Rubem Mauro Cardoso Ludolf (Maceió, AL, 1932 — Rio de Janeiro, RJ, 26 de julho de 2010), mais conhecido como Rubem Ludolf, foi um pintor, arquiteto e paisagista brasileiro. Participou de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo, sendo premiado em 1967. Foi um dos nomes fortes do concretismo e integrou o grupo Frente, marco histórico do construtivismo brasileiro, ao lado de Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape e outros. Ludolf foi um dos pioneiros da abstração geométrica no Brasil e teve sua obra destacada entre os artistas concretos por críticos como Mário Pedrosa (1900-1981), que sublinhou a “delicadeza tonal” do pintor e sua inteligência visual, responsável pela criação de tramas que, superpostas, formavam um terceiro plano. Sua obra ficou marcada pela exploração de formas geométricas, tramas de intenso cromatismo, vibração luminosa das cores e seus jogos de profundidade.
Biografia
Forma-se pela Escola Nacional de Arquitetura da Universidade Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, em 1955. Nessa época, frequenta as aulas de Ivan Serpa (1923-1973) no curso livre de pintura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Participa do Grupo Frente a partir de 1955. Integra-se ao movimento concretista, entre 1956 e 1957. Paralelamente a sua atividade como artista plástico, Rubem Ludolf atua como arquiteto, entre 1954 e 1990, no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), dedicando-se principalmente ao paisagismo. Participa de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo, entre 1955 e 1967, recebendo o prêmio aquisição dessa última; é um dos integrantes da sala especial Arte Construída: homenagem a Waldemar Cordeiro, exibida na 12ª edição da mostra, em 1973.
Análise
Na metade da década de 1950, Rubem Ludolf cria obras abstrato-geométricas, nas quais explora as estruturas seriadas, o ritmo e os efeitos óticos, como ocorre em Assimetria Resultante do Deslocamento Simétrico, 1955 ou em Quase Quadrado, 1957. Em Ritmo, 1958, a estrutura é dada pela linha, pela superposição dos planos e por elementos que tendem ao signo gráfico. Na década de 1960, passa a substituir o rigor concretista por uma pintura caracterizada por pinceladas que constroem tramas de cor. Na opinião do crítico Roberto Pontual, é pela cor que tudo começa na obra de Rubem Ludolf, aspecto pelo qual sua produção revela afinidades com o neoconcretismo, apesar de ter sido circunstancialmente ligado ao concretismo paulista, entre 1956 e 1957.
O artista cria campos de forças onde os elementos, dispostos dinamicamente, se atraem em jogos de equivalências visuais. Em sua produção ocorre a rigorosa ordenação de formas e um apurado cromatismo, que estimulam a percepção visual do espectador.
Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em 1965, seus trabalhos são de grande delicadeza tonal, com tramas que se superpõem a ponto de formar, em certas telas, um terceiro plano, posterior. São essas tramas que caracterizam particularmente seu trabalho. Para o crítico Frederico Morais, as Tramas resultam de uma interligação de escritas ou de signos gráficos superpostos, que formam tessituras, nas quais explora os jogos de profundidade e vazio. O próprio movimento do espectador diante dos quadros, aproximando-se ou distanciando-se, cria novas vibrações cromáticas e novas descobertas para o olhar.
Na definição do próprio artista, seu trabalho consiste em "pintar a tela em branco como quem escrevesse com a cor, formando frases em pinceladas ordenadas ora num sentido, ora noutro, nunca a esmo. Continuar pintando (escrevendo) até que as tramas, labirintos, claro-escuros, signos tomem forma e comecem a respirar".1 No fim da década de 1980, sua obra volta a apresentar características construtivas, em cujas telas a ordenação cromática ocorre por meio de faixas horizontais.
Críticas
"Apesar de os artistas concretos do Rio de Janeiro logo terem se desvinculado da ortodoxia do Grupo Ruptura de São Paulo, criando o movimento neoconcreto, Ludolf manteve-se fiel aos princípios teóricos que nortearam o manifesto paulista. Sua obra seguiu regularmente as questões das estruturas seriadas,dos efeitos ópticos orientados pela visão gestáltica do espaço, da cor programada. Para Rubem Ludolf, a superfície do quadro funciona como um campo de forças onde os elementos, dispostos dinamicamente, se atraem em jogos de ambivalências visuais. A mecânica rigorosa de ordenação das formas no espaço e o cromatismo também tratado linear e metodicamentede forma a estimular a percepção sensorial do espectador, são as constantes principais de seu trabalho. Nos anos 60, entretanto, Mário Pedrosa já observa, tanto em Ludolf quanto em Décio Vieira, uma certa libertação do dogmatismo concreto, afirmando que ´cada um à sua maneira, libertando-se dos rigorismos técnicos, das limitações dogmáticas, sem ortodoxias e sem falsos arrependimentos, mostram terem assimilado e guardado dessa tendência o seu sentido otimista e construtivo".
Ligia Canongia (PROJETO Arte Brasileira: abstração geométrica 2. Rio de Janeiro: Funarte. Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1988.)
Exposições Individuais
1958 - São Paulo SP - Individual, Galeria de Arte das Folhas
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria de Arte do Ibeu
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria de Arte do Ibeu
1972 - Santos SP - Individual, Galeria do CCBEU
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Bonino
1979 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Candido Mendes
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Paulo Klabin
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Saramenha
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Saramenha
1986 - São Paulo SP - Individual, Galeria Paulo Klabin
1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria do Centro Empresarial Rio
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Paulo Klabin
1998 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Paço Imperial
1999 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf: Objetos Diretos
2002 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf: cor & rigor, Museu Nacional de Belas Artes
2003 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Estúdio Guanabara
2003 - São Paulo SP - Individual, Centro Cultural Maria Antonia
2005 - São Paulo SP - Rubem Ludolf: pinturas recentes, Galeria Berenice Arvani
2010 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf - Obra Reunida, Caixa Cultural
2010 - São Paulo SP - Diálogos, Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Exposições Coletivas
1954 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Grupo Frente, Galeria Ibeu Copacabana
1955 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Grupo Frente, Museu de Arte Moderna
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão das Nações
1956 - Resende RJ - 3ª Grupo Frente, Itatiaia Country Club
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 - São Paulo SP - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, Museu de Arte Moderna
1957 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, Ministério da Educação e Cultura
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1961 - Paris (França) - 2ª Bienal de Paris, Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1964 - Rio de Janeiro RJ - 13º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, Museu de Arte Moderna
1965 - São Paulo SP - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - prêmio aquisição
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal - prêmio aquisição
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, Museu de Arte Moderna
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, Museu de Arte Moderna
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, Pinacoteca do Estado
1981 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva Nuchy, Nuchy Galeria de Arte
1982 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - À Flor da Pele: pintura e prazer, Galeria do Centro Empresarial Rio
1984 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente 1954-1956, Galeria de Arte Banerj
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, Museu de Arte Moderna
1984 - São Paulo SP - Geometria 84, Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1984 - Volta Redonda RJ - Grupo Frente 1954-1956
1985 - Niterói RJ - Abraham Palatnik, Abelardo Zaluar, Rubem Ludolf, Galeria Cândida Boechat
1985 - São Paulo SP - Coletiva, Galeria Paulo Klabin
1986 - Resende RJ - Grupo Frente 1954-1956
1988 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, Fundação Nacional de Artes. Centro de Artes
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, Paço Imperial
1993 - Niterói RJ - Uma Rosa É Uma Rosa É Uma Rosa, Galeria de Arte UFF
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, Galeria de Arte do Sesi
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, Museu de Arte Moderna
1994 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Comemorativa dos 40 Anos de Fundação do Grupo Frente, Galeria Ibeu Copacabana
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Geometria Rio, Paço Imperial
1996 - São Paulo SP - Desexp(l)os(ign)ição, Casa das Rosas
1997 - São Paulo SP - Arte Suporte Computador, na Casa das Rosas
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, Museu de Arte Contemporânea
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, Museu de Arte Moderna
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, Museu de Arte Moderna
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, Paço Imperial
2002 - Niterói RJ - Acervo em Papel, Museu de Arte Contemporânea
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2003 - Belo Horizonte MG - Geométricos, Léo-Bahia Arte Contemporânea
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2003 - Cidade do México (México) - Cuasi Corpus: arte concreto y neoconcreto de Brasil: una selección del acervo del Museo de Arte Moderna de São Paulo y la Colección Adolpho Leirner, Museo Rufino Tamayo
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, Museu de Arte Moderna
2003 - Rio de Janeiro RJ - Vinte e Cinco Anos: Galeria de Arte Cândido Mendes, Galeria Candido Mendes
2004 - Rio de Janeiro RJ - Novas Aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateubriand, Museu de Arte Moderna
2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, Léo Bahia Arte Contemporânea
2005 - Porto Alegre RS - 5ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, Itaú Cultural
2006 - São Paulo SP - Concreta '56: a raiz da forma, Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - Pincelada - Pintura e Método: projeções da década de 50, Instituto Tomie Ohtake
2007 - Houston (Estados Unidos) - Dimensions of Constructive Art in Brazil: The Adolpho Leirner Collection, The Museum of Fine Arts
2008 - São Paulo SP - Ruptura, Frente e Ressonâncias, Galeria Berenice Arvani
2009 - São Paulo SP - Anos 50 - 50 Obras, Galeria Berenice Arvani
2010 - São Paulo SP - Preto no Branco: do concreto ao contemporâneo, Galeria Berenice Arvani
2010 - São Paulo SP 6ª SP-Arte, Fundação Bienal
2018 – Em torno de Loio-Pérsio – Galeria Samba Arte Contemporânea/RJ
Fonte: RUBEM Ludolf. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 03 de Fev. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Morre aos 78 anos o artista concreto Rubem Ludolf
Pintor foi um dos nomes fortes do concretismo e integrou o grupo Frente com Ivan Serpa, Lygia Clark, entre outros.
Morreu no Rio o artista Rubem Ludolf, 78. Vítima de um aneurisma na aorta, ele estava internado havia dez dias no Hospital Samaritano.
Seu corpo foi velado no cemitério São João Batista, na zona sul, onde seria enterrado.
Ludolf nasceu em 1932, em Maceió, e se radicou depois no Rio. Estudou com o concretista Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna e depois integrou o grupo Frente ao lado de artistas como Lygia Pape, Lygia Clark e Aluísio Carvão.
Ele trabalhou até pouco antes da morte e concluiu uma exposição ainda em cartaz no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo.
Sua obra ficou marcada pela exploração de formas geométricas e tramas de intenso cromatismo. Críticos também ressaltam a vibração luminosa dessas cores e seus jogos de profundidade.
Ludolf descreveu o próprio processo como ato de "pintar a tela em branco como quem escrevesse com a cor, formando frases em pinceladas ordenadas até que as tramas, os signos tomem forma e comecem a respirar".
Ele participou cinco vezes da Bienal de São Paulo e foi homenageado com uma aquisição em 1967. Ludolf não se casou nem teve filhos.
Fonte: Folha, publicado por Silas Martí em 28 de julho de 2010.
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Grupo Frente
Marco histórico do movimento construtivo no Brasil, o Grupo Frente, sob a liderança do artista carioca Ivan Serpa (1923-1973), um dos precursores da abstração geométrica no Brasil, abre sua primeira exposição em 1954, na Galeria do Ibeu, no Rio de Janeiro. Participam da mostra, apresentada pelo crítico Ferreira Gullar (1930-2016), os artistas Aluísio Carvão (1920-2001), Carlos Val (1937- ), Décio Vieira (1922-1988), Ivan Serpa, João José da Silva Costa (1931- ), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927-2004) e Vicent Ibberson (19--), a maioria alunos ou ex-alunos de Serpa nos cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Apesar de informados pelas discussões em torno da abstração e da arte concreta, com obras que trabalham sobretudo no registro da abstração geométrica, o grupo não se caracteriza por uma posição estilística única, sendo o elo de união entre seus integrantes a rejeição à pintura modernista brasileira de caráter figurativo e nacionalista.
A abertura a outras formas de manifestação artística e uma maior liberdade em relação às teorias concretas de um Max Bill (1908 - 1994), por exemplo, torna-se mais patente na segunda exposição do grupo, em 1955, no MAM/RJ. Aos fundadores do grupo unem-se outros sete artistas: Abraham Palatnik (1928), César Oiticica (1939- ), Franz Weissmann (1911-2005), Hélio Oiticica (1937-1980), Rubem Ludolf (1932-2010), Elisa Martins da Silveira (1912-2001) e Emil Baruch (1920- ). Além da diversidade no que se refere às técnicas e materiais utilizados (pastel, xilogravura, objeto cinético, colagem etc), percebe-se também uma certa variação de estilos, como a pintura primitiva de Elisa Martins e a construção geométrica lírica e repleta de nuances de Décio Vieira. Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em texto de apresentação dessa segunda mostra, não se trata "de uma panelinha fechada, nem muito menos uma academia onde se ensinam e se aprendem regrinhas e receitas para fazer abstracionismo, concretismo, expressionismo (...) e outros ismos". Ao contrário, aos olhos do crítico, o respeito à "liberdade de criação" é o postulado pelo qual lutam acima de tudo.
Para os artistas do Grupo Frente, a linguagem geométrica é, antes de qualquer coisa, um campo aberto à experiência e à indagação. A independência e individualidade com que tratavam os postulados teóricos da arte concreta estão no centro da crítica que o grupo concreto de São Paulo, principalmente o artista e porta-voz do movimento paulista Waldemar Cordeiro (1925-1973), faz ao grupo. A rigor, esses artistas não podem ser chamados de concretos em sentido estrito, pois de início ignoram a noção de objeto artístico como exercício de concreção racional de uma idéia, cuja execução deve ser previamente guiada por leis claras e inteligíveis, de preferência cálculos matemáticos. No entanto, é essa autonomia e certa dose de experimentação presente no Grupo Frente que garante o desenvolvimento singular que as poéticas construtivas vão conhecer nos trabalhos de alguns de seus integrantes ainda na segunda metade da década de 1950. Cabe lembrar das Superfícies Moduladas de Lygia Clark, das esculturas de Weissmann - em que o vazio passa a ser elemento ativo das estruturas -, das séries de relevos, poemas-objetos e poemas-luz e dos Tecelares de Lygia Pape, e das experiências cinéticas de Palatnik.
As últimas exposições do grupo ocorrem em 1956, em Resende e Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, organizada pelos concretos de São Paulo com a colaboração do grupo carioca - que ocorre em dezembro de 1956 e fevereiro de 1957 no MAM/SP em São Paulo e no Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Rio de Janeiro, respectivamente - torna evidente a distância entre os dois núcleos concretistas. Sua repercussão, tanto por parte do público quanto dos artistas, marca o início de uma nova fase da arte concreta brasileira, exigindo dos artistas cariocas uma tomada de posição mais definida diante das idéias veiculadas pelos concretos paulistas. A exposição também ajuda a revelar a amplitude que a arte abstrato-geométrica de matriz construtiva e concreta, havia adquirido no Brasil. Após a mostra, o Grupo Frente simultaneamente rompe com os artistas de São Paulo e começa a se desintegrar. Dois anos depois, alguns de seus integrantes iriam se agrupar para iniciar o Movimento Neoconcreto um dos mais significativos da arte brasileira.
Fonte: GRUPO Frente. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Youtube
Rubem Mauro Cardoso Ludolf (Maceió, AL, 1932 — Rio de Janeiro, RJ, 26 de julho de 2010), mais conhecido como Rubem Ludolf, foi um pintor, arquiteto e paisagista brasileiro. Participou de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo, sendo premiado em 1967. Foi um dos nomes fortes do concretismo e integrou o grupo Frente, marco histórico do construtivismo brasileiro, ao lado de Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape e outros. Ludolf foi um dos pioneiros da abstração geométrica no Brasil e teve sua obra destacada entre os artistas concretos por críticos como Mário Pedrosa (1900-1981), que sublinhou a “delicadeza tonal” do pintor e sua inteligência visual, responsável pela criação de tramas que, superpostas, formavam um terceiro plano. Sua obra ficou marcada pela exploração de formas geométricas, tramas de intenso cromatismo, vibração luminosa das cores e seus jogos de profundidade.
Biografia
Forma-se pela Escola Nacional de Arquitetura da Universidade Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, em 1955. Nessa época, frequenta as aulas de Ivan Serpa (1923-1973) no curso livre de pintura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Participa do Grupo Frente a partir de 1955. Integra-se ao movimento concretista, entre 1956 e 1957. Paralelamente a sua atividade como artista plástico, Rubem Ludolf atua como arquiteto, entre 1954 e 1990, no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), dedicando-se principalmente ao paisagismo. Participa de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo, entre 1955 e 1967, recebendo o prêmio aquisição dessa última; é um dos integrantes da sala especial Arte Construída: homenagem a Waldemar Cordeiro, exibida na 12ª edição da mostra, em 1973.
Análise
Na metade da década de 1950, Rubem Ludolf cria obras abstrato-geométricas, nas quais explora as estruturas seriadas, o ritmo e os efeitos óticos, como ocorre em Assimetria Resultante do Deslocamento Simétrico, 1955 ou em Quase Quadrado, 1957. Em Ritmo, 1958, a estrutura é dada pela linha, pela superposição dos planos e por elementos que tendem ao signo gráfico. Na década de 1960, passa a substituir o rigor concretista por uma pintura caracterizada por pinceladas que constroem tramas de cor. Na opinião do crítico Roberto Pontual, é pela cor que tudo começa na obra de Rubem Ludolf, aspecto pelo qual sua produção revela afinidades com o neoconcretismo, apesar de ter sido circunstancialmente ligado ao concretismo paulista, entre 1956 e 1957.
O artista cria campos de forças onde os elementos, dispostos dinamicamente, se atraem em jogos de equivalências visuais. Em sua produção ocorre a rigorosa ordenação de formas e um apurado cromatismo, que estimulam a percepção visual do espectador.
Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em 1965, seus trabalhos são de grande delicadeza tonal, com tramas que se superpõem a ponto de formar, em certas telas, um terceiro plano, posterior. São essas tramas que caracterizam particularmente seu trabalho. Para o crítico Frederico Morais, as Tramas resultam de uma interligação de escritas ou de signos gráficos superpostos, que formam tessituras, nas quais explora os jogos de profundidade e vazio. O próprio movimento do espectador diante dos quadros, aproximando-se ou distanciando-se, cria novas vibrações cromáticas e novas descobertas para o olhar.
Na definição do próprio artista, seu trabalho consiste em "pintar a tela em branco como quem escrevesse com a cor, formando frases em pinceladas ordenadas ora num sentido, ora noutro, nunca a esmo. Continuar pintando (escrevendo) até que as tramas, labirintos, claro-escuros, signos tomem forma e comecem a respirar".1 No fim da década de 1980, sua obra volta a apresentar características construtivas, em cujas telas a ordenação cromática ocorre por meio de faixas horizontais.
Críticas
"Apesar de os artistas concretos do Rio de Janeiro logo terem se desvinculado da ortodoxia do Grupo Ruptura de São Paulo, criando o movimento neoconcreto, Ludolf manteve-se fiel aos princípios teóricos que nortearam o manifesto paulista. Sua obra seguiu regularmente as questões das estruturas seriadas,dos efeitos ópticos orientados pela visão gestáltica do espaço, da cor programada. Para Rubem Ludolf, a superfície do quadro funciona como um campo de forças onde os elementos, dispostos dinamicamente, se atraem em jogos de ambivalências visuais. A mecânica rigorosa de ordenação das formas no espaço e o cromatismo também tratado linear e metodicamentede forma a estimular a percepção sensorial do espectador, são as constantes principais de seu trabalho. Nos anos 60, entretanto, Mário Pedrosa já observa, tanto em Ludolf quanto em Décio Vieira, uma certa libertação do dogmatismo concreto, afirmando que ´cada um à sua maneira, libertando-se dos rigorismos técnicos, das limitações dogmáticas, sem ortodoxias e sem falsos arrependimentos, mostram terem assimilado e guardado dessa tendência o seu sentido otimista e construtivo".
Ligia Canongia (PROJETO Arte Brasileira: abstração geométrica 2. Rio de Janeiro: Funarte. Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1988.)
Exposições Individuais
1958 - São Paulo SP - Individual, Galeria de Arte das Folhas
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria de Arte do Ibeu
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria de Arte do Ibeu
1972 - Santos SP - Individual, Galeria do CCBEU
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Bonino
1979 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Candido Mendes
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Paulo Klabin
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Saramenha
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Saramenha
1986 - São Paulo SP - Individual, Galeria Paulo Klabin
1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria do Centro Empresarial Rio
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Paulo Klabin
1998 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Paço Imperial
1999 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf: Objetos Diretos
2002 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf: cor & rigor, Museu Nacional de Belas Artes
2003 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Estúdio Guanabara
2003 - São Paulo SP - Individual, Centro Cultural Maria Antonia
2005 - São Paulo SP - Rubem Ludolf: pinturas recentes, Galeria Berenice Arvani
2010 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf - Obra Reunida, Caixa Cultural
2010 - São Paulo SP - Diálogos, Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Exposições Coletivas
1954 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Grupo Frente, Galeria Ibeu Copacabana
1955 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Grupo Frente, Museu de Arte Moderna
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão das Nações
1956 - Resende RJ - 3ª Grupo Frente, Itatiaia Country Club
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 - São Paulo SP - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, Museu de Arte Moderna
1957 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, Ministério da Educação e Cultura
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1961 - Paris (França) - 2ª Bienal de Paris, Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1964 - Rio de Janeiro RJ - 13º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, Museu de Arte Moderna
1965 - São Paulo SP - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - prêmio aquisição
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal - prêmio aquisição
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, Museu de Arte Moderna
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, Museu de Arte Moderna
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, Pinacoteca do Estado
1981 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva Nuchy, Nuchy Galeria de Arte
1982 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - À Flor da Pele: pintura e prazer, Galeria do Centro Empresarial Rio
1984 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente 1954-1956, Galeria de Arte Banerj
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, Museu de Arte Moderna
1984 - São Paulo SP - Geometria 84, Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1984 - Volta Redonda RJ - Grupo Frente 1954-1956
1985 - Niterói RJ - Abraham Palatnik, Abelardo Zaluar, Rubem Ludolf, Galeria Cândida Boechat
1985 - São Paulo SP - Coletiva, Galeria Paulo Klabin
1986 - Resende RJ - Grupo Frente 1954-1956
1988 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, Fundação Nacional de Artes. Centro de Artes
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, Paço Imperial
1993 - Niterói RJ - Uma Rosa É Uma Rosa É Uma Rosa, Galeria de Arte UFF
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, Galeria de Arte do Sesi
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, Museu de Arte Moderna
1994 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Comemorativa dos 40 Anos de Fundação do Grupo Frente, Galeria Ibeu Copacabana
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Geometria Rio, Paço Imperial
1996 - São Paulo SP - Desexp(l)os(ign)ição, Casa das Rosas
1997 - São Paulo SP - Arte Suporte Computador, na Casa das Rosas
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, Museu de Arte Contemporânea
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, Museu de Arte Moderna
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, Museu de Arte Moderna
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, Paço Imperial
2002 - Niterói RJ - Acervo em Papel, Museu de Arte Contemporânea
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2003 - Belo Horizonte MG - Geométricos, Léo-Bahia Arte Contemporânea
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2003 - Cidade do México (México) - Cuasi Corpus: arte concreto y neoconcreto de Brasil: una selección del acervo del Museo de Arte Moderna de São Paulo y la Colección Adolpho Leirner, Museo Rufino Tamayo
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, Museu de Arte Moderna
2003 - Rio de Janeiro RJ - Vinte e Cinco Anos: Galeria de Arte Cândido Mendes, Galeria Candido Mendes
2004 - Rio de Janeiro RJ - Novas Aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateubriand, Museu de Arte Moderna
2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, Léo Bahia Arte Contemporânea
2005 - Porto Alegre RS - 5ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, Itaú Cultural
2006 - São Paulo SP - Concreta '56: a raiz da forma, Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - Pincelada - Pintura e Método: projeções da década de 50, Instituto Tomie Ohtake
2007 - Houston (Estados Unidos) - Dimensions of Constructive Art in Brazil: The Adolpho Leirner Collection, The Museum of Fine Arts
2008 - São Paulo SP - Ruptura, Frente e Ressonâncias, Galeria Berenice Arvani
2009 - São Paulo SP - Anos 50 - 50 Obras, Galeria Berenice Arvani
2010 - São Paulo SP - Preto no Branco: do concreto ao contemporâneo, Galeria Berenice Arvani
2010 - São Paulo SP 6ª SP-Arte, Fundação Bienal
2018 – Em torno de Loio-Pérsio – Galeria Samba Arte Contemporânea/RJ
Fonte: RUBEM Ludolf. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 03 de Fev. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Morre aos 78 anos o artista concreto Rubem Ludolf
Pintor foi um dos nomes fortes do concretismo e integrou o grupo Frente com Ivan Serpa, Lygia Clark, entre outros.
Morreu no Rio o artista Rubem Ludolf, 78. Vítima de um aneurisma na aorta, ele estava internado havia dez dias no Hospital Samaritano.
Seu corpo foi velado no cemitério São João Batista, na zona sul, onde seria enterrado.
Ludolf nasceu em 1932, em Maceió, e se radicou depois no Rio. Estudou com o concretista Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna e depois integrou o grupo Frente ao lado de artistas como Lygia Pape, Lygia Clark e Aluísio Carvão.
Ele trabalhou até pouco antes da morte e concluiu uma exposição ainda em cartaz no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo.
Sua obra ficou marcada pela exploração de formas geométricas e tramas de intenso cromatismo. Críticos também ressaltam a vibração luminosa dessas cores e seus jogos de profundidade.
Ludolf descreveu o próprio processo como ato de "pintar a tela em branco como quem escrevesse com a cor, formando frases em pinceladas ordenadas até que as tramas, os signos tomem forma e comecem a respirar".
Ele participou cinco vezes da Bienal de São Paulo e foi homenageado com uma aquisição em 1967. Ludolf não se casou nem teve filhos.
Fonte: Folha, publicado por Silas Martí em 28 de julho de 2010.
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Grupo Frente
Marco histórico do movimento construtivo no Brasil, o Grupo Frente, sob a liderança do artista carioca Ivan Serpa (1923-1973), um dos precursores da abstração geométrica no Brasil, abre sua primeira exposição em 1954, na Galeria do Ibeu, no Rio de Janeiro. Participam da mostra, apresentada pelo crítico Ferreira Gullar (1930-2016), os artistas Aluísio Carvão (1920-2001), Carlos Val (1937- ), Décio Vieira (1922-1988), Ivan Serpa, João José da Silva Costa (1931- ), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927-2004) e Vicent Ibberson (19--), a maioria alunos ou ex-alunos de Serpa nos cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Apesar de informados pelas discussões em torno da abstração e da arte concreta, com obras que trabalham sobretudo no registro da abstração geométrica, o grupo não se caracteriza por uma posição estilística única, sendo o elo de união entre seus integrantes a rejeição à pintura modernista brasileira de caráter figurativo e nacionalista.
A abertura a outras formas de manifestação artística e uma maior liberdade em relação às teorias concretas de um Max Bill (1908 - 1994), por exemplo, torna-se mais patente na segunda exposição do grupo, em 1955, no MAM/RJ. Aos fundadores do grupo unem-se outros sete artistas: Abraham Palatnik (1928), César Oiticica (1939- ), Franz Weissmann (1911-2005), Hélio Oiticica (1937-1980), Rubem Ludolf (1932-2010), Elisa Martins da Silveira (1912-2001) e Emil Baruch (1920- ). Além da diversidade no que se refere às técnicas e materiais utilizados (pastel, xilogravura, objeto cinético, colagem etc), percebe-se também uma certa variação de estilos, como a pintura primitiva de Elisa Martins e a construção geométrica lírica e repleta de nuances de Décio Vieira. Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em texto de apresentação dessa segunda mostra, não se trata "de uma panelinha fechada, nem muito menos uma academia onde se ensinam e se aprendem regrinhas e receitas para fazer abstracionismo, concretismo, expressionismo (...) e outros ismos". Ao contrário, aos olhos do crítico, o respeito à "liberdade de criação" é o postulado pelo qual lutam acima de tudo.
Para os artistas do Grupo Frente, a linguagem geométrica é, antes de qualquer coisa, um campo aberto à experiência e à indagação. A independência e individualidade com que tratavam os postulados teóricos da arte concreta estão no centro da crítica que o grupo concreto de São Paulo, principalmente o artista e porta-voz do movimento paulista Waldemar Cordeiro (1925-1973), faz ao grupo. A rigor, esses artistas não podem ser chamados de concretos em sentido estrito, pois de início ignoram a noção de objeto artístico como exercício de concreção racional de uma idéia, cuja execução deve ser previamente guiada por leis claras e inteligíveis, de preferência cálculos matemáticos. No entanto, é essa autonomia e certa dose de experimentação presente no Grupo Frente que garante o desenvolvimento singular que as poéticas construtivas vão conhecer nos trabalhos de alguns de seus integrantes ainda na segunda metade da década de 1950. Cabe lembrar das Superfícies Moduladas de Lygia Clark, das esculturas de Weissmann - em que o vazio passa a ser elemento ativo das estruturas -, das séries de relevos, poemas-objetos e poemas-luz e dos Tecelares de Lygia Pape, e das experiências cinéticas de Palatnik.
As últimas exposições do grupo ocorrem em 1956, em Resende e Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, organizada pelos concretos de São Paulo com a colaboração do grupo carioca - que ocorre em dezembro de 1956 e fevereiro de 1957 no MAM/SP em São Paulo e no Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Rio de Janeiro, respectivamente - torna evidente a distância entre os dois núcleos concretistas. Sua repercussão, tanto por parte do público quanto dos artistas, marca o início de uma nova fase da arte concreta brasileira, exigindo dos artistas cariocas uma tomada de posição mais definida diante das idéias veiculadas pelos concretos paulistas. A exposição também ajuda a revelar a amplitude que a arte abstrato-geométrica de matriz construtiva e concreta, havia adquirido no Brasil. Após a mostra, o Grupo Frente simultaneamente rompe com os artistas de São Paulo e começa a se desintegrar. Dois anos depois, alguns de seus integrantes iriam se agrupar para iniciar o Movimento Neoconcreto um dos mais significativos da arte brasileira.
Fonte: GRUPO Frente. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Youtube
Rubem Mauro Cardoso Ludolf (Maceió, AL, 1932 — Rio de Janeiro, RJ, 26 de julho de 2010), mais conhecido como Rubem Ludolf, foi um pintor, arquiteto e paisagista brasileiro. Participou de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo, sendo premiado em 1967. Foi um dos nomes fortes do concretismo e integrou o grupo Frente, marco histórico do construtivismo brasileiro, ao lado de Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape e outros. Ludolf foi um dos pioneiros da abstração geométrica no Brasil e teve sua obra destacada entre os artistas concretos por críticos como Mário Pedrosa (1900-1981), que sublinhou a “delicadeza tonal” do pintor e sua inteligência visual, responsável pela criação de tramas que, superpostas, formavam um terceiro plano. Sua obra ficou marcada pela exploração de formas geométricas, tramas de intenso cromatismo, vibração luminosa das cores e seus jogos de profundidade.
Biografia
Forma-se pela Escola Nacional de Arquitetura da Universidade Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, em 1955. Nessa época, frequenta as aulas de Ivan Serpa (1923-1973) no curso livre de pintura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Participa do Grupo Frente a partir de 1955. Integra-se ao movimento concretista, entre 1956 e 1957. Paralelamente a sua atividade como artista plástico, Rubem Ludolf atua como arquiteto, entre 1954 e 1990, no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), dedicando-se principalmente ao paisagismo. Participa de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo, entre 1955 e 1967, recebendo o prêmio aquisição dessa última; é um dos integrantes da sala especial Arte Construída: homenagem a Waldemar Cordeiro, exibida na 12ª edição da mostra, em 1973.
Análise
Na metade da década de 1950, Rubem Ludolf cria obras abstrato-geométricas, nas quais explora as estruturas seriadas, o ritmo e os efeitos óticos, como ocorre em Assimetria Resultante do Deslocamento Simétrico, 1955 ou em Quase Quadrado, 1957. Em Ritmo, 1958, a estrutura é dada pela linha, pela superposição dos planos e por elementos que tendem ao signo gráfico. Na década de 1960, passa a substituir o rigor concretista por uma pintura caracterizada por pinceladas que constroem tramas de cor. Na opinião do crítico Roberto Pontual, é pela cor que tudo começa na obra de Rubem Ludolf, aspecto pelo qual sua produção revela afinidades com o neoconcretismo, apesar de ter sido circunstancialmente ligado ao concretismo paulista, entre 1956 e 1957.
O artista cria campos de forças onde os elementos, dispostos dinamicamente, se atraem em jogos de equivalências visuais. Em sua produção ocorre a rigorosa ordenação de formas e um apurado cromatismo, que estimulam a percepção visual do espectador.
Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em 1965, seus trabalhos são de grande delicadeza tonal, com tramas que se superpõem a ponto de formar, em certas telas, um terceiro plano, posterior. São essas tramas que caracterizam particularmente seu trabalho. Para o crítico Frederico Morais, as Tramas resultam de uma interligação de escritas ou de signos gráficos superpostos, que formam tessituras, nas quais explora os jogos de profundidade e vazio. O próprio movimento do espectador diante dos quadros, aproximando-se ou distanciando-se, cria novas vibrações cromáticas e novas descobertas para o olhar.
Na definição do próprio artista, seu trabalho consiste em "pintar a tela em branco como quem escrevesse com a cor, formando frases em pinceladas ordenadas ora num sentido, ora noutro, nunca a esmo. Continuar pintando (escrevendo) até que as tramas, labirintos, claro-escuros, signos tomem forma e comecem a respirar".1 No fim da década de 1980, sua obra volta a apresentar características construtivas, em cujas telas a ordenação cromática ocorre por meio de faixas horizontais.
Críticas
"Apesar de os artistas concretos do Rio de Janeiro logo terem se desvinculado da ortodoxia do Grupo Ruptura de São Paulo, criando o movimento neoconcreto, Ludolf manteve-se fiel aos princípios teóricos que nortearam o manifesto paulista. Sua obra seguiu regularmente as questões das estruturas seriadas,dos efeitos ópticos orientados pela visão gestáltica do espaço, da cor programada. Para Rubem Ludolf, a superfície do quadro funciona como um campo de forças onde os elementos, dispostos dinamicamente, se atraem em jogos de ambivalências visuais. A mecânica rigorosa de ordenação das formas no espaço e o cromatismo também tratado linear e metodicamentede forma a estimular a percepção sensorial do espectador, são as constantes principais de seu trabalho. Nos anos 60, entretanto, Mário Pedrosa já observa, tanto em Ludolf quanto em Décio Vieira, uma certa libertação do dogmatismo concreto, afirmando que ´cada um à sua maneira, libertando-se dos rigorismos técnicos, das limitações dogmáticas, sem ortodoxias e sem falsos arrependimentos, mostram terem assimilado e guardado dessa tendência o seu sentido otimista e construtivo".
Ligia Canongia (PROJETO Arte Brasileira: abstração geométrica 2. Rio de Janeiro: Funarte. Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1988.)
Exposições Individuais
1958 - São Paulo SP - Individual, Galeria de Arte das Folhas
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria de Arte do Ibeu
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria de Arte do Ibeu
1972 - Santos SP - Individual, Galeria do CCBEU
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Bonino
1979 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Candido Mendes
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Paulo Klabin
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Saramenha
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Saramenha
1986 - São Paulo SP - Individual, Galeria Paulo Klabin
1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria do Centro Empresarial Rio
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Paulo Klabin
1998 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Paço Imperial
1999 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf: Objetos Diretos
2002 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf: cor & rigor, Museu Nacional de Belas Artes
2003 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Estúdio Guanabara
2003 - São Paulo SP - Individual, Centro Cultural Maria Antonia
2005 - São Paulo SP - Rubem Ludolf: pinturas recentes, Galeria Berenice Arvani
2010 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf - Obra Reunida, Caixa Cultural
2010 - São Paulo SP - Diálogos, Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Exposições Coletivas
1954 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Grupo Frente, Galeria Ibeu Copacabana
1955 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Grupo Frente, Museu de Arte Moderna
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão das Nações
1956 - Resende RJ - 3ª Grupo Frente, Itatiaia Country Club
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 - São Paulo SP - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, Museu de Arte Moderna
1957 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, Ministério da Educação e Cultura
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1961 - Paris (França) - 2ª Bienal de Paris, Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1964 - Rio de Janeiro RJ - 13º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, Museu de Arte Moderna
1965 - São Paulo SP - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - prêmio aquisição
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal - prêmio aquisição
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, Museu de Arte Moderna
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, Museu de Arte Moderna
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, Pinacoteca do Estado
1981 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva Nuchy, Nuchy Galeria de Arte
1982 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - À Flor da Pele: pintura e prazer, Galeria do Centro Empresarial Rio
1984 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente 1954-1956, Galeria de Arte Banerj
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, Museu de Arte Moderna
1984 - São Paulo SP - Geometria 84, Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1984 - Volta Redonda RJ - Grupo Frente 1954-1956
1985 - Niterói RJ - Abraham Palatnik, Abelardo Zaluar, Rubem Ludolf, Galeria Cândida Boechat
1985 - São Paulo SP - Coletiva, Galeria Paulo Klabin
1986 - Resende RJ - Grupo Frente 1954-1956
1988 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, Fundação Nacional de Artes. Centro de Artes
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, Paço Imperial
1993 - Niterói RJ - Uma Rosa É Uma Rosa É Uma Rosa, Galeria de Arte UFF
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, Galeria de Arte do Sesi
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, Museu de Arte Moderna
1994 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Comemorativa dos 40 Anos de Fundação do Grupo Frente, Galeria Ibeu Copacabana
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Geometria Rio, Paço Imperial
1996 - São Paulo SP - Desexp(l)os(ign)ição, Casa das Rosas
1997 - São Paulo SP - Arte Suporte Computador, na Casa das Rosas
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, Museu de Arte Contemporânea
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, Museu de Arte Moderna
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, Museu de Arte Moderna
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, Paço Imperial
2002 - Niterói RJ - Acervo em Papel, Museu de Arte Contemporânea
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2003 - Belo Horizonte MG - Geométricos, Léo-Bahia Arte Contemporânea
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2003 - Cidade do México (México) - Cuasi Corpus: arte concreto y neoconcreto de Brasil: una selección del acervo del Museo de Arte Moderna de São Paulo y la Colección Adolpho Leirner, Museo Rufino Tamayo
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, Museu de Arte Moderna
2003 - Rio de Janeiro RJ - Vinte e Cinco Anos: Galeria de Arte Cândido Mendes, Galeria Candido Mendes
2004 - Rio de Janeiro RJ - Novas Aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateubriand, Museu de Arte Moderna
2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, Léo Bahia Arte Contemporânea
2005 - Porto Alegre RS - 5ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, Itaú Cultural
2006 - São Paulo SP - Concreta '56: a raiz da forma, Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - Pincelada - Pintura e Método: projeções da década de 50, Instituto Tomie Ohtake
2007 - Houston (Estados Unidos) - Dimensions of Constructive Art in Brazil: The Adolpho Leirner Collection, The Museum of Fine Arts
2008 - São Paulo SP - Ruptura, Frente e Ressonâncias, Galeria Berenice Arvani
2009 - São Paulo SP - Anos 50 - 50 Obras, Galeria Berenice Arvani
2010 - São Paulo SP - Preto no Branco: do concreto ao contemporâneo, Galeria Berenice Arvani
2010 - São Paulo SP 6ª SP-Arte, Fundação Bienal
2018 – Em torno de Loio-Pérsio – Galeria Samba Arte Contemporânea/RJ
Fonte: RUBEM Ludolf. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 03 de Fev. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Morre aos 78 anos o artista concreto Rubem Ludolf
Pintor foi um dos nomes fortes do concretismo e integrou o grupo Frente com Ivan Serpa, Lygia Clark, entre outros.
Morreu no Rio o artista Rubem Ludolf, 78. Vítima de um aneurisma na aorta, ele estava internado havia dez dias no Hospital Samaritano.
Seu corpo foi velado no cemitério São João Batista, na zona sul, onde seria enterrado.
Ludolf nasceu em 1932, em Maceió, e se radicou depois no Rio. Estudou com o concretista Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna e depois integrou o grupo Frente ao lado de artistas como Lygia Pape, Lygia Clark e Aluísio Carvão.
Ele trabalhou até pouco antes da morte e concluiu uma exposição ainda em cartaz no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo.
Sua obra ficou marcada pela exploração de formas geométricas e tramas de intenso cromatismo. Críticos também ressaltam a vibração luminosa dessas cores e seus jogos de profundidade.
Ludolf descreveu o próprio processo como ato de "pintar a tela em branco como quem escrevesse com a cor, formando frases em pinceladas ordenadas até que as tramas, os signos tomem forma e comecem a respirar".
Ele participou cinco vezes da Bienal de São Paulo e foi homenageado com uma aquisição em 1967. Ludolf não se casou nem teve filhos.
Fonte: Folha, publicado por Silas Martí em 28 de julho de 2010.
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Grupo Frente
Marco histórico do movimento construtivo no Brasil, o Grupo Frente, sob a liderança do artista carioca Ivan Serpa (1923-1973), um dos precursores da abstração geométrica no Brasil, abre sua primeira exposição em 1954, na Galeria do Ibeu, no Rio de Janeiro. Participam da mostra, apresentada pelo crítico Ferreira Gullar (1930-2016), os artistas Aluísio Carvão (1920-2001), Carlos Val (1937- ), Décio Vieira (1922-1988), Ivan Serpa, João José da Silva Costa (1931- ), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927-2004) e Vicent Ibberson (19--), a maioria alunos ou ex-alunos de Serpa nos cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Apesar de informados pelas discussões em torno da abstração e da arte concreta, com obras que trabalham sobretudo no registro da abstração geométrica, o grupo não se caracteriza por uma posição estilística única, sendo o elo de união entre seus integrantes a rejeição à pintura modernista brasileira de caráter figurativo e nacionalista.
A abertura a outras formas de manifestação artística e uma maior liberdade em relação às teorias concretas de um Max Bill (1908 - 1994), por exemplo, torna-se mais patente na segunda exposição do grupo, em 1955, no MAM/RJ. Aos fundadores do grupo unem-se outros sete artistas: Abraham Palatnik (1928), César Oiticica (1939- ), Franz Weissmann (1911-2005), Hélio Oiticica (1937-1980), Rubem Ludolf (1932-2010), Elisa Martins da Silveira (1912-2001) e Emil Baruch (1920- ). Além da diversidade no que se refere às técnicas e materiais utilizados (pastel, xilogravura, objeto cinético, colagem etc), percebe-se também uma certa variação de estilos, como a pintura primitiva de Elisa Martins e a construção geométrica lírica e repleta de nuances de Décio Vieira. Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em texto de apresentação dessa segunda mostra, não se trata "de uma panelinha fechada, nem muito menos uma academia onde se ensinam e se aprendem regrinhas e receitas para fazer abstracionismo, concretismo, expressionismo (...) e outros ismos". Ao contrário, aos olhos do crítico, o respeito à "liberdade de criação" é o postulado pelo qual lutam acima de tudo.
Para os artistas do Grupo Frente, a linguagem geométrica é, antes de qualquer coisa, um campo aberto à experiência e à indagação. A independência e individualidade com que tratavam os postulados teóricos da arte concreta estão no centro da crítica que o grupo concreto de São Paulo, principalmente o artista e porta-voz do movimento paulista Waldemar Cordeiro (1925-1973), faz ao grupo. A rigor, esses artistas não podem ser chamados de concretos em sentido estrito, pois de início ignoram a noção de objeto artístico como exercício de concreção racional de uma idéia, cuja execução deve ser previamente guiada por leis claras e inteligíveis, de preferência cálculos matemáticos. No entanto, é essa autonomia e certa dose de experimentação presente no Grupo Frente que garante o desenvolvimento singular que as poéticas construtivas vão conhecer nos trabalhos de alguns de seus integrantes ainda na segunda metade da década de 1950. Cabe lembrar das Superfícies Moduladas de Lygia Clark, das esculturas de Weissmann - em que o vazio passa a ser elemento ativo das estruturas -, das séries de relevos, poemas-objetos e poemas-luz e dos Tecelares de Lygia Pape, e das experiências cinéticas de Palatnik.
As últimas exposições do grupo ocorrem em 1956, em Resende e Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, organizada pelos concretos de São Paulo com a colaboração do grupo carioca - que ocorre em dezembro de 1956 e fevereiro de 1957 no MAM/SP em São Paulo e no Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Rio de Janeiro, respectivamente - torna evidente a distância entre os dois núcleos concretistas. Sua repercussão, tanto por parte do público quanto dos artistas, marca o início de uma nova fase da arte concreta brasileira, exigindo dos artistas cariocas uma tomada de posição mais definida diante das idéias veiculadas pelos concretos paulistas. A exposição também ajuda a revelar a amplitude que a arte abstrato-geométrica de matriz construtiva e concreta, havia adquirido no Brasil. Após a mostra, o Grupo Frente simultaneamente rompe com os artistas de São Paulo e começa a se desintegrar. Dois anos depois, alguns de seus integrantes iriam se agrupar para iniciar o Movimento Neoconcreto um dos mais significativos da arte brasileira.
Fonte: GRUPO Frente. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Youtube
Rubem Mauro Cardoso Ludolf (Maceió, AL, 1932 — Rio de Janeiro, RJ, 26 de julho de 2010), mais conhecido como Rubem Ludolf, foi um pintor, arquiteto e paisagista brasileiro. Participou de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo, sendo premiado em 1967. Foi um dos nomes fortes do concretismo e integrou o grupo Frente, marco histórico do construtivismo brasileiro, ao lado de Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape e outros. Ludolf foi um dos pioneiros da abstração geométrica no Brasil e teve sua obra destacada entre os artistas concretos por críticos como Mário Pedrosa (1900-1981), que sublinhou a “delicadeza tonal” do pintor e sua inteligência visual, responsável pela criação de tramas que, superpostas, formavam um terceiro plano. Sua obra ficou marcada pela exploração de formas geométricas, tramas de intenso cromatismo, vibração luminosa das cores e seus jogos de profundidade.
Biografia
Forma-se pela Escola Nacional de Arquitetura da Universidade Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, em 1955. Nessa época, frequenta as aulas de Ivan Serpa (1923-1973) no curso livre de pintura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Participa do Grupo Frente a partir de 1955. Integra-se ao movimento concretista, entre 1956 e 1957. Paralelamente a sua atividade como artista plástico, Rubem Ludolf atua como arquiteto, entre 1954 e 1990, no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), dedicando-se principalmente ao paisagismo. Participa de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo, entre 1955 e 1967, recebendo o prêmio aquisição dessa última; é um dos integrantes da sala especial Arte Construída: homenagem a Waldemar Cordeiro, exibida na 12ª edição da mostra, em 1973.
Análise
Na metade da década de 1950, Rubem Ludolf cria obras abstrato-geométricas, nas quais explora as estruturas seriadas, o ritmo e os efeitos óticos, como ocorre em Assimetria Resultante do Deslocamento Simétrico, 1955 ou em Quase Quadrado, 1957. Em Ritmo, 1958, a estrutura é dada pela linha, pela superposição dos planos e por elementos que tendem ao signo gráfico. Na década de 1960, passa a substituir o rigor concretista por uma pintura caracterizada por pinceladas que constroem tramas de cor. Na opinião do crítico Roberto Pontual, é pela cor que tudo começa na obra de Rubem Ludolf, aspecto pelo qual sua produção revela afinidades com o neoconcretismo, apesar de ter sido circunstancialmente ligado ao concretismo paulista, entre 1956 e 1957.
O artista cria campos de forças onde os elementos, dispostos dinamicamente, se atraem em jogos de equivalências visuais. Em sua produção ocorre a rigorosa ordenação de formas e um apurado cromatismo, que estimulam a percepção visual do espectador.
Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em 1965, seus trabalhos são de grande delicadeza tonal, com tramas que se superpõem a ponto de formar, em certas telas, um terceiro plano, posterior. São essas tramas que caracterizam particularmente seu trabalho. Para o crítico Frederico Morais, as Tramas resultam de uma interligação de escritas ou de signos gráficos superpostos, que formam tessituras, nas quais explora os jogos de profundidade e vazio. O próprio movimento do espectador diante dos quadros, aproximando-se ou distanciando-se, cria novas vibrações cromáticas e novas descobertas para o olhar.
Na definição do próprio artista, seu trabalho consiste em "pintar a tela em branco como quem escrevesse com a cor, formando frases em pinceladas ordenadas ora num sentido, ora noutro, nunca a esmo. Continuar pintando (escrevendo) até que as tramas, labirintos, claro-escuros, signos tomem forma e comecem a respirar".1 No fim da década de 1980, sua obra volta a apresentar características construtivas, em cujas telas a ordenação cromática ocorre por meio de faixas horizontais.
Críticas
"Apesar de os artistas concretos do Rio de Janeiro logo terem se desvinculado da ortodoxia do Grupo Ruptura de São Paulo, criando o movimento neoconcreto, Ludolf manteve-se fiel aos princípios teóricos que nortearam o manifesto paulista. Sua obra seguiu regularmente as questões das estruturas seriadas,dos efeitos ópticos orientados pela visão gestáltica do espaço, da cor programada. Para Rubem Ludolf, a superfície do quadro funciona como um campo de forças onde os elementos, dispostos dinamicamente, se atraem em jogos de ambivalências visuais. A mecânica rigorosa de ordenação das formas no espaço e o cromatismo também tratado linear e metodicamentede forma a estimular a percepção sensorial do espectador, são as constantes principais de seu trabalho. Nos anos 60, entretanto, Mário Pedrosa já observa, tanto em Ludolf quanto em Décio Vieira, uma certa libertação do dogmatismo concreto, afirmando que ´cada um à sua maneira, libertando-se dos rigorismos técnicos, das limitações dogmáticas, sem ortodoxias e sem falsos arrependimentos, mostram terem assimilado e guardado dessa tendência o seu sentido otimista e construtivo".
Ligia Canongia (PROJETO Arte Brasileira: abstração geométrica 2. Rio de Janeiro: Funarte. Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1988.)
Exposições Individuais
1958 - São Paulo SP - Individual, Galeria de Arte das Folhas
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria de Arte do Ibeu
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria de Arte do Ibeu
1972 - Santos SP - Individual, Galeria do CCBEU
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Bonino
1979 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Candido Mendes
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Paulo Klabin
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Saramenha
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Saramenha
1986 - São Paulo SP - Individual, Galeria Paulo Klabin
1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria do Centro Empresarial Rio
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Galeria Paulo Klabin
1998 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Paço Imperial
1999 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf: Objetos Diretos
2002 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf: cor & rigor, Museu Nacional de Belas Artes
2003 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Estúdio Guanabara
2003 - São Paulo SP - Individual, Centro Cultural Maria Antonia
2005 - São Paulo SP - Rubem Ludolf: pinturas recentes, Galeria Berenice Arvani
2010 - Rio de Janeiro RJ - Rubem Ludolf - Obra Reunida, Caixa Cultural
2010 - São Paulo SP - Diálogos, Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Exposições Coletivas
1954 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Grupo Frente, Galeria Ibeu Copacabana
1955 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Grupo Frente, Museu de Arte Moderna
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão das Nações
1956 - Resende RJ - 3ª Grupo Frente, Itatiaia Country Club
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 - São Paulo SP - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, Museu de Arte Moderna
1957 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, Ministério da Educação e Cultura
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1961 - Paris (França) - 2ª Bienal de Paris, Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1964 - Rio de Janeiro RJ - 13º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, Museu de Arte Moderna
1965 - São Paulo SP - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas - prêmio aquisição
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal - prêmio aquisição
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, Museu de Arte Moderna
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, Museu de Arte Moderna
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, Museu de Arte Moderna
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, Pinacoteca do Estado
1981 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva Nuchy, Nuchy Galeria de Arte
1982 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna
1983 - Rio de Janeiro RJ - À Flor da Pele: pintura e prazer, Galeria do Centro Empresarial Rio
1984 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente 1954-1956, Galeria de Arte Banerj
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, Museu de Arte Moderna
1984 - São Paulo SP - Geometria 84, Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1984 - Volta Redonda RJ - Grupo Frente 1954-1956
1985 - Niterói RJ - Abraham Palatnik, Abelardo Zaluar, Rubem Ludolf, Galeria Cândida Boechat
1985 - São Paulo SP - Coletiva, Galeria Paulo Klabin
1986 - Resende RJ - Grupo Frente 1954-1956
1988 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Abstração Geométrica, Fundação Nacional de Artes. Centro de Artes
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1ª A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, Paço Imperial
1993 - Niterói RJ - Uma Rosa É Uma Rosa É Uma Rosa, Galeria de Arte UFF
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, Galeria de Arte do Sesi
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, Museu de Arte Moderna
1994 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Comemorativa dos 40 Anos de Fundação do Grupo Frente, Galeria Ibeu Copacabana
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal
1996 - Rio de Janeiro RJ - Geometria Rio, Paço Imperial
1996 - São Paulo SP - Desexp(l)os(ign)ição, Casa das Rosas
1997 - São Paulo SP - Arte Suporte Computador, na Casa das Rosas
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, Museu de Arte Contemporânea
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, Museu de Arte Moderna
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, Museu de Arte Moderna
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, Paço Imperial
2002 - Niterói RJ - Acervo em Papel, Museu de Arte Contemporânea
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2003 - Belo Horizonte MG - Geométricos, Léo-Bahia Arte Contemporânea
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, Centro Cultural Banco do Brasil
2003 - Cidade do México (México) - Cuasi Corpus: arte concreto y neoconcreto de Brasil: una selección del acervo del Museo de Arte Moderna de São Paulo y la Colección Adolpho Leirner, Museo Rufino Tamayo
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, Museu de Arte Moderna
2003 - Rio de Janeiro RJ - Vinte e Cinco Anos: Galeria de Arte Cândido Mendes, Galeria Candido Mendes
2004 - Rio de Janeiro RJ - Novas Aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateubriand, Museu de Arte Moderna
2005 - Belo Horizonte MG - 40/80: uma mostra de arte brasileira, Léo Bahia Arte Contemporânea
2005 - Porto Alegre RS - 5ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
2005 - São Paulo SP - Homo Ludens: do faz-de-conta à vertigem, Itaú Cultural
2006 - São Paulo SP - Concreta '56: a raiz da forma, Museu de Arte Moderna
2006 - São Paulo SP - Pincelada - Pintura e Método: projeções da década de 50, Instituto Tomie Ohtake
2007 - Houston (Estados Unidos) - Dimensions of Constructive Art in Brazil: The Adolpho Leirner Collection, The Museum of Fine Arts
2008 - São Paulo SP - Ruptura, Frente e Ressonâncias, Galeria Berenice Arvani
2009 - São Paulo SP - Anos 50 - 50 Obras, Galeria Berenice Arvani
2010 - São Paulo SP - Preto no Branco: do concreto ao contemporâneo, Galeria Berenice Arvani
2010 - São Paulo SP 6ª SP-Arte, Fundação Bienal
2018 – Em torno de Loio-Pérsio – Galeria Samba Arte Contemporânea/RJ
Fonte: RUBEM Ludolf. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 03 de Fev. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Morre aos 78 anos o artista concreto Rubem Ludolf
Pintor foi um dos nomes fortes do concretismo e integrou o grupo Frente com Ivan Serpa, Lygia Clark, entre outros.
Morreu no Rio o artista Rubem Ludolf, 78. Vítima de um aneurisma na aorta, ele estava internado havia dez dias no Hospital Samaritano.
Seu corpo foi velado no cemitério São João Batista, na zona sul, onde seria enterrado.
Ludolf nasceu em 1932, em Maceió, e se radicou depois no Rio. Estudou com o concretista Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna e depois integrou o grupo Frente ao lado de artistas como Lygia Pape, Lygia Clark e Aluísio Carvão.
Ele trabalhou até pouco antes da morte e concluiu uma exposição ainda em cartaz no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo.
Sua obra ficou marcada pela exploração de formas geométricas e tramas de intenso cromatismo. Críticos também ressaltam a vibração luminosa dessas cores e seus jogos de profundidade.
Ludolf descreveu o próprio processo como ato de "pintar a tela em branco como quem escrevesse com a cor, formando frases em pinceladas ordenadas até que as tramas, os signos tomem forma e comecem a respirar".
Ele participou cinco vezes da Bienal de São Paulo e foi homenageado com uma aquisição em 1967. Ludolf não se casou nem teve filhos.
Fonte: Folha, publicado por Silas Martí em 28 de julho de 2010.
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Grupo Frente
Marco histórico do movimento construtivo no Brasil, o Grupo Frente, sob a liderança do artista carioca Ivan Serpa (1923-1973), um dos precursores da abstração geométrica no Brasil, abre sua primeira exposição em 1954, na Galeria do Ibeu, no Rio de Janeiro. Participam da mostra, apresentada pelo crítico Ferreira Gullar (1930-2016), os artistas Aluísio Carvão (1920-2001), Carlos Val (1937- ), Décio Vieira (1922-1988), Ivan Serpa, João José da Silva Costa (1931- ), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927-2004) e Vicent Ibberson (19--), a maioria alunos ou ex-alunos de Serpa nos cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Apesar de informados pelas discussões em torno da abstração e da arte concreta, com obras que trabalham sobretudo no registro da abstração geométrica, o grupo não se caracteriza por uma posição estilística única, sendo o elo de união entre seus integrantes a rejeição à pintura modernista brasileira de caráter figurativo e nacionalista.
A abertura a outras formas de manifestação artística e uma maior liberdade em relação às teorias concretas de um Max Bill (1908 - 1994), por exemplo, torna-se mais patente na segunda exposição do grupo, em 1955, no MAM/RJ. Aos fundadores do grupo unem-se outros sete artistas: Abraham Palatnik (1928), César Oiticica (1939- ), Franz Weissmann (1911-2005), Hélio Oiticica (1937-1980), Rubem Ludolf (1932-2010), Elisa Martins da Silveira (1912-2001) e Emil Baruch (1920- ). Além da diversidade no que se refere às técnicas e materiais utilizados (pastel, xilogravura, objeto cinético, colagem etc), percebe-se também uma certa variação de estilos, como a pintura primitiva de Elisa Martins e a construção geométrica lírica e repleta de nuances de Décio Vieira. Como nota o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), em texto de apresentação dessa segunda mostra, não se trata "de uma panelinha fechada, nem muito menos uma academia onde se ensinam e se aprendem regrinhas e receitas para fazer abstracionismo, concretismo, expressionismo (...) e outros ismos". Ao contrário, aos olhos do crítico, o respeito à "liberdade de criação" é o postulado pelo qual lutam acima de tudo.
Para os artistas do Grupo Frente, a linguagem geométrica é, antes de qualquer coisa, um campo aberto à experiência e à indagação. A independência e individualidade com que tratavam os postulados teóricos da arte concreta estão no centro da crítica que o grupo concreto de São Paulo, principalmente o artista e porta-voz do movimento paulista Waldemar Cordeiro (1925-1973), faz ao grupo. A rigor, esses artistas não podem ser chamados de concretos em sentido estrito, pois de início ignoram a noção de objeto artístico como exercício de concreção racional de uma idéia, cuja execução deve ser previamente guiada por leis claras e inteligíveis, de preferência cálculos matemáticos. No entanto, é essa autonomia e certa dose de experimentação presente no Grupo Frente que garante o desenvolvimento singular que as poéticas construtivas vão conhecer nos trabalhos de alguns de seus integrantes ainda na segunda metade da década de 1950. Cabe lembrar das Superfícies Moduladas de Lygia Clark, das esculturas de Weissmann - em que o vazio passa a ser elemento ativo das estruturas -, das séries de relevos, poemas-objetos e poemas-luz e dos Tecelares de Lygia Pape, e das experiências cinéticas de Palatnik.
As últimas exposições do grupo ocorrem em 1956, em Resende e Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, organizada pelos concretos de São Paulo com a colaboração do grupo carioca - que ocorre em dezembro de 1956 e fevereiro de 1957 no MAM/SP em São Paulo e no Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Rio de Janeiro, respectivamente - torna evidente a distância entre os dois núcleos concretistas. Sua repercussão, tanto por parte do público quanto dos artistas, marca o início de uma nova fase da arte concreta brasileira, exigindo dos artistas cariocas uma tomada de posição mais definida diante das idéias veiculadas pelos concretos paulistas. A exposição também ajuda a revelar a amplitude que a arte abstrato-geométrica de matriz construtiva e concreta, havia adquirido no Brasil. Após a mostra, o Grupo Frente simultaneamente rompe com os artistas de São Paulo e começa a se desintegrar. Dois anos depois, alguns de seus integrantes iriam se agrupar para iniciar o Movimento Neoconcreto um dos mais significativos da arte brasileira.
Fonte: GRUPO Frente. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 20 de Abr. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Crédito fotográfico: Youtube