Clube de Literatura e Artes), que reúne artistas plásticos e escritores. A repercussão das atividades da SCAP pode ser sentida, já em 1945, quando a galeria Askanasy, no Rio de Janeiro, realiza uma mostra de artistas cearenses, apresentada pelo crítico Rubem Navarra. A Sociedade, ativa até 1958, tem o mérito de impulsionar as artes no Ceará e, ao mesmo tempo, de divulgar artistas atuantes no Estado. Além de exposições periódicas e dos salões anuais, a Sociedade organiza também cursos de arte, que visam o aprimoramento da formação artística.
Ainda que o Rio de Janeiro e São Paulo sejam os centros da produção cultural e artística do país, os anos 1930 e 1940 assistem uma forte expansão das artes para outros Estados. Um dos canais importantes para a criação de um circuito nacional de arte são as mostras circulantes, como aquela que Marques Rebelo (1907 - 1973) organiza e que, entre 1947 e 1950, passa por Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e Belo Horizonte. Antes disso, em 1937, Waldemar da Costa (1904 - 1982) leva a Fortaleza e Belém um conjunto de obras de São Paulo. Em Porto Alegre, Carlos Scliar (1920 - 2001), um dos principais membros do Clube de Gravura de Porto Alegre, atua, desde 1940, como importante intermediário entre os artistas de São Paulo e do Sul do país: membro da Família Artística Paulista - FAP, ele é responsável por levar ao Rio Grande do Sul um grupo de artistas e pintores no período, com vistas a incentivar a modernização artística local. A criação da Escola Guignard, em Belo Horizonte, na década de 1940, pelo pintor Guignard (1896 - 1962), é mais uma expressão das tentativas de ampliação dos centros artísticos no período. A 1ª Exposição de Arte Moderna, 1944, realizada na capital mineira, com a participação de artistas de diferentes regiões do país, confere visibilidade à produção local e à própria Escola Guignard. Em Recife, por sua vez, observam-se iniciativas de grupos e associações, como a criação da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, fundada em 1948 por iniciativa de Abelardo da Hora (1924) e do arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó (1913 - 1991), gérmen da criação do Ateliê Coletivo nos anos de 1950. A intensificação de canais de promoção e divulgação das artes em Fortaleza é mais um exemplo do movimento centrífugo que as artes e a produção cultural desenham no período.
Se os nomes de Vicente Leite (1900 - 1941) e do próprio Raimundo Cela são lembrados na história das artes cearense, é com o CCBA e depois com a SCAP que o Estado conhece suas maiores expressões artísticas: Mário Baratta, Barrica (1913 - 1993), Jean-Pierre Chabloz (1910 - 1984), Inimá de Paula (1918 - 1999), Antonio Bandeira, Aldemir Martins, entre outros. A tradição paisagística inaugurada pelos pioneiros é retomada nas obras de Mário Baratta, Barrica e Barbosa Leite (1920 - 1997), fiéis ao figurativismo. Inimá de Paula combina a paisagem com retratos, vistas urbanas, marinhas e naturezas-mortas. Próximo a Candido Portinari (1903 - 1962), que o auxilia na execução do grande painel Tiradentes, hoje no Memorial da América Latina, em São Paulo. A estada em Paris (de 1952 a 1956) dá lugar a trabalhos que caminham para a abstração. Mas, após curta passagem pelo abstracionismo, o pintor volta às figuras e, sobretudo, às paisagens. Aldemir Martins é talvez o nome mais popular do grupo, em função dos materiais gráficos que produz (capas de livros, discos e ilustrações) e dos objetos utilitários, jóias e embalagens que trazem os seus desenhos. Sua obra mobiliza um amplo repertório de temas e figuras do Nordeste brasileiro (como cangaceiros e rendeiras), além de explorar o colorido e as imagens da fauna e flora nacionais.
Antonio Bandeira talvez seja aquele a adquirir maior reconhecimento entre os críticos e mais destacada projeção internacional. Pintor, gravador e desenhista, Bandeira inicia sua carreira com trabalhos figurativos, mas que procuram fugir do típico e pitoresco, como indica a tela premiada no 3º Salão Anual Cearense, Cena de Botequim (1943). O período parisiense (1946-1950) representa uma guinada de sua obra em direção à abstração. Isso se dá, fundamentalmente, pelo contato com as vanguardas - sobretudo com o cubismo e com o fauvismo - e pela participação no Grupo Banbryols, que ele cria com Camille Bryen (1907) e Wols (1913-1951), em 1949. Os críticos datam justamente desse período (1948) sua adesão ao abstracionismo de corte informal, como em Paysage Lointan, 1949.
Fonte: SOCIEDADE Cearense de Artes Plásticas (Fortaleza, CE). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 23 de Abr. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7