Cadastre-se e tenha a melhor experiência em leilões 🎉🥳

Vieira da Silva

Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, Portugal, 13 de junho de 1908 — Paris, França, 6 de março de 1992), mais conhecida como Vieira da Silva, foi uma desenhista, gravadora, ilustradora, escultora e pintora portuguesa, naturalizada francesa em 1956. Suas obras, ao longo do tempo, contemplaram as cores e formas do cubismo, perpassando pelo futurismo, simultaneísmo e surrealismo. Recebeu diversos prêmios e títulos e tornou-se membro de associações artísticas como a Académie des Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e a Royal Academy of Art de Londres. No Brasil, recebeu prêmios na 2ª e 6ª Bienais Internacionais de São Paulo. Vieira da Silva tornou-se a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts, e em 1979, tornou-se Dama da Ordem Nacional da Legião de Honra de França e membro do Comité de Honra do Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos.

Biografia — Itaú Cultural

Estudou desenho, dos 11 aos 19 anos, com Emília Santos Braga e pintura com Armando Lucena, além de frequentar cursos de anatomia da Escola de Medicina de Lisboa e aprender música em casa.

Em 1928, muda-se para Paris. Prossegue os estudos de desenho na Académie de La Grande Chaumière e de escultura com Bourdelle e, na Academia Escandinava, com Despiau.

Abandona a escultura e passa a dedicar-se à pintura e à gravura, tendo estudado com Dufresne, Waroquier, Friesz, Fernand Léger (1881 - 1955), Bissière e Hayter.

Em 1930, casa-se com o pintor húngaro Arpad Szenes (1897-1985).

Em 1933, faz ilustrações para um livro infantil e as apresenta em sua primeira individual. Em 1939, a artista deixa Paris e volta à Lisboa devido a 2ª Guerra Mundial, confiando suas obras e ateliê à galerista Jeanne Bucher.

No ano seguinte, parte para o Brasil e instala-se, inicialmente, no Hotel Internacional, no Rio de Janeiro, onde convive com outros artistas europeus que se exilaram no país.

Conhece os poetas Murilo Mendes (1901-1975) e Cecília Meireles (1901-1964) e o pintor Carlos Scliar (1920-2001). No mesmo ano, Vieira e Arpad fizeram, para a Escola Nacional de Agronomia, painéis de azulejos e retratos de cientistas, nomeando esse conjunto de Quilômetro 44, referência ao endereço da Escola.

Em 1947, retornou a Paris, onde realizou muitas exposições.

Em 1949, Pierre Descargues publica a primeira monografia sobre a artista e, em 1954, o crítico Guy Weelen passa a organizar e divulgar a sua obra e a de seu marido, tendo escrito uma série de estudos e organizado diversas exposições.

Naturalizou-se francesa em 1956.

Em 1963, realizou em Reims, França, seu primeiro vitral, no Ateliê Jacques Simon.

Em 1968, inicia com Charles Marq uma série de vitrais para a Igreja Saint-Jacques, concluídos apenas em 1976.

Recebe diversos prêmios e títulos e torna-se membro de associações artísticas como a Académie des Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e a Royal Academy of Art de Londres.

No Brasil, recebeu prêmios na 2ª e 6ª Bienais Internacionais de São Paulo.

Em 1990 é fundada em Lisboa a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva.

Análise

Nascida em Portugal, Maria Helena Vieira da Silva estudou na Escola de Belas Artes de Lisboa. Muda-se para Paris em 1928, onde estuda escultura. Passa a dedicar-se à pintura e gravura, estudando com Fernand Léger (1881-1955). Em 1930, casa-se com o artista húngaro Arpad Szenes. Suas obras situam-se entre figuração e abstração.

A pintura da artista apresenta uma preocupação em revelar ambigüidades do espaço e da profundidade representados sobre uma superfície plana. Predomina em seus quadros o emprego de uma rede quadriculada, obtida por meio das linhas e de suas interseções, que formam planos semelhantes a quadrados coloridos, como ocorre em La Chambre à Carreaux (O Quarto Quadriculado), de 1935.

No quadro L'Atelier Lisbonne (O Ateliê Lisboa), de 1940, pequenos quadrados giram para constituir um interior em perspectiva. No centro da composição, figuras fazem um círculo, lembrando A Dança de Matisse, em um registro espectral.

A artista revela também a importância de obras de Bonnard (1867 - 1947), em especial o quadro Le Nappe à Carreaux (A Toalha Quadriculada), que vê ao chegar em Paris, e das composições abstratas de Torres Garcia (1874 - 1949).

O casal Arpad Szenes e Vieira da Silva veio para o Brasil em 1940, devido à Segunda Guerra Mundial, instalando-se no antigo Hotel Internacional, no Rio de Janeiro. Lá conviveu com intelectuais e pintores, como Cecília Meireles, Murilo Mendes (1901 - 1975) e Carlos Scliar. Em 1941, Vieira da Silva pintou "La Forêt des Erreurs'' (A Floresta dos Errantes), quadro que apresenta um ritmo visual quase vertiginoso e uma gama cromática rebaixada, com predomínio de amarelos e verdes. O casal fundou o Ateliê Silvestre, que se transformou em centro de discussões artísticas. Traz ao Brasil a novidade da abstração que, no caso de Vieira da Silva, evoca formas de associação entre cores, texturas, ritmos e intervalos.

Vieira da Silva, ao longo da sua carreira, mantém uma trajetória coerente e independente das correntes artísticas com as quais se deparou. Na opinião do historiador da arte Nelson Aguilar, o impacto de sua obra pode ser reconhecido no Brasil, por exemplo, nos painéis de azulejos realizados para projetos paisagísticos de Burle Marx (1909-1994) e também na obra de Carlos Scliar e Athos Bulcão (1918-2008).

Críticas

"(...) Vieira da Silva ergue e junta e pinta os seus quadrados: cada um segue o outro, persegue-o, na edificação que, fazendo-se, prossegue. Na construção que vai sendo, magicamente, como, sobre um écran, uma projeção invertida faz erguer, de um monte de pedras, as paredes inesperadas de uma casa. A construção está a fazer-se, com uma força inevitável e iniludível. A fazer-se, simplesmente. Não a refazer-se: a fazer-se. Cada novo recanto, cada degrau ou cada luzir de empena, é uma coisa sozinha, uma coisa nova que não existia antes, que não traz consigo a memória da antiga presença da casa, nem deixa o vácuo de uma forma volvida. (...) E, depois, como num sistema de espelhos paralelos, na obediência a uma lei assustadora, tudo se reflete, se multirrepresenta até ao infinito matemático, se transforma em imagens de si próprio e ganha, na irregularidade e na vertigem, uma nova realidade, mais feroz, mais funda, um poder metafísico inevitável. É a realidade que se vê em volta, olhada do cerne terrível dessa mesma realidade. Terrível, no absurdo que não tem fim, nem utilidade palpável (...)". — José Augusto França (FRANÇA, José Augusto. "Da poesia Plástica (Ed. Cadernos de Poesia 1950-1951)". In: WEELEN, Guy (org.) Vieira da Silva. Lisboa, Calouste Gulbenkian, 1970, p. 27).

"A leitura duma obra de Vieira da Silva implica visões sucessivas. Cada aproximação nova revela outras tramas subjacentes e estas são modificadas sem cessar por uma sobrecarga psicológica. Como essas personagens fugitivas de que permanece apenas um traço na atmosfera, o pintor está presente no meio da tela num dédalo, um labirinto de perspectivas que se inscrevem em diferentes eixos. O seu dinamismo faz estourar a superfície em linhas fugidias como flechas sulcando o espaço e atingindo a profundidade.

Não poderia conceber-se uma pintura mais fielmente decalcada sobre o desenvolvimento dum pensamento, com os seus retrocessos, as suas paragens nas encruzilhadas, os seus estreitos corredores, as suas grutas subterrâneas e os seus bruscos deslumbramentos. Esta arte está sempre em mutação, não aceita nenhuma limitação, nenhum fim. Contudo, se nos é dada uma vez, é num estado que se presta a novos prolongamentos que o próprio espectador poderá criar. Este recebe seguramente o choque no momento escolhido pelo artista, mas pode juntar-lhe em seguida a descoberta dos pormenores, de segredos que não são perceptíveis à primeira vista e que a familiaridade progressiva com a própria obra revela. Esta não está exatamente fixada, ou só o está aparentemente, comportando sempre virtualidades nunca esgotadas.

Vieira da Silva procede primeiro por afirmações bastante vivas, carregadas de sutilezas que se sobrepõem, insistentes, obcecantes. Sob a luz da imaginação, as formas decompõem-se em triângulos ou em quadrados e retêm cores sutis e variadas. A tristeza e a pobreza do ambiente quotidiano vestem-se com vestes mágicas. Ultrapassando o seu estado bruto, os objetos encontram estranhos parentescos (...). Os seres, os objetos, são então muito diferentes do que se pensou ver, evoluem fora de toda a lógica, escapando ao seu peso, e a tela tornou-se, segundo a expressão de René de Solier, 'o lugar do híbrido". — Jacques Lassaigne (LASSAIGNE, Jacques. "A operação criadora". In: LASSAIGNE, Jacques & WEELEN, Guy. Vieira da Silva. Barcelona: Ediciones Polígrafa/Publicações Europa-América, 1978).

"A pintura de Vieira da Silva, quaisquer que sejam os parâmetros em que se situou, ao longo de certo tempo, parece ser obra de uma artista independente. Quer estivesse em Portugal, em França ou no Brasil, Vieira da Silva seguia o seu percurso independentemente das grandes correntes com que se deparou ou atravessou. Há no seu íntimo uma incapacidade de adaptação depois de se ter convencido, sem romantismo, de que deve trabalhar no silêncio longe do bolício da sociedade. Em sua opinião é o público que deve ir ao encontro do artista para tentar estabelecer um diálogo e nunca o artista ir ao encontro do público. (...)

Por ordem cronológica: o cubismo impressiona-a muito. Aprecia as formas semelhantes às figuras elementares da geometria, as engrenagens, os desmembramentos, os ritmos percutantes, as facetas sutis que correspondem à visão de uma sociedade à beira da industrialização.

Do futurismo, mais através de Marcel Duchamp 'Le nu descendant un escalier', nº 2 (1911) do que através dos Italianos, frequentemente demasiado demonstrativos, ela retém talvez uma dinâmica constante e nunca a análise do desenvolvimento da trajetória de um corpo no espaço.

Do simultaneísmo encarnado por Robert Delaunay (...) e Apollinaire o primeiro, apenas o tempo de um quadro: 'La machine optique' (1937) que para ela representa um estudo onde analisa o movimento das cores.

Do surrealismo, não subscreve nada da parte visível desse iceberg de escrita precisa, de técnica apurada, revista e corrigida por Meissonier, e quase nada da parte submersa, no sentido em que Vieira da Silva assume a alquimia da imaginação e recusa, não o inconsciente, porque é demasiado sutil para o ignorar, mas a sua influência na conduta dos homens, os seus poderes nas suas invenções.

No essencial detém-se na filosofia antiga, particularmente na dos estóicos, que descobriu quando era jovem. Encontrou as chaves que abrem essas portas.

Foi-lhe revelado, talvez por Torres Garcia, a importância das estruturas que a sua argúcia de portuguesa logo assimilou. Bonnard continua a confundi-la pela sua estratégia da cor. Por fim, do Impressionismo, o grande libertador da pintura desde o séc. XIX, Vieira da Silva capta a luz, que persegue constantemente de quadro em quadro porque esta corresponde à sua luz interior, que lhe é tão necessária como o ar e a seu ver poeticamente redentora.

Vieira nada reteve do Expressionismo, qualquer que fosse a sua origem". — José Sommer Ribeiro e Guy Weelen (RIBEIRO, José Sommer & WEELEN, Guy. Vieira da Silva. Artista convidada. 20ª Bienal Internacional de São Paulo. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1989).


"Na arte do século XX, a busca de um sentido imanente tinha sido levada ao absurdo por Duchamp já em 1913. Sob as condições dos tempos modernos, a sua continuação tornara-se impossível. A pintura de Vieira integrou por excelência esta problemática na apropriação da figura intemporal e mítica do labirinto como fragmento de uma totalidade inconcebível, preservando deste modo a sua complexidade simbólica. O caminho transformando-se em desvio e beco sem saída continua a evocar a busca de um norte. O centro, assinalando apenas o fim da vida e o confronto com a morte, não deixa por isso de colocar a questão de onde vimos e para onde vamos. Para lá do centro, nas vias sinuosas do retorno, adivinha-se, como reflexo, a totalidade perdida. A pintura de Vieira conseguiu deste modo integrar a incerteza como uma das condições determinantes da consciência moderna. A sua problemática pessoal de uma estranha neste mundo cruza-se com a atitude do homem moderno". — Gisela Rosenthal (ROSENTHAL, Gisela. Vieira da Silva 1980-1992. À procura do Espaço Desconhecido. Lisboa: Colônia, Taschen, 1998).

Depoimentos

"No Brasil eu estava muito marcada pelos acontecimentos, de maneira que eu vivia um pouco mais com a cabeça na Europa. Por isso eu conheci muito pouco o Brasil. Conheci um grupo de pessoas de quem eu gostava muito, conheci a lavadeira, a empregada da pensão. Eu não conheci realmente o Brasil, mas apenas um bocadinho do povo, pessoas muitos simpáticas, boas, inteligentes, muito honestas também. Naquela época não podíamos viajar pelo país, a vida era difícil... mas, na Europa, vivia-se tão mal. Quer dizer, para nós já era um milagre a gente viver como vivia no Brasil.

(...)

Eu deixei muitas obras no Brasil, quase todas dadas de presente aos nossos amigos. Ninguém comprava nada àquela época no Brasil. O Arpad também deixou muita coisa. Nós ficamos contentes de vender os quadros, mas as pessoas que nos compravam eram sempre muito honestas e pagavam o que pedíamos. Mas compravam geralmente quadros menores, que custavam pouco. Por um lado, penso que foi uma sorte que as pessoas ricas não nos procurassem para comprar quadros. Tivéssemos caído nas graças dos grã-finos e não teríamos tido aquela vida contemplativa. Mas, claro, era muito bonita porque acabou, porque foi angustiante para nós. Sentíamos tudo muito frágil. Por sorte não sofremos nenhum desastre nem tivemos nenhuma doença tropical - eu tive apenas uma hepatite. Vivíamos assim como uma borboleta. (...)

Os quadros que fiz no Brasil eram muito escuros. Não sei porquê. Não creio que tenha sido resultado das minhas preocupações. Devia ser qualquer coisa com a minha vista. Provavelmente eu via os quadros mais claros do que os pintava. Não sei. enfim, foi uma época de tensão, aquela do Brasil" — Vieira da Silva (SILVA, Maria Helena Vieira da. "Vivíamos assim como uma borboleta". In: MORAIS, Frederico. Tempos de Guerra: Hotel Internacional/Pensão Mauá. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986, n.p. (Ciclo de Exposições sobre Arte no Rio de Janeiro, 6).

Exposições Individuais

1933 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1935 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria UP, organizada pelo escritor e pintor Antônio Pedro

1937 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1942 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA

1944 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Askanasy

1946 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Marian Willard Gallery, organizada por Jeanne Bucher

1947 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1949 - Lille (França) - Individual, na Galeria Trouvaille

1949 - Paris (França) - Individual, na Galeria Pierre

1950 - Estocolmo (Suécia) - Individual, na Galeria Blanche

1951 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1951 - Paris (França) - Individual, na Galeria Pierre

1952 - Lille (França) - Individual, na Galeria Dupont

1952 - Londres (Inglaterra) - Vieira da Silva, na Redfern Gallery

1954 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Cadby Brich Gallery

1955 - Paris (França) - Individual, na Galeria Pierre

1956 - Basiléia (Suíça) - Individual, na Galeria de Arte Moderna

1956 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Saidemberg Gallery

1957 - Genebra (Suíça) - Individual, na Galeria Perron

1957 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Pórtico

1957 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Hannover Gallery

1958 - Bremen (Alemanha) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Kunsthalle Bremen

1958 - Hannover (Alemanha) - Vieira da Silva: retrospectiva, na Kestner Gesellschaft

1958 - Wuppertal (Alemanha) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Kunst und Museumverein

1960 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1961 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Knoedler Gallery

1961 - Washingnton (Estados Unidos) - Individual, na Phillips Art Gallery

1962 - Mannheim (Alemanha) - Individual, na Städtische Kunsthalle

1963 - Jerusalém (Israel) - L'Inclémence Lointaine, no Bezalel Museum Jerusalen

1963 - Lisboa (Portugal) - L'Inclémence Lointaine, na Galeria Gravura

1963 - Nova York (Estados Unidos) - Vieira da Silva: têmperas, na Knoedler Gallery

1963 - Paris (França) - Vieira da Silva: têmperas, na Galeria Jeanne Bucher

1963 - Washingnton (Estados Unidos) - Vieira da Silva: têmperas, na Phillips Art Galerry

1964 - Grenoble (França) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Museé de Grenoble

1964 - Turim (Itália) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Museu Cívico

1965 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Albert Loeb Gallery

1966 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Academia dos Amadores de Música

1966 - Nova York (Estados Unidos) - Inidividual, na Knoedler Gallery

1967 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1969 - Paris (França) - Les Irrésolutions Résolues, na Galeria Jeanne Bucher

1969 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jacob

1970 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111

1970 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Judith Cruz

1970 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria São Mamede

1970 - Lisboa (Portugal) - Vieira da Silva: retrospectiva, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1970 - Porto (Portugal) - Individual, na Galeria Zen

1971 - Montpellier (França) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Musée Fabre

1971 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher, por ocasião da publicação de estudo de Dora Vallier

1973 - Orléans (França) - Retrospectiva, no Museu de Arte e de História

1974 - Genebra (Suíça) - Individual, na Artel Galerie

1976 - Luxemburgo (Luxemburgo) - Vieira da Silva: retrospectiva

1976 - Paris (França) - Individual, no Museu Nacional de Arte Moderna, Centre Georges Pompidou

1977 - Paris (França) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris

1977 - Paris (França) e Lisboa (Portugal) - Retrospectiva, no Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris e na Fundação Calouste Gulbenkian

1978 - Aalborg (Dinamarca) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Nordjyllands Kunstmuseum

1980 - Barcelona (Espanha) - Vieira da Silva: pinturas, na Galeria Joan Prats

1980 - Haia (Holanda) - Individual, na Galeria Nova Spectra

1985 - Lisboa (Portugal) - Retratos de Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1986 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1987 - São Paulo SP - Vieira da Silva nas Coleções Portuguesas, no Masp

1988 - Paris (França) - Individual, nas Galeries Nationales du Grand Palais

Exposições Coletivas

1931 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais

1931 - Paris (França) - Salon des Surindépendants

1936 - Lisboa (Portugal) - Vieira da Silva e Arpad Szenes: pinturas abstratas, no Ateliê de Vieira da Silva

1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts

1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum

1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victory Art Gallery

1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery

1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery

1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery

1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery

1945 - Paris (França) - Salon des Réalités Nouvelles

1950 - Paris (França) - Vieira da Silva e Reichel: gouaches, na Galerie La Hune

1952 - Paris (França) - Salon de Mai

1952 - Pittsburgh (Estados Unidos) - Pittsburgh Exhibition of Contemporary Painting, no Carnegie Institute of Pittsburgh

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados - prêmio aquisição

1954 - Basiléia (Suíça) - Vieira da Silva, Bissière, Schiess, Ubac e Germaine Rechier, na Kunsthalle

1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais

1954 - Veneza (Itália) - 27ª Bienal de Veneza

1955 - Amsterdã (Holanda) - Vieira da Silva e Germaine Richier, no Stedelijk Museum Amsterdam

1955 - Caracas (Venezuela) - Bienal de Caracas - 3º prêmio

1958 - Nova York (Estados Unidos) - Prêmio Anual Museu Guggenheim - menção honrosa

1958 - Pittsburgh (Estados Unidos) - Instituto Carnegie - 4º prêmio

1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - grande prêmio internacional de pintura

1967 - Treigny (França) - Vieira da Silva e Étienne Martin, no Castelo de Ratilly

1976 - Paris (França) - Les Dessins d'Arpad Szenes et Vieira da Silva, no Centre National d'Art et de Culture Georges Pompidou

1976 - Sochaux (França) - Coletiva, na Casa de Artes e Lazeres de Sochaux

1976 - Metz (Alemanha) - Coletiva, no Museu de Metz

1976 - Luxemburgo (Luxemburgo) - Coletiva, no Museu do Estado de Luxemburgo

1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1984 - Lisboa (Portugal) - Vieira da Silva e Arpad Szenes, na Galeria EMI-Valentim de Carvalho

1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj

1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj

1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas da Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão

1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

Exposições Póstumas

1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, na Kunsthaus Zürich

1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil, 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção de Roberto Marinho, no Masp

1994 - São Paulo SP - Memória da Liberdade, na Pinacoteca do Estado

1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Manuel de Brito: imagens da arte portuguesa do século XX, no MAM/RJ

1995 - São Paulo SP - Coleção Manuel de Brito: imagens da arte portuguesa do século XX, no Masp

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Literatura Brasileira e Gravura, na ABL

2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil Era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial

2000 - São Paulo SP - Arpad Szenes e Vieira da Silva: período brasileiro, na Pinacoteca do Estado

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2001 - São Paulo SP - Período Brasileiro, na Fundação Casa França-Brasil

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ

2004 - Rio de Janeiro RJ - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

2004 - São Paulo SP - Cinco Pintores da Modernidade Portuguesa, no MAM/SP

2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP

Fonte: VIEIRA da Silva. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

---
Biografia — Wikipédia

Nascimento e primeiros anos

Nascida a 13 de junho de 1908, em Lisboa, no seio de uma família abastada de classe alta, Maria Helena Vieira da Silva era a única filha do embaixador Marcos Vieira da Silva com Maria do Céu Silva Graça, vivendo os seus primeiros anos de vida na Suíça, onde o seu pai estava destacado.

Com apenas três anos de idade, a 14 de fevereiro de 1911, ficou órfã de pai, passando então a viver com a sua mãe e o seu avô materno, José Joaquim da Silva Graça, republicano convicto, jornalista, fundador, proprietário e director do jornal O Século e da revista Ilustração Portuguesa, no antigo Palacete Silva Graça, situado na avenida Fontes Pereira de Melo com a rua Latino Coelho, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa.

Anos 20

Formação Artística em Lisboa

Muito cedo despertou para a música e a pintura, tendo aos onze anos de idade começando a estudar piano e canto em casa, desenho e pintura nos ateliers da pintora Emília dos Santos Braga e do pintor Armando de Lucena, e modelagem com o escultor Rogério de Andrade. Pouco depois, ingressou na Academia de Belas Artes de Lisboa e, motivada também pela escultura, frequentou a disciplina de Anatomia, lecionada pelo professor Henrique Vilhena, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em 1926.

Formação Artística em Paris

Em 1928, tal como era frequente entre os artistas portugueses, com apenas dezanove anos e acompanhada pela sua mãe, Maria Helena decidiu prosseguir com os seus estudos académicos em Paris, França, onde estudou desenho com Fernand Léger e escultura com Antoine Bourdelle na Académie de La Grande Chaumière, ingressando ainda depois na Academia Escandinava, onde foi discípula do escultor Charles Despiau.

Durante este período, a jovem artista portuguesa foi ainda discípula dos pintores franceses Othon Friesz e do printmaker inglês Stanley William Hayter no Atelier 17, frequentou cafés, concertos, teatros, museus e galerias, realizou a sua primeira mostra colectiva em França, na Exposition Annuelle des Beaux-Arts da Société des Artistes Français, no Grand Palais, travou amizade com o pintor pós-impressionista Pierre Bonnard, cujo trabalho veio a influenciar a sua própria obra, os pintores modernistas portugueses Eduardo Viana e Milly Possoz.

Após concluir os seus estudos, trabalhou com os pintores e escultores Henri de Waroquier (1881-1970) e Charles Dufresne, passando a focar-se apenas na pintura, abandonando assim a escultura.

Casamento

A 22 de fevereiro de 1930 casou-se com o pintor húngaro Árpád Szenes, passando a residir na Villa des Camélias, situada na Boulevard Saint-Jacques, onde tinham os seus ateliers. Devido ao facto de seu marido ser de origem judaica e de Maria Helena Vieira da Silva ter perdido a nacionalidade portuguesa ao se casar fora do país com um estrangeiro, dada à complexa situação política na Hungria, o casal decidiu oficialmente passar à situação de apátridas residentes em França, viajando frequentemente para Lisboa a fim de frequentar algumas exposições e visitar amigos e familiares.

Anos 30: Exposições e carreira artística

No início da década de 1930, Maria Helena Vieira da Silva viajou para Itália, onde se inspirou nas obras da escola sienesa, fez ilustrações para livros infantis, participou no Salon d’Automne e no Salon des Surindépendants (1931) em Paris, ingressou juntamente com Árpád nas aulas do pintor francês Roger Bissière da Académie Ranson, conheceu a galerista Jeanne Bucher, que passou a representar o seu trabalho artístico, vendeu o seu primeiro quadro para o Museum of Modern Art de Nova Iorque e aventurou-se no mundo da literatura infantil ao criar a história "Kô et Kô, les deux esquimaux" (1933), escrita em parceria com Pierre Guéguen e ilustrada pela própria, sendo ainda organizada a primeira exposição individual da artista em Paris, com os guaches originais do livro, pela Galeria Jeanne Bucher (1933). Durante esse período, outros dois eventos de grande relevo na sua carreira foram a sua participação no 1º Salão dos Independentes (1930) na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa, que contou com alguns dos nomes mais emblemáticos do panorama artístico português, como Fernando Pessoa, Camilo Pessanha, Mário Eloy, Sarah Afonso, Abel Manta, Dordio Gomes, Jorge Barradas, Lino António, Mily Possoz, Carlos Botelho, Bernardo Marques, José Tagarro, Francisco Franco, Diogo de Macedo, Canto da Maia, Salvador Barata Feyo, Leopoldo de Almeida, António Duarte, Ruy Roque Gameiro, Cotinelli Telmo ou Mário Novais, entre muitos outros, sendo esta a sua primeira exposição colectiva em Portugal, e ainda a realização da sua primeira exposição individual em Lisboa, na Galeria UP (1935), organizada pelo escritor, pintor, actor, encenador e coleccionador de arte António Pedro.

Activismo Antifascista

Durante a segunda metade da década de 1930, com o desenvolvimento da extrema direita na Europa, Maria Helena Vieira da Silva e o seu marido juntaram-se ao grupo Amis du Monde (1935), uma associação criada por vários artistas e intelectuais de diferentes nacionalidades a residir em Paris, a fim de discutirem formas de resistência contra os movimentos fascistas.

Apesar do casal ter actuado de forma fervorosa e empenhada, nesse mesmo ano, por se sentirem inseguros com o crescimento de ataques anti-semitas, ainda que Árpád se tenha convertido ao catolicismo e de ambos terem contraído um casamento religioso, decidiram partir para Lisboa, onde passaram a residir temporariamente, expondo no seu novo atelier as suas pinturas abstractas. Um ano depois, em outubro de 1936, o casal regressou a Paris após receberem algumas propostas para exibirem os seus trabalhos, instalando-se no número 51 da Boulevard Saint-Jacques.

Pouco depois, a artista de origem portuguesa começou a colaborar novamente com Pierre Guéguen na elaboração de ilustrações para "Madame la Grammaire" (1936), publicado no jornal Paris-Soir, expôs de novo na Galeria Jeanne Bucher e conheceu o escultor catalão Apel·les Fenosa, que a sensibilizou para a Guerra Civil Espanhola, sendo posteriormente organizada por Jeanne Bucher uma exposição de beneficência, para as vítimas da guerra espanhola e os seus exilados em França, com obras de Árpád Szenes, Étienne Hajdu e Maria Helena Vieira da Silva (1939).

Segunda Guerra Mundial

Fuga para Portugal

Com o despoletar da Segunda Guerra Mundial, o casal fugiu novamente para Portugal, onde procuraram obter a nacionalidade portuguesa, contudo estando o país sob o regime do Estado Novo e sendo ambos apátridas e Árpád de origem judaica, apesar de convertido, após um ano de espera, o seu pedido foi-lhes negado. Durante a sua curta estadia, a artista não deixou porém de continuar a trabalhar e participou num concurso de montras, realizado no âmbito da Exposição do Mundo Português, que também lhe encomendou um quadro, sendo no entanto a encomenda cancelada quando o seu pedido de cidadania foi recusado.

Exílio no Brasil

Sendo obrigados a sair da Europa, em 1940, Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes instalaram-se, inicialmente, no Hotel Internacional, do Rio de Janeiro, Brasil, onde receberam passaportes diplomáticos, emitidos pela Sociedade das Nações, e conviveram com importantes artistas locais, como Carlos Scliar, Djanira, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, Maria da Saudade Cortesão e Cecília Meireles, para além de terem exercido uma grande influência na arte brasileira, especialmente entre o movimento dos modernistas brasileiros.

Durante esses anos, Maria Helena Vieira da Silva começou a reflectir nas suas obras sentimentos como a tristeza, a dor ou a saudade, expôs a título individual no Museu Nacional de Belas Artes (1942) e na Galeria Askanasy do Rio de Janeiro (1944), e a título colectivo no 48º Salão Nacional de Belas Artes (1942), na Exhibition of Modern Brasilian Painting no British Council da Escócia no Rio de Janeiro (1945), no Instituto de Arquitetos do Brasil (1946) e no Palácio Municipal de Belo Horizonte com o seu marido (1946).

Realizou ainda trabalhos de ilustração para diversos periódicos e revistas, como a "Novela Gótica" do semanário O Cruzeiro (1945) ou vários artigos do Caderno da Juventude (1946), decorou o refeitório da Escola Nacional de Agronomia do Rio de Janeiro com um painel de azulejos, a que chamou "Kilomètre 44", e, finalmente com o fim da guerra na Europa, através da galerista Jeanne Bucher, conseguiu participar no Salon des Réalités Nouvelles em Paris (1945) e realizou a sua primeira exposição individual em Nova Iorque na Galeria Marian Willard (1946). Durante esse mesmo período, o casal realizou inúmeras viagens pela América Latina a fim de participar em diversas exposições.

Pós-Guerra

Em março de 1947, Maria Helena Vieira da Silva regressou sozinha para Paris, instalando-se uma vez mais na Boulevard Saint-Jacques. Dois meses depois, Árpád Szenes regressou do Brasil e juntos começaram a preparar uma exposição na Galeria Jeanne Bucher Jaeger (1947), gerida à época por Jean François Jaeger, sobrinho da sua antecessora, após o seu falecimento, com obras do seu período em terras brasileiras. Esta exposição atraiu a atenção do Estado Francês que lhe adquiriu várias pinturas desde então, tais como "La Partie d'échecs".

Anos 50, 60, 70 e 80

Nacionalidade Francesa

Em 1952, Maria Helena Vieira da Silva voltou a pedir às autoridades portuguesas a reaquisição da nacionalidade portuguesa, contudo, e apesar de possuir uma carreira de sucesso e fama internacional, uma vez mais, o seu pedido foi recusado. A artista e o seu marido teriam de esperar até 1956 para deixarem de ser apátridas, obtendo finalmente a nacionalidade francesa.

Exposições e Carreira Artística

Nos anos seguintes, a artista manteve-se bastante activa artística e socialmente, atingindo a sua maturidade artística. Travou amizade com Jean Bazaine, Manuel Cargaleiro, René Char e Guy Weelen, que se tornou seu representante, mudou a sua residência para o Hotel des Terrasses, na Rua de Ia Glacière, e mais tarde para o número 34 da Rua de l'Abbé Carton, no XIV bairro da cidade, estreou-se em cenografia com a peça de teatro "La Parodie de A. Adamov" (1952), realizou trabalhos em litografia, serigrafia, vitral, azulejos e tapeçaria, ilustrou várias publicações literárias e realizou inúmeras exposições a título individual em Paris, Lille, Lausane, Tours, Estocolmo, Lisboa, Porto, Nova Iorque, Darmstadt, Genebra, Londres, Basileia ou ainda em Washington.

A título colectivo expôs na Exposição de Guaches da Galeria La Hune de Paris (1950), com o pintor alemão Hans Reichel, na Redfern Gallery de Londres (1952), na Kunsthalle da Basileia (1954), no Stedelijk Museum de Amsterdã (1955), com a escultora francesa Germaine Richier, no Château de Ratilly, em Treigny, com o escultor Étienne Martin (1967) ou no Museu de Belas-Artes de Dijon (1974), entre muitas outras exposições colectivas, e em termos competitivos, participou em inúmeros eventos internacionais, como na Pittsburgh International Exhibition of Contemporary Painting do Carnegie Institute of Pittsburgh (1952, 1958), no Salon de Mai (1952), na IIª e VIª Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1953, 1961), onde foi galardoada com um prémio de aquisição e o Grande Prémio Internacional de Pintura respectivamente, na XXVIIª Bienal de Veneza (1954), na Bienal de Caracas (1955), tendo arrecadado o 3º Prémio na categoria de Pintura, na Exposição Universal e Internacional de Bruxelas (1958), na II e III Documenta de Kassel (1959, 1964), no VIII Salon du Sud-Ouest em Montauban (1961), onde foi convidada de honra, no 12º Festival Internacional de Arte Contemporânea de Royan (1975) e ainda na competição anual do Guggenhein Museum (1958), conseguindo uma menção honrosa, entre muitos outros.

Condecorações pelo Governo Francês

Fruto do seu trabalho, em 1960, o casal foi agraciado pelo Governo Francês como oficial e cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, e em 1962, como comandante, novamente pela mesma ordem francesa. Posteriormente, em 1966, Maria Helena Vieira da Silva tornou-se na primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts, e em 1979, tornou-se Dama da Ordem Nacional da Legião de Honra de França e membro do Comité de Honra do Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos.

Reconhecimento Artístico

Pequeno pormenor de painel azulejar, presente na estação Cidade Universitária do Metropolitano de Lisboa da autoria de Maria Helena Vieira da Silva (1988).

Durante os anos que se seguiram, nomeadamente durante a segunda metade da década de 60 e durante toda a década de 70 e 80, começaram a ser realizadas diversas retrospectivas sobre o trabalho e obra de Maria Helena Vieira da Silva, sendo as suas pinturas expostas em diversas exposições internacionais e espaços museológicas, como em Portugal, Israel, Itália, França, Reino Unido, onde foi eleita membro da Royal Academy of Arts, em 1988, Luxemburgo, Holanda, Suíça, Espanha, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Senegal, Tunísia, Argentina, Brasil ou Estados Unidos da América, onde, em 1970, foi nomeada Daughter of Mark Twain.

Em Portugal, a artista também foi reconhecida, sobretudo após a Revolução dos Cravos, tendo realizado diversas obras encomendadas pelo Estado Português, como os painéis decorativos das estações metropolitanas da Cidade Universitária e do Rato ou os dois cartazes editados pela Fundação Calouste Gulbenkian, a pedido da poetisa e amiga Sophia de Mello Breyner, para comemorar a data da revolução.

A 9 de dezembro de 1977 foi lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 16 de Julho de 1988 a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, para além das Medalhas da Cidade de Lisboa e do Porto pelas respectivas Câmaras Municipais. Para além destas honras dadas pelo Estado Português, várias associações e instituições portuguesas já haviam homenageado a vida e obra da artista, tais como o Grémio Literário de Lisboa e a Academia de Belas-Artes de Lisboa, que a nomearam sócia honorária em 1968 e 1971, respectivamente, sendo ainda escolhida em 1984 para membro da Academia das Ciências, das Artes e das Letras de Lisboa.

Morte

Maria Helena Vieira da Silva faleceu em 6 de março de 1992, aos 83 anos de idade, em Paris.

Legado, reconhecimento e homenagens

As suas obras encontram-se actualmente em colecções privadas e museológicas, sendo possível ver alguns exemplares no Museu Coleção Berardo do Centro Cultural de Belém, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Museu Calouste Gulbenkian ou o Museu da Fundação Árpád Szenes-Vieira da Silva em Portugal, assim como noutros de renome internacional, como o Tate Museum, Guggenheim, MOMA ou o Museu de Belas Artes de Bilbao, para além de em vários leilões para coleccionadores de arte e galerias da especialidade.

Em 1977, por iniciativa do pintor Jorge Martins, foi produzido um filme sobre a vida do casal pelo Centro Português de Cinema, intitulado "Ma femme chamada Bicho", realizado por José Álvaro Morais.

Postumamente, em 1994, de forma a se honrar a memória e obra do casal de pintores, foi fundada em Portugal a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, sediada em Lisboa. Nesse mesmo ano, foi também dado o seu nome a uma escola em Carnaxide, concelho de Oeiras.

Em 2013, a União Astronómica Internacional deu o nome da artista plástica a uma cratera em Mercúrio.

Em abril de 2016, a sua obra "Biblioteca em fogo" foi seleccionada como uma das dez mais importantes obras artísticas de Portugal pelo projeto Europeana.

Em 2017, mais de uma centena de obras de Maria Helena Vieira da Silva e do seu marido, cobrindo as distintas etapas dos respectivos percursos artísticos, foram apresentadas no Centro Cultural Conde Duque, em Madrid, fazendo a exposição parte integrante da mostra de cultura portuguesa em Espanha, organizada anualmente pela embaixada portuguesa, na capital espanhola. A iniciativa com obras da artista plástica foi a maior até então realizada em terras espanholas.

Em 2019, o nome da pintora foi atribuído a uma rua de Paris, situada no 14.º bairro, bairro esse onde habitou e trabalhou durante vários anos. Por essa ocasião, foram colocados no vestíbulo de honra onde o Presidente francês acolhe todos os chefes de Estado que o visitam, situado na entrada do Palácio do Eliseu, as pinturas “Jardins suspendus” (1955) e “Stèle” (1964), pertencentes ao espólio artístico e cultural do Governo Francês.

Em 2020, várias iniciativas tomaram lugar em Portugal para homenagear a obra e vida da artista plástica portuguesa. Em junho deste ano, foi organizada a exposição retrospectiva "Vieira da Silva. Um Olhar Singular", por Marina Bairrão Ruivo, curadora da exposição e directora da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, na Casa-Museu Teixeira Lopes em Vila Nova de Gaia, que contou com 64 obras da artista plástica portuguesa, situadas entre 1926 e 1986, seguindo-se um mês depois, em julho, a inauguração do Centro de Arte Contemporânea de Coimbra com uma exposição que deu a conhecer aos seus visitantes parte da Coleção BPN, na qual figuraram obras de Paula Rego, Júlio Pomar, Amadeo Souza-Cardoso e Maria Helena Vieira da Silva.

Em setembro de 2020, após ter sido várias vezes adiada, devido à pandemia de COVID-19 e alguns problemas técnicos, foi realizada a exposição "Dissonâncias", no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNEC), com 85 obras de 45 artistas, consideradas “significativas da criação artística nacional dos séculos XIX, até ao início do XXI", apresentando no seu espólio várias obras de Hein Semke, Manuel Botelho, Ana Pérez-Quiroga, Ana Vidigal, Artur do Cruzeiro Seixas, Columbano Bordalo Pinheiro, Cristina Ataíde, Gérard Castello-Lopes, Pedro Portugal, João Cristino da Silva, Paula Rego e Maria Helena Vieira da Silva.

Algumas obras

  • As Bandeiras Vermelhas (1939, 80 × 140 cm)

  • A Partida de Xadrez (1943, 81x100 cm)

  • História Trágico-Marítima (1944, 81,5 × 100 cm)

  • O Passeante Invisível (1949-1951, 132 × 168 cm)

  • O Quarto Cinzento (1950, Tate Gallery, Londres, 65 × 92 cm)

  • L'Allée Urichante (1955, 81 × 100 cm)

  • Les Grandes Constructions (1956, 136 × 156,5 cm)

  • Londres (1959, 162 × 146 cm)

  • Landgrave (1966, 113,6 × 161 cm)

  • Biblioteca em fogo (Bibliothéque en Feu) (1974, 158 × 178 cm)

  • Painéis de azulejo para as estações do Metropolitano de Lisboa do Rato e da Cidade Universitária.

Leilões

A obra Saint-Fargeau (1965), foi vendida num leilão em Paris por 1,3 milhões de euros a 22 de Outubro de 2011, o valor mais alto até então para um quadro de um artista português. A pintura fazia parte de um conjunto de obras da coleção privada do colecionador Jorge de Brito (1927-2006) que foram levadas até em Paris, pela leiloeira Tajan.

A pintura “L’Incendie I” (“O Incêndio”), foi leiloada pela Christie’s a 6 de março de 2018 pelo valor recorde de 2,290 milhões de euros. A obra pertencia a uma coleção privada de arte, não identificada — que a tinha comprado aos herdeiros de Jorge de Brito, em 2008.

A obra, L’Incendie II, ou Le Feu (1944) foi leiloada, a 11 de fevereiro de 2020, em Londres, por 1,9 milhões de euros.

O quadro a óleo Tours d'arme', datado de 1954, foi comprado à Galerie Pierre, de Paris, em 1960, por um coleccionador do Canadá e, em 2013, foi vendida num leilão da Sotheby’s por 445 mil euros. A 10 Julho de 2020, a obra foi novamente a leilão, dessa vez, pela Christie's, com uma estimativa de preço entre os 600 mil e os 800 mil euros, contudo não foi vendida.


Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de março de 2022.

Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de março de 2022.

Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, Portugal, 13 de junho de 1908 — Paris, França, 6 de março de 1992), mais conhecida como Vieira da Silva, foi uma desenhista, gravadora, ilustradora, escultora e pintora portuguesa, naturalizada francesa em 1956. Suas obras, ao longo do tempo, contemplaram as cores e formas do cubismo, perpassando pelo futurismo, simultaneísmo e surrealismo. Recebeu diversos prêmios e títulos e tornou-se membro de associações artísticas como a Académie des Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e a Royal Academy of Art de Londres. No Brasil, recebeu prêmios na 2ª e 6ª Bienais Internacionais de São Paulo. Vieira da Silva tornou-se a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts, e em 1979, tornou-se Dama da Ordem Nacional da Legião de Honra de França e membro do Comité de Honra do Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos.

Vieira da Silva

Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, Portugal, 13 de junho de 1908 — Paris, França, 6 de março de 1992), mais conhecida como Vieira da Silva, foi uma desenhista, gravadora, ilustradora, escultora e pintora portuguesa, naturalizada francesa em 1956. Suas obras, ao longo do tempo, contemplaram as cores e formas do cubismo, perpassando pelo futurismo, simultaneísmo e surrealismo. Recebeu diversos prêmios e títulos e tornou-se membro de associações artísticas como a Académie des Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e a Royal Academy of Art de Londres. No Brasil, recebeu prêmios na 2ª e 6ª Bienais Internacionais de São Paulo. Vieira da Silva tornou-se a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts, e em 1979, tornou-se Dama da Ordem Nacional da Legião de Honra de França e membro do Comité de Honra do Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos.

Videos

Vieira da Silva | 2018

Maria Helena Vieira da Silva (1908 - 1992) | 2018

Vieira da Silva at Waddington Custot | 2020

3 coups de pinceau: Vieira Da Silva | 2020

"Memno", dedicado à pintora Vieira da Silva | 2010

Vieira Da Silva - Uma casa portuguesa | 2020

Vieira da Silva (1908 -1992) et Arpad Szenes | 1979

The Story Behind: Vieira da Silva | 2020

Vieira da Silva - Matinal, Madredeus | 2010

Museu Vieira da Silva recebe distinção | 2015

Biografia — Itaú Cultural

Estudou desenho, dos 11 aos 19 anos, com Emília Santos Braga e pintura com Armando Lucena, além de frequentar cursos de anatomia da Escola de Medicina de Lisboa e aprender música em casa.

Em 1928, muda-se para Paris. Prossegue os estudos de desenho na Académie de La Grande Chaumière e de escultura com Bourdelle e, na Academia Escandinava, com Despiau.

Abandona a escultura e passa a dedicar-se à pintura e à gravura, tendo estudado com Dufresne, Waroquier, Friesz, Fernand Léger (1881 - 1955), Bissière e Hayter.

Em 1930, casa-se com o pintor húngaro Arpad Szenes (1897-1985).

Em 1933, faz ilustrações para um livro infantil e as apresenta em sua primeira individual. Em 1939, a artista deixa Paris e volta à Lisboa devido a 2ª Guerra Mundial, confiando suas obras e ateliê à galerista Jeanne Bucher.

No ano seguinte, parte para o Brasil e instala-se, inicialmente, no Hotel Internacional, no Rio de Janeiro, onde convive com outros artistas europeus que se exilaram no país.

Conhece os poetas Murilo Mendes (1901-1975) e Cecília Meireles (1901-1964) e o pintor Carlos Scliar (1920-2001). No mesmo ano, Vieira e Arpad fizeram, para a Escola Nacional de Agronomia, painéis de azulejos e retratos de cientistas, nomeando esse conjunto de Quilômetro 44, referência ao endereço da Escola.

Em 1947, retornou a Paris, onde realizou muitas exposições.

Em 1949, Pierre Descargues publica a primeira monografia sobre a artista e, em 1954, o crítico Guy Weelen passa a organizar e divulgar a sua obra e a de seu marido, tendo escrito uma série de estudos e organizado diversas exposições.

Naturalizou-se francesa em 1956.

Em 1963, realizou em Reims, França, seu primeiro vitral, no Ateliê Jacques Simon.

Em 1968, inicia com Charles Marq uma série de vitrais para a Igreja Saint-Jacques, concluídos apenas em 1976.

Recebe diversos prêmios e títulos e torna-se membro de associações artísticas como a Académie des Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e a Royal Academy of Art de Londres.

No Brasil, recebeu prêmios na 2ª e 6ª Bienais Internacionais de São Paulo.

Em 1990 é fundada em Lisboa a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva.

Análise

Nascida em Portugal, Maria Helena Vieira da Silva estudou na Escola de Belas Artes de Lisboa. Muda-se para Paris em 1928, onde estuda escultura. Passa a dedicar-se à pintura e gravura, estudando com Fernand Léger (1881-1955). Em 1930, casa-se com o artista húngaro Arpad Szenes. Suas obras situam-se entre figuração e abstração.

A pintura da artista apresenta uma preocupação em revelar ambigüidades do espaço e da profundidade representados sobre uma superfície plana. Predomina em seus quadros o emprego de uma rede quadriculada, obtida por meio das linhas e de suas interseções, que formam planos semelhantes a quadrados coloridos, como ocorre em La Chambre à Carreaux (O Quarto Quadriculado), de 1935.

No quadro L'Atelier Lisbonne (O Ateliê Lisboa), de 1940, pequenos quadrados giram para constituir um interior em perspectiva. No centro da composição, figuras fazem um círculo, lembrando A Dança de Matisse, em um registro espectral.

A artista revela também a importância de obras de Bonnard (1867 - 1947), em especial o quadro Le Nappe à Carreaux (A Toalha Quadriculada), que vê ao chegar em Paris, e das composições abstratas de Torres Garcia (1874 - 1949).

O casal Arpad Szenes e Vieira da Silva veio para o Brasil em 1940, devido à Segunda Guerra Mundial, instalando-se no antigo Hotel Internacional, no Rio de Janeiro. Lá conviveu com intelectuais e pintores, como Cecília Meireles, Murilo Mendes (1901 - 1975) e Carlos Scliar. Em 1941, Vieira da Silva pintou "La Forêt des Erreurs'' (A Floresta dos Errantes), quadro que apresenta um ritmo visual quase vertiginoso e uma gama cromática rebaixada, com predomínio de amarelos e verdes. O casal fundou o Ateliê Silvestre, que se transformou em centro de discussões artísticas. Traz ao Brasil a novidade da abstração que, no caso de Vieira da Silva, evoca formas de associação entre cores, texturas, ritmos e intervalos.

Vieira da Silva, ao longo da sua carreira, mantém uma trajetória coerente e independente das correntes artísticas com as quais se deparou. Na opinião do historiador da arte Nelson Aguilar, o impacto de sua obra pode ser reconhecido no Brasil, por exemplo, nos painéis de azulejos realizados para projetos paisagísticos de Burle Marx (1909-1994) e também na obra de Carlos Scliar e Athos Bulcão (1918-2008).

Críticas

"(...) Vieira da Silva ergue e junta e pinta os seus quadrados: cada um segue o outro, persegue-o, na edificação que, fazendo-se, prossegue. Na construção que vai sendo, magicamente, como, sobre um écran, uma projeção invertida faz erguer, de um monte de pedras, as paredes inesperadas de uma casa. A construção está a fazer-se, com uma força inevitável e iniludível. A fazer-se, simplesmente. Não a refazer-se: a fazer-se. Cada novo recanto, cada degrau ou cada luzir de empena, é uma coisa sozinha, uma coisa nova que não existia antes, que não traz consigo a memória da antiga presença da casa, nem deixa o vácuo de uma forma volvida. (...) E, depois, como num sistema de espelhos paralelos, na obediência a uma lei assustadora, tudo se reflete, se multirrepresenta até ao infinito matemático, se transforma em imagens de si próprio e ganha, na irregularidade e na vertigem, uma nova realidade, mais feroz, mais funda, um poder metafísico inevitável. É a realidade que se vê em volta, olhada do cerne terrível dessa mesma realidade. Terrível, no absurdo que não tem fim, nem utilidade palpável (...)". — José Augusto França (FRANÇA, José Augusto. "Da poesia Plástica (Ed. Cadernos de Poesia 1950-1951)". In: WEELEN, Guy (org.) Vieira da Silva. Lisboa, Calouste Gulbenkian, 1970, p. 27).

"A leitura duma obra de Vieira da Silva implica visões sucessivas. Cada aproximação nova revela outras tramas subjacentes e estas são modificadas sem cessar por uma sobrecarga psicológica. Como essas personagens fugitivas de que permanece apenas um traço na atmosfera, o pintor está presente no meio da tela num dédalo, um labirinto de perspectivas que se inscrevem em diferentes eixos. O seu dinamismo faz estourar a superfície em linhas fugidias como flechas sulcando o espaço e atingindo a profundidade.

Não poderia conceber-se uma pintura mais fielmente decalcada sobre o desenvolvimento dum pensamento, com os seus retrocessos, as suas paragens nas encruzilhadas, os seus estreitos corredores, as suas grutas subterrâneas e os seus bruscos deslumbramentos. Esta arte está sempre em mutação, não aceita nenhuma limitação, nenhum fim. Contudo, se nos é dada uma vez, é num estado que se presta a novos prolongamentos que o próprio espectador poderá criar. Este recebe seguramente o choque no momento escolhido pelo artista, mas pode juntar-lhe em seguida a descoberta dos pormenores, de segredos que não são perceptíveis à primeira vista e que a familiaridade progressiva com a própria obra revela. Esta não está exatamente fixada, ou só o está aparentemente, comportando sempre virtualidades nunca esgotadas.

Vieira da Silva procede primeiro por afirmações bastante vivas, carregadas de sutilezas que se sobrepõem, insistentes, obcecantes. Sob a luz da imaginação, as formas decompõem-se em triângulos ou em quadrados e retêm cores sutis e variadas. A tristeza e a pobreza do ambiente quotidiano vestem-se com vestes mágicas. Ultrapassando o seu estado bruto, os objetos encontram estranhos parentescos (...). Os seres, os objetos, são então muito diferentes do que se pensou ver, evoluem fora de toda a lógica, escapando ao seu peso, e a tela tornou-se, segundo a expressão de René de Solier, 'o lugar do híbrido". — Jacques Lassaigne (LASSAIGNE, Jacques. "A operação criadora". In: LASSAIGNE, Jacques & WEELEN, Guy. Vieira da Silva. Barcelona: Ediciones Polígrafa/Publicações Europa-América, 1978).

"A pintura de Vieira da Silva, quaisquer que sejam os parâmetros em que se situou, ao longo de certo tempo, parece ser obra de uma artista independente. Quer estivesse em Portugal, em França ou no Brasil, Vieira da Silva seguia o seu percurso independentemente das grandes correntes com que se deparou ou atravessou. Há no seu íntimo uma incapacidade de adaptação depois de se ter convencido, sem romantismo, de que deve trabalhar no silêncio longe do bolício da sociedade. Em sua opinião é o público que deve ir ao encontro do artista para tentar estabelecer um diálogo e nunca o artista ir ao encontro do público. (...)

Por ordem cronológica: o cubismo impressiona-a muito. Aprecia as formas semelhantes às figuras elementares da geometria, as engrenagens, os desmembramentos, os ritmos percutantes, as facetas sutis que correspondem à visão de uma sociedade à beira da industrialização.

Do futurismo, mais através de Marcel Duchamp 'Le nu descendant un escalier', nº 2 (1911) do que através dos Italianos, frequentemente demasiado demonstrativos, ela retém talvez uma dinâmica constante e nunca a análise do desenvolvimento da trajetória de um corpo no espaço.

Do simultaneísmo encarnado por Robert Delaunay (...) e Apollinaire o primeiro, apenas o tempo de um quadro: 'La machine optique' (1937) que para ela representa um estudo onde analisa o movimento das cores.

Do surrealismo, não subscreve nada da parte visível desse iceberg de escrita precisa, de técnica apurada, revista e corrigida por Meissonier, e quase nada da parte submersa, no sentido em que Vieira da Silva assume a alquimia da imaginação e recusa, não o inconsciente, porque é demasiado sutil para o ignorar, mas a sua influência na conduta dos homens, os seus poderes nas suas invenções.

No essencial detém-se na filosofia antiga, particularmente na dos estóicos, que descobriu quando era jovem. Encontrou as chaves que abrem essas portas.

Foi-lhe revelado, talvez por Torres Garcia, a importância das estruturas que a sua argúcia de portuguesa logo assimilou. Bonnard continua a confundi-la pela sua estratégia da cor. Por fim, do Impressionismo, o grande libertador da pintura desde o séc. XIX, Vieira da Silva capta a luz, que persegue constantemente de quadro em quadro porque esta corresponde à sua luz interior, que lhe é tão necessária como o ar e a seu ver poeticamente redentora.

Vieira nada reteve do Expressionismo, qualquer que fosse a sua origem". — José Sommer Ribeiro e Guy Weelen (RIBEIRO, José Sommer & WEELEN, Guy. Vieira da Silva. Artista convidada. 20ª Bienal Internacional de São Paulo. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1989).


"Na arte do século XX, a busca de um sentido imanente tinha sido levada ao absurdo por Duchamp já em 1913. Sob as condições dos tempos modernos, a sua continuação tornara-se impossível. A pintura de Vieira integrou por excelência esta problemática na apropriação da figura intemporal e mítica do labirinto como fragmento de uma totalidade inconcebível, preservando deste modo a sua complexidade simbólica. O caminho transformando-se em desvio e beco sem saída continua a evocar a busca de um norte. O centro, assinalando apenas o fim da vida e o confronto com a morte, não deixa por isso de colocar a questão de onde vimos e para onde vamos. Para lá do centro, nas vias sinuosas do retorno, adivinha-se, como reflexo, a totalidade perdida. A pintura de Vieira conseguiu deste modo integrar a incerteza como uma das condições determinantes da consciência moderna. A sua problemática pessoal de uma estranha neste mundo cruza-se com a atitude do homem moderno". — Gisela Rosenthal (ROSENTHAL, Gisela. Vieira da Silva 1980-1992. À procura do Espaço Desconhecido. Lisboa: Colônia, Taschen, 1998).

Depoimentos

"No Brasil eu estava muito marcada pelos acontecimentos, de maneira que eu vivia um pouco mais com a cabeça na Europa. Por isso eu conheci muito pouco o Brasil. Conheci um grupo de pessoas de quem eu gostava muito, conheci a lavadeira, a empregada da pensão. Eu não conheci realmente o Brasil, mas apenas um bocadinho do povo, pessoas muitos simpáticas, boas, inteligentes, muito honestas também. Naquela época não podíamos viajar pelo país, a vida era difícil... mas, na Europa, vivia-se tão mal. Quer dizer, para nós já era um milagre a gente viver como vivia no Brasil.

(...)

Eu deixei muitas obras no Brasil, quase todas dadas de presente aos nossos amigos. Ninguém comprava nada àquela época no Brasil. O Arpad também deixou muita coisa. Nós ficamos contentes de vender os quadros, mas as pessoas que nos compravam eram sempre muito honestas e pagavam o que pedíamos. Mas compravam geralmente quadros menores, que custavam pouco. Por um lado, penso que foi uma sorte que as pessoas ricas não nos procurassem para comprar quadros. Tivéssemos caído nas graças dos grã-finos e não teríamos tido aquela vida contemplativa. Mas, claro, era muito bonita porque acabou, porque foi angustiante para nós. Sentíamos tudo muito frágil. Por sorte não sofremos nenhum desastre nem tivemos nenhuma doença tropical - eu tive apenas uma hepatite. Vivíamos assim como uma borboleta. (...)

Os quadros que fiz no Brasil eram muito escuros. Não sei porquê. Não creio que tenha sido resultado das minhas preocupações. Devia ser qualquer coisa com a minha vista. Provavelmente eu via os quadros mais claros do que os pintava. Não sei. enfim, foi uma época de tensão, aquela do Brasil" — Vieira da Silva (SILVA, Maria Helena Vieira da. "Vivíamos assim como uma borboleta". In: MORAIS, Frederico. Tempos de Guerra: Hotel Internacional/Pensão Mauá. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986, n.p. (Ciclo de Exposições sobre Arte no Rio de Janeiro, 6).

Exposições Individuais

1933 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1935 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria UP, organizada pelo escritor e pintor Antônio Pedro

1937 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1942 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA

1944 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Askanasy

1946 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Marian Willard Gallery, organizada por Jeanne Bucher

1947 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1949 - Lille (França) - Individual, na Galeria Trouvaille

1949 - Paris (França) - Individual, na Galeria Pierre

1950 - Estocolmo (Suécia) - Individual, na Galeria Blanche

1951 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1951 - Paris (França) - Individual, na Galeria Pierre

1952 - Lille (França) - Individual, na Galeria Dupont

1952 - Londres (Inglaterra) - Vieira da Silva, na Redfern Gallery

1954 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Cadby Brich Gallery

1955 - Paris (França) - Individual, na Galeria Pierre

1956 - Basiléia (Suíça) - Individual, na Galeria de Arte Moderna

1956 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Saidemberg Gallery

1957 - Genebra (Suíça) - Individual, na Galeria Perron

1957 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Pórtico

1957 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Hannover Gallery

1958 - Bremen (Alemanha) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Kunsthalle Bremen

1958 - Hannover (Alemanha) - Vieira da Silva: retrospectiva, na Kestner Gesellschaft

1958 - Wuppertal (Alemanha) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Kunst und Museumverein

1960 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1961 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Knoedler Gallery

1961 - Washingnton (Estados Unidos) - Individual, na Phillips Art Gallery

1962 - Mannheim (Alemanha) - Individual, na Städtische Kunsthalle

1963 - Jerusalém (Israel) - L'Inclémence Lointaine, no Bezalel Museum Jerusalen

1963 - Lisboa (Portugal) - L'Inclémence Lointaine, na Galeria Gravura

1963 - Nova York (Estados Unidos) - Vieira da Silva: têmperas, na Knoedler Gallery

1963 - Paris (França) - Vieira da Silva: têmperas, na Galeria Jeanne Bucher

1963 - Washingnton (Estados Unidos) - Vieira da Silva: têmperas, na Phillips Art Galerry

1964 - Grenoble (França) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Museé de Grenoble

1964 - Turim (Itália) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Museu Cívico

1965 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Albert Loeb Gallery

1966 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Academia dos Amadores de Música

1966 - Nova York (Estados Unidos) - Inidividual, na Knoedler Gallery

1967 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1969 - Paris (França) - Les Irrésolutions Résolues, na Galeria Jeanne Bucher

1969 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jacob

1970 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria 111

1970 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Judith Cruz

1970 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria São Mamede

1970 - Lisboa (Portugal) - Vieira da Silva: retrospectiva, na Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1970 - Porto (Portugal) - Individual, na Galeria Zen

1971 - Montpellier (França) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Musée Fabre

1971 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher, por ocasião da publicação de estudo de Dora Vallier

1973 - Orléans (França) - Retrospectiva, no Museu de Arte e de História

1974 - Genebra (Suíça) - Individual, na Artel Galerie

1976 - Luxemburgo (Luxemburgo) - Vieira da Silva: retrospectiva

1976 - Paris (França) - Individual, no Museu Nacional de Arte Moderna, Centre Georges Pompidou

1977 - Paris (França) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris

1977 - Paris (França) e Lisboa (Portugal) - Retrospectiva, no Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris e na Fundação Calouste Gulbenkian

1978 - Aalborg (Dinamarca) - Vieira da Silva: retrospectiva, no Nordjyllands Kunstmuseum

1980 - Barcelona (Espanha) - Vieira da Silva: pinturas, na Galeria Joan Prats

1980 - Haia (Holanda) - Individual, na Galeria Nova Spectra

1985 - Lisboa (Portugal) - Retratos de Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1986 - Paris (França) - Individual, na Galeria Jeanne Bucher

1987 - São Paulo SP - Vieira da Silva nas Coleções Portuguesas, no Masp

1988 - Paris (França) - Individual, nas Galeries Nationales du Grand Palais

Exposições Coletivas

1931 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais

1931 - Paris (França) - Salon des Surindépendants

1936 - Lisboa (Portugal) - Vieira da Silva e Arpad Szenes: pinturas abstratas, no Ateliê de Vieira da Silva

1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts

1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Norwich Castle and Museum

1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victory Art Gallery

1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, no Bristol City Museum & Art Gallery

1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery

1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery

1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery

1945 - Paris (França) - Salon des Réalités Nouvelles

1950 - Paris (França) - Vieira da Silva e Reichel: gouaches, na Galerie La Hune

1952 - Paris (França) - Salon de Mai

1952 - Pittsburgh (Estados Unidos) - Pittsburgh Exhibition of Contemporary Painting, no Carnegie Institute of Pittsburgh

1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados - prêmio aquisição

1954 - Basiléia (Suíça) - Vieira da Silva, Bissière, Schiess, Ubac e Germaine Rechier, na Kunsthalle

1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais

1954 - Veneza (Itália) - 27ª Bienal de Veneza

1955 - Amsterdã (Holanda) - Vieira da Silva e Germaine Richier, no Stedelijk Museum Amsterdam

1955 - Caracas (Venezuela) - Bienal de Caracas - 3º prêmio

1958 - Nova York (Estados Unidos) - Prêmio Anual Museu Guggenheim - menção honrosa

1958 - Pittsburgh (Estados Unidos) - Instituto Carnegie - 4º prêmio

1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho - grande prêmio internacional de pintura

1967 - Treigny (França) - Vieira da Silva e Étienne Martin, no Castelo de Ratilly

1976 - Paris (França) - Les Dessins d'Arpad Szenes et Vieira da Silva, no Centre National d'Art et de Culture Georges Pompidou

1976 - Sochaux (França) - Coletiva, na Casa de Artes e Lazeres de Sochaux

1976 - Metz (Alemanha) - Coletiva, no Museu de Metz

1976 - Luxemburgo (Luxemburgo) - Coletiva, no Museu do Estado de Luxemburgo

1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici

1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery

1984 - Lisboa (Portugal) - Vieira da Silva e Arpad Szenes, na Galeria EMI-Valentim de Carvalho

1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj

1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj

1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas da Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão

1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

Exposições Póstumas

1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, na Kunsthaus Zürich

1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil, 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA

1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi

1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ

1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção de Roberto Marinho, no Masp

1994 - São Paulo SP - Memória da Liberdade, na Pinacoteca do Estado

1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi

1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Manuel de Brito: imagens da arte portuguesa do século XX, no MAM/RJ

1995 - São Paulo SP - Coleção Manuel de Brito: imagens da arte portuguesa do século XX, no Masp

1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp

1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Literatura Brasileira e Gravura, na ABL

2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil Era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial

2000 - São Paulo SP - Arpad Szenes e Vieira da Silva: período brasileiro, na Pinacoteca do Estado

2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal

2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light

2001 - São Paulo SP - Período Brasileiro, na Fundação Casa França-Brasil

2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB

2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira: da Revolução de 30 ao pós-guerra, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ

2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ

2004 - Rio de Janeiro RJ - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial

2004 - São Paulo SP - Cinco Pintores da Modernidade Portuguesa, no MAM/SP

2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP

Fonte: VIEIRA da Silva. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em: 24 de março de 2022. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

---
Biografia — Wikipédia

Nascimento e primeiros anos

Nascida a 13 de junho de 1908, em Lisboa, no seio de uma família abastada de classe alta, Maria Helena Vieira da Silva era a única filha do embaixador Marcos Vieira da Silva com Maria do Céu Silva Graça, vivendo os seus primeiros anos de vida na Suíça, onde o seu pai estava destacado.

Com apenas três anos de idade, a 14 de fevereiro de 1911, ficou órfã de pai, passando então a viver com a sua mãe e o seu avô materno, José Joaquim da Silva Graça, republicano convicto, jornalista, fundador, proprietário e director do jornal O Século e da revista Ilustração Portuguesa, no antigo Palacete Silva Graça, situado na avenida Fontes Pereira de Melo com a rua Latino Coelho, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa.

Anos 20

Formação Artística em Lisboa

Muito cedo despertou para a música e a pintura, tendo aos onze anos de idade começando a estudar piano e canto em casa, desenho e pintura nos ateliers da pintora Emília dos Santos Braga e do pintor Armando de Lucena, e modelagem com o escultor Rogério de Andrade. Pouco depois, ingressou na Academia de Belas Artes de Lisboa e, motivada também pela escultura, frequentou a disciplina de Anatomia, lecionada pelo professor Henrique Vilhena, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em 1926.

Formação Artística em Paris

Em 1928, tal como era frequente entre os artistas portugueses, com apenas dezanove anos e acompanhada pela sua mãe, Maria Helena decidiu prosseguir com os seus estudos académicos em Paris, França, onde estudou desenho com Fernand Léger e escultura com Antoine Bourdelle na Académie de La Grande Chaumière, ingressando ainda depois na Academia Escandinava, onde foi discípula do escultor Charles Despiau.

Durante este período, a jovem artista portuguesa foi ainda discípula dos pintores franceses Othon Friesz e do printmaker inglês Stanley William Hayter no Atelier 17, frequentou cafés, concertos, teatros, museus e galerias, realizou a sua primeira mostra colectiva em França, na Exposition Annuelle des Beaux-Arts da Société des Artistes Français, no Grand Palais, travou amizade com o pintor pós-impressionista Pierre Bonnard, cujo trabalho veio a influenciar a sua própria obra, os pintores modernistas portugueses Eduardo Viana e Milly Possoz.

Após concluir os seus estudos, trabalhou com os pintores e escultores Henri de Waroquier (1881-1970) e Charles Dufresne, passando a focar-se apenas na pintura, abandonando assim a escultura.

Casamento

A 22 de fevereiro de 1930 casou-se com o pintor húngaro Árpád Szenes, passando a residir na Villa des Camélias, situada na Boulevard Saint-Jacques, onde tinham os seus ateliers. Devido ao facto de seu marido ser de origem judaica e de Maria Helena Vieira da Silva ter perdido a nacionalidade portuguesa ao se casar fora do país com um estrangeiro, dada à complexa situação política na Hungria, o casal decidiu oficialmente passar à situação de apátridas residentes em França, viajando frequentemente para Lisboa a fim de frequentar algumas exposições e visitar amigos e familiares.

Anos 30: Exposições e carreira artística

No início da década de 1930, Maria Helena Vieira da Silva viajou para Itália, onde se inspirou nas obras da escola sienesa, fez ilustrações para livros infantis, participou no Salon d’Automne e no Salon des Surindépendants (1931) em Paris, ingressou juntamente com Árpád nas aulas do pintor francês Roger Bissière da Académie Ranson, conheceu a galerista Jeanne Bucher, que passou a representar o seu trabalho artístico, vendeu o seu primeiro quadro para o Museum of Modern Art de Nova Iorque e aventurou-se no mundo da literatura infantil ao criar a história "Kô et Kô, les deux esquimaux" (1933), escrita em parceria com Pierre Guéguen e ilustrada pela própria, sendo ainda organizada a primeira exposição individual da artista em Paris, com os guaches originais do livro, pela Galeria Jeanne Bucher (1933). Durante esse período, outros dois eventos de grande relevo na sua carreira foram a sua participação no 1º Salão dos Independentes (1930) na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa, que contou com alguns dos nomes mais emblemáticos do panorama artístico português, como Fernando Pessoa, Camilo Pessanha, Mário Eloy, Sarah Afonso, Abel Manta, Dordio Gomes, Jorge Barradas, Lino António, Mily Possoz, Carlos Botelho, Bernardo Marques, José Tagarro, Francisco Franco, Diogo de Macedo, Canto da Maia, Salvador Barata Feyo, Leopoldo de Almeida, António Duarte, Ruy Roque Gameiro, Cotinelli Telmo ou Mário Novais, entre muitos outros, sendo esta a sua primeira exposição colectiva em Portugal, e ainda a realização da sua primeira exposição individual em Lisboa, na Galeria UP (1935), organizada pelo escritor, pintor, actor, encenador e coleccionador de arte António Pedro.

Activismo Antifascista

Durante a segunda metade da década de 1930, com o desenvolvimento da extrema direita na Europa, Maria Helena Vieira da Silva e o seu marido juntaram-se ao grupo Amis du Monde (1935), uma associação criada por vários artistas e intelectuais de diferentes nacionalidades a residir em Paris, a fim de discutirem formas de resistência contra os movimentos fascistas.

Apesar do casal ter actuado de forma fervorosa e empenhada, nesse mesmo ano, por se sentirem inseguros com o crescimento de ataques anti-semitas, ainda que Árpád se tenha convertido ao catolicismo e de ambos terem contraído um casamento religioso, decidiram partir para Lisboa, onde passaram a residir temporariamente, expondo no seu novo atelier as suas pinturas abstractas. Um ano depois, em outubro de 1936, o casal regressou a Paris após receberem algumas propostas para exibirem os seus trabalhos, instalando-se no número 51 da Boulevard Saint-Jacques.

Pouco depois, a artista de origem portuguesa começou a colaborar novamente com Pierre Guéguen na elaboração de ilustrações para "Madame la Grammaire" (1936), publicado no jornal Paris-Soir, expôs de novo na Galeria Jeanne Bucher e conheceu o escultor catalão Apel·les Fenosa, que a sensibilizou para a Guerra Civil Espanhola, sendo posteriormente organizada por Jeanne Bucher uma exposição de beneficência, para as vítimas da guerra espanhola e os seus exilados em França, com obras de Árpád Szenes, Étienne Hajdu e Maria Helena Vieira da Silva (1939).

Segunda Guerra Mundial

Fuga para Portugal

Com o despoletar da Segunda Guerra Mundial, o casal fugiu novamente para Portugal, onde procuraram obter a nacionalidade portuguesa, contudo estando o país sob o regime do Estado Novo e sendo ambos apátridas e Árpád de origem judaica, apesar de convertido, após um ano de espera, o seu pedido foi-lhes negado. Durante a sua curta estadia, a artista não deixou porém de continuar a trabalhar e participou num concurso de montras, realizado no âmbito da Exposição do Mundo Português, que também lhe encomendou um quadro, sendo no entanto a encomenda cancelada quando o seu pedido de cidadania foi recusado.

Exílio no Brasil

Sendo obrigados a sair da Europa, em 1940, Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes instalaram-se, inicialmente, no Hotel Internacional, do Rio de Janeiro, Brasil, onde receberam passaportes diplomáticos, emitidos pela Sociedade das Nações, e conviveram com importantes artistas locais, como Carlos Scliar, Djanira, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, Maria da Saudade Cortesão e Cecília Meireles, para além de terem exercido uma grande influência na arte brasileira, especialmente entre o movimento dos modernistas brasileiros.

Durante esses anos, Maria Helena Vieira da Silva começou a reflectir nas suas obras sentimentos como a tristeza, a dor ou a saudade, expôs a título individual no Museu Nacional de Belas Artes (1942) e na Galeria Askanasy do Rio de Janeiro (1944), e a título colectivo no 48º Salão Nacional de Belas Artes (1942), na Exhibition of Modern Brasilian Painting no British Council da Escócia no Rio de Janeiro (1945), no Instituto de Arquitetos do Brasil (1946) e no Palácio Municipal de Belo Horizonte com o seu marido (1946).

Realizou ainda trabalhos de ilustração para diversos periódicos e revistas, como a "Novela Gótica" do semanário O Cruzeiro (1945) ou vários artigos do Caderno da Juventude (1946), decorou o refeitório da Escola Nacional de Agronomia do Rio de Janeiro com um painel de azulejos, a que chamou "Kilomètre 44", e, finalmente com o fim da guerra na Europa, através da galerista Jeanne Bucher, conseguiu participar no Salon des Réalités Nouvelles em Paris (1945) e realizou a sua primeira exposição individual em Nova Iorque na Galeria Marian Willard (1946). Durante esse mesmo período, o casal realizou inúmeras viagens pela América Latina a fim de participar em diversas exposições.

Pós-Guerra

Em março de 1947, Maria Helena Vieira da Silva regressou sozinha para Paris, instalando-se uma vez mais na Boulevard Saint-Jacques. Dois meses depois, Árpád Szenes regressou do Brasil e juntos começaram a preparar uma exposição na Galeria Jeanne Bucher Jaeger (1947), gerida à época por Jean François Jaeger, sobrinho da sua antecessora, após o seu falecimento, com obras do seu período em terras brasileiras. Esta exposição atraiu a atenção do Estado Francês que lhe adquiriu várias pinturas desde então, tais como "La Partie d'échecs".

Anos 50, 60, 70 e 80

Nacionalidade Francesa

Em 1952, Maria Helena Vieira da Silva voltou a pedir às autoridades portuguesas a reaquisição da nacionalidade portuguesa, contudo, e apesar de possuir uma carreira de sucesso e fama internacional, uma vez mais, o seu pedido foi recusado. A artista e o seu marido teriam de esperar até 1956 para deixarem de ser apátridas, obtendo finalmente a nacionalidade francesa.

Exposições e Carreira Artística

Nos anos seguintes, a artista manteve-se bastante activa artística e socialmente, atingindo a sua maturidade artística. Travou amizade com Jean Bazaine, Manuel Cargaleiro, René Char e Guy Weelen, que se tornou seu representante, mudou a sua residência para o Hotel des Terrasses, na Rua de Ia Glacière, e mais tarde para o número 34 da Rua de l'Abbé Carton, no XIV bairro da cidade, estreou-se em cenografia com a peça de teatro "La Parodie de A. Adamov" (1952), realizou trabalhos em litografia, serigrafia, vitral, azulejos e tapeçaria, ilustrou várias publicações literárias e realizou inúmeras exposições a título individual em Paris, Lille, Lausane, Tours, Estocolmo, Lisboa, Porto, Nova Iorque, Darmstadt, Genebra, Londres, Basileia ou ainda em Washington.

A título colectivo expôs na Exposição de Guaches da Galeria La Hune de Paris (1950), com o pintor alemão Hans Reichel, na Redfern Gallery de Londres (1952), na Kunsthalle da Basileia (1954), no Stedelijk Museum de Amsterdã (1955), com a escultora francesa Germaine Richier, no Château de Ratilly, em Treigny, com o escultor Étienne Martin (1967) ou no Museu de Belas-Artes de Dijon (1974), entre muitas outras exposições colectivas, e em termos competitivos, participou em inúmeros eventos internacionais, como na Pittsburgh International Exhibition of Contemporary Painting do Carnegie Institute of Pittsburgh (1952, 1958), no Salon de Mai (1952), na IIª e VIª Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1953, 1961), onde foi galardoada com um prémio de aquisição e o Grande Prémio Internacional de Pintura respectivamente, na XXVIIª Bienal de Veneza (1954), na Bienal de Caracas (1955), tendo arrecadado o 3º Prémio na categoria de Pintura, na Exposição Universal e Internacional de Bruxelas (1958), na II e III Documenta de Kassel (1959, 1964), no VIII Salon du Sud-Ouest em Montauban (1961), onde foi convidada de honra, no 12º Festival Internacional de Arte Contemporânea de Royan (1975) e ainda na competição anual do Guggenhein Museum (1958), conseguindo uma menção honrosa, entre muitos outros.

Condecorações pelo Governo Francês

Fruto do seu trabalho, em 1960, o casal foi agraciado pelo Governo Francês como oficial e cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, e em 1962, como comandante, novamente pela mesma ordem francesa. Posteriormente, em 1966, Maria Helena Vieira da Silva tornou-se na primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts, e em 1979, tornou-se Dama da Ordem Nacional da Legião de Honra de França e membro do Comité de Honra do Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos.

Reconhecimento Artístico

Pequeno pormenor de painel azulejar, presente na estação Cidade Universitária do Metropolitano de Lisboa da autoria de Maria Helena Vieira da Silva (1988).

Durante os anos que se seguiram, nomeadamente durante a segunda metade da década de 60 e durante toda a década de 70 e 80, começaram a ser realizadas diversas retrospectivas sobre o trabalho e obra de Maria Helena Vieira da Silva, sendo as suas pinturas expostas em diversas exposições internacionais e espaços museológicas, como em Portugal, Israel, Itália, França, Reino Unido, onde foi eleita membro da Royal Academy of Arts, em 1988, Luxemburgo, Holanda, Suíça, Espanha, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Senegal, Tunísia, Argentina, Brasil ou Estados Unidos da América, onde, em 1970, foi nomeada Daughter of Mark Twain.

Em Portugal, a artista também foi reconhecida, sobretudo após a Revolução dos Cravos, tendo realizado diversas obras encomendadas pelo Estado Português, como os painéis decorativos das estações metropolitanas da Cidade Universitária e do Rato ou os dois cartazes editados pela Fundação Calouste Gulbenkian, a pedido da poetisa e amiga Sophia de Mello Breyner, para comemorar a data da revolução.

A 9 de dezembro de 1977 foi lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 16 de Julho de 1988 a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, para além das Medalhas da Cidade de Lisboa e do Porto pelas respectivas Câmaras Municipais. Para além destas honras dadas pelo Estado Português, várias associações e instituições portuguesas já haviam homenageado a vida e obra da artista, tais como o Grémio Literário de Lisboa e a Academia de Belas-Artes de Lisboa, que a nomearam sócia honorária em 1968 e 1971, respectivamente, sendo ainda escolhida em 1984 para membro da Academia das Ciências, das Artes e das Letras de Lisboa.

Morte

Maria Helena Vieira da Silva faleceu em 6 de março de 1992, aos 83 anos de idade, em Paris.

Legado, reconhecimento e homenagens

As suas obras encontram-se actualmente em colecções privadas e museológicas, sendo possível ver alguns exemplares no Museu Coleção Berardo do Centro Cultural de Belém, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Museu Calouste Gulbenkian ou o Museu da Fundação Árpád Szenes-Vieira da Silva em Portugal, assim como noutros de renome internacional, como o Tate Museum, Guggenheim, MOMA ou o Museu de Belas Artes de Bilbao, para além de em vários leilões para coleccionadores de arte e galerias da especialidade.

Em 1977, por iniciativa do pintor Jorge Martins, foi produzido um filme sobre a vida do casal pelo Centro Português de Cinema, intitulado "Ma femme chamada Bicho", realizado por José Álvaro Morais.

Postumamente, em 1994, de forma a se honrar a memória e obra do casal de pintores, foi fundada em Portugal a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, sediada em Lisboa. Nesse mesmo ano, foi também dado o seu nome a uma escola em Carnaxide, concelho de Oeiras.

Em 2013, a União Astronómica Internacional deu o nome da artista plástica a uma cratera em Mercúrio.

Em abril de 2016, a sua obra "Biblioteca em fogo" foi seleccionada como uma das dez mais importantes obras artísticas de Portugal pelo projeto Europeana.

Em 2017, mais de uma centena de obras de Maria Helena Vieira da Silva e do seu marido, cobrindo as distintas etapas dos respectivos percursos artísticos, foram apresentadas no Centro Cultural Conde Duque, em Madrid, fazendo a exposição parte integrante da mostra de cultura portuguesa em Espanha, organizada anualmente pela embaixada portuguesa, na capital espanhola. A iniciativa com obras da artista plástica foi a maior até então realizada em terras espanholas.

Em 2019, o nome da pintora foi atribuído a uma rua de Paris, situada no 14.º bairro, bairro esse onde habitou e trabalhou durante vários anos. Por essa ocasião, foram colocados no vestíbulo de honra onde o Presidente francês acolhe todos os chefes de Estado que o visitam, situado na entrada do Palácio do Eliseu, as pinturas “Jardins suspendus” (1955) e “Stèle” (1964), pertencentes ao espólio artístico e cultural do Governo Francês.

Em 2020, várias iniciativas tomaram lugar em Portugal para homenagear a obra e vida da artista plástica portuguesa. Em junho deste ano, foi organizada a exposição retrospectiva "Vieira da Silva. Um Olhar Singular", por Marina Bairrão Ruivo, curadora da exposição e directora da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, na Casa-Museu Teixeira Lopes em Vila Nova de Gaia, que contou com 64 obras da artista plástica portuguesa, situadas entre 1926 e 1986, seguindo-se um mês depois, em julho, a inauguração do Centro de Arte Contemporânea de Coimbra com uma exposição que deu a conhecer aos seus visitantes parte da Coleção BPN, na qual figuraram obras de Paula Rego, Júlio Pomar, Amadeo Souza-Cardoso e Maria Helena Vieira da Silva.

Em setembro de 2020, após ter sido várias vezes adiada, devido à pandemia de COVID-19 e alguns problemas técnicos, foi realizada a exposição "Dissonâncias", no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNEC), com 85 obras de 45 artistas, consideradas “significativas da criação artística nacional dos séculos XIX, até ao início do XXI", apresentando no seu espólio várias obras de Hein Semke, Manuel Botelho, Ana Pérez-Quiroga, Ana Vidigal, Artur do Cruzeiro Seixas, Columbano Bordalo Pinheiro, Cristina Ataíde, Gérard Castello-Lopes, Pedro Portugal, João Cristino da Silva, Paula Rego e Maria Helena Vieira da Silva.

Algumas obras

  • As Bandeiras Vermelhas (1939, 80 × 140 cm)

  • A Partida de Xadrez (1943, 81x100 cm)

  • História Trágico-Marítima (1944, 81,5 × 100 cm)

  • O Passeante Invisível (1949-1951, 132 × 168 cm)

  • O Quarto Cinzento (1950, Tate Gallery, Londres, 65 × 92 cm)

  • L'Allée Urichante (1955, 81 × 100 cm)

  • Les Grandes Constructions (1956, 136 × 156,5 cm)

  • Londres (1959, 162 × 146 cm)

  • Landgrave (1966, 113,6 × 161 cm)

  • Biblioteca em fogo (Bibliothéque en Feu) (1974, 158 × 178 cm)

  • Painéis de azulejo para as estações do Metropolitano de Lisboa do Rato e da Cidade Universitária.

Leilões

A obra Saint-Fargeau (1965), foi vendida num leilão em Paris por 1,3 milhões de euros a 22 de Outubro de 2011, o valor mais alto até então para um quadro de um artista português. A pintura fazia parte de um conjunto de obras da coleção privada do colecionador Jorge de Brito (1927-2006) que foram levadas até em Paris, pela leiloeira Tajan.

A pintura “L’Incendie I” (“O Incêndio”), foi leiloada pela Christie’s a 6 de março de 2018 pelo valor recorde de 2,290 milhões de euros. A obra pertencia a uma coleção privada de arte, não identificada — que a tinha comprado aos herdeiros de Jorge de Brito, em 2008.

A obra, L’Incendie II, ou Le Feu (1944) foi leiloada, a 11 de fevereiro de 2020, em Londres, por 1,9 milhões de euros.

O quadro a óleo Tours d'arme', datado de 1954, foi comprado à Galerie Pierre, de Paris, em 1960, por um coleccionador do Canadá e, em 2013, foi vendida num leilão da Sotheby’s por 445 mil euros. A 10 Julho de 2020, a obra foi novamente a leilão, dessa vez, pela Christie's, com uma estimativa de preço entre os 600 mil e os 800 mil euros, contudo não foi vendida.


Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de março de 2022.

Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 24 de março de 2022.

Arremate Arte
Feito com no Rio de Janeiro

Olá, boa noite!

Prepare-se para a melhor experiência em leilões, estamos chegando! 🎉 Por conta da pandemia que estamos enfrentando (Covid-19), optamos por adiar o lançamento oficial para 2023, mas, não resistimos e já liberamos uma prévia! Qualquer dúvida ou sugestão, fale conosco em ola@arrematearte.com.br, seu feedback é muito importante. Caso queira receber nossas novidades, registre-se abaixo. Obrigado e bons lances! ✌️