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Odetto Guersoni

Odetto Guersoni (Jaboticabal, SP, 1924 - São Paulo, SP, 8 de julho de 2007) foi um gravador, pintor, desenhista, ilustrador, escultor e professor. Mestre das técnicas, fez da gravura sua melhor expressão

Biografia Itaú Cultural

Estuda pintura e artes decorativas no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Laosp, entre 1941 e 1945. Nesse período, expõe no Sindicato dos Artistas Plásticos e freqüenta o círculo de artistas do Grupo Santa Helena. Em 1947, participa da exposição 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia, é contemplado com uma bolsa de estudo pelo governo francês, e viaja para Paris, onde inicia trabalhos em gravura. De volta ao Brasil, em 1951, funda a Oficina de Arte, em São Paulo. Em 1954, retorna à Europa por um ano, financiado pela Organização Internacional do Trabalho - OIT. Em Genebra, estuda gravura com René Cottet (1902 - 1992) e, em Paris, trabalha no ateliê de Stanley Hayter (1901 - 1988). De 1956 a 1957, assume a diretoria da União dos Artistas Plásticos de São Paulo. A partir de 1960, freqüenta, como estagiário, algumas escolas de arte nos Estados Unidos e no Japão como a The New York School of Printing e a Osaka University. Em 1971, também no Japão, freqüenta o ateliê de I. Jokuriti. Dois anos mais tarde, é eleito melhor gravador do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA. Participa, com sala especial, da Bienal Ibero-Americana de Montevidéu, em 1983. A Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp realiza uma retrospectiva de sua obra, em 1994.

Comentário crítico

Odetto Guersoni explora o amplo espectro de possibilidades da gravura. Além de utilizar técnicas como o metal, a litografia, a serigrafia e, especialmente, a xilogravura, desenvolve, na década de 1950, a filigrafia, em que as formas por ele elaboradas ganham pontos de bordados feitos por Bonadei (1906 - 1974). E, na década de 1960, a plastigrafia, em que realiza gravuras em superfícies pastosas, obtidas à base de gesso ou de outro material maleável. Na década de 1970, as investigações técnicas são associadas a imagens pictográficas, ideográficas, pesquisas de símbolos arcaicos, pinturas rupestres brasileiras e formas vegetais. Os desenhos são reduzidos a formas estilizadas, geométricas e transformados em elementos abstratos, gráficos.

O artista trabalha com poucas matrizes, que, organizadas em retângulos, quadrados ou círculos, se tornam módulos a serem combinados. Guersoni os justapõe, acrescenta, altera as cores e, com isso, compõe coloridas mandalas e geometrias estruturais. Com base em composições sucintas, produz vibrações de cores por meio de ilusões óticas. Em muitos de seus trabalhos em xilogravura da década de 1980 utiliza madeira lisa, facas, serras, goivas, punções, evitando as texturas naturais da madeira. Na impressão, abandona o colorido vibrante e emprega tintas dosadas com massas incolores, obtendo transparências por superposições.

Críticas

"Guersoni, rara e extraordinária figura das artes de São Paulo, pintor, gravador, escultor, um artista cujo percurso comemoramos nessa retrospectiva de sua obra. Vem do tempo em que o exercício da atividade artística estava impregnada de lirismos, incertezas, inquietações. Inquietações que pairavam no ar de uma cidade ainda provinciana e cada conquista tinha sabor de vitória, no espaço cada vez mais agigantado da nova metrópole. As rodas artísticas, as poucas galerias de arte, os salões de todos os anos, as críticas dos jornais eram elos de fortalecimento, na busca dos mais jovens. A celebração dos mais velhos na procura da realização plena de todos, cercados de um saudável amadorismo. Odetto vem deste invejável tempo e sua arte tem as marcas da procura silenciosa, de sua lealdade com o saber e o fazer, vocação de permanecer seguindo seu próprio caminho. Ao rever a obra de Odetto Guersoni e sua trajetória, celebramos a vitória do homem e sua permanência no tempo. Esse espaço que o acolheu como Liceu de Artes e Ofícios o acolhe agora como Museu, no momento mais grave de um artista com sua obra cinqüenta anos depois".

Emanoel Araújo (Odetto/50 depois. In: GUERSONI, Odetto. Guersoni: 50 anos de percurso do artista, 1944/1994. Texto José Roberto Teixeira Leite; apresentação Emanoel Araújo. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1994. p. 3.)

"Odetto Guersoni cultivava uma pintura de fria observação da realidade. Freqüentara o círculo de artistas do sindicato e aproximara-se dos pintores do Grupo Santa Helena, especialmente de Mario Zanini. Depois de estudos realizados em Paris (1948) voltar-se-ia para a gravura, modalidade gráfica que cultivou com constante empenho. Guersoni envolveu-se nos rumos da abstração: da série das suas fantasiosas plastigrafias (modalidade gráfica com uso do gesso que inventou nos anos 60) mudaria radicalmente depois para formas geométricas integrais. Um registro cabe à atividade exercida por este artista na reivindicação de soluções para os problemas de sua classe, desde os tempos do sindicato".

Walter Zanini (Os artistas surgidos com a exposição dos '19'. In: ___ (Org. ). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles: Fundação Djalma Guimarães, 1983. p. 652.)

"Após ter concluído o curso de arte decorativa no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1945, Odetto Guersoni, por cerca de dois anos, tenta sobreviver de sua pintura, como afirma em depoimento. Após o êxito da exposição 19 Pintores, de 1947, da qual participa, segue para Paris, onde realiza estágio na École Normale d'Apprentissage Industriel, no setor de artes gráficas. Ao retornar, passa a lecionar em escolas profissionalizantes. Sua atividade de professor de artes gráficas mantém-no na proximidade da gravura; como afirma, tal proximidade o faz dedicar-se integralmente à gravura, cuja complexidade valoriza o rigor. Em seu depoimento, evidencia entusiasmo pelas técnicas, quer quando sobre elas discorre eruditamente, quer quando especifica as que lhe caracterizam os trabalhos. Neste sentido, a plastigrafia é invenção sua, na medida em que transpõe para a gravura uma técnica milenar. Utilizada por Guersoni no início do decênio de 60, é reconhecida inovadora pela crítica, quando da exposição no MAM do Rio, em 1963, como se lê em jornais ou no catálogo escrito por Walter Zanini.

Odetto Guersoni traz, assim, para a gravura artística princípios de técnicas antigas de impressão, com as quais inicia também suas pesquisas informais. É certo que a plastigrafia encoraja gestos rápidos e incisões livres, relativamente às feitas na madeira. A gravação se faz em superfície, como indica o nome, pastosa. Feita de gesso, alvaiade, óleo, terebintina e secante, a pasta, uma vez aplicada à madeira, permite que Guersoni explore contrastes e texturas, o que, aliás, se observa menos em suas xilogravuras ulteriores. Quanto a estas, procurando eliminar veios, nós e outros acidentes da madeira, Guersoni recupera uma técnica xilográfica que se assemelha bastante à da estampa japonesa, na qual o liso predomina.

No início do decênio de 70 é sobretudo a matriz lisa que lhe interessa: com ela, realiza pesquisas gráficas a partir de formas geométricas. Partindo de várias matrizes ou de apenas uma, Odetto Guersoni compõe séries que valorizam a forma quadrada, retangular ou circular: módulos que, justapostos e sobrepostos, constroem-lhe as obras, de que é exemplo Jogo de Formas, de 1971. Nesta, são utilizadas duas matrizes, que diferem apenas pela dimensão. Repetidas com cores diferentes e sobrepostas parcialmente, estão dispostas de forma a se fecharem, como sua correlata menor, que configura no centro um quadrado. Tal jogo de formas simples é interpretado pelo artista como simbólico, dimensão básica de sua obra: 'Executo meus trabalhos dentro de um universo gráfico comum a todos: símbolos e suas combinações. Parto de um único elemento ou de um conjunto deles, o que me permite múltiplas composições, justapondo-os ou repetindo-os. (...) Já fiz quinze, vinte gravuras diferentes combinando apenas um módulo.'

O depoimento do início do ano 2000 retém as idéias presentes em texto de 1975, quando Guersoni afirma que parte 'de um elemento ou de um conjunto deles, jogando com eles ou justapondo-os em repetições estruturais (na busca de) alguma de suas múltiplas possibilidades de combinação'. Prossegue: 'Com esses elementos, traduzidos em placas de madeira, gravadas ou recortadas, e encontradas as suas combinações, executo o desenho definitivo num risco-suporte, o que possibilita a colocação das placas entintadas nos espaços determinados. Seguem-se as impressões sucessivas das placas, com o número de repetições necessárias, até a realização total da obra. As possibilidades de combinações são infinitas, o que torna o ato da procura extremamente fascinante'".

Mayra Laudanna (Odetto Guersoni. In: GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000. p. 216.)

Exposições Individuais

1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ

1978 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Sagazola

1978 - Coimbra (Portugal) - Individual, a convite da Fundação Gulbenkian

1978 - Lisboa (Portugal) - Individual, a convite da Fundação Gulbenkian

1978 - Porto (Portugal) - Individual, a convite da Fundação Gulbenkian

1980 - São Paulo SP - Odetto Guersoni, na Galeria Alberto Bonfiglioli

1983 - Ribeirão Preto SP - Individual, na Itaugaleria

1983 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Alberto Bonfiglioli

1986 - São Paulo SP - Guersoni em Duas e Três Dimensões, na Galeria Arte Aplicada

1990 - São Paulo SP - Guersoni: signos astrológicos: xilogravuras, na Arte Aplicada I Galeria e no Espaço Jean Louis Prieto

1993 - Campinas SP - Individual, na Galeria de Arte da Unicamp

1994 - São Paulo SP - Guersoni: 50 anos de percurso do artista, 1944-1994, na Pinacoteca do Estado

1995 - São Paulo SP - Recebe prêmio Melhor gravador do ano pela APCA

1999 - Santos SP - Individual, na Pinacoteca Benedito Calixto

2001 - São Paulo SP - Individual, na A Hebraica Galeria de Arte

Exposições Coletivas

1944 - São Paulo SP - 9º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1947 - São Paulo SP - 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia

1948 - Paris (França) - Peintres et Graveurs Etrangers, na École des Beaux-Arts

1949 - São Paulo SP - 13º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de prata

1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon

1952 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados

1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna

1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - menção honrosa

1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1957 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Arte Moderna

1957 - São Paulo SP - 12 Artistas de São Paulo, na Galeria de Arte das Folhas

1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1961 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1962 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas

1962 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte da Folha - 1º prêmio de gravura

1963 - Curitiba PR - 20º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná

1963 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1964 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio viagem pelo país

1965 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA

1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti

1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1968 - Bradford (Inglaterra) - First International Print Biennale

1968 - Salvador BA - 2ª Bienal Nacional da Bahia

1968 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1968 - São Paulo SP - 19 Pintores, na Tema Galeria de Arte

1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ

1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1970 - São Paulo SP - A Gravura Brasileira, no Paço das Artes

1970 - São Paulo SP - Antonio Henrique Amaral, Odetto Guersoni, Tomie Ohtake, Pedro Tort e Gerda Brentani, na Galeria Alberto Bonfiglioli

1970 - São Paulo SP - Pré-Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal

1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - prêmio aquisição

1971- São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1972 - Carpi (Itália) - Triennale Internazionale della Silografia Contemporanea - medalha de ouro

1972 - São Paulo SP - 2ª Exposição Internacional de Gravura, no MAM/SP

1972 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Masp - 1º prêmio de gravura

1972 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Masp

1972 - São Paulo SP - Salão Internacional de Gravura do Nugrasp - MAM/SP - Prêmio Novo Mundo

1973 - Punta del Leste (Uruguai) - 1º Encontro de Gravura dos Países da Bacia do Prata - prêmio internacional

1973 - Santo André SP - 6º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal

1974 - São Paulo SP - 6º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - prêmio aquisição

1976 - Florença (Itália) - 5ª Biennalle Internazionale della Gráfica d'Arte

1976 - Ibiza (Espanha) - Bienal de Gravura

1976 - São Paulo SP - O Desenho Jovem dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado

1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall

1977 - Washington D.C. (Estados Unidos) - The Original and its Reproduction: a Melhoramentos project, na Brazilian-American Cultural Institute

1978 - Curitiba PR - 1ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, no Centro de Criatividade

1978 - São Paulo SP - 19 Pintores, no MAM/SP

1979 - Ibiza (Espanha) - Bienal de Gravura

1980 - São Paulo SP - 12º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1982 - Maracaibo (Venezuela) - Bienal de Gravura - premiado

1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1982 - São Paulo SP - Ismenia Coaracy, Odetto Guersoni e Alice Brill, na Galeria Sesc Paulista

1983 - Montevidéu (Uruguai) - 1ª Bienal de Grabado Iberoamericano, no Museo de Arte Contemporânea - sala especial

1983 - Montevidéu (Uruguai) - Bienal Ibero-Americana

1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, na Fundação Cultural

1984 - Curitiba PR - 6º A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Casa Romário Martins

1984 - Ourinhos SP - Homenagem a Arte da Gravura no Brasil, na Itaugaleria

1984 - Rio de Janeiro RJ - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal

1987 - Campinas SP - 1ª Bienal Internacional de Gravura, no MACC

1988 - São Paulo SP - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Sesc/Pompéia

1989 - Copenhague (Dinamarca) - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Museu Charlottenborg

1991 - Valparaíso (Chile) - 10º Bienal Internacional de Arte - prêmio aquisição

1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1994 - São Paulo SP - Gravuras: sutilezas e mistérios, técnicas de impressão, na Pinacoteca do Estado

1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô e no Masp

1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no CCBB

1998 - São Paulo SP - Impressões: a arte da gravura brasileira, no Espaço Cultural Banespa - Paulista

1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi

1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. São Paulo: gravura hoje, no Palácio Gustavo Capanema

2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural

2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural

2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - A Xilogravura, no Escritório de Arte Augusta 664

2003 - São Paulo SP - Arte & Artistas: exposição dos dezenove pintores, no Masp. Galeria Prestes Maia

2004 - São Paulo SP - Coletiva de Artistas Contemporâneos, no Esporte Clube Sírio

2004 - São Paulo SP - Gesto e Expressão: o abstracionismo informal nas coleções JP Morgan Chase e MAM, no MAM/SP

2005 - São Paulo SP - Pequenas Grandes Obras, no Cultural Blue Life

Fonte: ODETTO Guersoni. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 28 de Abr. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Artista de extensa trajetória

Em 1948, com uma bolsa para o setor de artes gráficas, seguiu para a França. Lá aprendeu gravura com dois mestres opostos. De um lado, o inglês Stanley Hayter (1901-1988), inventivo, inquieto, considerado revolucionário naquela época. De outro, o francês René Cottet (1902-1992), um artesão exigente e perfeccionista. E, de volta ao Brasil, dedicou-se ao mesmo tempo à gravura, ao ensino e a trabalhos de programação visual.

Guersoni fez pinturas, esculturas, mas a gravura é seu gênero de preferência. Guersoni dedicou grande parte de sua longa trajetória a experimentar diversas técnicas da arte gráfica, até mesmo, a inventar novas técnicas.

Chegou a São Paulo jovem, com 17 anos, para estudar arte, no Liceu de Artes e Ofícios. Sua formação foi com a pintura e, foi o artista Mário Zanini o seu grande incentivador no início de sua carreira. A partir desse convívio, Guersoni teve certa relação também com o Grupo Santa Helena, do qual Zanini fazia parte, na década de 1940 – a litografia de Paris, de 1948, apresenta os arredores da cidade, uma tomada de casarios, de certa maneira remete às pinturas que os integrantes do grupo faziam.

Mas, a relação com o Santa Helena não foi determinante para a sua carreira. Se for para falar em grupo, o melhor é destacar sua participação, em 1947, da exposição do Grupo dos 19, com Marcello Grassmann, Sacilotto e Lothar Charoux, entre outros.

Gravura

Em 1948, Odetto Guersoni ganha uma bolsa do governo francês e vai a Paris estudar. Lá descobre a gravura e começa a se dedicar às artes gráficas, primeiro fazendo a técnica do metal. Depois dessa experiência, a gravura torna-se seu gênero por excelência. Odetto Guersoni faz, por exemplo, gravuras em sintonia com as preocupações expressionistas, como é visível na xilogravura À Margem da Vida, de 1950. Mas, ao mesmo tempo, é curioso como ele inicia suas inovações.

A amizade com outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Bonadei trabalhou com o bordado, com a costura, e com esse espírito de experimentação eles desenvolvem a filigrafia, “que consiste na utilização de fios de lã costurados na matriz, em um suporte duro, permitindo a impressão de relevos”. Em uma das obras feitas por meio dessa técnica, O Quadro, de 1952, duas figuras humanas, estilizadas, são feitas apenas com uso de linhas.

Plastigrafia

Outra inovação de Guersoni, na década de 1960, foi a técnica da plastigrafia, criada numa fase, mais gestual de sua arte, influenciada pelos caminhos apresentados nas Bienais de São Paulo naqueles anos. Por meio da plastigrafia, a matriz da gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o desenho usando objetos como um pente, uma caneta. A partir de então, a abstração vai se firmando nas obras de Guersoni, inclusive, “a geometria se impõe”.

Um mestre em várias técnicas e frentes, Odetto Guersoni faz obras em que as formas geométricas vão se justapondo, com o uso das cores, ele cria até mesmo transparências, faz relevos. Na década de 1970, ele cria mandalas e obras também com referência à optical art.

Enfim, com o tempo, Guersoni vai misturando todas essas experiências e, um artista que esteve “sempre pensando a gravura”, sem deixar de lembrar que o gravador também se dedicou a ensinar.

Odetto Guersoni nasceu em Jaboticabal, em 1916, filho de imigrantes italianos. Quando criança, mudou-se para a cidade de Monte Alto, mas no fim de sua adolescência, com 17 anos, rumou a São Paulo sozinho para estudar arte. Formou-se em pinturas e artes decorativas pelo Liceu de Artes e Ofícios, onde estudou na década de 1940. Prestes Maia Por sua formação, suas primeiras obras foram mais as do campo pictórico – “cultivava uma pintura de fria observação da realidade”, como escreveu o crítico Walter Zanini em texto de 1983 -, tanto que Guersoni começou a frequentar o ateliê do artista Mário Zanini, grande incentivador de sua carreira. Por causa dessa relação de amizade, Guersoni também conheceu outros integrantes do Grupo Santa Helena, do qual Zanini fazia parte. Ao mesmo tempo, Guersoni também começou a lecionar arte, em 1945, no Serviço Nacional da Indústria (Senai).

Em 1947, o primeiro marco de sua trajetória foi a participação da mostra do Grupo dos 19, na Galeria Prestes Maia, que trouxe à tona obras de então jovens criadores (e depois, importantes nomes da arte brasileira), como Marcello Grassmann, Flávio-Shiró, Maria Leontina, Aldemir Martins, Lothar Charoux e Luiz Sacilotto, Mário Gruber. É também nesse período, em 1948, que Guersoni, com bolsa de estudos concedida pelo Governo da França, vai a Paris estudar pintura na Academie de la Grande Chaumière e artes gráficas e industriais na École Superieur d’Art Graphique Estienne. Foi quando ele descobriu o gosto pela gravura, gênero pelo qual ficou conhecido e pelo qual experimentou e criou novas técnicas, que se tornaram sua marca, como se pode ver na mostra em cartaz na Estação Pinacoteca. Gravuras Nas artes gráficas, a primeira técnica explorada por Guersoni foi a gravura em metal. Na França, ele fez litografia (gravura que tem como matriz a pedra) – apenas duas peças dessa técnica em toda a sua vida.

Realizou também xilogravuras, mas poucas, algumas na década de 1950 sobre temas sociais inspirados no expressionismo. Nessa época também, a amizade com outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Como Bonadei trabalhou com bordado e costura – incluídos como uma técnica diferente de gravura, a filigrafia, feita com utilização de fios de lã costurados na matriz, o que permitia impressão de relevos. Depois, na 1960, Odetto Guersoni cria uma obra também de caráter experimental, mas mais voltada para a abstração. Em um momento sua gravura é gestual, inspirada nas obras do abstracionismo informal que aportavam nas Bienais de São Paulo daquele período. Guersoni criou a técnica da plastigrafia (na qual a matriz da gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o desenho usando objetos como um pente, uma caneta), para fazer uma obra com uma característica mais gestual. No campo da abstração, também fez obras de caráter geométrico e repetitivo. “A natureza é feita de formas geométricas. Basta reparar numa folha, numa flor e no ser humano”, explicou o artista ao Estado em 1998.

Dessa maneira, e a partir de então, Guersoni cria as suas famosas mandalas; faz trabalhos em que as formas vão se justapondo, algumas com forte referência à optical art. Com o uso das cores, cria até mesmo transparências. “As possibilidades de combinações são infinitas, o que torna o ato da procura fascinante”, disse em 2000, à historiadora Mayra Laudanna.

No dia 30 de junho, Guersoni inaugurou na sala do Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, espaço dedicado a mostras de artes gráficas na Estação Pinacoteca, uma retrospectiva de sua produção de gravuras, com 54 obras realizadas entre 1940 e 2003. A mostra, com curadoria de Ana Paula Nascimento, da equipe de curadores da Pinacoteca do Estado, ficando em cartaz até 30 de setembro.

Também em abril de 2007, Odetto Guersoni foi ao Sesc da Avenida Paulista na cerimônia de entrega dos prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), recebendo homenagem por sua extensa trajetória como gravador, pintor, escultor e professor.

Odetto Guersoni morreu em 8 de julho, em São Paulo, aos 91 anos, em decorrência de complicações com a medicação que tomava para se recuperar de uma trombose

Fonte: O explorador, publicado em 21 de novembro de 2017.

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Morre aos 91 anos

Morreu no domingo, 8 de julho, pela manhã, em São Paulo, aos 91 anos, o artista Odetto Guersoni, em decorrência de complicações com a medicação que tomava para se recuperar de uma trombose.

No dia 30, Guersoni inaugurou na sala do Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, espaço dedicado a mostras de artes gráficas na Estação Pinacoteca, uma retrospectiva de sua produção de gravuras, com 54 obras realizadas entre 1940 e 2003. A mostra, com curadoria de Ana Paula Nascimento, da equipe de curadores da Pinacoteca do Estado, fica em cartaz até 30 de setembro. Também neste ano, em abril, Odetto Guersoni foi ao Sesc da Avenida Paulista na cerimônia de entrega dos prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), recebendo homenagem por sua extensa trajetória como gravador, pintor, escultor e professor.

Odetto Guersoni nasceu em Jaboticabal, em 1916, filho de imigrantes italianos. Quando criança, mudou-se para a cidade de Monte Alto, mas no fim de sua adolescência, com 17 anos, rumou a São Paulo sozinho para estudar arte.

Formou-se em pinturas e artes decorativas pelo Liceu de Artes e Ofícios, onde estudou na década de 1940. Por sua formação, suas primeiras obras foram mais as do campo pictórico - "cultivava uma pintura de fria observação da realidade", como escreveu o crítico Walter Zanini em texto de 1983 -, tanto que Guersoni começou a freqüentar o ateliê do artista Mário Zanini, grande incentivador de sua carreira.

Por causa dessa relação de amizade, Guersoni também conheceu outros integrantes do Grupo Santa Helena, do qual Zanini fazia parte. Ao mesmo tempo, Guersoni também começou a lecionar arte, em 1945, no Serviço Nacional da Indústria (Senai).

Em 1947, o primeiro marco de sua trajetória foi a participação da mostra do Grupo dos 19, na Galeria Prestes Maia, que trouxe à tona obras de então jovens criadores (e depois, importantes nomes da arte brasileira), como Marcello Grassmann, Flávio-Shiró, Maria Leontina, Aldemir Martins, Lothar Charoux e Luiz Sacilotto, Mário Gruber.

É também nesse período, em 1948, que Guersoni, com bolsa de estudos concedida pelo Governo da França, vai a Paris estudar pintura na Academie de la Grande Chaumière e artes gráficas e industriais na École Superieur d’Art Graphique Estienne. Foi quando ele descobriu o gosto pela gravura, gênero pelo qual ficou conhecido e pelo qual experimentou e criou novas técnicas, que se tornaram sua marca, como se pode ver na mostra em cartaz na Estação Pinacoteca.

Nas artes gráficas, a primeira técnica explorada por Guersoni foi a gravura em metal. Na França, ele fez litografia (gravura que tem como matriz a pedra) - apenas duas peças dessa técnica em toda a sua vida. Realizou também xilogravuras, mas poucas, algumas na década de 1950 sobre temas sociais inspirados no expressionismo.

Nessa época também, a amizade com outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Como Bonadei trabalhou com bordado e costura - incluídos como uma técnica diferente de gravura, a filigrafia, feita com utilização de fios de lã costurados na matriz, o que permitia impressão de relevos.

Depois, na 1960, Odetto Guersoni cria uma obra também de caráter experimental, mas mais voltada para a abstração. Em um momento sua gravura é gestual, inspirada nas obras do abstracionismo informal que aportavam nas Bienais de São Paulo daquele período.

Guersoni criou a técnica da plastigrafia (na qual a matriz da gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o desenho usando objetos como um pente, uma caneta), para fazer uma obra com uma característica mais gestual.

No campo da abstração, também fez obras de caráter geométrico e repetitivo. "A natureza é feita de formas geométricas. Basta reparar numa folha, numa flor e no ser humano", explicou o artista ao Estado em 1998.

Dessa maneira, e a partir de então, Guersoni cria as suas famosas mandalas; faz trabalhos em que as formas vão se justapondo, algumas com forte referência à optical art. Com o uso das cores, cria até mesmo transparências. "As possibilidades de combinações são infinitas, o que torna o ato da procura fascinante", disse em 2000, à historiadora Mayra Laudanna.

Fonte: Estadão, por Camila Molina, do Estadão, em 10 de julho de 2007.

Crédito fotográfico: Rosangelaap

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"19 pintores" ou "Grupo dos 19"

O termo 19 Pintores refere-se à exposição realizada pela União Cultural Brasil-Estados Unidos, em 1947, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo, com o objetivo de divulgar o trabalho de um grupo de jovens artistas em início de carreira. Com idealização de Maria Eugênia Franco e organização de Rosa Rosenthal Zuccolotto, a seleção dos artistas segue dois critérios: ser novo e moderno.

Participam da exposição: Aldemir Martins, Maria Leontina, Marcelo Grassmann, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, A. Marx, Claudio Abramo, Camerini, Eva Lieblich, Flavio-Shiró, Huguette Israel, Jorge Mori, Andreatini, Maria Helena Milliet, Mário Gruber, Odetto Guersoni, Octávio Araújo, Raul Muller, Wanda. O júri de premiação, eleito pelos próprios artistas, é formado por Lasar Segall, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.

A maior parte das obras apresentadas tende ao expressionismo e ao realismo social. Amplamente difundida pela crítica especializada, a mostra alcança grande repercussão, e é visitada por mais de 50 mil pessoas. O evento inclui também conferências e debates sobre arte moderna, coordenados por Sérgio Milliet, Luís Martins e Lourival Gomes Machado. Milliet publica no jornal O Estado de S. Paulo três artigos com crítica positiva em relação ao evento. Elogia as obras, considerando-as de muita vitalidade, em especial as de Flavio-Shiró e Jorge Mori, mas reconhece que lhes faltam, como um todo, imaginação e poesia.

Os 19 Pintores não chegam a constituir um grupo. O principal mérito da mostra é expor ao público novas tendências, que se afirmam em décadas posteriores, sem forçar uma identidade estilística entre os artistas.

Fonte: 19 Pintores (1947 : São Paulo, SP). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 28 de Abr. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Odetto Guersoni (Jaboticabal, SP, 1924 - São Paulo, SP, 8 de julho de 2007) foi um gravador, pintor, desenhista, ilustrador, escultor e professor. Mestre das técnicas, fez da gravura sua melhor expressão

Odetto Guersoni

Odetto Guersoni (Jaboticabal, SP, 1924 - São Paulo, SP, 8 de julho de 2007) foi um gravador, pintor, desenhista, ilustrador, escultor e professor. Mestre das técnicas, fez da gravura sua melhor expressão

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Biografia Odetto Guersoni

Pergaminho da Arte - Odetto Guersoni

Biografia Itaú Cultural

Estuda pintura e artes decorativas no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Laosp, entre 1941 e 1945. Nesse período, expõe no Sindicato dos Artistas Plásticos e freqüenta o círculo de artistas do Grupo Santa Helena. Em 1947, participa da exposição 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia, é contemplado com uma bolsa de estudo pelo governo francês, e viaja para Paris, onde inicia trabalhos em gravura. De volta ao Brasil, em 1951, funda a Oficina de Arte, em São Paulo. Em 1954, retorna à Europa por um ano, financiado pela Organização Internacional do Trabalho - OIT. Em Genebra, estuda gravura com René Cottet (1902 - 1992) e, em Paris, trabalha no ateliê de Stanley Hayter (1901 - 1988). De 1956 a 1957, assume a diretoria da União dos Artistas Plásticos de São Paulo. A partir de 1960, freqüenta, como estagiário, algumas escolas de arte nos Estados Unidos e no Japão como a The New York School of Printing e a Osaka University. Em 1971, também no Japão, freqüenta o ateliê de I. Jokuriti. Dois anos mais tarde, é eleito melhor gravador do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA. Participa, com sala especial, da Bienal Ibero-Americana de Montevidéu, em 1983. A Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp realiza uma retrospectiva de sua obra, em 1994.

Comentário crítico

Odetto Guersoni explora o amplo espectro de possibilidades da gravura. Além de utilizar técnicas como o metal, a litografia, a serigrafia e, especialmente, a xilogravura, desenvolve, na década de 1950, a filigrafia, em que as formas por ele elaboradas ganham pontos de bordados feitos por Bonadei (1906 - 1974). E, na década de 1960, a plastigrafia, em que realiza gravuras em superfícies pastosas, obtidas à base de gesso ou de outro material maleável. Na década de 1970, as investigações técnicas são associadas a imagens pictográficas, ideográficas, pesquisas de símbolos arcaicos, pinturas rupestres brasileiras e formas vegetais. Os desenhos são reduzidos a formas estilizadas, geométricas e transformados em elementos abstratos, gráficos.

O artista trabalha com poucas matrizes, que, organizadas em retângulos, quadrados ou círculos, se tornam módulos a serem combinados. Guersoni os justapõe, acrescenta, altera as cores e, com isso, compõe coloridas mandalas e geometrias estruturais. Com base em composições sucintas, produz vibrações de cores por meio de ilusões óticas. Em muitos de seus trabalhos em xilogravura da década de 1980 utiliza madeira lisa, facas, serras, goivas, punções, evitando as texturas naturais da madeira. Na impressão, abandona o colorido vibrante e emprega tintas dosadas com massas incolores, obtendo transparências por superposições.

Críticas

"Guersoni, rara e extraordinária figura das artes de São Paulo, pintor, gravador, escultor, um artista cujo percurso comemoramos nessa retrospectiva de sua obra. Vem do tempo em que o exercício da atividade artística estava impregnada de lirismos, incertezas, inquietações. Inquietações que pairavam no ar de uma cidade ainda provinciana e cada conquista tinha sabor de vitória, no espaço cada vez mais agigantado da nova metrópole. As rodas artísticas, as poucas galerias de arte, os salões de todos os anos, as críticas dos jornais eram elos de fortalecimento, na busca dos mais jovens. A celebração dos mais velhos na procura da realização plena de todos, cercados de um saudável amadorismo. Odetto vem deste invejável tempo e sua arte tem as marcas da procura silenciosa, de sua lealdade com o saber e o fazer, vocação de permanecer seguindo seu próprio caminho. Ao rever a obra de Odetto Guersoni e sua trajetória, celebramos a vitória do homem e sua permanência no tempo. Esse espaço que o acolheu como Liceu de Artes e Ofícios o acolhe agora como Museu, no momento mais grave de um artista com sua obra cinqüenta anos depois".

Emanoel Araújo (Odetto/50 depois. In: GUERSONI, Odetto. Guersoni: 50 anos de percurso do artista, 1944/1994. Texto José Roberto Teixeira Leite; apresentação Emanoel Araújo. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1994. p. 3.)

"Odetto Guersoni cultivava uma pintura de fria observação da realidade. Freqüentara o círculo de artistas do sindicato e aproximara-se dos pintores do Grupo Santa Helena, especialmente de Mario Zanini. Depois de estudos realizados em Paris (1948) voltar-se-ia para a gravura, modalidade gráfica que cultivou com constante empenho. Guersoni envolveu-se nos rumos da abstração: da série das suas fantasiosas plastigrafias (modalidade gráfica com uso do gesso que inventou nos anos 60) mudaria radicalmente depois para formas geométricas integrais. Um registro cabe à atividade exercida por este artista na reivindicação de soluções para os problemas de sua classe, desde os tempos do sindicato".

Walter Zanini (Os artistas surgidos com a exposição dos '19'. In: ___ (Org. ). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles: Fundação Djalma Guimarães, 1983. p. 652.)

"Após ter concluído o curso de arte decorativa no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1945, Odetto Guersoni, por cerca de dois anos, tenta sobreviver de sua pintura, como afirma em depoimento. Após o êxito da exposição 19 Pintores, de 1947, da qual participa, segue para Paris, onde realiza estágio na École Normale d'Apprentissage Industriel, no setor de artes gráficas. Ao retornar, passa a lecionar em escolas profissionalizantes. Sua atividade de professor de artes gráficas mantém-no na proximidade da gravura; como afirma, tal proximidade o faz dedicar-se integralmente à gravura, cuja complexidade valoriza o rigor. Em seu depoimento, evidencia entusiasmo pelas técnicas, quer quando sobre elas discorre eruditamente, quer quando especifica as que lhe caracterizam os trabalhos. Neste sentido, a plastigrafia é invenção sua, na medida em que transpõe para a gravura uma técnica milenar. Utilizada por Guersoni no início do decênio de 60, é reconhecida inovadora pela crítica, quando da exposição no MAM do Rio, em 1963, como se lê em jornais ou no catálogo escrito por Walter Zanini.

Odetto Guersoni traz, assim, para a gravura artística princípios de técnicas antigas de impressão, com as quais inicia também suas pesquisas informais. É certo que a plastigrafia encoraja gestos rápidos e incisões livres, relativamente às feitas na madeira. A gravação se faz em superfície, como indica o nome, pastosa. Feita de gesso, alvaiade, óleo, terebintina e secante, a pasta, uma vez aplicada à madeira, permite que Guersoni explore contrastes e texturas, o que, aliás, se observa menos em suas xilogravuras ulteriores. Quanto a estas, procurando eliminar veios, nós e outros acidentes da madeira, Guersoni recupera uma técnica xilográfica que se assemelha bastante à da estampa japonesa, na qual o liso predomina.

No início do decênio de 70 é sobretudo a matriz lisa que lhe interessa: com ela, realiza pesquisas gráficas a partir de formas geométricas. Partindo de várias matrizes ou de apenas uma, Odetto Guersoni compõe séries que valorizam a forma quadrada, retangular ou circular: módulos que, justapostos e sobrepostos, constroem-lhe as obras, de que é exemplo Jogo de Formas, de 1971. Nesta, são utilizadas duas matrizes, que diferem apenas pela dimensão. Repetidas com cores diferentes e sobrepostas parcialmente, estão dispostas de forma a se fecharem, como sua correlata menor, que configura no centro um quadrado. Tal jogo de formas simples é interpretado pelo artista como simbólico, dimensão básica de sua obra: 'Executo meus trabalhos dentro de um universo gráfico comum a todos: símbolos e suas combinações. Parto de um único elemento ou de um conjunto deles, o que me permite múltiplas composições, justapondo-os ou repetindo-os. (...) Já fiz quinze, vinte gravuras diferentes combinando apenas um módulo.'

O depoimento do início do ano 2000 retém as idéias presentes em texto de 1975, quando Guersoni afirma que parte 'de um elemento ou de um conjunto deles, jogando com eles ou justapondo-os em repetições estruturais (na busca de) alguma de suas múltiplas possibilidades de combinação'. Prossegue: 'Com esses elementos, traduzidos em placas de madeira, gravadas ou recortadas, e encontradas as suas combinações, executo o desenho definitivo num risco-suporte, o que possibilita a colocação das placas entintadas nos espaços determinados. Seguem-se as impressões sucessivas das placas, com o número de repetições necessárias, até a realização total da obra. As possibilidades de combinações são infinitas, o que torna o ato da procura extremamente fascinante'".

Mayra Laudanna (Odetto Guersoni. In: GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000. p. 216.)

Exposições Individuais

1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ

1978 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Sagazola

1978 - Coimbra (Portugal) - Individual, a convite da Fundação Gulbenkian

1978 - Lisboa (Portugal) - Individual, a convite da Fundação Gulbenkian

1978 - Porto (Portugal) - Individual, a convite da Fundação Gulbenkian

1980 - São Paulo SP - Odetto Guersoni, na Galeria Alberto Bonfiglioli

1983 - Ribeirão Preto SP - Individual, na Itaugaleria

1983 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Alberto Bonfiglioli

1986 - São Paulo SP - Guersoni em Duas e Três Dimensões, na Galeria Arte Aplicada

1990 - São Paulo SP - Guersoni: signos astrológicos: xilogravuras, na Arte Aplicada I Galeria e no Espaço Jean Louis Prieto

1993 - Campinas SP - Individual, na Galeria de Arte da Unicamp

1994 - São Paulo SP - Guersoni: 50 anos de percurso do artista, 1944-1994, na Pinacoteca do Estado

1995 - São Paulo SP - Recebe prêmio Melhor gravador do ano pela APCA

1999 - Santos SP - Individual, na Pinacoteca Benedito Calixto

2001 - São Paulo SP - Individual, na A Hebraica Galeria de Arte

Exposições Coletivas

1944 - São Paulo SP - 9º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1946 - São Paulo SP - 10º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1947 - São Paulo SP - 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia

1948 - Paris (França) - Peintres et Graveurs Etrangers, na École des Beaux-Arts

1949 - São Paulo SP - 13º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1951 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de prata

1952 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon

1952 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados

1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna

1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes, no Belvedere da Sé - menção honrosa

1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1957 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Arte Moderna

1957 - São Paulo SP - 12 Artistas de São Paulo, na Galeria de Arte das Folhas

1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1961 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1962 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas

1962 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte da Folha - 1º prêmio de gravura

1963 - Curitiba PR - 20º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná

1963 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1964 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio viagem pelo país

1965 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA

1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti

1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1968 - Bradford (Inglaterra) - First International Print Biennale

1968 - Salvador BA - 2ª Bienal Nacional da Bahia

1968 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1968 - São Paulo SP - 19 Pintores, na Tema Galeria de Arte

1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ

1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1970 - São Paulo SP - A Gravura Brasileira, no Paço das Artes

1970 - São Paulo SP - Antonio Henrique Amaral, Odetto Guersoni, Tomie Ohtake, Pedro Tort e Gerda Brentani, na Galeria Alberto Bonfiglioli

1970 - São Paulo SP - Pré-Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal

1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - prêmio aquisição

1971- São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1972 - Carpi (Itália) - Triennale Internazionale della Silografia Contemporanea - medalha de ouro

1972 - São Paulo SP - 2ª Exposição Internacional de Gravura, no MAM/SP

1972 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Masp - 1º prêmio de gravura

1972 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Masp

1972 - São Paulo SP - Salão Internacional de Gravura do Nugrasp - MAM/SP - Prêmio Novo Mundo

1973 - Punta del Leste (Uruguai) - 1º Encontro de Gravura dos Países da Bacia do Prata - prêmio internacional

1973 - Santo André SP - 6º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal

1974 - São Paulo SP - 6º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - prêmio aquisição

1976 - Florença (Itália) - 5ª Biennalle Internazionale della Gráfica d'Arte

1976 - Ibiza (Espanha) - Bienal de Gravura

1976 - São Paulo SP - O Desenho Jovem dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado

1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1977 - São Paulo SP - Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall

1977 - Washington D.C. (Estados Unidos) - The Original and its Reproduction: a Melhoramentos project, na Brazilian-American Cultural Institute

1978 - Curitiba PR - 1ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, no Centro de Criatividade

1978 - São Paulo SP - 19 Pintores, no MAM/SP

1979 - Ibiza (Espanha) - Bienal de Gravura

1980 - São Paulo SP - 12º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1982 - Maracaibo (Venezuela) - Bienal de Gravura - premiado

1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1982 - São Paulo SP - Ismenia Coaracy, Odetto Guersoni e Alice Brill, na Galeria Sesc Paulista

1983 - Montevidéu (Uruguai) - 1ª Bienal de Grabado Iberoamericano, no Museo de Arte Contemporânea - sala especial

1983 - Montevidéu (Uruguai) - Bienal Ibero-Americana

1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, na Fundação Cultural

1984 - Curitiba PR - 6º A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Casa Romário Martins

1984 - Ourinhos SP - Homenagem a Arte da Gravura no Brasil, na Itaugaleria

1984 - Rio de Janeiro RJ - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet

1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal

1985 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal

1987 - Campinas SP - 1ª Bienal Internacional de Gravura, no MACC

1988 - São Paulo SP - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Sesc/Pompéia

1989 - Copenhague (Dinamarca) - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Museu Charlottenborg

1991 - Valparaíso (Chile) - 10º Bienal Internacional de Arte - prêmio aquisição

1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1994 - São Paulo SP - Gravuras: sutilezas e mistérios, técnicas de impressão, na Pinacoteca do Estado

1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô e no Masp

1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no CCBB

1998 - São Paulo SP - Impressões: a arte da gravura brasileira, no Espaço Cultural Banespa - Paulista

1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi

1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. São Paulo: gravura hoje, no Palácio Gustavo Capanema

2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural

2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural

2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural

2003 - São Paulo SP - A Xilogravura, no Escritório de Arte Augusta 664

2003 - São Paulo SP - Arte & Artistas: exposição dos dezenove pintores, no Masp. Galeria Prestes Maia

2004 - São Paulo SP - Coletiva de Artistas Contemporâneos, no Esporte Clube Sírio

2004 - São Paulo SP - Gesto e Expressão: o abstracionismo informal nas coleções JP Morgan Chase e MAM, no MAM/SP

2005 - São Paulo SP - Pequenas Grandes Obras, no Cultural Blue Life

Fonte: ODETTO Guersoni. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 28 de Abr. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Artista de extensa trajetória

Em 1948, com uma bolsa para o setor de artes gráficas, seguiu para a França. Lá aprendeu gravura com dois mestres opostos. De um lado, o inglês Stanley Hayter (1901-1988), inventivo, inquieto, considerado revolucionário naquela época. De outro, o francês René Cottet (1902-1992), um artesão exigente e perfeccionista. E, de volta ao Brasil, dedicou-se ao mesmo tempo à gravura, ao ensino e a trabalhos de programação visual.

Guersoni fez pinturas, esculturas, mas a gravura é seu gênero de preferência. Guersoni dedicou grande parte de sua longa trajetória a experimentar diversas técnicas da arte gráfica, até mesmo, a inventar novas técnicas.

Chegou a São Paulo jovem, com 17 anos, para estudar arte, no Liceu de Artes e Ofícios. Sua formação foi com a pintura e, foi o artista Mário Zanini o seu grande incentivador no início de sua carreira. A partir desse convívio, Guersoni teve certa relação também com o Grupo Santa Helena, do qual Zanini fazia parte, na década de 1940 – a litografia de Paris, de 1948, apresenta os arredores da cidade, uma tomada de casarios, de certa maneira remete às pinturas que os integrantes do grupo faziam.

Mas, a relação com o Santa Helena não foi determinante para a sua carreira. Se for para falar em grupo, o melhor é destacar sua participação, em 1947, da exposição do Grupo dos 19, com Marcello Grassmann, Sacilotto e Lothar Charoux, entre outros.

Gravura

Em 1948, Odetto Guersoni ganha uma bolsa do governo francês e vai a Paris estudar. Lá descobre a gravura e começa a se dedicar às artes gráficas, primeiro fazendo a técnica do metal. Depois dessa experiência, a gravura torna-se seu gênero por excelência. Odetto Guersoni faz, por exemplo, gravuras em sintonia com as preocupações expressionistas, como é visível na xilogravura À Margem da Vida, de 1950. Mas, ao mesmo tempo, é curioso como ele inicia suas inovações.

A amizade com outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Bonadei trabalhou com o bordado, com a costura, e com esse espírito de experimentação eles desenvolvem a filigrafia, “que consiste na utilização de fios de lã costurados na matriz, em um suporte duro, permitindo a impressão de relevos”. Em uma das obras feitas por meio dessa técnica, O Quadro, de 1952, duas figuras humanas, estilizadas, são feitas apenas com uso de linhas.

Plastigrafia

Outra inovação de Guersoni, na década de 1960, foi a técnica da plastigrafia, criada numa fase, mais gestual de sua arte, influenciada pelos caminhos apresentados nas Bienais de São Paulo naqueles anos. Por meio da plastigrafia, a matriz da gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o desenho usando objetos como um pente, uma caneta. A partir de então, a abstração vai se firmando nas obras de Guersoni, inclusive, “a geometria se impõe”.

Um mestre em várias técnicas e frentes, Odetto Guersoni faz obras em que as formas geométricas vão se justapondo, com o uso das cores, ele cria até mesmo transparências, faz relevos. Na década de 1970, ele cria mandalas e obras também com referência à optical art.

Enfim, com o tempo, Guersoni vai misturando todas essas experiências e, um artista que esteve “sempre pensando a gravura”, sem deixar de lembrar que o gravador também se dedicou a ensinar.

Odetto Guersoni nasceu em Jaboticabal, em 1916, filho de imigrantes italianos. Quando criança, mudou-se para a cidade de Monte Alto, mas no fim de sua adolescência, com 17 anos, rumou a São Paulo sozinho para estudar arte. Formou-se em pinturas e artes decorativas pelo Liceu de Artes e Ofícios, onde estudou na década de 1940. Prestes Maia Por sua formação, suas primeiras obras foram mais as do campo pictórico – “cultivava uma pintura de fria observação da realidade”, como escreveu o crítico Walter Zanini em texto de 1983 -, tanto que Guersoni começou a frequentar o ateliê do artista Mário Zanini, grande incentivador de sua carreira. Por causa dessa relação de amizade, Guersoni também conheceu outros integrantes do Grupo Santa Helena, do qual Zanini fazia parte. Ao mesmo tempo, Guersoni também começou a lecionar arte, em 1945, no Serviço Nacional da Indústria (Senai).

Em 1947, o primeiro marco de sua trajetória foi a participação da mostra do Grupo dos 19, na Galeria Prestes Maia, que trouxe à tona obras de então jovens criadores (e depois, importantes nomes da arte brasileira), como Marcello Grassmann, Flávio-Shiró, Maria Leontina, Aldemir Martins, Lothar Charoux e Luiz Sacilotto, Mário Gruber. É também nesse período, em 1948, que Guersoni, com bolsa de estudos concedida pelo Governo da França, vai a Paris estudar pintura na Academie de la Grande Chaumière e artes gráficas e industriais na École Superieur d’Art Graphique Estienne. Foi quando ele descobriu o gosto pela gravura, gênero pelo qual ficou conhecido e pelo qual experimentou e criou novas técnicas, que se tornaram sua marca, como se pode ver na mostra em cartaz na Estação Pinacoteca. Gravuras Nas artes gráficas, a primeira técnica explorada por Guersoni foi a gravura em metal. Na França, ele fez litografia (gravura que tem como matriz a pedra) – apenas duas peças dessa técnica em toda a sua vida.

Realizou também xilogravuras, mas poucas, algumas na década de 1950 sobre temas sociais inspirados no expressionismo. Nessa época também, a amizade com outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Como Bonadei trabalhou com bordado e costura – incluídos como uma técnica diferente de gravura, a filigrafia, feita com utilização de fios de lã costurados na matriz, o que permitia impressão de relevos. Depois, na 1960, Odetto Guersoni cria uma obra também de caráter experimental, mas mais voltada para a abstração. Em um momento sua gravura é gestual, inspirada nas obras do abstracionismo informal que aportavam nas Bienais de São Paulo daquele período. Guersoni criou a técnica da plastigrafia (na qual a matriz da gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o desenho usando objetos como um pente, uma caneta), para fazer uma obra com uma característica mais gestual. No campo da abstração, também fez obras de caráter geométrico e repetitivo. “A natureza é feita de formas geométricas. Basta reparar numa folha, numa flor e no ser humano”, explicou o artista ao Estado em 1998.

Dessa maneira, e a partir de então, Guersoni cria as suas famosas mandalas; faz trabalhos em que as formas vão se justapondo, algumas com forte referência à optical art. Com o uso das cores, cria até mesmo transparências. “As possibilidades de combinações são infinitas, o que torna o ato da procura fascinante”, disse em 2000, à historiadora Mayra Laudanna.

No dia 30 de junho, Guersoni inaugurou na sala do Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, espaço dedicado a mostras de artes gráficas na Estação Pinacoteca, uma retrospectiva de sua produção de gravuras, com 54 obras realizadas entre 1940 e 2003. A mostra, com curadoria de Ana Paula Nascimento, da equipe de curadores da Pinacoteca do Estado, ficando em cartaz até 30 de setembro.

Também em abril de 2007, Odetto Guersoni foi ao Sesc da Avenida Paulista na cerimônia de entrega dos prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), recebendo homenagem por sua extensa trajetória como gravador, pintor, escultor e professor.

Odetto Guersoni morreu em 8 de julho, em São Paulo, aos 91 anos, em decorrência de complicações com a medicação que tomava para se recuperar de uma trombose

Fonte: O explorador, publicado em 21 de novembro de 2017.

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Morre aos 91 anos

Morreu no domingo, 8 de julho, pela manhã, em São Paulo, aos 91 anos, o artista Odetto Guersoni, em decorrência de complicações com a medicação que tomava para se recuperar de uma trombose.

No dia 30, Guersoni inaugurou na sala do Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, espaço dedicado a mostras de artes gráficas na Estação Pinacoteca, uma retrospectiva de sua produção de gravuras, com 54 obras realizadas entre 1940 e 2003. A mostra, com curadoria de Ana Paula Nascimento, da equipe de curadores da Pinacoteca do Estado, fica em cartaz até 30 de setembro. Também neste ano, em abril, Odetto Guersoni foi ao Sesc da Avenida Paulista na cerimônia de entrega dos prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), recebendo homenagem por sua extensa trajetória como gravador, pintor, escultor e professor.

Odetto Guersoni nasceu em Jaboticabal, em 1916, filho de imigrantes italianos. Quando criança, mudou-se para a cidade de Monte Alto, mas no fim de sua adolescência, com 17 anos, rumou a São Paulo sozinho para estudar arte.

Formou-se em pinturas e artes decorativas pelo Liceu de Artes e Ofícios, onde estudou na década de 1940. Por sua formação, suas primeiras obras foram mais as do campo pictórico - "cultivava uma pintura de fria observação da realidade", como escreveu o crítico Walter Zanini em texto de 1983 -, tanto que Guersoni começou a freqüentar o ateliê do artista Mário Zanini, grande incentivador de sua carreira.

Por causa dessa relação de amizade, Guersoni também conheceu outros integrantes do Grupo Santa Helena, do qual Zanini fazia parte. Ao mesmo tempo, Guersoni também começou a lecionar arte, em 1945, no Serviço Nacional da Indústria (Senai).

Em 1947, o primeiro marco de sua trajetória foi a participação da mostra do Grupo dos 19, na Galeria Prestes Maia, que trouxe à tona obras de então jovens criadores (e depois, importantes nomes da arte brasileira), como Marcello Grassmann, Flávio-Shiró, Maria Leontina, Aldemir Martins, Lothar Charoux e Luiz Sacilotto, Mário Gruber.

É também nesse período, em 1948, que Guersoni, com bolsa de estudos concedida pelo Governo da França, vai a Paris estudar pintura na Academie de la Grande Chaumière e artes gráficas e industriais na École Superieur d’Art Graphique Estienne. Foi quando ele descobriu o gosto pela gravura, gênero pelo qual ficou conhecido e pelo qual experimentou e criou novas técnicas, que se tornaram sua marca, como se pode ver na mostra em cartaz na Estação Pinacoteca.

Nas artes gráficas, a primeira técnica explorada por Guersoni foi a gravura em metal. Na França, ele fez litografia (gravura que tem como matriz a pedra) - apenas duas peças dessa técnica em toda a sua vida. Realizou também xilogravuras, mas poucas, algumas na década de 1950 sobre temas sociais inspirados no expressionismo.

Nessa época também, a amizade com outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Como Bonadei trabalhou com bordado e costura - incluídos como uma técnica diferente de gravura, a filigrafia, feita com utilização de fios de lã costurados na matriz, o que permitia impressão de relevos.

Depois, na 1960, Odetto Guersoni cria uma obra também de caráter experimental, mas mais voltada para a abstração. Em um momento sua gravura é gestual, inspirada nas obras do abstracionismo informal que aportavam nas Bienais de São Paulo daquele período.

Guersoni criou a técnica da plastigrafia (na qual a matriz da gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o desenho usando objetos como um pente, uma caneta), para fazer uma obra com uma característica mais gestual.

No campo da abstração, também fez obras de caráter geométrico e repetitivo. "A natureza é feita de formas geométricas. Basta reparar numa folha, numa flor e no ser humano", explicou o artista ao Estado em 1998.

Dessa maneira, e a partir de então, Guersoni cria as suas famosas mandalas; faz trabalhos em que as formas vão se justapondo, algumas com forte referência à optical art. Com o uso das cores, cria até mesmo transparências. "As possibilidades de combinações são infinitas, o que torna o ato da procura fascinante", disse em 2000, à historiadora Mayra Laudanna.

Fonte: Estadão, por Camila Molina, do Estadão, em 10 de julho de 2007.

Crédito fotográfico: Rosangelaap

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"19 pintores" ou "Grupo dos 19"

O termo 19 Pintores refere-se à exposição realizada pela União Cultural Brasil-Estados Unidos, em 1947, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo, com o objetivo de divulgar o trabalho de um grupo de jovens artistas em início de carreira. Com idealização de Maria Eugênia Franco e organização de Rosa Rosenthal Zuccolotto, a seleção dos artistas segue dois critérios: ser novo e moderno.

Participam da exposição: Aldemir Martins, Maria Leontina, Marcelo Grassmann, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, A. Marx, Claudio Abramo, Camerini, Eva Lieblich, Flavio-Shiró, Huguette Israel, Jorge Mori, Andreatini, Maria Helena Milliet, Mário Gruber, Odetto Guersoni, Octávio Araújo, Raul Muller, Wanda. O júri de premiação, eleito pelos próprios artistas, é formado por Lasar Segall, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.

A maior parte das obras apresentadas tende ao expressionismo e ao realismo social. Amplamente difundida pela crítica especializada, a mostra alcança grande repercussão, e é visitada por mais de 50 mil pessoas. O evento inclui também conferências e debates sobre arte moderna, coordenados por Sérgio Milliet, Luís Martins e Lourival Gomes Machado. Milliet publica no jornal O Estado de S. Paulo três artigos com crítica positiva em relação ao evento. Elogia as obras, considerando-as de muita vitalidade, em especial as de Flavio-Shiró e Jorge Mori, mas reconhece que lhes faltam, como um todo, imaginação e poesia.

Os 19 Pintores não chegam a constituir um grupo. O principal mérito da mostra é expor ao público novas tendências, que se afirmam em décadas posteriores, sem forçar uma identidade estilística entre os artistas.

Fonte: 19 Pintores (1947 : São Paulo, SP). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: Itaú Cultural. Acesso em: 28 de Abr. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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