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Walter Lewy

Walter Max Lewy (Bad Oldesloe, Alemanha, 10 de novembro de 1905 - São Paulo, Brasil, 18 de dezembro de 1995), mais conhecido como Walter Lewy, foi um pintor, gravador, ilustrador, paisagista, desenhista e publicitário alemão. Nascido na Alemanha, Lewy estudou na Escola de Dortmund, na Alemanha, onde filiou-se à tendência do realismo mágico. Em 1938, vem para o Brasil, radicando-se em São Paulo, onde dedicou-se ao desenho de propaganda, à gravura e à ilustração, fazendo ilustrações em livros para diversas editoras, em obras de renomados autores: Machado de Assis, Sérgio Milliet, Franz Kafka, Arnold Toynbee, entre outros. Sua pintura contempla o seu imaginário no âmbito irracional e delirante, onde mescla paisagens lunares, plantas fantásticas, objetos amorfos e indefinidos, inseridos num espaço espectral e onírico. Diante do conjunto de suas obras, não restou dúvida de se tratar de um grande expoente da história da arte no Brasil. No total, foram expostas 111 obras, sendo 74 pinturas, 30 gravuras, quatro cadernos de desenhos e três livros ilustrados, produzidas entre 1943 e 1995, ano de sua morte. Expôs por diversas vezes no Brasil e exterior. Destacou-se no Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, São Paulo, 1942/1947; na Bienal Internacional de Arte de São Paulo, várias edições entre 1951 e 1975; no 1º e 2º Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1952/1957; no Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, várias edições entre 1952 e 1965; na Premissas 3, na Fundação Armando Álvares Penteado, Faap, São Paulo, 1966 e na Retrospectiva - 35 Anos de Pintura no Brasil, no Museu de Arte de São Paulo, Masp, 1974. Walter Lewy foi um dos principais nomes do surrealismo no Brasil, tanto que o próprio artista declarava que o surrealismo era uma necessidade de renovação, não só adequada ao momento de guerras que vivia, mas principalmente por ser uma fonte inesgotável de inspiração.

Biografia – Itaú Cultural

Estudou na Escola de Artes e Ofícios de Dortmund, Alemanha, entre 1923 e 1927. Nesse período, filia-se à tendência do realismo mágico. Já em 1928, participa de coletivas em Dortmund, Gelsenkirchen, Boclusim e outras cidades. Com a crise econômica de 1929, Lewy perde seu emprego de desenhista numa gráfica e vai viver com os pais no interior, tornando-se ilustrador de anedotas em jornais. Realiza sua primeira exposição individual em Bad Lippspringe em 1932, mas ela é fechada quando a Câmara de Arte Alemã proíbe a participação de judeus na vida artística. Escapando dessa situação opressora, o artista imigra para o Brasil em 1938, retomando profissionalmente a pintura. Deixa para trás centenas de trabalhos, que são enviados para a Holanda e perdidos durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). No Brasil, fixa-se em São Paulo. Nos primeiros anos fez desenho publicitário e mais tarde capas de livros e ilustrações para diversas editoras. Ilustra obras de Bertrand Russell, Machado de Assis e Arnold Toynbee, entre outras. Mais tarde, emprega-se como diagramador, letrista e arte-finalista nas agências de propaganda De Carli, Lintas Publicidade, Martinelli, Santos & Santos e Thompson Propaganda.

Análise

Walter Lewy é apontado como um dos principais nomes do surrealismo no Brasil, tanto que o próprio artista declara:

"Acredito que o surrealismo tenha sido, para mim, uma necessidade de renovação, não só adequada ao momento (de entre guerras) que vivíamos, mas inclusive uma entrada num campo inesgotável. Para mim, o surrealismo é inesgotável, renova-se sempre e, pelo seu próprio conteúdo, permanece atual."

Sua pintura constitui-se de um imaginário pessoal irracional e delirante, em que se mesclam paisagens lunares, plantas fantásticas, objetos amorfos e indefinidos, inseridos num espaço espectral e onírico. Há em suas telas algo do imobilismo e da transcendência das obras metafísicas de Giorgio de Chirico. O artista se vale de massas cromáticas chapadas e intensas, e evoca o universo imaginário de escritores como Júlio Verne e Edgar Allan Poe, e de pintores como Max Ernst e Yves Tanguy. Em relação à obra de Lewy, o crítico Sérgio Milliet observa que ela possui uma primeira fase de deformação da figura e de exploração do absurdo poético, passando então pela experiência das formas em liberdade até chegar, afinal, à pintura de um mundo de fantasia cósmica.2 Ainda segundo o crítico, o domínio de seu instrumento de trabalho é perceptível por meio de sua obra, na limpeza da execução e na consciente harmonia do colorido e dos valores.

Críticas

"Apesar de um período de trabalho, logo após a chegada ao Brasil no fim da década de 1930, em que o estímulo direto da nova terra o fez preocupar-se em retratar nossos tipos populares e costumes, especialmente através de desenhos e gravuras, a pintura de Walter Lewy, desde antes da transferência, mas sobretudo nos últimos quinze ou vinte anos, observa ligação natural com o surrealismo. Nesse âmbito, a atmosfera que mais o atrai é aquela em que possa situar um conjunto de símbolos de substrato onírico, refazendo toda a realidade objetiva em termos de um novo universo de formas reconhecíveis, porém deslocadas de sua situação original, ou de formas obtidas por dilacerações e acúmulo de elementos orgânicos, viscerais ou de fundo erótico. Tal como em Max Ernst e Yves Tanguy, dois surrealistas de cuja linhagem Lewy mais se aproxima, há nessa pintura, mental e narrativa, desejo de comentar alegoricamente a condição humana na trama da contemporaneidade, em busca de características universais e intemporais que a definam para além das contingências de uma só época e momento. A mediação mental, amalgamando configurações vegetais e minerais num mundo tão real quanto fantástico, visa a colocar o agora na amplitude de um fluxo que abole toda circunstância de tempo e lugar" — Roberto Pontual (PONTUAL, Roberto. Arte/Brasil/hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973).

"(...) Já há sessenta anos ele está criando estes encantos com uma grande fidelidade aos seus conceitos, evoluindo suas paisagens fantásticas para uma visão cósmica nunca vista antes. Entre nós, no Brasil, ele representa de maneira singular a arte que cria mundos imaginários, nos confronta com o mundo dos sonhos, nos leva para uma natureza de formações e plantas, representadas em desenho e formas bem exatas. É uma pintura de técnica superba, comparável à dos mestres antigos. Em cores bem vivas ela nos dá o prazer de sentir uma integração astral, inteiramente concebida pela mente e pelos pincéis do mestre. Com estas suas obras Walter Lewy, um dos grandes nomes do surrealismo, se tornou exponente sui generis na história e na atualidade da criação artística no Brasil" — Wolfgang Pfeiffer (HOMENAGEM a Walter Lewy: óleos e litografias. Apresentação de Wolfgang Pfeiffer. São Paulo: Faculdade Santa Marcelina, Galeria, 1985).

Exposições Individuais

1932 - Bad Lippspringe (Alemanha) - Primeira Individual, imediatamente fechada quando a Câmara de Arte Alemã proíbe a participação dos judeus na vida artística

1944 - São Paulo SP - Individual, no Atelier Clóvis Graciano

1947 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Domus

1956 - São Paulo SP - Individual, no Masp

1960 - Campinas SP - Individual, na Galeria Aremar

1963 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Luís

1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia

1966 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria Guignard

1966 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Brasileira de Arte

1967 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia

1968 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Goeldi

1972 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Portal

1974 - São Paulo SP - Retrospectiva, no MAM

1974 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Bonfiglioli - melhor exposição do ano, prêmio de viagem ao exterior pela Abca

1976 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret

1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Alberto Bonfiglioli

1982 - São Paulo SP - O Dimensionismo Fantástico de Walter Lewy, na Galeria Uirapuru

1985 - São Paulo SP - Homenagem a Walter Levy, na Galeria da Faculdade Santa Marcelina

1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Uirapuru

1989 - São Paulo SP - Individual, no Espaço Aldo Marchand

1990 - São Paulo SP - Surrealismo Tropical, no Espaço Cultural Banco Central do Brasil

Exposições Coletivas

1941 - São Paulo SP - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias, no Parque da Água Branca

1942 - São Paulo SP - 7º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1944 - São Paulo SP - 9º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1945 - São Paulo SP - Galeria Domus: mostra inaugural, na Galeria Domus

1946 - Santiago (Chile) - Mostra de Artistas Brasileiros

1947 - São Paulo SP - Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon

1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna

1952 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - grande medalha de prata

1953 - Japão - 2ª International Art Exhibition

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados

1954 - Salvador BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia

1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de ouro

1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações

1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1956 - Salvador BA - Salão Baiano de Belas Artes - medalha de bronze

1957 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna

1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho

1963 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - 1º Prêmio Governo do Estado

1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1966 - São Paulo SP - Três Premissas, no MAB-FAAP

1967 - São Paulo SP - 12 Artistas Surrealistas, no Auditório Itália

1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1970 - São Paulo SP - 2º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970

1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio

1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1973 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Documenta

1974 - São Paulo SP - Retrospectiva - 35 Anos de Pintura no Brasil, no Masp

1975 - Penápolis SP - 1º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1976 - Penápolis SP - 2º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1976 - São Paulo SP - 8º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall

1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1978 - Penápolis SP - 3º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1978 - Rio de Janeiro RJ - 18ª Exposição Arte e Pensamento Ecológico, na Biblioteca Euclides da Cunha

1978 - São Paulo SP - 16ª Arte e Pensamento Ecológico, na Cetesb

1980 - Penápolis SP - 4º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1985 - Penápolis SP - 6º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - São Paulo SP - A Arte do Imaginário, na Galeria Encontro das Artes

1990 - São Paulo SP - Surrealismo Tropical, no CCBB

1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, no MAM/RJ

Exposições Póstumas

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ

1996 - Osasco SP - 4ª Mostra de Arte, no Centro Universitário Fieo

1996 - São Paulo SP - O Mundo de Mario Schenberg, na Casa das Rosas

1998 - São Paulo SP - Impressões: a arte da gravura brasileira, no Espaço Cultural Banespa-Paulista

2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa

2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP

2003 - São Paulo SP - A Arte Atrás da Arte: onde ficam e como viajam as obras de arte, no MAM/SP

2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB/Faap

Fonte: WALTER Lewy. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 12 de setembro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Biografia – Wikipédia

Walter Lewy estudou na Escola de Artes e Ofícios de Dortmund, na Alemanha, entre 1923 e 1927. Realizou sua primeira exposição individual em Bad Lippspringe, em 1932, mas ela foi fechada quando a Câmara de Arte Alemã proibiu a participação de judeus na vida artística. Veio para o Brasil em 1938, deixando para trás centenas de trabalhos que, enviados para a Holanda, foram perdidos durante bombardeio, radicando-se em São Paulo.

Trajetória

Expôs individualmente no ateliê de Clóvis Graciano em 1944. Entre as exposições das quais participou, destacam-se:

Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, São Paulo, 1942/1947.

Bienal Internacional de Arte de São Paulo, várias edições entre 1951 e 1975.

1º e 2º Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1952/1957.

Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, várias edições entre 1952 e 1965.

Premissas 3, na Fundação Armando Álvares Penteado, Faap, São Paulo, 1966.

Retrospectiva - 35 Anos de Pintura no Brasil, no Museu de Arte de São Paulo, Masp, 1974.

Após sua morte, suas obras figuraram na mostra O Mundo de Mário Schenberg, na Casa das Rosas, São Paulo, 1996.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 12 de setembro de 2022.

Walter Lewy: Mestre do Surrealismo no Brasil 2013 - finalizado A mostra retrospectiva – Base 7

Mestre do Surrealismo no Brasil, apresentou ao público a excelência da obra de um artista que atualizou o debate em torno das singularidades do surrealismo no Brasil ao relacionar aspectos oníricos ao universo da cultura popular do país, que Lewy adotou como seu. Diante do conjunto de obras, então não restou dúvida se tratar de um grande expoente da história da arte no Brasil. No total, foram expostas 111 obras, sendo 74 pinturas, 30 gravuras, quatro cadernos de desenhos e três livros ilustrados, produzidas entre 1943 e 1995, ano de sua morte, e que ficaram na Fundação até o dia 18 de agosto de 2013. O projeto ainda integrou a programação cultural da temporada “Alemanha + Brasil 2013- 2014”. A exposição destacou a produção gráfica de Lewy, revelando a maestria de seu desenho e a importância desta técnica em sua arte. De fato, uma vez estabelecido em São Paulo, o artista dedicou-se ao desenho de propaganda, à gravura e à ilustração, fazendo capas de livros, apoiado nos princípios formais de sua sólida educação artística alemã nas disciplinas de desenho e gravura. Assim, ilustrou vários livros para diversas editoras, em obras de renomados autores: Machado de Assis, Sérgio Milliet, Franz Kafka, Arnold Toynbee, entre outros. Paralelamente à exposição, o projeto contou com o lançamento do documentário Walter Lewy, pintor do silêncio, produzido por Claude Martin Vaskou, sobre a vida e obra do artista. Com duração de 26 minutos, com testemunhos de familiares, críticos de arte e colecionadores. E ainda, com um ciclo de palestras reunindo importantes estudiosos sobre a obra de Walter Lewy. A concepção e curadoria da mostra foi de Daisy Peccinini e a idealização de Claude Martin Vaskou e de Márcia Feldon Borger. A exposição contou com o apoio da Lei Rouanet, Lei Mendonça e do Consulado da Alemanha em São Paulo. Os patrocinadores foram Redecard, Banco Rendimento, Espace Center e Deutsche Bank. Realização, Ministério da Cultura, Fundação José e Paulina Nemirovsky, Ritual Cultura e Entretenimento e Base7 Projetos Culturais.

Fonte: Base 7. Consultado pela última vez em 13 de setembro de 2022.

W. Lewy, botânico e cósmico, surrealista e obsessivo

Comecei pintando influenciado pelo grupo alemão do realismo mágico, pelo realismo fantástico de minha terra, que nada tem a ver com a minha obra atual... Em 1939 comecei minha fase surrealista, a que permaneço fiel e imutável até hoje... Sempre gostei do fantástico e há muitas décadas leio quase que exclusivamente “Science fiction”, cuja temática de mundos interplanetários e seres imaginários evidentemente influenciam minha obra... Não creio que tenha recebido, nos inícios da minha carreira, influências de Dali, mas hoje, detesto-o, não o considero um bom pintor... O que pinto não se situa cá na Terra, mas no mundo dos novos planetas, deserto de homens, imaginário e cósmico... Considero-me um artista surrealista, no sentido estrito do termo, e abomino classificações como pintor “fantástico”, “mágico” ou da “nova figuração”.

Pequeno, saudável, educado, paciente, ágil em seus sessenta e sete anos, cabelos longos sobre os ombros, óculos de grossas lentes, Walter Lewy está em seu ateliê, entre suas telas imaginárias de mundos silenciosos, junto à sua biblioteca de milhares de livros – exclusivamente ficção científica e botânica. Sempre gostou de plantas – suculentas e eufórbias. Sua coleção dessa espécie. Sua coleção dessa espécie rara, equivalente aos cactos da África, é talvez a maior e mais especializada do país.

"Explorei-as bastante em minhas telas numa fase do meu surrealismo, já as comerciei, hoje, porém, cultivo-as exclusivamente por prazer", diz Lewy, tomando um cafezinho, preparado aparatosamente por Dirce, sua mulher. Ele não toma uísque. Nem cerveja, nem chopp. É um alemão sem caneca, brinca o fotógrafo Jarbas Marcondes.

Às vezes raramente bebe um “Pernod”. Dirce não esconde os belos traços de ex-modelo – brinca e provoca permanentemente “o meu alemão Walter Lewy”. Chegam do colégio estadual os dois filhos, Evelyn e Leslie. São morenos e simpáticos. Geraldo de 10 anos, filho adotivo, sob e desce as escadas, e uma espécie de secretário geral da casa do pintor.

– Minha pintura atual continua com figuras, paisagens, minerais, pedras, planetas no espaço, sempre dentro do surrealismo... Sou considerado figurativo, mas não me enquadro na chamada nova figuração. Esta seria a retomada da pintura com expressão abstrata, cubista, etc., enquanto a pintura surrealista tem uma evolução constante e eu me considero dentro dessa pesquisa permanente e dessa evolução... Sou um teimoso que ainda acredita em tela, pincel e tinta... Acho o surrealismo uma das poucas escolas que realmente possibilitam uma verdadeira comunicação entre o pintor e o público.

Lewy levanta-se cedo, por volta das 6 horas. Toma um ralo café, não lê jornal. Começa a trabalhar cedo. Se ninguém o interrompe vai pintando até a hora do almoço. O ateliê fica no terceiro pavimento da casa, estrategicamente situada num lance alto do Morumbi, com excelente vista para os Jardins e Santo Amaro, adiante da Marginal. A luz entra forte pela janela, Lewy só pinta sob a luz do dia. Almoçou sobriamente dom Dirce e os filhos – ele e ela comem pouco. De quando em quando, num domingo, prepara ele próprio um prato preferido – repolho roxo, com vinho, açúcar e maçã. À tarde, volta logo ao trabalho, segue firme até às 6/7 horas. Nas segundas e terças, passa o dia numa escola de arte, tem mais de 100 alunos. Mas vai deixar o ensino da pintura, para dedicar-se exclusivamente à sua própria arte. Se vai à cidade é para pagar uma conta, essas coisas do cotidiano. Gosta de pintar tranquilamente, escutando rádio e pressentido os ventos, lá fora, do Morumbi, vendo passar o trem da Sorocabana, os gigantescos aviões que pousam em Congonhas.

- Não tenho contrato com galerias, vendo minhas telas particularmente e, felizmente, tenho fregueses certos – entre outros, Adolfo Buck, Bernard Goldfard, Hermínio Lunardelli, que agora me encomendou um retrato... Os retratos que faço, produto fixar fielmente cada rosto e, depois, aí é que é o problema. Faço uma composição surrealista em cada obra, mas é estimulante encontrar soluções adequadas a cada caso... Quando pinto, faço um esboço de cada tela, antes, num caderno e, depois, passo os temas às telas de pano de algodão, que também prefiro preparar cuidadosamente... Uso tintas nacionais, da mesma marca, há 30 anos, e pincéis e espátulas também nossas... Por sorte tenho uma disciplina à noite, deita-se pelas 11 horas, após absorver histórias de ficção, preferindo americanas ou inglesas, coisas fantásticas, assuntos da vida futura, o homem interplanetário. Música clássica, escuta sempre Mozart e Haydn e, moderna, prefere Stravinsky, Prokofieff e Carl Orff. Dorme tranquilamente, não tem visões em sonhos ou qualquer inspiração onírica. Diz que sua pintura vem exclusivamente da imaginação consciente, dirigida, treinada, adquirida, disciplinada da tarimba de criar.

– A arte atual? A aventura toma conta de tudo, não se pode avaliar o valor real dos moços, dos novos movimentos... Sou contra os leilões e não tenho quadros em galerias. Tudo está dominado pelo comércio... Prefiro ficar de fora. Umas telas minhas que figuraram nos últimos leilões, foram decerto entregues por outras pessoas, não por mim... Os jovens estão influenciados pela onda “pop” e pelo gigantismo estéril das bienais, que, a meu ver, deturpam a pintura brasileira... Só se pode avaliar hoje os valores mais antigos, dos quais, acho, que o mais autenticamente brasileiro, continua a ser Teruz, que foi inclusive, o inspirador maior de Portinari... A gravura, tem algumas coisas excelentes. Destaco Otávio Araújo, Babinski, Mário Gruber, para não citar outros; no desenho, vários bons, sem citar nomes; o movimento primitivista progride; e essas novas tentativas, arte cinética e arteônica, não me tocam, são absolutamente dominadas pela técnica... A arte, sem criação da sensibilidade, sem o domínio exílio do metiê, pelo artista, a arte dominada pela máquina, não é arte.

Lewy volta a falar de seu surrealismo, das fases, dentro dessa tendência, que já passou: elétrica, das catedrais, vegetal, erótica, dos planetas cúbicos, a cósmica atual; mostra pelas paredes, telas e fases, mas não tem nenhum quadro anterior a 1958. Tudo foi vendido, na “dura” luta pela sobrevivência, sempre fiel a si mesmo. A casa, comprado do pintor Heinz Kuehne, é espaçosa e confortável, e decorada com móveis antigos, gamelas, santos de igrejas, polões, oratórios, tapetes de Regina Graz, cerâmica de Tatin, máscara de Guma, ex-votos da Ilha da Páscoa, esculturas de Sakai e Wlavianos, telas de Wesley Duke Lee, Fang, Doroty Bastos, Gilson Barbosa, Geraldo Rocha, todos eles, amigos de Dirce e Lewy. Ela agora interrompe, é preciso comprar uma agulha torta no Brooklin, para o remendo do sofá forrado de novo. Lewy vai sair de carro com a mulher, cordado. Ela brinca: esse Walter Lewy é formidável, dizem que como pintor é melhor ainda...

Ele já está à soleira da porta rústica, sai dizendo que o futuro não o preocupa, o surrealismo ainda é um vasto campo a atacar.

– Quero continuar fiel à minha arte, uma arte consciente e de vanguarda. Faz a curva com o carro, desce uma rampa, mais adiante está à vista a casa de um grande amigo, o pintor Rebolo. 9/4/72.

Um monstruoso mundo de solidão

Para muitos surrealistas, é o caso de Walter Lewy, não se trata de contar os sonhos, mas de vaticinar realidades possíveis, cada vez mais próximas do homem, na sua tremenda aventura cósmica. É claro que a capacidade construtiva de alucinar-se, ao compor os mundos que escapam à nossa noção de realidade, é ilimitada num artista como ele... A sobriedade caracteriza o surrealismo de Walter Lewy. Pensa-se na incompatibilidade entre surrealismo e sobriedade; no entanto, o despojamento do insistente processo de metamorfose de seus quadros, naquela estratosfera silenciosa e fria, prova o contrário... A restauração de uma velha idéia do corpo, na imaginação do artista, é colocada marmoreamente na realidade do novo planeta, deserto de homens, no entanto palpitante de sua pré-história. Com espátula, pincel e pincel seco, estas naturezas vazias de sangue vão forjando matéria nebulosa, rarefeita e transpassada pelo esforço da projeção – como se o mundo sonhado por Walter Lewy, sem luxo nenhum, fosse a inevitável perspectiva de uma desumanização perigosa... Um monstruoso mundo de solidão, a partir das nossas próprias aparências. WALMIR AYALA – “Jornal do Brasil”.

Walter Lewy é um dos artistas mais conscientes de sua arte... Os que não querem admitir que tenha havido uma arte de nosso tempo, com características próprias, história, teoria, prática e crítica, encontrarão no surrealismo de Walter Lewy, sem discussão possível, esse aspecto transformador da realidade, que essa corrente trouxe à tona. E estamos diante de um capítulo aberto do surrealismo... Walter Lewy é desses artistas que colheram a flor da aventura... A convicção com que persegue há tanto a composição surrealista chegou ao seu objetivo. Hoje, ele é um representante dessa tendência, o mais autorizado que possuímos o único que podemos emparelhar a um Tangui, a Miró... Lewy chegou a um complemento, a uma plenitude. Sua luta solitária e persistente durou muito tempo. Se ele não tivesse essa impressionante contextura de artista que tem, essa vontade de realizar-se, há muito teria desistido. GERALDO FERRAZ – “A Tribuna”.

Fonte: Blog Arnaldo Chieus, Coletânea de textos do jornalista e crítico de artes Luiz Ernesto Kawall, "Walter Lewy", escrito por Arnaldo Chieus, publicado em 21 de janeiro de 2015. Consultado pela última vez em 13 de setembro de 2022.

Walter Lewy – Morashá

Eram músicos, escritores, pintores, atores, cientistas, matemáticos, arquitetos, médicos, fotógrafos, dançarinos, empresários e até palhaços de circo, policiais e técnicos de futebol. Todos refugiados e refugiadas do nazifascismo, que buscaram salvação a partir de 1933.

São relembrados em 300 biografias ilustradas, representando os milhares de fugitivos que fizeram ou refizeram a vida e a carreira em nosso país e muito contribuíram para a sociedade brasileira. Cada trajetória uma epopeia, desde o nascimento e a formação no Velho Mundo, os terríveis perigos e sofrimentos enfrentados com a chegada do nazismo, as lutas e peripécias para conseguir escapar, obter vistos e embarcar rumo à liberdade.

O Dicionário dos refugiados do nazifascismo no Brasil, coordenado pelo historiador Israel Beloch, relata tudo isso. É mais uma publicação da Casa Stefan Zweig, sediada em Petrópolis, voltada para a divulgação e o estudo da obra do grande escritor austríaco aqui falecido e do papel dos refugiados que, como ele, escaparam do totalitarismo.

A biografia do pintor, desenhista e gravador Walter Max Lewy está contida no Dicionário dos refugiados do nazifascismo no Brasil, livro que está sendo traduzido ao inglês e publicado com o patrocínio do Banco J. Safra Sarasin.

Edição 113 - Dezembro de 2021

No Brasil, de 1937 a 1995

Walter Max Lewy era filho único de uma família judia alemã de classe média, que lhe proporcionou uma educação liberal e laica. Ainda criança, mudou-se com os pais para Dortmund, onde diplomou-se pela Escola de Artes e Ofícios em 1927. Sua formação artística foi fortemente influenciada pela chamada Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade), movimento estético que marcou a vida cultural da Alemanha durante a República de Weimar (1918-1933), identificando-se especialmente com sua vertente conhecida como Realismo Mágico.

Após concluir seu curso, trabalhou como designer gráfico e, paralelamente, iniciou uma carreira de pintor, participando de exposições coletivas em várias cidades alemãs no final da década de 1920. Em 1929, com a crise econômica, perdeu o emprego de designer e voltou a morar com os pais, que, a essa altura, haviam se mudado para a pequena cidade de Bad Lippspringe. Ali, Lewy produziu ilustrações humorísticas para jornais locais e realizou sua primeira exposição individual como pintor. Por conta da perseguição aos judeus promovida pelo regime nazista, mudou-se em 1935 para a cidade holandesa de Roterdã, onde morou com parentes. Assustado com o crescimento do antissemitismo por toda a Europa, embarcou no final de dezembro de 1936 para o Brasil, onde já morava um primo seu, com um visto de turista obtido junto ao consulado brasileiro em Hamburgo. Praticamente toda a obra artística que produzira até então foi deixada na Europa, e se perdeu durante a Segunda Guerra Mundial. Lewy nunca mais veria seus pais, que seriam confinados no campo de concentração de Theresienstadt, em 1942, posteriormente deportados para Auschwitz e executados em maio de 1944.

Chegando ao Brasil em janeiro de 1937, Walter Lewy fixou-se em São Paulo, onde trabalhou por alguns anos como diagramador e arte-finalista em agências de publicidade. Em 1939, retomou sua atividade como pintor e logo travou contato com vários artistas brasileiros, especialmente os paulistanos do Grupo Santa Helena. Participou então ativamente dos salões promovidos pelo Sindicato dos Artistas Plásticos na década de 1940, e realizou sua primeira exposição individual no Brasil em 1944, no ateliê do pintor Clóvis Graciano.

A retomada de sua carreira artística no Brasil praticamente coincide com sua adesão ao surrealismo, estilo a que permaneceria vinculado pelo restante da vida e de que seria um dos principais expoentes no país. Anos mais tarde, o próprio Lewy constatou que a vinda para o Brasil foi um marco importante em sua trajetória artística, relacionando-a inclusive com a opção pelo surrealismo: “Na verdade eu ainda não estava resolvido, precisava conhecer melhor o Brasil. Porque assim que pisei aqui me tornei brasileiro, esqueci a Alemanha, que tinha deixado de existir. Nessa época eu comecei a saber tudo sobre Magritte, Max Ernst, e decidi começar a pintar novamente.”

Tendo conquistado prestígio no cenário artístico nacional, Walter Lewy participou da I Bienal de São Paulo, em 1951, e de diversas outras edições do evento até 1975. Integrou também o Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, em 1952 e 1957; e várias edições do Salão Paulista de Arte Moderna nas décadas de 1950 e 1960, tendo sido por diversas vezes premiado. Individualmente, expôs com frequência na capital paulista, com destaque para a mostra realizada em 1956 no Museu de Arte Moderna de São Paulo, mesmo local que abrigaria, em 1974, a retrospectiva “Lewy: 35 anos de pintura no Brasil”. Em 1976, expôs na Galeria Debret, em Paris. Sobre sua obra, escreveu o crítico de arte José Roberto Teixeira Leite: “A despeito de absurdas, suas rochas suspensas no ar e mulheres-cactos são de uma realidade pictórica a toda prova, impondo-se pela construção, pela qualidade do desenho e pela sensibilidade do colorido, sem deixar de lado o apuro da execução e sua extrema tipicidade. Porque, se é justo detectar, em sua arte, influências de outros pintores, notadamente Max Ernst e Tanguy, não menos justo é constatar a mestria com que as aglutinou Lewy, sobrepondo-lhe sua própria personalidade.”

Walter Lewy trabalhou também como ilustrador de livros, destacando-se nesta área os desenhos produzidos para a obra Metamorfose, de Franz Kafka, em edição lançada pela Editora Civilização Brasileira, em 1956. Dedicou-se também à gravura e ao paisagismo.

Foi casado com a pintora Dirce Pires, que durante muito tempo fora modelo de Di Cavalcanti.

Em 2013, realizou-se na Estação Pinacoteca, na capital paulista, a mostra retrospectiva Walter Lewy: mestre do Surrealismo no Brasil, que contou com 134 obras, entre pinturas, gravuras, desenhos e ilustrações de livros. Foi a primeira exposição de sua obra desde sua morte, em 1995.

Fonte: Morashá, "Walter Lewy", por Rogério Alves de Barros. Consultado pela última vez em 13 de setembro de 2022.

Crédito fotográfico: Blog Arnaldo Chieus, Coletânea de textos do jornalista e crítico de artes Luiz Ernesto Kawall, "Walter Lewy", escrito por Arnaldo Chieus, publicado em 21 de janeiro de 2015. Consultado pela última vez em 13 de setembro de 2022.

Walter Max Lewy (Bad Oldesloe, Alemanha, 10 de novembro de 1905 - São Paulo, Brasil, 18 de dezembro de 1995), mais conhecido como Walter Lewy, foi um pintor, gravador, ilustrador, paisagista, desenhista e publicitário alemão. Nascido na Alemanha, Lewy estudou na Escola de Dortmund, na Alemanha, onde filiou-se à tendência do realismo mágico. Em 1938, vem para o Brasil, radicando-se em São Paulo, onde dedicou-se ao desenho de propaganda, à gravura e à ilustração, fazendo ilustrações em livros para diversas editoras, em obras de renomados autores: Machado de Assis, Sérgio Milliet, Franz Kafka, Arnold Toynbee, entre outros. Sua pintura contempla o seu imaginário no âmbito irracional e delirante, onde mescla paisagens lunares, plantas fantásticas, objetos amorfos e indefinidos, inseridos num espaço espectral e onírico. Diante do conjunto de suas obras, não restou dúvida de se tratar de um grande expoente da história da arte no Brasil. No total, foram expostas 111 obras, sendo 74 pinturas, 30 gravuras, quatro cadernos de desenhos e três livros ilustrados, produzidas entre 1943 e 1995, ano de sua morte. Expôs por diversas vezes no Brasil e exterior. Destacou-se no Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, São Paulo, 1942/1947; na Bienal Internacional de Arte de São Paulo, várias edições entre 1951 e 1975; no 1º e 2º Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1952/1957; no Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, várias edições entre 1952 e 1965; na Premissas 3, na Fundação Armando Álvares Penteado, Faap, São Paulo, 1966 e na Retrospectiva - 35 Anos de Pintura no Brasil, no Museu de Arte de São Paulo, Masp, 1974. Walter Lewy foi um dos principais nomes do surrealismo no Brasil, tanto que o próprio artista declarava que o surrealismo era uma necessidade de renovação, não só adequada ao momento de guerras que vivia, mas principalmente por ser uma fonte inesgotável de inspiração.

Walter Lewy

Walter Max Lewy (Bad Oldesloe, Alemanha, 10 de novembro de 1905 - São Paulo, Brasil, 18 de dezembro de 1995), mais conhecido como Walter Lewy, foi um pintor, gravador, ilustrador, paisagista, desenhista e publicitário alemão. Nascido na Alemanha, Lewy estudou na Escola de Dortmund, na Alemanha, onde filiou-se à tendência do realismo mágico. Em 1938, vem para o Brasil, radicando-se em São Paulo, onde dedicou-se ao desenho de propaganda, à gravura e à ilustração, fazendo ilustrações em livros para diversas editoras, em obras de renomados autores: Machado de Assis, Sérgio Milliet, Franz Kafka, Arnold Toynbee, entre outros. Sua pintura contempla o seu imaginário no âmbito irracional e delirante, onde mescla paisagens lunares, plantas fantásticas, objetos amorfos e indefinidos, inseridos num espaço espectral e onírico. Diante do conjunto de suas obras, não restou dúvida de se tratar de um grande expoente da história da arte no Brasil. No total, foram expostas 111 obras, sendo 74 pinturas, 30 gravuras, quatro cadernos de desenhos e três livros ilustrados, produzidas entre 1943 e 1995, ano de sua morte. Expôs por diversas vezes no Brasil e exterior. Destacou-se no Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, São Paulo, 1942/1947; na Bienal Internacional de Arte de São Paulo, várias edições entre 1951 e 1975; no 1º e 2º Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1952/1957; no Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, várias edições entre 1952 e 1965; na Premissas 3, na Fundação Armando Álvares Penteado, Faap, São Paulo, 1966 e na Retrospectiva - 35 Anos de Pintura no Brasil, no Museu de Arte de São Paulo, Masp, 1974. Walter Lewy foi um dos principais nomes do surrealismo no Brasil, tanto que o próprio artista declarava que o surrealismo era uma necessidade de renovação, não só adequada ao momento de guerras que vivia, mas principalmente por ser uma fonte inesgotável de inspiração.

Videos

Walter Lewy na Estação Pinacoteca | 2013

Memória Surrealista | 2013

Exposição Walter Lewy - Estação Pinacoteca | 2013

Walter Lewy: Mestre do Surrealismo no Brasil | 2014

Walter Lewy: Mestre do Surrealismo no Brasil | 2013

Biografia – Itaú Cultural

Estudou na Escola de Artes e Ofícios de Dortmund, Alemanha, entre 1923 e 1927. Nesse período, filia-se à tendência do realismo mágico. Já em 1928, participa de coletivas em Dortmund, Gelsenkirchen, Boclusim e outras cidades. Com a crise econômica de 1929, Lewy perde seu emprego de desenhista numa gráfica e vai viver com os pais no interior, tornando-se ilustrador de anedotas em jornais. Realiza sua primeira exposição individual em Bad Lippspringe em 1932, mas ela é fechada quando a Câmara de Arte Alemã proíbe a participação de judeus na vida artística. Escapando dessa situação opressora, o artista imigra para o Brasil em 1938, retomando profissionalmente a pintura. Deixa para trás centenas de trabalhos, que são enviados para a Holanda e perdidos durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). No Brasil, fixa-se em São Paulo. Nos primeiros anos fez desenho publicitário e mais tarde capas de livros e ilustrações para diversas editoras. Ilustra obras de Bertrand Russell, Machado de Assis e Arnold Toynbee, entre outras. Mais tarde, emprega-se como diagramador, letrista e arte-finalista nas agências de propaganda De Carli, Lintas Publicidade, Martinelli, Santos & Santos e Thompson Propaganda.

Análise

Walter Lewy é apontado como um dos principais nomes do surrealismo no Brasil, tanto que o próprio artista declara:

"Acredito que o surrealismo tenha sido, para mim, uma necessidade de renovação, não só adequada ao momento (de entre guerras) que vivíamos, mas inclusive uma entrada num campo inesgotável. Para mim, o surrealismo é inesgotável, renova-se sempre e, pelo seu próprio conteúdo, permanece atual."

Sua pintura constitui-se de um imaginário pessoal irracional e delirante, em que se mesclam paisagens lunares, plantas fantásticas, objetos amorfos e indefinidos, inseridos num espaço espectral e onírico. Há em suas telas algo do imobilismo e da transcendência das obras metafísicas de Giorgio de Chirico. O artista se vale de massas cromáticas chapadas e intensas, e evoca o universo imaginário de escritores como Júlio Verne e Edgar Allan Poe, e de pintores como Max Ernst e Yves Tanguy. Em relação à obra de Lewy, o crítico Sérgio Milliet observa que ela possui uma primeira fase de deformação da figura e de exploração do absurdo poético, passando então pela experiência das formas em liberdade até chegar, afinal, à pintura de um mundo de fantasia cósmica.2 Ainda segundo o crítico, o domínio de seu instrumento de trabalho é perceptível por meio de sua obra, na limpeza da execução e na consciente harmonia do colorido e dos valores.

Críticas

"Apesar de um período de trabalho, logo após a chegada ao Brasil no fim da década de 1930, em que o estímulo direto da nova terra o fez preocupar-se em retratar nossos tipos populares e costumes, especialmente através de desenhos e gravuras, a pintura de Walter Lewy, desde antes da transferência, mas sobretudo nos últimos quinze ou vinte anos, observa ligação natural com o surrealismo. Nesse âmbito, a atmosfera que mais o atrai é aquela em que possa situar um conjunto de símbolos de substrato onírico, refazendo toda a realidade objetiva em termos de um novo universo de formas reconhecíveis, porém deslocadas de sua situação original, ou de formas obtidas por dilacerações e acúmulo de elementos orgânicos, viscerais ou de fundo erótico. Tal como em Max Ernst e Yves Tanguy, dois surrealistas de cuja linhagem Lewy mais se aproxima, há nessa pintura, mental e narrativa, desejo de comentar alegoricamente a condição humana na trama da contemporaneidade, em busca de características universais e intemporais que a definam para além das contingências de uma só época e momento. A mediação mental, amalgamando configurações vegetais e minerais num mundo tão real quanto fantástico, visa a colocar o agora na amplitude de um fluxo que abole toda circunstância de tempo e lugar" — Roberto Pontual (PONTUAL, Roberto. Arte/Brasil/hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973).

"(...) Já há sessenta anos ele está criando estes encantos com uma grande fidelidade aos seus conceitos, evoluindo suas paisagens fantásticas para uma visão cósmica nunca vista antes. Entre nós, no Brasil, ele representa de maneira singular a arte que cria mundos imaginários, nos confronta com o mundo dos sonhos, nos leva para uma natureza de formações e plantas, representadas em desenho e formas bem exatas. É uma pintura de técnica superba, comparável à dos mestres antigos. Em cores bem vivas ela nos dá o prazer de sentir uma integração astral, inteiramente concebida pela mente e pelos pincéis do mestre. Com estas suas obras Walter Lewy, um dos grandes nomes do surrealismo, se tornou exponente sui generis na história e na atualidade da criação artística no Brasil" — Wolfgang Pfeiffer (HOMENAGEM a Walter Lewy: óleos e litografias. Apresentação de Wolfgang Pfeiffer. São Paulo: Faculdade Santa Marcelina, Galeria, 1985).

Exposições Individuais

1932 - Bad Lippspringe (Alemanha) - Primeira Individual, imediatamente fechada quando a Câmara de Arte Alemã proíbe a participação dos judeus na vida artística

1944 - São Paulo SP - Individual, no Atelier Clóvis Graciano

1947 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Domus

1956 - São Paulo SP - Individual, no Masp

1960 - Campinas SP - Individual, na Galeria Aremar

1963 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Luís

1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia

1966 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria Guignard

1966 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Brasileira de Arte

1967 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia

1968 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Goeldi

1972 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Portal

1974 - São Paulo SP - Retrospectiva, no MAM

1974 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Bonfiglioli - melhor exposição do ano, prêmio de viagem ao exterior pela Abca

1976 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret

1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Alberto Bonfiglioli

1982 - São Paulo SP - O Dimensionismo Fantástico de Walter Lewy, na Galeria Uirapuru

1985 - São Paulo SP - Homenagem a Walter Levy, na Galeria da Faculdade Santa Marcelina

1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Uirapuru

1989 - São Paulo SP - Individual, no Espaço Aldo Marchand

1990 - São Paulo SP - Surrealismo Tropical, no Espaço Cultural Banco Central do Brasil

Exposições Coletivas

1941 - São Paulo SP - 1º Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias, no Parque da Água Branca

1942 - São Paulo SP - 7º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1944 - São Paulo SP - 9º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia

1945 - São Paulo SP - Galeria Domus: mostra inaugural, na Galeria Domus

1946 - Santiago (Chile) - Mostra de Artistas Brasileiros

1947 - São Paulo SP - Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos

1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon

1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna

1952 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - grande medalha de prata

1953 - Japão - 2ª International Art Exhibition

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados

1954 - Salvador BA - 4º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel Bahia

1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de ouro

1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações

1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1956 - Salvador BA - Salão Baiano de Belas Artes - medalha de bronze

1957 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna

1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho

1963 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - 1º Prêmio Governo do Estado

1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1966 - São Paulo SP - Três Premissas, no MAB-FAAP

1967 - São Paulo SP - 12 Artistas Surrealistas, no Auditório Itália

1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1970 - São Paulo SP - 2º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970

1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio

1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1973 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Documenta

1974 - São Paulo SP - Retrospectiva - 35 Anos de Pintura no Brasil, no Masp

1975 - Penápolis SP - 1º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1976 - Penápolis SP - 2º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1976 - São Paulo SP - 8º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall

1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1978 - Penápolis SP - 3º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1978 - Rio de Janeiro RJ - 18ª Exposição Arte e Pensamento Ecológico, na Biblioteca Euclides da Cunha

1978 - São Paulo SP - 16ª Arte e Pensamento Ecológico, na Cetesb

1980 - Penápolis SP - 4º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP

1985 - Penápolis SP - 6º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1985 - São Paulo SP - A Arte do Imaginário, na Galeria Encontro das Artes

1990 - São Paulo SP - Surrealismo Tropical, no CCBB

1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, no MAM/RJ

Exposições Póstumas

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ

1996 - Osasco SP - 4ª Mostra de Arte, no Centro Universitário Fieo

1996 - São Paulo SP - O Mundo de Mario Schenberg, na Casa das Rosas

1998 - São Paulo SP - Impressões: a arte da gravura brasileira, no Espaço Cultural Banespa-Paulista

2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa

2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP

2003 - São Paulo SP - A Arte Atrás da Arte: onde ficam e como viajam as obras de arte, no MAM/SP

2004 - São Paulo SP - Novas Aquisições: 1995 - 2003, no MAB/Faap

Fonte: WALTER Lewy. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 12 de setembro de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Biografia – Wikipédia

Walter Lewy estudou na Escola de Artes e Ofícios de Dortmund, na Alemanha, entre 1923 e 1927. Realizou sua primeira exposição individual em Bad Lippspringe, em 1932, mas ela foi fechada quando a Câmara de Arte Alemã proibiu a participação de judeus na vida artística. Veio para o Brasil em 1938, deixando para trás centenas de trabalhos que, enviados para a Holanda, foram perdidos durante bombardeio, radicando-se em São Paulo.

Trajetória

Expôs individualmente no ateliê de Clóvis Graciano em 1944. Entre as exposições das quais participou, destacam-se:

Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, São Paulo, 1942/1947.

Bienal Internacional de Arte de São Paulo, várias edições entre 1951 e 1975.

1º e 2º Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1952/1957.

Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, várias edições entre 1952 e 1965.

Premissas 3, na Fundação Armando Álvares Penteado, Faap, São Paulo, 1966.

Retrospectiva - 35 Anos de Pintura no Brasil, no Museu de Arte de São Paulo, Masp, 1974.

Após sua morte, suas obras figuraram na mostra O Mundo de Mário Schenberg, na Casa das Rosas, São Paulo, 1996.

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 12 de setembro de 2022.

Walter Lewy: Mestre do Surrealismo no Brasil 2013 - finalizado A mostra retrospectiva – Base 7

Mestre do Surrealismo no Brasil, apresentou ao público a excelência da obra de um artista que atualizou o debate em torno das singularidades do surrealismo no Brasil ao relacionar aspectos oníricos ao universo da cultura popular do país, que Lewy adotou como seu. Diante do conjunto de obras, então não restou dúvida se tratar de um grande expoente da história da arte no Brasil. No total, foram expostas 111 obras, sendo 74 pinturas, 30 gravuras, quatro cadernos de desenhos e três livros ilustrados, produzidas entre 1943 e 1995, ano de sua morte, e que ficaram na Fundação até o dia 18 de agosto de 2013. O projeto ainda integrou a programação cultural da temporada “Alemanha + Brasil 2013- 2014”. A exposição destacou a produção gráfica de Lewy, revelando a maestria de seu desenho e a importância desta técnica em sua arte. De fato, uma vez estabelecido em São Paulo, o artista dedicou-se ao desenho de propaganda, à gravura e à ilustração, fazendo capas de livros, apoiado nos princípios formais de sua sólida educação artística alemã nas disciplinas de desenho e gravura. Assim, ilustrou vários livros para diversas editoras, em obras de renomados autores: Machado de Assis, Sérgio Milliet, Franz Kafka, Arnold Toynbee, entre outros. Paralelamente à exposição, o projeto contou com o lançamento do documentário Walter Lewy, pintor do silêncio, produzido por Claude Martin Vaskou, sobre a vida e obra do artista. Com duração de 26 minutos, com testemunhos de familiares, críticos de arte e colecionadores. E ainda, com um ciclo de palestras reunindo importantes estudiosos sobre a obra de Walter Lewy. A concepção e curadoria da mostra foi de Daisy Peccinini e a idealização de Claude Martin Vaskou e de Márcia Feldon Borger. A exposição contou com o apoio da Lei Rouanet, Lei Mendonça e do Consulado da Alemanha em São Paulo. Os patrocinadores foram Redecard, Banco Rendimento, Espace Center e Deutsche Bank. Realização, Ministério da Cultura, Fundação José e Paulina Nemirovsky, Ritual Cultura e Entretenimento e Base7 Projetos Culturais.

Fonte: Base 7. Consultado pela última vez em 13 de setembro de 2022.

W. Lewy, botânico e cósmico, surrealista e obsessivo

Comecei pintando influenciado pelo grupo alemão do realismo mágico, pelo realismo fantástico de minha terra, que nada tem a ver com a minha obra atual... Em 1939 comecei minha fase surrealista, a que permaneço fiel e imutável até hoje... Sempre gostei do fantástico e há muitas décadas leio quase que exclusivamente “Science fiction”, cuja temática de mundos interplanetários e seres imaginários evidentemente influenciam minha obra... Não creio que tenha recebido, nos inícios da minha carreira, influências de Dali, mas hoje, detesto-o, não o considero um bom pintor... O que pinto não se situa cá na Terra, mas no mundo dos novos planetas, deserto de homens, imaginário e cósmico... Considero-me um artista surrealista, no sentido estrito do termo, e abomino classificações como pintor “fantástico”, “mágico” ou da “nova figuração”.

Pequeno, saudável, educado, paciente, ágil em seus sessenta e sete anos, cabelos longos sobre os ombros, óculos de grossas lentes, Walter Lewy está em seu ateliê, entre suas telas imaginárias de mundos silenciosos, junto à sua biblioteca de milhares de livros – exclusivamente ficção científica e botânica. Sempre gostou de plantas – suculentas e eufórbias. Sua coleção dessa espécie. Sua coleção dessa espécie rara, equivalente aos cactos da África, é talvez a maior e mais especializada do país.

"Explorei-as bastante em minhas telas numa fase do meu surrealismo, já as comerciei, hoje, porém, cultivo-as exclusivamente por prazer", diz Lewy, tomando um cafezinho, preparado aparatosamente por Dirce, sua mulher. Ele não toma uísque. Nem cerveja, nem chopp. É um alemão sem caneca, brinca o fotógrafo Jarbas Marcondes.

Às vezes raramente bebe um “Pernod”. Dirce não esconde os belos traços de ex-modelo – brinca e provoca permanentemente “o meu alemão Walter Lewy”. Chegam do colégio estadual os dois filhos, Evelyn e Leslie. São morenos e simpáticos. Geraldo de 10 anos, filho adotivo, sob e desce as escadas, e uma espécie de secretário geral da casa do pintor.

– Minha pintura atual continua com figuras, paisagens, minerais, pedras, planetas no espaço, sempre dentro do surrealismo... Sou considerado figurativo, mas não me enquadro na chamada nova figuração. Esta seria a retomada da pintura com expressão abstrata, cubista, etc., enquanto a pintura surrealista tem uma evolução constante e eu me considero dentro dessa pesquisa permanente e dessa evolução... Sou um teimoso que ainda acredita em tela, pincel e tinta... Acho o surrealismo uma das poucas escolas que realmente possibilitam uma verdadeira comunicação entre o pintor e o público.

Lewy levanta-se cedo, por volta das 6 horas. Toma um ralo café, não lê jornal. Começa a trabalhar cedo. Se ninguém o interrompe vai pintando até a hora do almoço. O ateliê fica no terceiro pavimento da casa, estrategicamente situada num lance alto do Morumbi, com excelente vista para os Jardins e Santo Amaro, adiante da Marginal. A luz entra forte pela janela, Lewy só pinta sob a luz do dia. Almoçou sobriamente dom Dirce e os filhos – ele e ela comem pouco. De quando em quando, num domingo, prepara ele próprio um prato preferido – repolho roxo, com vinho, açúcar e maçã. À tarde, volta logo ao trabalho, segue firme até às 6/7 horas. Nas segundas e terças, passa o dia numa escola de arte, tem mais de 100 alunos. Mas vai deixar o ensino da pintura, para dedicar-se exclusivamente à sua própria arte. Se vai à cidade é para pagar uma conta, essas coisas do cotidiano. Gosta de pintar tranquilamente, escutando rádio e pressentido os ventos, lá fora, do Morumbi, vendo passar o trem da Sorocabana, os gigantescos aviões que pousam em Congonhas.

- Não tenho contrato com galerias, vendo minhas telas particularmente e, felizmente, tenho fregueses certos – entre outros, Adolfo Buck, Bernard Goldfard, Hermínio Lunardelli, que agora me encomendou um retrato... Os retratos que faço, produto fixar fielmente cada rosto e, depois, aí é que é o problema. Faço uma composição surrealista em cada obra, mas é estimulante encontrar soluções adequadas a cada caso... Quando pinto, faço um esboço de cada tela, antes, num caderno e, depois, passo os temas às telas de pano de algodão, que também prefiro preparar cuidadosamente... Uso tintas nacionais, da mesma marca, há 30 anos, e pincéis e espátulas também nossas... Por sorte tenho uma disciplina à noite, deita-se pelas 11 horas, após absorver histórias de ficção, preferindo americanas ou inglesas, coisas fantásticas, assuntos da vida futura, o homem interplanetário. Música clássica, escuta sempre Mozart e Haydn e, moderna, prefere Stravinsky, Prokofieff e Carl Orff. Dorme tranquilamente, não tem visões em sonhos ou qualquer inspiração onírica. Diz que sua pintura vem exclusivamente da imaginação consciente, dirigida, treinada, adquirida, disciplinada da tarimba de criar.

– A arte atual? A aventura toma conta de tudo, não se pode avaliar o valor real dos moços, dos novos movimentos... Sou contra os leilões e não tenho quadros em galerias. Tudo está dominado pelo comércio... Prefiro ficar de fora. Umas telas minhas que figuraram nos últimos leilões, foram decerto entregues por outras pessoas, não por mim... Os jovens estão influenciados pela onda “pop” e pelo gigantismo estéril das bienais, que, a meu ver, deturpam a pintura brasileira... Só se pode avaliar hoje os valores mais antigos, dos quais, acho, que o mais autenticamente brasileiro, continua a ser Teruz, que foi inclusive, o inspirador maior de Portinari... A gravura, tem algumas coisas excelentes. Destaco Otávio Araújo, Babinski, Mário Gruber, para não citar outros; no desenho, vários bons, sem citar nomes; o movimento primitivista progride; e essas novas tentativas, arte cinética e arteônica, não me tocam, são absolutamente dominadas pela técnica... A arte, sem criação da sensibilidade, sem o domínio exílio do metiê, pelo artista, a arte dominada pela máquina, não é arte.

Lewy volta a falar de seu surrealismo, das fases, dentro dessa tendência, que já passou: elétrica, das catedrais, vegetal, erótica, dos planetas cúbicos, a cósmica atual; mostra pelas paredes, telas e fases, mas não tem nenhum quadro anterior a 1958. Tudo foi vendido, na “dura” luta pela sobrevivência, sempre fiel a si mesmo. A casa, comprado do pintor Heinz Kuehne, é espaçosa e confortável, e decorada com móveis antigos, gamelas, santos de igrejas, polões, oratórios, tapetes de Regina Graz, cerâmica de Tatin, máscara de Guma, ex-votos da Ilha da Páscoa, esculturas de Sakai e Wlavianos, telas de Wesley Duke Lee, Fang, Doroty Bastos, Gilson Barbosa, Geraldo Rocha, todos eles, amigos de Dirce e Lewy. Ela agora interrompe, é preciso comprar uma agulha torta no Brooklin, para o remendo do sofá forrado de novo. Lewy vai sair de carro com a mulher, cordado. Ela brinca: esse Walter Lewy é formidável, dizem que como pintor é melhor ainda...

Ele já está à soleira da porta rústica, sai dizendo que o futuro não o preocupa, o surrealismo ainda é um vasto campo a atacar.

– Quero continuar fiel à minha arte, uma arte consciente e de vanguarda. Faz a curva com o carro, desce uma rampa, mais adiante está à vista a casa de um grande amigo, o pintor Rebolo. 9/4/72.

Um monstruoso mundo de solidão

Para muitos surrealistas, é o caso de Walter Lewy, não se trata de contar os sonhos, mas de vaticinar realidades possíveis, cada vez mais próximas do homem, na sua tremenda aventura cósmica. É claro que a capacidade construtiva de alucinar-se, ao compor os mundos que escapam à nossa noção de realidade, é ilimitada num artista como ele... A sobriedade caracteriza o surrealismo de Walter Lewy. Pensa-se na incompatibilidade entre surrealismo e sobriedade; no entanto, o despojamento do insistente processo de metamorfose de seus quadros, naquela estratosfera silenciosa e fria, prova o contrário... A restauração de uma velha idéia do corpo, na imaginação do artista, é colocada marmoreamente na realidade do novo planeta, deserto de homens, no entanto palpitante de sua pré-história. Com espátula, pincel e pincel seco, estas naturezas vazias de sangue vão forjando matéria nebulosa, rarefeita e transpassada pelo esforço da projeção – como se o mundo sonhado por Walter Lewy, sem luxo nenhum, fosse a inevitável perspectiva de uma desumanização perigosa... Um monstruoso mundo de solidão, a partir das nossas próprias aparências. WALMIR AYALA – “Jornal do Brasil”.

Walter Lewy é um dos artistas mais conscientes de sua arte... Os que não querem admitir que tenha havido uma arte de nosso tempo, com características próprias, história, teoria, prática e crítica, encontrarão no surrealismo de Walter Lewy, sem discussão possível, esse aspecto transformador da realidade, que essa corrente trouxe à tona. E estamos diante de um capítulo aberto do surrealismo... Walter Lewy é desses artistas que colheram a flor da aventura... A convicção com que persegue há tanto a composição surrealista chegou ao seu objetivo. Hoje, ele é um representante dessa tendência, o mais autorizado que possuímos o único que podemos emparelhar a um Tangui, a Miró... Lewy chegou a um complemento, a uma plenitude. Sua luta solitária e persistente durou muito tempo. Se ele não tivesse essa impressionante contextura de artista que tem, essa vontade de realizar-se, há muito teria desistido. GERALDO FERRAZ – “A Tribuna”.

Fonte: Blog Arnaldo Chieus, Coletânea de textos do jornalista e crítico de artes Luiz Ernesto Kawall, "Walter Lewy", escrito por Arnaldo Chieus, publicado em 21 de janeiro de 2015. Consultado pela última vez em 13 de setembro de 2022.

Walter Lewy – Morashá

Eram músicos, escritores, pintores, atores, cientistas, matemáticos, arquitetos, médicos, fotógrafos, dançarinos, empresários e até palhaços de circo, policiais e técnicos de futebol. Todos refugiados e refugiadas do nazifascismo, que buscaram salvação a partir de 1933.

São relembrados em 300 biografias ilustradas, representando os milhares de fugitivos que fizeram ou refizeram a vida e a carreira em nosso país e muito contribuíram para a sociedade brasileira. Cada trajetória uma epopeia, desde o nascimento e a formação no Velho Mundo, os terríveis perigos e sofrimentos enfrentados com a chegada do nazismo, as lutas e peripécias para conseguir escapar, obter vistos e embarcar rumo à liberdade.

O Dicionário dos refugiados do nazifascismo no Brasil, coordenado pelo historiador Israel Beloch, relata tudo isso. É mais uma publicação da Casa Stefan Zweig, sediada em Petrópolis, voltada para a divulgação e o estudo da obra do grande escritor austríaco aqui falecido e do papel dos refugiados que, como ele, escaparam do totalitarismo.

A biografia do pintor, desenhista e gravador Walter Max Lewy está contida no Dicionário dos refugiados do nazifascismo no Brasil, livro que está sendo traduzido ao inglês e publicado com o patrocínio do Banco J. Safra Sarasin.

Edição 113 - Dezembro de 2021

No Brasil, de 1937 a 1995

Walter Max Lewy era filho único de uma família judia alemã de classe média, que lhe proporcionou uma educação liberal e laica. Ainda criança, mudou-se com os pais para Dortmund, onde diplomou-se pela Escola de Artes e Ofícios em 1927. Sua formação artística foi fortemente influenciada pela chamada Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade), movimento estético que marcou a vida cultural da Alemanha durante a República de Weimar (1918-1933), identificando-se especialmente com sua vertente conhecida como Realismo Mágico.

Após concluir seu curso, trabalhou como designer gráfico e, paralelamente, iniciou uma carreira de pintor, participando de exposições coletivas em várias cidades alemãs no final da década de 1920. Em 1929, com a crise econômica, perdeu o emprego de designer e voltou a morar com os pais, que, a essa altura, haviam se mudado para a pequena cidade de Bad Lippspringe. Ali, Lewy produziu ilustrações humorísticas para jornais locais e realizou sua primeira exposição individual como pintor. Por conta da perseguição aos judeus promovida pelo regime nazista, mudou-se em 1935 para a cidade holandesa de Roterdã, onde morou com parentes. Assustado com o crescimento do antissemitismo por toda a Europa, embarcou no final de dezembro de 1936 para o Brasil, onde já morava um primo seu, com um visto de turista obtido junto ao consulado brasileiro em Hamburgo. Praticamente toda a obra artística que produzira até então foi deixada na Europa, e se perdeu durante a Segunda Guerra Mundial. Lewy nunca mais veria seus pais, que seriam confinados no campo de concentração de Theresienstadt, em 1942, posteriormente deportados para Auschwitz e executados em maio de 1944.

Chegando ao Brasil em janeiro de 1937, Walter Lewy fixou-se em São Paulo, onde trabalhou por alguns anos como diagramador e arte-finalista em agências de publicidade. Em 1939, retomou sua atividade como pintor e logo travou contato com vários artistas brasileiros, especialmente os paulistanos do Grupo Santa Helena. Participou então ativamente dos salões promovidos pelo Sindicato dos Artistas Plásticos na década de 1940, e realizou sua primeira exposição individual no Brasil em 1944, no ateliê do pintor Clóvis Graciano.

A retomada de sua carreira artística no Brasil praticamente coincide com sua adesão ao surrealismo, estilo a que permaneceria vinculado pelo restante da vida e de que seria um dos principais expoentes no país. Anos mais tarde, o próprio Lewy constatou que a vinda para o Brasil foi um marco importante em sua trajetória artística, relacionando-a inclusive com a opção pelo surrealismo: “Na verdade eu ainda não estava resolvido, precisava conhecer melhor o Brasil. Porque assim que pisei aqui me tornei brasileiro, esqueci a Alemanha, que tinha deixado de existir. Nessa época eu comecei a saber tudo sobre Magritte, Max Ernst, e decidi começar a pintar novamente.”

Tendo conquistado prestígio no cenário artístico nacional, Walter Lewy participou da I Bienal de São Paulo, em 1951, e de diversas outras edições do evento até 1975. Integrou também o Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, em 1952 e 1957; e várias edições do Salão Paulista de Arte Moderna nas décadas de 1950 e 1960, tendo sido por diversas vezes premiado. Individualmente, expôs com frequência na capital paulista, com destaque para a mostra realizada em 1956 no Museu de Arte Moderna de São Paulo, mesmo local que abrigaria, em 1974, a retrospectiva “Lewy: 35 anos de pintura no Brasil”. Em 1976, expôs na Galeria Debret, em Paris. Sobre sua obra, escreveu o crítico de arte José Roberto Teixeira Leite: “A despeito de absurdas, suas rochas suspensas no ar e mulheres-cactos são de uma realidade pictórica a toda prova, impondo-se pela construção, pela qualidade do desenho e pela sensibilidade do colorido, sem deixar de lado o apuro da execução e sua extrema tipicidade. Porque, se é justo detectar, em sua arte, influências de outros pintores, notadamente Max Ernst e Tanguy, não menos justo é constatar a mestria com que as aglutinou Lewy, sobrepondo-lhe sua própria personalidade.”

Walter Lewy trabalhou também como ilustrador de livros, destacando-se nesta área os desenhos produzidos para a obra Metamorfose, de Franz Kafka, em edição lançada pela Editora Civilização Brasileira, em 1956. Dedicou-se também à gravura e ao paisagismo.

Foi casado com a pintora Dirce Pires, que durante muito tempo fora modelo de Di Cavalcanti.

Em 2013, realizou-se na Estação Pinacoteca, na capital paulista, a mostra retrospectiva Walter Lewy: mestre do Surrealismo no Brasil, que contou com 134 obras, entre pinturas, gravuras, desenhos e ilustrações de livros. Foi a primeira exposição de sua obra desde sua morte, em 1995.

Fonte: Morashá, "Walter Lewy", por Rogério Alves de Barros. Consultado pela última vez em 13 de setembro de 2022.

Crédito fotográfico: Blog Arnaldo Chieus, Coletânea de textos do jornalista e crítico de artes Luiz Ernesto Kawall, "Walter Lewy", escrito por Arnaldo Chieus, publicado em 21 de janeiro de 2015. Consultado pela última vez em 13 de setembro de 2022.

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