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Judith Lauand

Judith Lauand (26 de maio de 1922, Pontal, Brasil — 9 de dezembro de 2022, São Paulo, Brasil), foi uma artista concretista brasileira. Formada em 1950 pela Escola de Belas Artes de Araraquara, aprimorou seus estudos em São Paulo com o gravurista Lívio Abramo. Foi na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1954, que se aproximou do concretismo, sendo convidada por Waldemar Cordeiro a participar do grupo. Sua obra é marcada por rigor geométrico, paleta racional, composições estruturadas e, posteriormente, pelo uso de materiais não convencionais, como pregos, linhas e tecidos. Recebeu reconhecimento nacional e internacional ao participar da histórica exposição “Konkrete Kunst”, em Zurique, em 1960, e de inúmeras bienais e mostras no Brasil. Suas obras estão presentes em importantes acervos como MASP, MAM-SP, MAC USP e Museum of Fine Arts de Houston. Aclamada como “Dama do Concretismo”, teve retrospectivas em instituições como o MAM-SP (2011) e o MASP (2022). Judith é considerada a principal artista concreta brasileira.

Judith Lauand | Arremate Arte

Judith Lauand nasceu em 26 de maio de 1922, em Pontal, interior de São Paulo. Iniciou sua trajetória nas artes ao formar-se em 1950 pela Escola de Belas Artes de Araraquara, onde recebeu uma formação tradicional. Em 1952, mudou-se para a capital paulista, onde teve contato direto com as transformações artísticas que marcariam a arte moderna no Brasil. Em São Paulo, estudou gravura com Lívio Abramo e passou a se envolver com os círculos artísticos que orbitavam em torno da Bienal Internacional de São Paulo. Foi durante a 2ª edição da mostra, em 1954, enquanto atuava como monitora, que se aproximou de artistas como Waldemar Cordeiro, líder do concretismo no país.

No ano seguinte, foi convidada por Cordeiro a integrar o Grupo Ruptura — tornando-se a única mulher a fazer parte oficialmente do movimento, e a única a assinar seu manifesto. Esse fato marcou profundamente sua trajetória, consolidando seu nome como a principal representante feminina do concretismo brasileiro. Sua obra, inicialmente marcada por composições geométricas rigorosas e pelo uso racional de cores e formas, evoluiu ao longo das décadas. A partir dos anos 1960, Judith incorporou elementos não tradicionais à pintura, como tachinhas, linhas de costura, tecidos e objetos cotidianos, estabelecendo um diálogo original com a poesia concreta e o pop art, além de abordar de forma sutil questões ligadas à condição da mulher e à repressão política do período.

Lauand participou de exposições fundamentais para a história da arte brasileira e internacional, como a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta (1956), e a mostra “Konkrete Kunst”, em Zurique (1960), uma das principais vitrines da arte concreta mundial. Sua atuação foi fundamental para a difusão das ideias concretistas, tanto como artista quanto como agente cultural — em 1963, cofundou a Galeria Novas Tendências, em São Paulo. Ao longo de sua carreira, teve obras incorporadas aos acervos de importantes instituições, como o MASP, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea da USP e o Museum of Fine Arts de Houston.

Reconhecida como a “Dama do Concretismo”, Judith Lauand manteve sua produção ativa até o final da vida. Faleceu em 9 de dezembro de 2022, aos 100 anos, sendo homenageada com retrospectivas em instituições como o MAM-SP (2011) e o MASP (2022).

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Judith Lauand | Wikipédia

Judith Lauand (Pontal, 26 de maio de 1922 — São Paulo, 9 de dezembro‎ de 2022), foi umaartista plástica brasileira, concreta, pop e experimental.

Vida

Começou a dedicar-se a pintura na década de 1940 em Araraquara, na escola de Belas Artes. No início de sua carreira dedicava-se a arte com influência expressionista, pintando figuras e naturezas mortas. Forma-se em Artes Plásticas em 1950 e em 1952 muda-se para São Paulo onde estuda gravura com Livio Abramo. Passa a dedicar-se a abstração em 1953.

Entra em contato com o concretismo em 1954. Em 1956 participa de Primeira Exposição de Arte Concreta que marca o surgimento da poesia concreta no Brasil. Em 1955 foi convidada a participar o grupo Ruptura onde foi a única mulher. É fundadora da Galeria NT (NOVAS TENDÊNCIAS) em São Paulo junto com Hermelindo Flaminghi e Luiz Sacilotto. Em 1958 ganha o premio Leirner de Arte Contemporânea. Na década de 1960 começa a utilizar em suas obras materiais pouco usuais como tachinhas, alfinetes, clips e dobradiças, com efeitos e ritmos ópticos.

Prêmios

1964 - 13° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1959 - 8° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1958 - 7° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1955 - 4° Salão Paulista de Arte Moderna - Pequena Medalha de Prata

1954 - 3° Salão Paulista de Arte Moderna - Grande Medalha de Bronze

1953 - 16° Salão de Belas Artes de Araraquara - Prêmio Cidade de Araraquara

1952 - 15° Salão de Belas Artes de Araraquara - Primeiro Lugar

1945 - 9° Salão de Belas Artes de Araraquara - Prêmio Estímulo de Desenho

Exposições Individuais

1954 - São Paulo SP - Primeira individual, na Galeria Ambiente

1962 - Campinas SP - Individual, na Galeria Aremar

1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Novas Tendências

1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria da Aliança Francesa

1977 - São Paulo SP - Individual, no MAC/USP

1984 - São Paulo SP - Geometria 84, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte

1986 - São Paulo SP - Individual, na Choice Galeria de Arte

1992 - São Paulo SP - Efemérides, no MAC/USP

1994 - Pontal SP - Individual, na Casa da Cultura Manoel de Vasconcelos Martins

1996 - São Paulo SP - Judith Lauand: obras de 1954-1960, no Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand | Itaú Cultural

Judith Lauand (Pontal, São Paulo, 1922 - São Paulo, São Paulo, 2022). Pintora e gravadora. Nome importante do movimento concretista, é reconhecida por suas obras com formas geométricas precisas, pelo rigor matemático de suas composições constituídas de linhas, planos e vetores, e mesclada com cores contrastantes. Ao longo de sua carreira, experimenta técnicas diferentes, como gravura, desenhos, guaches, colagens, xilogravuras, tapeçarias, bordados e esculturas.

Em 1950, forma-se na Escola de Belas-Artes de Araraquara, no interior de São Paulo, onde aprende pintura. Nessa época, Lauand pinta naturezas-mortas, quadros mais figurativos e retratos. Muda-se para São Paulo em 1952 e cursa aulas de gravura, época na qual começa a experimentar essa técnica e caminhar para a abstração em suas obras.

Sua aproximação com as vanguardas artísticas se dá em 1953, ano em que trabalha como monitora da 2ª Bienal de São Paulo e entra em contato com obras de artistas como o suíço Paul Klee (1879-1940), nome importante do movimento expressionista, o modernista Piet Mondrian (1872-1944) e o escultor e pintor estadunidense famoso por seus móbiles Alexander Calder (1898-1976).

Em 1955, ingressa no Grupo Ruptura e é conhecida como a única mulher a ter feito parte oficialmente do grupo, integrado por Waldemar Cordeiro (1925-1973), Geraldo de Barros (1923-1998) e Luiz Sacilotto (1924-2003). O convívio com os concretistas, tanto nas artes visuais, quanto na literatura, incentiva Lauand em sua busca por formas geométricas, com precisão matemática e reflexão sobre a composição de linhas, vetores e formas.

A obra Do Círculo ao Oval (1958) representa o rigor na estrutura das linhas, que partem de um ponto e vão rotacionando e formando outras figuras geométricas. O interior da imagem se assemelha a um círculo que irradia para uma figura oval quando vista em sua completude. A cor de fundo, um amarelo vibrante, corrobora o cuidado da artista na escolha de cores puras e vivas que contrastem com a composição geométrica.

A artista tem reconhecimento nacional e internacional, participando de importantes exposições coletivas, como a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta (1956), realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP); a Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa (1959-1960), que passa por cidades como Munique, Lisboa, Madri e Paris; e Judith Lauand: Abstrações do Concretismo Brasileiro (2017), na galeria Driscoll Babcock, em Nova York, evidenciando sua constante atuação no sistema das artes.

Na década de 1960, Lauand passa por uma fase ligada à pop art e adiciona outros elementos às suas telas, como tachinhas, tecidos, alfinetes, barbantes e clipes, e insere palavras, também por influência da poesia concreta com que tem contato na época, como a de Décio Pignatari (1927-2012). O trabalho Te Amor (1969) é um exemplo dessa fase pop e traz à tela os rostos de um homem e de uma mulher, pintados com cores fortes e contrastantes, como o amarelo, o bordô e o azul escuro. No quadro, observamos que a mulher está com o rosto virado e o homem, que está à sua frente, parece que a pressiona contra a parede. A cena parece simular uma tentativa de beijo entre um casal, e na parte inferior da tela estão as palavras “Te” e abaixo “A Mor”. Podemos ler tal qual está no título “Te Amor” ou, se invertermos, podemos ler “A Mor Te”, mostrando como a artista brinca com as palavras e situações.

Funda a Galeria Novas Tendências, em São Paulo, com os artistas Hermelindo Fiaminghi (1920-2004) e Luiz Sacilotto, como um espaço para expor os artistas concretos, inaugurada com a exposição Coletiva Inaugural 1 (1963), que tem por intenção apresentar novos artistas ao mercado de arte.

Há em suas obras uma formulação matemática com desenhos que parecem abertos ou fechados, como o trabalho Quatro Grupos de Elementos (1959), que também denota uma exploração cromática para formar a imagem e garantir uma ilusão ótica. Na tela, observamos duas linhas paralelas, nas cores preta e azul-escura, atravessadas por outras linhas que se cruzam e, dependendo da observação, vemos um losango ou um objeto tridimensional. Lauand experimenta, com essas formas, técnicas para a abstração.

Judith Lauand tem intensa atividade desde o início de sua carreira, na época com pinturas mais figurativas e acadêmicas, mas firmando sua produção com as características da arte concretista. Experimenta a arte pop, porém, segue trabalhando com abstrações em seus desenhos. Notável pelo rigor matemático e pela precisão das formas, Judith Lauand evidencia em sua produção composições de linhas e vetores que denotam movimento, trabalhando também com escolhas cromáticas que conferem vivacidade às obras.

Críticas

"(...) figurativa de início, transitou por formas livremente abstratas em 1953, impulsionada por Geraldo de Barros e Alexandre Wollner. Suas intenções matemáticas predispunham-na à orientação em que afirmaria uma própria pesquisa de linguagem caracterizada pela estrutura dinâmica de espaço. Suas investigações conduziram-na a diferenciadas situações que desde a década de 60 intertextualizavam imagem formal e palavra. No começo dessa década Judith Lauand denotou interesse crescente pela cor e suas pulsações ópticas, fenômeno evidente e centralizador em muitos outros artistas concretos do país. Uma das fórmulas expressivas desta abordagem de pura visualidade foi o espaço dividido em forma de xadrez. Ela o pesquisa pela articulação de tons em contraste ou em coexistência harmônica, sempre motivada pela idéia de conferir-se um máximo de potencialidade vibratória. Seu problema único é o estudo rigoroso desta estrutura da cor em suas infinitas leis de alterabilidade. Do seu sistema ascético, pensando e realizando com a coerência e a tenacidade da busca perfeccionista radical, esta exposição oferece uma perspectiva de vários anos, a nosso ver, das mais convincentes" — Walter Zanini (LOUZADA, Júlio. Artes plásticas: seu mercado, seus leilões. de São Paulo: J. Louzada, 1984-).

"Judith Lauand foi uma figura destacada na fundação do movimento paulistano de arte concreta, colaborando com Waldemar Cordeiro, criador do grupo. Nessa interação com Cordeiro estabeleceram-se fortes ligações de pensamento e de criação artística perceptíveis nas obras de ambos. As concepções de Cordeiro sobre o trabalho em equipe foram excepcionalmente avançadas para sua época e parece-me essencial preservar para as gerações futuras seus métodos de trabalho, de influência tão decisiva para o futuro da arte brasileira de vanguarda. Judith Lauand permanece fiel a sua postura e trajetória concretista. Sua obra recente revela a densidade da composição, o apuramento do cromatismo, o equilíbrio do grafismo, conseguidos por constante pesquisa. Judith envereda agora por novos caminhos realizando obras que podem ser chamadas de assimétricas, onde o geometrismo da decomposição cromática destrói a 'partição eqüilateral' presente ao longo de sua obra, criando uma nova simetria" — Mario Schenberg (LAUAND, Judith. Judith Lauand : pinturas. Sao Paulo : Choice Galeria de Arte, 1986. p. 3).

"Na produção de Judith Lauand deve ser assinalada a freqüente presença da linha tratada como barra, remetendo-nos a Malevitch. Esse método equilibra o caráter gráfico das linhas ao admitir seu tratamento pictórico mais atuante. (...) No concretismo, a serialização da forma evoca a produção industrial. Os triângulos se distribuem sobre a superfície da obra, onde é aplicada à moda de azulejaria de vazados, ou melhor, de um cabogó. O crítico Mário Pedrosa observou que no concretismo podia-se falar de um 'vocabulário cromático deliberadamente elementar'. Falando sobre a abolição da cor pelos artistas deste movimento, Judith Lauand esclarece que 'nós trabalhávamos com poucas cores. Era mais preto-e-branco ou então complementares. Poucas formas também. A superfície de cor preta usávamos para ter uma austeridade. Eram as complementares, preto-e-branco. Pouquíssima cor. Fazia parte das exigências da época. Abolir um pouco a quantidade de formas, cor. Tudo que fosse demais. Fazer uma síntese. Inverti. O fundo preto é atuante porque é espaço'. Lauand também reconhece em alguns casos que a cor não tem função; o desenho é que importa. Noutros momentos, encontramos em sua obra pinturas quase acromáticas, como produção de uma neutralidade onde pudesse ocorrer ainda uma diferenciação entre a linha e o plano através da cor. (...) Lauand confronta positivo/negativo, excesso e ausência de luz e suas nuanças num jogo em que a superfície concreta capta o olhar num tráfego fenomênico. (...) Presença indelével no concretismo, Judith Lauand buscava alguma razão matemática, mas sobretudo também muitas licenças poéticas. Daí podermos dizer que Judith Lauand produziu uma arte de pequenas delicadezas concretistas" — Paulo Herkenhoff (LAUAND, Judith. Judith Lauand : obras de 1954-1960. Sao Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 1996. p. 6-7).

Depoimentos

"(...) Planos se descentralizam em todas as direções. Formas - signos de grande leveza de cor, direcionadas verticalmente. Encadeamento sucessivo de formas de seis, cinco, quatro, três lados sobre fundo atuante. Hexágonos divididos em triângulos diferentes na forma e na cor, com uma desordem que altera o sistema quadrilátero articulado com dois triângulos, determinam a visualização de espaço triangular. Segmentos - signos em vários sentidos no espaço do quadro. Quadriculados em rosas, azuis, amarelos. É estruturado de forma a distorcer opticamente o espaço. Faixas de cores azuis e verdes avançam para áreas quadrangulares de cores opostas. Formas - planos justapostos num jogo progressivo de saturação das cores. Mas nenhum comentário substitui a visão direta das obras" — Judith Lauand (LAUAND, Judith. Judith Lauand : pinturas. Sao Paulo : Choice Galeria de Arte, 1986. p. 2).

Judith Lauand: The 50s

O conjunto de obras exibido na mostra "Judith Lauand:The 1950s" representa não apenas a gênese criativa da artista concretista bem como seu rigoroso modus operandi, evidenciado no cuidadoso processo de produção, catalogação e preservação de sua obra, que possibilitou que esses trabalhos se mantivessem inéditos e unidos em seu conjunto por mais de 50 anos.

As obras exibidas são criações autônomas: guaches, desenhos e colagens sobre papel cuidadosamente identificados pelas letras C (abreviação de Concreto) e A (abreviação de Acervo) e números que possibilitam sua observação de maneira cronológica, uma prática que Judith Lauand imprimiu também em sua produção pictórica. Também são exibidos guaches e desenhos preparatórios e estudos de desenvolvimento de formas, que deram origem às suas pinturas.

São todos trabalhos produzidos nos anos 50, década fundamental na produção da artista e que reverbera em sua produção até hoje, e apresentam todo o rigor e a delicadeza da artista na construção de sua poética.Os primeiros trabalhos datam de 1954, ano fundamental na carreira da artista, que passava por um período de intensa e radical transformação. "Em 1954 eu me encontrei com a arte concreta".

Naquele ano, Judith Lauand foi monitora da 2a Bienal de São Paulo (a Bienal de "Guernica", inaugurada emdezembro do ano anterior) participou e foi premiada no 3o Salão Paulista de Arte Moderna (Grande Medalha de Bronze), na Galeria Prestes Maia realizou sua primeira mostra individual, na Galeria Ambiente (r. Martins Fontes, 223) e teve os primeiros contatos com a produção do Grupo Ruptura, a convite de Waldemar Cordeiro. Judith Lauand esteve ligada ao Ruptura até a sua dissolução e foi a única mulher a participar ativamente do grupo.

O Grupo Ruptura não chegou a realizar nenhuma outra mostra exclusiva de seus artistas, mas manteve-se ativo até 1959, como grupo de discussões e organizador de mostras coletivas, como a histórica 1a Exposição Nacional de Arte Concreta.

A mostra foi organizada em parceria com os poetas concretos Haroldo de Campos (1929-2003), Augusto de Campos e Décio Pignatari e marcou o surgimento oficial da poesia concreta no Brasil. Curiosamente, os últimos trabalhos do conjunto aqui apresentado datam do último ano de existência do Grupo Ruptura.

Foi a partir de 1954 que o concretismo se tornou o leitmotiv da produção pictórica da artista. Suas obras abandonaram qualquer sinal de representação ou subjetividade presentes nas obras figurativas anteriores e passaram a ser regidas por um forte componente racional, com grande rigor matemático, que se evidencia ainda mais nessa série de trabalhos sobre papel. "Eu me baseio em elementos inerentes à própria pintura: forma, espaço, cor e movimen- to. Procuro objetivar o mais possível o problema plástico. Amo a síntese, a precisão, o pensamento exato".

Mas Lauand soube fazer concessões estéticas e, com isso, produziu obras concretas com muita liberdade e características próprias. O concretismo não a aprisionou. Seu rigor matemático foi quebrado em composições dinâmicas e que transmitiam movimento, ritmo e tensão, provocando um equilíbrio precário entre linhas, formas e cores."Judith Lauand buscava alguma razão matemática, mas sobretudo muitas licenças poéticas", resumiu Paulo Herkenhoff.

Um exemplo disso é o uso recorrente pela artista, principalmente em 1959, de linhas e elementos geométricos que se multiplicam em sentidos convergentes, divergentes ou aleatórios, se agrupam ou se dispersam, se sobrepõem ou criam pontos de intersecção entre eles, buscando assim novas possibilidades para a ocupação do espaço pictórico e dando um grande dinamismo a ele. É o caso da pintura "Quatro Grupos de Elementos" e de alguns trabalhos sobre papel deste mesmo ano de 1959, também presentes na exposição.

O conjunto de obras exibido na mostra "Judith Lauand: The 1950s" apresenta assim não apenas a gênese de sua produção concretista bem como os vários caminhos por ela perseguidos dentro desta linguagem nos anos 50, uma década fundamental na produção da artista e que reverbera em sua produção até hoje, caracterizada pela busca do rigor e da delicadeza na construção de sua poética.

Judith Lauand: as ousadias e delicadezas de uma concretista

Aos 85 anos, artista abre mostra que faz um panorama de sua trajetória 

Camila Molina, do Estadão

"Achava a abstração muito mais interessante, uma pesquisa que não tinha fim, muito mais diversificada", diz Judith Lauand, fazendo uma rápida recapitulação de seus mais de 60 anos de carreira no campo da pintura. Ela nasceu em Pontal, no Estado de São Paulo, em maio de 1922, e foi em Araraquara, na Escola de Belas Artes, na década de 1940, que começou a se dedicar à pintura. Um caminho natural, segundo ela, esse de pintar. No começo, "no estilo da escola expressionista", fazia naturezas-mortas e figuras. Mas, acidentalmente, um dia ficou surpresa quando viu que uma de suas naturezas-mortas tinha se transformado numa pintura abstrata feita de cubos e um círculo no lugar do que seria um prato... E pouco tempo depois, na década de 1950, já em São Paulo, Judith Lauand foi a única mulher a integrar o fechado Grupo Ruptura dentro do movimento concretista brasileiro. A fase concretista de Judith Lauand é o ponto alto de sua trajetória, mas agora também é momento de se ver mais de sua carreira, feita de diversas fases de experimentações que ela tanto se orgulha. "Gosto de todas, com suas qualidades e percalços", diz a artista na Galeria Berenice Arvani, onde inaugura nesta quinta-feira, 2, uma mostra com 56 de suas obras realizadas entre 1952 e 2007 - aos 85 anos, Judith lê diariamente pela manhã, "80 páginas por semana", e pinta quase que todos os dias, sempre no período da tarde e sempre no campo da abstração, eleito por ela o mais interessante.

Na exposição, com curadoria de Celso Fioravante, há uma passagem completa pelos caminhos de Judith: a figuração a abstração informal a abstração geométrica a fase pop da década de 1960 as obras em que colocava objetos na tela, como pregos e tachinhas as telas em que pintava nelas palavras os quadros com as variações do mesmo tema do quadrado. "Ela não é uma concretista ortodoxa, tem uma trajetória muito mais rica do que se coloca", 

afirma o curador, que não deixa de dizer que é a mão do mercado que cai sobre um nicho de concretistas tão brilhantes e quase esquecidos - a marchande Berenice Arvani diz que as obras de Judith estão agora à venda por preços que variam entre R$ 20 mil e R$ 160 mil. As telas mais valiosas são as da década de 1950, do período concretista de Judith. "De 1954 a 1962, fui rigidamente concreta, me tornei mais geométrica", define.

Em texto de 1996, o crítico Paulo Herkenhoff afirmou que Judith "produziu uma arte de pequenas delicadezas concretistas". Mas o fato de ser a única presença feminina no Grupo Ruptura (entre 1953 e 1959), formado por artistas como Waldemar Cordeiro, Sacilotto, Charoux, Fiaminghi e Maurício Nogueira Lima, não é assim algo determinante para caracterizar que a geometria em suas composições fosse mais sensível. "Isso vai da sensibilidade de cada artista, cada um resolve os problemas da obra à sua maneira. Acho que todos do grupo faziam um concretismo sensível, não havia diferença entre nós. O Fiaminghi tinha uma pesquisa de formas e, principalmente, de cor, das mais sensíveis", diz Judith. A 

artista pensa de forma quase matemática sobre suas composições - mas isso não quer sinalizar o reducionismo da razão em detrimento do caráter sensível. "Cada forma tem e pede sua cor. Gosto das cores que ficam no mesmo plano, que combinem, mas meu quadro não tem nada de perspectiva."

Em Araraquara, quando estudou na Escola de Belas Artes, suas obras de raiz expressionista e figurativa eram resolvidas de maneira rápida, segundo a artista. "Com a abstração não", já diz logo ela. Para chegar à abstração, conta ter sido influenciada por livros e revistas que lia naquela época. "Li o de um argentino, Jorge Romero Brest (crítico), que então falava da atualidade da pintura. Aí percebi que eu estava atrasada, que a obra poderia ser muito mais moderna", conta a artista, que ainda guarda esse mesmo espírito intacto.

Prêmios

1964 - 13° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1959 - 8° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1958 - 7° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1955 - 4° Salão Paulista de Arte Moderna - Pequena Medalha de Prata

1954 - 3° Salão Paulista de Arte Moderna - Grande Medalha de Bronze

1953 - 16° Salão de Belas Artes de Araraquara - Prêmio Cidade de Araraquara

1952 - 15° Salão de Belas Artes de Araraquara - Primeiro Lugar

1945 - 9° Salão de Belas Artes de Araraquara - Prêmio Estímulo de Desenho

Coleções Públicas

Fundação do Livro do Cego no Brasil

Museu de Arte Contemporânea de Niterói

Museu de Arte Contemporânea de São Paulo

Museu de Arte Moderna de São Paulo

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

Museu de Arte Moderna de Grenoble (França)

Museum of Fine Arts, Houston (EUA)

Pinacoteca do Estado de São Paulo

Exposições Individuais

1954 - São Paulo SP - Primeira individual, na Galeria Ambiente

1962 - Campinas SP - Individual, na Galeria Aremar

1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Novas Tendências

1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria da Aliança Francesa

1977 - São Paulo SP - Individual, no MAC/USP

1984 - São Paulo SP - Geometria 84, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte

1986 - São Paulo SP - Individual, na Choice Galeria de Arte

1992 - São Paulo SP - Efemérides, no MAC/USP

1994 - Pontal SP - Individual, na Casa da Cultura Manoel de Vasconcelos Martins

1996 - São Paulo SP - Judith Lauand: obras de 1954-1960, no Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte

Exposições Coletivas

1952 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Moderna

1952 - São Paulo SP - Jovens Pintores da Escola de Belas Artes de Araraquara, no MAM/SP

1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de bronze

1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna

1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações

1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata

1956 - São Paulo SP - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/SP

1956 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Moderna

1956 - São Paulo SP - Coletiva, no MAC/USP

1957 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/RJ

1957 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna

1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, na Kunsthaus

1959 - Haia (Holanda) - Arte Brasileira Atual, organizada pelo Itamaraty

1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1959 - São Paulo SP - Seis Concretistas, na Galeria de Arte da Folha

1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Concreta, no MAM/RJ

1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP

1960 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas

1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Zurique (Suíça) - Konkrete Kunst, na Helmhaus

1961 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1962 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Moderna

1963 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Arte Moderna

1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1963 - São Paulo SP - Galeria Novas Tendências: coletiva inaugural, na Associação de Artes Visuais Novas Tendências

1964 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Arte Moderna - prêmio aquisição

1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna

1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1965 - São Paulo SP - Proposta 65, na Faap

1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1966 - São Paulo SP - Três Premissas, no MAB/Faap

1967 - Brasília DF - 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, no Teatro Nacional Cláudio Santoro

1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC

1967 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Arte Moderna

1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1968 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Arte Moderna

1968 - São Paulo SP - Os Concretistas, no MAM/SP

1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1972 - São Paulo SP - 2ª Exposição Internacional de Gravura, no MAM/SP

1972 - São Paulo SP - Mostra Internacional de Gravura, no Masp

1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ

1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado

1978 - São Paulo SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall

1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap

1985 - Belo Horizonte MG - Geometria Hoje, no MAP

1987 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, na Funarte

1987 - São Paulo SP - 1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, no MAB/Faap

1987 - São Paulo SP - A Trama do Gosto: um outro olhar sobre o cotidiano, na Fundação Bienal

1987 - São Paulo SP - Projeto Arte Brasileira - Anos 50, na Faap

1994 - São Paulo SP - Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP, no MAC/USP

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no CCBB

1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira - 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP

1996 - São Paulo SP - Bandeiras, na Galeria de Arte do Sesi

1996 - São Paulo SP - Desexp(l)os(ign)ição, na Casa das Rosas

1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Aplub; Casa de Cultura Mário Quintana; DC Navegantes; Edel; Usina do Gasômetro; Instituto de Artes da UFRGS; Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul; Margs; Espaço Ulbra; Museu de Comunicação Social; Reitoria da UFRGS; Theatro São Pedro

1997 - Porto Alegre RS - Vertente Construtiva e Design, no Espaço Cultural Ulbra

1998 - Belo Horizonte MG - O Suporte da Palavra, no Itaú Cultural

1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - O Suporte da Palavra, no MAM/SP

1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ

1999 - São Paulo SP - Década de 50 e seus Envolvimentos, na Jo Slaviero Galeria de Arte

2000 - Mouans-Sartoux (França) - L'Espace de l'Art Concret, no Chateau de Mouans-Sartoux

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Collección Cisneros, no MAM/RJ

2002 - São Paulo SP - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Colección Cisneros, no MAM/SP

2003 - Cidade do México (México) - Cuasi Corpus: arte concreto y neoconcreto de Brasil: una selección del acervo del Museo de Arte Moderna de São Paulo y la Colección Adolpho Leirner, no Museo Rufino Tamayo

2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ

2004 - São Paulo SP - Versão Brasileira, na Galeria Brito Cimino

Fonte: JUDITH Lauand. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 04 de junho de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Judith Lauand | Wikipédia Inglesa

Judith Lauand (26 de maio de 1922 – 9 de dezembro de 2022) foi uma pintora e gravadora brasileira. É considerada uma pioneira do movimento modernista brasileiro iniciado na década de 1950, e foi a única mulher integrante do movimento de arte concreta sediado em São Paulo, o Grupo Ruptura.

Infância e educação

Lauand nasceu em Pontal, São Paulo, Brasil.

Em meados da década de 1950, Lauand formou-se em artes plásticas pela Escola de Belas Artes de Araraquara, São Paulo no Brasil. Enquanto estava na Escola de Belas Artes, a formação de Lauand foi baseada nas artes plásticas tradicionais. Domênico Lazzarini e Maria Ybarra de Almeida lhe ensinaram pintura e Lívio Abramo lhe ensinou gravura.

Carreira

Após concluir a faculdade, Lauand trabalhou como professor em Araraquara e paralelamente produzia obras de arte, que na época seguiam o estilo das pinturas figurativas expressionistas.

Em 1953, Lauand mudou-se para São Paulo. Em 1954, trabalhou como monitora de galeria na Bienal de Arte de São Paulo, o que a levou a se conectar com outros artistas que faziam parte do movimento de arte concreta, Grupo Ruptura: Anatol Władysław, Geraldo de Barros, Leopoldo Haar, Lothar Charoux, Luís Sacilotto, Kazmer Féjer e Waldemar Cordeiro. Lauand logo se juntou ao grupo, tornando-se seu único membro feminino.

O trabalho de Lauand tem raízes na arte abstrata da década de 1950, com um movimento em 1954 para uma abordagem mais rígida e analítica. A partir da década de 1960, Lauand começou a incorporar materiais não tradicionais, como clipes de papel e outros itens, em suas peças, tornando as superfícies irregulares e criando efeitos diferenciados.

Lauand foi a única artista entre seus contemporâneos que assinou suas pinturas, assinando-as na frente delas. Isso foi visto como uma abordagem mais tradicional e uma rejeição à estética teórica do que outros artistas estavam fazendo.

Lauand trabalhou com diversos materiais. Como pintora, criou obras utilizando tintas acrílicas, esmalte, óleo e têmpera, incorporando guaches e/ou colagens. A produção de Lauand também se deu por meio de bordados, esculturas, xilogravuras e tapeçarias.

Morte

Lauand completou 100 anos em 26 de maio de 2022, e faleceu em São Paulo em 9 de dezembro.

Exposições selecionadas

Exposições coletivas

1956: “Exposição Nacional de Arte Concreta”. Museu de Arte Moderna (São Paulo)

1960: "Konkrete Kunst." 50 Jahre Entwicklung, Helmhaus (Zurique)

1965: VIII Bienal Internacional de Arte de São Paulo (São Paulo)

1967: IX Bienal Internacional de Arte de São Paulo (São Paulo)

1969: X Bienal Internacional de Arte de São Paulo (São Paulo)

1977: "Projeto construtivo brasileiro na arte. 1950–1962." Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro); Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo)

1984: "Tradição e ruptura" Sãntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal de São Paulo (São Paulo)

1994: Bienal Brasil Século XX (São Paulo) 

1997: I Bienal de Artes Visuais do Mercosul (Porto Alegre)

2003: "Cuasi-corpus. Arte concreta e neoconcreto do Brasil." Museu de Arte Contemporânea Internacional Ruãno Tamayo (Cidade do México); Museu de Arte Contemporânea (Monterrey)

2006: "Os Sítios da Abstração Latino-Americana". Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami, Flórida)

2007: "A Geometria da Esperança. Arte Abstrata Latino-Americana da Coleção Patricia Phelps de Cisneros." Museu de Arte Blanton, Universidade do Texas em Austin (Austin, Texas); Galeria de Arte Grey, Universidade de Nova Iorque (Nova Iorque)

2007: "Desenho construtivista brasileiro." Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro)

2009: "Obras Abstratas Geométricas. A Visão Latino-Americana das Décadas de 1950, 60 e 70." Henrique Faria Fine Art (Nova York)

2010: "Antes e Agora. Abstração na Arte Latino-Americana de 1950 até o Presente." 60 Wall Gallery, Deutsche Bank (Nova York)

2010: "Vibración. Moderne Kunst aus Lateinamerika." Coleção Ella Fontanals-Cisneros, Bundeskunsthalle (Bonn)

2017–2018: “Tornando a arte concreta: obras da Argentina e do Brasil na Colección Patricia Phelps de Cisneros.” Getty Center (Los Angeles, Califórnia) (29 de agosto de 2017 – 11 de fevereiro de 2018)

Exposições individuais

1954: Galeria Ambiente (São Paulo)

1965: Galeria Novas Tendências (São Paulo)

1977: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (São Paulo)

1984: "Geometria 84." Paulo Figueiredo Galeria de Arte (São Paulo)

1992: "Efemérides". Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (São Paulo)

1996: "Obras de 1954–1960." Galeria Sylvio Nery (São Paulo)

2007: “50 anos de pintura”. Galeria Berenice Arvani (São Paulo)

2008: “65 anos arte”. Galeria Berenice Arvani (São Paulo); Secretaria de Cultura, Araraquara (São Paulo)

2011: "Judith Lauand: Experiências." Museu de Arte Moderna de São Paulo (20 de janeiro – 3 de abril de 2011)

2013: "Judith Lauand: Os anos 1950." Galeria Stephen Friedman (Londres)

2014–2015: "Judith Lauand: modernista brasileira, anos 1950-2000", Driscoll Babcock Galleries (Nova York, NY) (23 de outubro de 2014 – 10 de janeiro de 2015)

2017: "Judith Lauand: Abstrações Concretas Brasileiras", Driscoll Babcock Galleries (Nova York, NY) (15 de junho – 28 de julho de 2017)

2022–2023: "Judith Lauand: desvio concreto", Museu de Arte de São Paulo (MASP) (25 de novembro de 2022 – 2 de abril de 2023)

Prêmios e honrarias

1945: 9º Salão de Belas Artes de Araraquara, Prêmio Estímulo de Desenho

1952: 15º Salão de Belas Artes de Araraquara, Primeiro Lugar

1953: 16º Salão de Belas Artes de Araraquara, Prêmio Cidade de Araraquara

1954: 3º Salão Paulista de Arte Moderna, Grande Medalha de Bronze

1955: 4º Salão Paulista de Arte Moderna, Pequena Medalha de Prata

1958: 7º Salão Paulista de Arte Moderna, Prêmio Aquisição

1959: 8º Salão Paulista de Arte Moderna, Prêmio Aquisição

1964: 13º Salão Paulista de Arte Moderna, Prêmio Aquisição

Obras e publicações

Lauand, Judith; Herkenhoff, Paulo (ensaio de); Nery da Fonseca, Sylvio (1996). Judith Lauand, obras de 1954-1960 (catálogo da exposição) (em português). São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca, Escritória de Arte. OCLC68738608  .​– de 19 de novembro (terça-feira) a 17 de dezembro de 1996

Lauand, Judith; Arvani, Berenice (coordenação); Fioravanti, Celso (curadoria e texto) (2007). Judith Lauand: 50 anos de pintura (Catálogo da exposição) (em português e inglês). São Paulo: Galeria Berenice Arvani. OCLC427897490  .​– Catálogo da exposição realizada de 2 de agosto a 10 de setembro de 2007 na Galeria Berenice Arvani em São Paulo, Brasil

Lauand, Judith; Klein, Antônio Paulo (curadoria) (2008). Judith Lauand: 65 anos arte: Xilogravuras (catálogo da exposição) (em português). São Paulo: Galeria Berenice Arvani. OCLC965763237  .​– Catálogo da exposição realizada de 4 de novembro a 12 de dezembro de 2008 na Prefeitura Municipal de Araraquara; e 2 de dezembro de 2008 – 16 de janeiro de 2009 na Galeria Berenice Arvani, São Paulo

Lauand, Judith; Fioravanti, Celso (curadoria); Villela, Milú (2011). Judith Lauand: Experiências (catálogo da exposição) (em português e inglês). São Paulo: Museu de Arte Moderna. ISBN 978-8-586-87150-4. OCLC  716123474 .– Catálogo de exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, 21 de janeiro a 3 de abril de 2011

Lauand, Judith; Fioravante, Celso (ensaio de) (2013). Judith Lauand: Década de 1950 (Catálogo da exposição) (em inglês e português). Londres: Stephen Friedman Gallery. OCLC  879310062 .– Catálogo de uma exposição realizada de 8 de fevereiro a 9 de março de 2013 em Londres

Lauand, Judith; Edelman, Aliza (ensaio de); Driscoll, John (introdução de) (2014). Judith Lauand: Modernista Brasileira, anos 1950-2000 (Catálogo da exposição). Nova York: Galerias Driscoll Babcock. ISBN 978-0-989-80623-7. OCLC  894358338 .– Catálogo de uma exposição realizada nas Galerias Driscoll Babcock de 23 de outubro a 20 de dezembro de 2014

Lauand, Judith (2015). Os anos 50 Judith Lauand e a construção da geometria (Catálogo da exposição) (em português). São Paulo: Instituto de Arte Contemporânea.

Lauand, Judith; Edelman, Aliza (ensaio de) (2017). Judith Lauand: Abstrações Concretas Brasileiras (Catálogo da exposição). Nova York: Galerias Driscoll Babcock.

Fonte: Wikipédia English. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand, a artista que conquistou os mestres concretistas | ArtRef

Judith Lauand, artista plástica brasileira, concreta, pop e experimental. Começou a dedicar-se a pintura na década de 1940 em Araraquara, na escola de Belas Artes. No início de sua carreira dedicava-se a arte com influência expressionista, pintando figuras e naturezas mortas.

Forma-se em Artes Plásticas em 1950 e em 1952 muda-se para São Paulo onde estuda gravura com Livio Abramo. Passa a dedicar-se a abstração em 1953.O concretismo foi um movimento vanguardista que ocorreu nas artes plásticas, na música e na poesia.

Surgiu na Europa, na década de 1950, e teve seu auge até a década de 1960. Os artistas precursores deste movimento foram: Max Bill (artes plásticas), Pierre Schaeffer (música) e Vladimir Mayakovsky (poesia).

Para os concretistas a arte é autônoma e a sua forma remete às da realidade, logo, as poesias, por exemplo, estão cada vez mais próximas das formas arquitetônicas ou esculturais. As artes visuais não figurativas começam a ser mais evidentes, a fim de mostrar que no mundo há uma realidade palpável, a qual pode ser observada de diferentes ângulos.

A entrada no concretismo

Judith Lauand entra em contato com o concretismo em 1954. Em 1956 participa de Primeira Exposição de Arte Concreta que marca o surgimento da poesia concreta no Brasil.

Em 1955 foi convidada a participar o grupo Ruptura onde foi a única mulher. É fundadora da Galeria NT (Novas Tendências) em São Paulo junto com Hermelindo Flaminghi e Luiz Sacilotto.

Em 1958 ganha o premio Leirner de Arte Contemporânea. Na década de 1960 começa a utilizar em suas obras materiais pouco usuais como tachinhas, alfinetes, clips e dobradiças, com efeitos e ritmos ópticos.

Concretismo: características

Na literatura o Concretismo foi um movimento artístico surgido na década de 1950 que extinguia os versos e a sintaxe normal do discurso, dando grande importância à organização visual do texto, com o intuito de acabar com a distinção entre forma e conteúdo e criar uma nova linguagem.

Seus princípios, de certa forma, dialogam com proposições do Cubismo aplicado tanto à literatura quanto às artes plásticas. Foram precursores mundiais das tendências do movimento o suíço Max Bill, e o russo Vladimir Mayakovsky

No Brasil, esse movimento vanguardista chegou por volta de 1950, através do Suíço, Max Bill (1908-1994).

O movimento concreto se constituiu, primeiramente, na cidade de São Paulo, em meados da década de 50, sendo liderado pelos poetas e irmãos Augusto de Campos e Haroldo de Campos, conhecido como os “irmãos Campos”, e Décio Pignatari.

Estes (também conhecidos com “Grupo Paulista”), fundaram a Revista “Noigandres” (1952), para divulgador as ideias atreladas ao concretismo. Posteriormente, o grupo também seria integrado pelos poetas cariocas Ronaldo Azeredo e José Lino Grünewald.

A partir da década de 1960, poetas e músicos do movimento, como Ferreira Gullar e Paulo Leminski, passaram a se envolver em temas sociais, surgindo várias tendências pós-concretistas.

Fonte: ArtRef, “Judith Lauand, a artista que conquistou os mestres concretistas", publicado em 22 de dezembro de 2022. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

Judith Lauand | A Bienal de Veneza

Judith Lauand nasceu de imigrantes libaneses e passou a infância e a juventude em Araraquara, importante centro econômico e cultural do interior de São Paulo. Acervo 290, concreto 18 (1954) insere-se no período inicial da experimentação concretista de Lauand, após ela ter deixado de lado seus primórdios acadêmicos e figurativos. Aqui, a artista trabalha a relação entre formas e planos de cor e desenvolve estruturas complexas a partir de figuras simples, repetidas sistematicamente. A combinação de elementos ora decompõe as figuras, ora cria novos polígonos e estruturas mais orgânicas, trazendo ritmo e dinamismo à tela. O triângulo e o losango ocupam o centro do palco, desdobrando-se e reaparecendo de diferentes maneiras, conferindo um caráter discreto e elegante ao movimento interno da composição. Essa dinâmica matemática é temperada pelo uso das cores e seus contrastes e pela presença solitária de um círculo no canto inferior direito da tela, criando um ponto de fuga insuspeito em uma operação formal tipicamente lauandiana.

Esta é a primeira vez que o trabalho de Judith Lauand é apresentado na Bienal de Arte.

— Fernando Olivia

Fonte: A Bienal de Veneza, “Judith Lauand”. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand – A Dama Concretista

Judith Lauand (Pontal, São Paulo, 1922). Pintora e gravadora. Nome importante do movimento concretista, é reconhecida por suas obras com formas geométricas precisas, pelo rigor matemático de suas composições constituídas de linhas, planos e vetores, e mesclada com cores contrastantes. Ao longo de sua carreira, experimenta técnicas diferentes, como gravura, desenhos, guaches, colagens, xilogravuras, tapeçarias, bordados e esculturas.

Em 1950, forma-se na Escola de Belas-Artes de Araraquara, no interior de São Paulo, onde aprende pintura. Nessa época, Lauand pinta naturezas-mortas, quadros mais figurativos e retratos. Muda-se para São Paulo em 1952 e cursa aulas de gravura, época na qual começa a experimentar essa técnica e caminhar para a abstração em suas obras.

Sua aproximação com as vanguardas artísticas se dá em 1953, ano em que trabalha como monitora da 2ª Bienal de São Paulo e entra em contato com obras de artistas como o suíço Paul Klee (1879-1940), nome importante do movimento expressionista, o modernista Piet Mondrian (1872-1944) e o escultor e pintor estadunidense famoso por seus móbiles Alexander Calder (1898-1976).

Em 1955, ingressa no Grupo Ruptura e é conhecida como a única mulher a ter feito parte oficialmente do grupo, integrado por Waldemar Cordeiro (1925-1973), Geraldo de Barros (1923-1998) e Luiz Sacilotto (1924-2003). O convívio com os concretistas, tanto nas artes visuais, quanto na literatura, incentiva Lauand em sua busca por formas geométricas, com precisão matemática e reflexão sobre a composição de linhas, vetores e formas.

A obra Do Círculo ao Oval (1958) representa o rigor na estrutura das linhas, que partem de um ponto e vão rotacionando e formando outras figuras geométricas. O interior da imagem se assemelha a um círculo que irradia para uma figura oval quando vista em sua completude. A cor de fundo, um amarelo vibrante, corrobora o cuidado da artista na escolha de cores puras e vivas que contrastem com a composição geométrica.

A artista tem reconhecimento nacional e internacional, participando de importantes exposições coletivas, como a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta (1956), realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP); a Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa (1959-1960), que passa por cidades como Munique, Lisboa, Madri e Paris; e Judith Lauand: Abstrações do Concretismo Brasileiro (2017), na galeria Driscoll Babcock, em Nova York, evidenciando sua constante atuação no sistema das artes.

Na década de 1960, Lauand passa por uma fase ligada à pop art e adiciona outros elementos às suas telas, como tachinhas, tecidos, alfinetes, barbantes e clipes, e insere palavras, também por influência da poesia concreta com que tem contato na época, como a de Décio Pignatari (1927-2012). O trabalho Te Amor (1969) é um exemplo dessa fase pop e traz à tela os rostos de um homem e de uma mulher, pintados com cores fortes e contrastantes, como o amarelo, o bordô e o azul escuro. No quadro, observamos que a mulher está com o rosto virado e o homem, que está à sua frente, parece que a pressiona contra a parede. A cena parece simular uma tentativa de beijo entre um casal, e na parte inferior da tela estão as palavras “Te” e abaixo “A Mor”. Podemos ler tal qual está no título “Te Amor” ou, se invertermos, podemos ler “A Mor Te”, mostrando como a artista brinca com as palavras e situações.

Funda a Galeria Novas Tendências, em São Paulo, com os artistas Hermelindo Fiaminghi (1920-2004) e Luiz Sacilotto, como um espaço para expor os artistas concretos, inaugurada com a exposição Coletiva Inaugural (1963), que tem por intenção apresentar novos artistas ao mercado de arte.

Há em suas obras uma formulação matemática com desenhos que parecem abertos ou fechados, como o trabalho Quatro Grupos de Elementos (1959), que também denota uma exploração cromática para formar a imagem e garantir uma ilusão ótica. Na tela, observamos duas linhas paralelas, nas cores preta e azul-escura, atravessadas por outras linhas que se cruzam e, dependendo da observação, vemos um losango ou um objeto tridimensional. Lauand experimenta, com essas formas, técnicas para a abstração.

Judith Lauand tem intensa atividade desde o início de sua carreira, na época com pinturas mais figurativas e acadêmicas, mas firmando sua produção com as características da arte concretista. Experimenta a arte pop, porém, segue trabalhando com abstrações em seus desenhos. Notável pelo rigor matemático e pela precisão das formas, Judith Lauand evidencia em sua produção composições de linhas e vetores que denotam movimento, trabalhando também com escolhas cromáticas que conferem vivacidade às obras.

Fonte: Gravura Contemporânea, “Judith Lauand - A Dama Concretista”. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand: as ousadias e delicadezas de uma concretista | Estadão

"Achava a abstração muito mais interessante, uma pesquisa que não tinha fim, muito mais diversificada", diz Judith Lauand, fazendo uma rápida recapitulação de seus mais de 60 anos de carreira no campo da pintura. Ela nasceu em Pontal, no Estado de São Paulo, em maio de 1922, e foi em Araraquara, na Escola de Belas Artes, na década de 1940, que começou a se dedicar à pintura. Um caminho natural, segundo ela, esse de pintar. No começo, "no estilo da escola expressionista", fazia naturezas-mortas e figuras. Mas, acidentalmente, um dia ficou surpresa quando viu que uma de suas naturezas-mortas tinha se transformado numa pintura abstrata feita de cubos e um círculo no lugar do que seria um prato... E pouco tempo depois, na década de 1950, já em São Paulo, Judith Lauand foi a única mulher a integrar o fechado Grupo Ruptura dentro do movimento concretista brasileiro.

A fase concretista de Judith Lauand é o ponto alto de sua trajetória, mas agora também é momento de se ver mais de sua carreira, feita de diversas fases de experimentações que ela tanto se orgulha. "Gosto de todas, com suas qualidades e percalços", diz a artista na Galeria Berenice Arvani, onde inaugura nesta quinta-feira, 2, uma mostra com 56 de suas obras realizadas entre 1952 e 2007 - aos 85 anos, Judith lê diariamente pela manhã, "80 páginas por semana", e pinta quase que todos os dias, sempre no período da tarde e sempre no campo da abstração, eleito por ela o mais interessante. Na exposição, com curadoria de Celso Fioravante, há uma passagem completa pelos caminhos de Judith: a figuração; a abstração informal; a abstração geométrica; a fase pop da década de 1960; as obras em que colocava objetos na tela, como pregos e tachinhas; as telas em que pintava nelas palavras; os quadros com as variações do mesmo tema do quadrado. "Ela não é uma concretista ortodoxa, tem uma trajetória muito mais rica do que se coloca", afirma o curador, que não deixa de dizer que é a mão do mercado que cai sobre um nicho de concretistas tão brilhantes e quase esquecidos - a marchande Berenice Arvani diz que as obras de Judith estão agora à venda por preços que variam entre R$ 20 mil e R$ 160 mil. As telas mais valiosas são as da década de 1950, do período concretista de Judith. "De 1954 a 1962, fui rigidamente concreta, me tornei mais geométrica", define. Em texto de 1996, o crítico Paulo Herkenhoff afirmou que Judith "produziu uma arte de pequenas delicadezas concretistas". Mas o fato de ser a única presença feminina no Grupo Ruptura (entre 1953 e 1959), formado por artistas como Waldemar Cordeiro, Sacilotto, Charoux, Fiaminghi e Maurício Nogueira Lima, não é assim algo determinante para caracterizar que a geometria em suas composições fosse mais sensível. "Isso vai da sensibilidade de cada artista, cada um resolve os problemas da obra à sua maneira. Acho que todos do grupo faziam um concretismo sensível, não havia diferença entre nós. O Fiaminghi tinha uma pesquisa de formas e, principalmente, de cor, das mais sensíveis", diz Judith. A artista pensa de forma quase matemática sobre suas composições - mas isso não quer sinalizar o reducionismo da razão em detrimento do caráter sensível. "Cada forma tem e pede sua cor. Gosto das cores que ficam no mesmo plano, que combinem, mas meu quadro não tem nada de perspectiva." Em Araraquara, quando estudou na Escola de Belas Artes, suas obras de raiz expressionista e figurativa eram resolvidas de maneira rápida, segundo a artista. "Com a abstração não", já diz logo ela. Para chegar à abstração, conta ter sido influenciada por livros e revistas que lia naquela época. "Li o de um argentino, Jorge Romero Brest (crítico), que então falava da atualidade da pintura. Aí percebi que eu estava atrasada, que a obra poderia ser muito mais moderna", conta a artista, que ainda guarda esse mesmo espírito intacto.

Fonte: Estadão, “Judith Lauand: as ousadias e delicadezas de uma concretista”, publicado por Camila Molina, em 1 de agosto de 2007. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Masp apresenta a maior exposição já feita para a artista brasileira Judith Lauand | Jornalismo ESPM

O MASP- Museu de Arte de São Paulo deu início em novembro de 2022 até 02 de abril, à exposição individual Judith Lauand: desvio concreto. A artista, que faleceu ano passado após completar 100 anos, foi a primeira concretista no Brasil e a única mulher a participar do grupo Ruptura. A exposição é a maior já dedicada à obra de Lauand e pretende homenagear a sua carreira, com 128 obras e diversos documentos de arquivo pessoal.

Formada pela universidade Belas Artes, Judith (1922, Pontal SP) é considerada uma figura fundamental na história da arte brasileira, em destaque no movimento concretista. Ao mudar-se para São Paulo em 1954, foi monitora na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, uma grande realização na sua carreira. A partir daí, ela foi convidada para se juntar ao grupo ruptura, formado por diversos artistas que marcaram o início da arte concreta no Brasil.

A exposição mostra a versatilidade de Judith em não permanecer suas obras apenas na perspectiva do concretismo, mas também no ritmo, movimento e o envolvimento com a pop arte. Além disso, evidencia como a artista introduziu temas de viés político e social em suas obras, tais como violência, sexualidade e submissão feminina.

A mostra tem formato circular, com salas compartilhadas em diferentes décadas. Além de plaquinhas, contando a história da vida de Judith e a sua grande contribuição para arte brasileira. O catálogo que acompanha a edição está em português e inglês, ilustrado e com ensaios inéditos. A exposição é curada por Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp e Fernando Oliva, curador do local, com assistência de Matheus de Andrade, assistente curatorial.

Fonte: ESPM, Jornalismo SP: “Masp apresenta a maior exposição já feita para a artista brasileira Judith Lauand | Jornalismo ESPM". publicado por Julia Faria, em 28 de março de 2023. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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'Exposição Concreta' tem obras de Judith Lauand no Senac Araraquara | G1

O Senac Araraquara (SP) abre nesta sexta-feira (20), às 19h30, a "Exposição Concreta: Judith Lauand 100 anos" para homenagear a artista que faleceu em 9 de dezembro de 2022, aos 100 anos. A exposição pode ser visitada até o dia 17 de março.

Apresentada inicialmente entre setembro e dezembro do ano passado na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, a mostra conta com 27 xilogravuras da artista que compõem o acervo da Pinacoteca Mário Ybarra de Almeida, além de uma tela em óleo (Mulheres).

Os visitantes também poderão conferir as obras da artista que ficam em exposição permanente no Senac Araraquara. São 11 quadros, uma tela em óleo e um painel mural.

No dia da abertura, está prevista uma visita guiada com mediação educativa do coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico da Prefeitura, Weber Fonseca. Não é necessária inscrição.

O Senac Araraquara fica na Rua João Gurgel, 1935, no Carmo, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h, e aos sábados, das 8h às 14h.

Quem foi Judith Lauand

Judith Lauand nasceu em Pontal (SP) em 26 de maio de 1922. Em 1950, formou-se na Escola de Belas Artes de Araraquara, tendo aulas com Mário Ybarra de Almeida e Domenico Lazarini. Dois anos depois, formou-se em gravura com Lívio Abramo.

Em 1954, a artista conheceu o movimento concretista e nesse mesmo ano realizou sua primeira exposição individual. Um ano depois foi convidada a integrar o Grupo Ruptura, movimento que consolidou a arte concreta no Brasil. Até o fim do grupo, Judith foi uma das principais representantes e única mulher entre os artistas brasileiros e estrangeiros. Judith Lauand passou a ser um nome reconhecido e premiado internacionalmente, com participações importantes em exposições coletivas e individuais.

Judith foi uma artista de intensa atividade durante toda a sua carreira, com obras que nunca perderam suas características marcantes. Notável pela precisão das obras, ela evidencia em suas produções as linhas e vetores que denotam movimento, nuances cromáticas e vivacidade.

Ainda que tenha ficado conhecida como a “Dama do Concretismo Brasileiro”, Judith Lauand foi muito além da arte concreta. Em seu acervo consolidado e reconhecido internacionalmente, a artista percorre experiências com a arte pop, abstrata, política e sobretudo diversa.

Presente em exposições brasileiras históricas e colecionando premiações, a artista marca um movimento artístico e representa uma vida inteira dedicada à arte. Integrando o que os críticos chamam de “segunda vanguarda”, foi presença feminina expressiva e fundamental em um meio artístico que era predominantemente masculino. Com sua obra formada pelo pioneirismo estético e social, abordou temas fundamentais às questões urbanas, políticas e femininas, usando composições singulares, dinâmicas e que transcenderam os dogmas concretistas.

Fonte: G1, “'Exposição Concreta' tem obras de Judith Lauand no Senac Araraquara”, publicado em 20 de janeiro de 2023. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Conheça Judith Lauand, a brasileira que fez história na Arte Concreta | Veja

Em maio deste ano, a artista plástica Judith Lauand celebrou a chegada dos 100 anos de idade. A longevidade da brasileira, nome incontornável da arte concreta, lhe garantiu um presente raro: Judith pode testemunhar a abertura da maior mostra exclusiva de sua obra no icônico Museu de Arte de São Paulo (Masp). Batizada de Judith Lauand: Desvio Concreto, a exposição fica em cartaz até 2 de abril de 2023 e ocupa todo o primeiro andar do prédio histórico da Avenida Paulista.

Nascida em Pontal, interior de São Paulo, próximo a Ribeirão Preto, Judith começou a carreira na Escola de Belas Artes de Araraquara. Criativa e experimental, ela logo se envolveu com o abstracionismo que, somado ao seu gosto por geometria, a encaminhou para o início do movimento concretista no Brasil. “Pintei uma natureza-morta. Então eu me levantei e me distanciei da tela para ver o que havia feito. Vi um quadro abstrato”, disse ela sobre a descoberta no início da carreira. Na década de 1950, em São Paulo, ela se tornou a primeira mulher a integrar o Grupo Ruptura – movimento paulistano de arte concreta que mais tarde se fundiu com o Grupo Frente, do Rio, com nomes como Ivan Serpa, Lygia Clark e Hélio Oiticica.

Após 65 anos de sua participação na primeira exposição nacional de arte concreta, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956, e, no ano seguinte, no Museu de Arte Moderna do Rio, Judith é redescoberta com o empurrão de retrospectivas recentes envolvendo o movimento. No ano passado, Lygia Clark, foi tema de uma exposição comemorando seu centenário. Serpa ganhou uma ampla mostra no CCBB, enquanto Oiticica, já célebre no popular museu a céu aberto de Inhotim, protagonizou uma exposição no Masp que reabriu o museu na pandemia, em 2020.  

A exposição sobre Judith conta com 124 obras, que trafegam de forma cronológica pelas várias fases da artista. Estão ali o figurativismo e muitas obras de geometria abstrata que formam conjuntos hipnotizantes. Inventiva, a partir dos anos 1960 ela passou a explorar outras técnicas, o que resultou em obras com colagens e a aplicação de materiais variados, caso de grampos e tachinhas. Na última sala da mostra, as técnicas se misturam em obras de influência pop, de colorido marcante em rostos femininos e a interferência de palavras soltas. Uma prova de que, como seus colegas concretistas, Judith não se contentava em ser uma artista só. 

Fonte: Veja, “Conheça Judith Lauand, a brasileira que fez história na Arte Concreta”, publicado por Raquel Carneiro, em 7 de dezembro de 2022. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand, 1ª artista concretista do Brasil, morre em SP aos 100 anos | G1

A artista plástica Judith Lauand 100 anos, primeira mulher concretista do país, morreu nesta sexta-feira (9) em sua casa, em São Paulo. Lauand é considerada um dos mais importantes expoentes da produção artística brasileira da segunda metade do século 20.

Ela morava desde 1954 com a família no bairro de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. A família não divulgou as causas da morte, nem o local onde acontecerá o velório.

Poucos dias atrás, em 25 de novembro, foi inaugurada no Museu de Arte de São Paulo (Masp) a maior exposição dedicada à obra dela.

"Judith Lauand: desvio concreto" revê a trajetória da artista que foi a única mulher a participar do grupo Ruptura, que reuniu de modo pioneiro artistas interessados em desenvolver a arte concreta no Brasil.

Nascida na cidade de Pontal, interior de São Paulo, em 1922 – ano da 1ª Semana De Arte Moderna do País, ela começou a dedicar-se a arte na década de 40, quando foi estudar na escola de Belas Artes de Araraquara.

A partir daí, sua carreira avançou e se expandiu. No começo da década de 1950, Judith Lauand mostrou interesse crescente pela cor e suas pulsações óticas, culminando no Concretismo, que é um movimento artístico caracterizado pela objetividade e pelo trabalho experimental com o espaço, formas abstratas e geométricas para representar o mundo, na arte e na poesia.

Em 1955, ela foi convidada a compor o grupo de artistas paulistanos Ruptura e tornou-se figura de destaque na fundação do Movimento Concreto.

Participou da icônica Exposição Nacional de Arte Concreta do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), em 1952.

Segundo os curadores da exposição em cartaz no Masp, a obra de Lauand muitas vezes foi negligenciada pela crítica de arte e deixada em segundo plano no País.

“Lauand é uma artista central na arte brasileira, sobretudo no contexto do movimento concretista surgido na segunda metade do século 20. Judith Lauand: desvio concreto busca colocar em perspectiva a decisiva transição operada por ela em dado momento de sua longa trajetória: a passagem para a geometria abstrata, em meados dos anos 1950, a partir de uma produção inicialmente calcada no figurativismo. Tanto a narrativa da exposição — que com 128 obras e dezenas de documentos do arquivo pessoal da artista atravessa seis décadas — quanto os ensaios de seu respectivo catálogo apontam para o fato de haver, desde cedo em seu percurso, uma propensão à geometria e ao abstracionismo”, diz o programa da exposição em SP.

Fonte: G1, “Judith Lauand, 1ª artista concretista do Brasil, morre em SP aos 100 anos”, publicado por Patrícia Marques, em 09 de dezembro de 2022. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Grupo Ruptura - Itaú Cultural

No dia 9 de dezembro de 1952, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), é inaugurada a exposição que marca o início oficial da arte concreta no Brasil. Intitulada Ruptura, a mostra é concebida e organizada por um grupo de sete artistas, a maioria de origem estrangeira residentes em São Paulo: os poloneses Anatol Wladyslaw (1913 - 2004) e Leopoldo Haar (1910 - 1954), o austríaco Lothar Charoux (1912 - 1987), o húngaro Féjer (1923 - 1989), Geraldo de Barros (1923 - 1998), Luiz Sacilotto (1924 - 2003), e o catalisador e porta-voz oficial do grupo, Waldemar Cordeiro (1925 - 1973). Cordeiro conhece Barros, Charoux e Sacilotto em 1947, na mostra 19 Pintores, quando todos ainda estavam influenciados pela corrente expressionista. É somente em 1948, quando Cordeiro volta definitivamente ao Brasil, que ocorre a mudança dos trabalhos desses artistas em direção à abstração. Por essa época, reúnem-se para discutir arte abstrata e filosofia, principalmente a teoria da pura visibilidade do filósofo alemão Konrad Fiedler (1841 - 1895) e o conceito de forma cunhado pela psicologia da Gestalt. Féjer e Leopoldo Haar, ambos com formação artística em seus países de origem, já produzem pinturas abstratas pelo menos desde 1946 e aderem ao grupo. O último a integrá-lo em 1950 é Wladyslaw, ex-aluno de Flexor (1907 - 1971).

Como afirma Cordeiro em 1953, em resposta a artigo do crítico de arte Sérgio Milliet (1898 - 1966), o Grupo Ruptura "está longe de representar todo o movimento paulista de arte abstrata e concreta, cujas fileiras contam hoje inúmeros integrantes". Sendo assim, o que os diferencia dos outros artistas? Sabe-se que desde o final dos anos 1940, o meio artístico brasileiro vê crescer o interesse pela arte abstrata, não sem grande resistência dos artistas figurativos ligados à estética nacionalista dos anos 1930, como Di Cavalcanti (1897 - 1976), por exemplo. Apesar da reação negativa, a consagração das tendências abstratas, sobretudo de vertente geométrica, na 1ª Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo (posteriormente Bienal Internacional de São Paulo) em 1951, indica que a discussão figuração versus abstração tende a ser superada, abrindo-se, a partir de então, a necessidade de mudar o foco do debate público.

Nesse panorama, a exposição do Grupo Ruptura em 1952 e o manifesto do grupo publicado no mesmo ano, representam a abertura para um novo caminho de debate, instaurando-o no interior das próprias vertentes abstratas. O manifesto, redigido por Cordeiro e diagramado por Haar, e que parece ter causado maiores reações do que os próprios trabalhos apresentados estabelece uma posição firme contra as principais correntes da arte no país. Pretende-se romper com o "velho", a saber: "todas as variedades e hibridações do naturalismo; a mera negação do naturalismo, isto é, o naturalismo 'errado' das crianças, dos loucos, dos 'primitivos', dos expressionistas, dos surrealistas, etc.; o não-figurativismo hedonista, produto do gosto gratuito, que busca a mera excitação do prazer ou do desprazer". Se por um lado, a oposição contra qualquer forma de figuração não é nova, por outro, a não aceitação da abstração informal é inédita e ajuda a compreender a posição do grupo.

No ambiente do pós-guerra marcado por um certo otimismo e pelo desejo de esquecer a barbárie dos anos anteriores, a arte concreta (1930), de cunho extremamente racionalista, conhece um novo florescimento. Dentro desse movimento, o artista suíço Max Bill (1908 - 1994) torna-se o principal teórico da arte concreta do período, tentando repensar seu legado juntamente com a reflexão sobre o construtivismo, o neoplasticismo e a experiência alemã da Bauhaus, adaptando-o à nova realidade. E é exatamente como seguidores do artista suíço que os integrantes do Grupo Ruptura se colocam no meio artístico brasileiro dos anos 1950.

Em termos gerais, o grupo defende a autonomia de pesquisa com base em princípios claros e universais, capazes de garantir a inserção positiva da arte na sociedade industrial. Para um artista concreto, o objeto artístico é simplesmente a concreção de uma idéia perfeitamente inteligível, cabendo à expressão individual lugar nulo no processo artístico. Para eles, toda obra de arte possui uma base racional, em geral matemática, o que a transforma em "meio de conhecimento dedutível de conceitos". No âmbito da pintura, esses princípios correspondem à crítica do ilusionismo pictórico, à recusa do tonalismo cromático e à utilização dos recursos ópticos para a criação do movimento virtual. Lançam mão também do uso de materiais como esmalte, tinta industrial, acrílico e aglomerado de madeira, destacando a atenção do grupo ao desenvolvimento de materiais industriais.

Observa-se que a adoção de postulados extremamente racionalistas para a arte revelam a ânsia de superar o atraso tecnológico, a condição espiritual de país colonizado e de economia subdesenvolvida, característicos da realidade brasileira. As questões e a prática introduzidas pelo Ruptura mobilizam a maior parte dos debates nos anos 1950, e são fundamentais para a fermentação da dissidência neoconcreta no Rio de Janeiro. O grupo não promove outras exposições de seus participantes, entretanto, já contando com outros adeptos como Hermelindo Fiaminghi (1920 - 2004), Judith Lauand (1922), Maurício Nogueira Lima (1930 - 1999) e o apoio dos poetas concretos paulistas, organizam a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta (1956/1957). Por volta de 1959 o Grupo Ruptura começa a se dispersar.

Fonte: GRUPO Ruptura. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 4 de junho de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: AM Galeria. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

Judith Lauand (26 de maio de 1922, Pontal, Brasil — 9 de dezembro de 2022, São Paulo, Brasil), foi uma artista concretista brasileira. Formada em 1950 pela Escola de Belas Artes de Araraquara, aprimorou seus estudos em São Paulo com o gravurista Lívio Abramo. Foi na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1954, que se aproximou do concretismo, sendo convidada por Waldemar Cordeiro a participar do grupo. Sua obra é marcada por rigor geométrico, paleta racional, composições estruturadas e, posteriormente, pelo uso de materiais não convencionais, como pregos, linhas e tecidos. Recebeu reconhecimento nacional e internacional ao participar da histórica exposição “Konkrete Kunst”, em Zurique, em 1960, e de inúmeras bienais e mostras no Brasil. Suas obras estão presentes em importantes acervos como MASP, MAM-SP, MAC USP e Museum of Fine Arts de Houston. Aclamada como “Dama do Concretismo”, teve retrospectivas em instituições como o MAM-SP (2011) e o MASP (2022). Judith é considerada a principal artista concreta brasileira.

Judith Lauand

Judith Lauand (26 de maio de 1922, Pontal, Brasil — 9 de dezembro de 2022, São Paulo, Brasil), foi uma artista concretista brasileira. Formada em 1950 pela Escola de Belas Artes de Araraquara, aprimorou seus estudos em São Paulo com o gravurista Lívio Abramo. Foi na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1954, que se aproximou do concretismo, sendo convidada por Waldemar Cordeiro a participar do grupo. Sua obra é marcada por rigor geométrico, paleta racional, composições estruturadas e, posteriormente, pelo uso de materiais não convencionais, como pregos, linhas e tecidos. Recebeu reconhecimento nacional e internacional ao participar da histórica exposição “Konkrete Kunst”, em Zurique, em 1960, e de inúmeras bienais e mostras no Brasil. Suas obras estão presentes em importantes acervos como MASP, MAM-SP, MAC USP e Museum of Fine Arts de Houston. Aclamada como “Dama do Concretismo”, teve retrospectivas em instituições como o MAM-SP (2011) e o MASP (2022). Judith é considerada a principal artista concreta brasileira.

Videos

Exposição Judith Lauand no MASP | 2022

A obra de Judith Lauand | 2015

A dama do concretismo Judith Lauand, faz 100 anos | 2022

Telas do Brasil: Judith Lauand | 2023

Obra de Judith Lauand na Bienal de Veneza | 2023

SESC faz exposição de Judith Lauand | 2015

Judith Lauand, única mulher do concretismo paulista | 2021

ConCretos! A ruptura do olhar | 2025

A obra de Judith Lauand | 2015

A maior exposição de Judith Lauand | 2022

Desvio Concreto de Judith Lauand (MASP) | 2023

Judith Lauand | Arremate Arte

Judith Lauand nasceu em 26 de maio de 1922, em Pontal, interior de São Paulo. Iniciou sua trajetória nas artes ao formar-se em 1950 pela Escola de Belas Artes de Araraquara, onde recebeu uma formação tradicional. Em 1952, mudou-se para a capital paulista, onde teve contato direto com as transformações artísticas que marcariam a arte moderna no Brasil. Em São Paulo, estudou gravura com Lívio Abramo e passou a se envolver com os círculos artísticos que orbitavam em torno da Bienal Internacional de São Paulo. Foi durante a 2ª edição da mostra, em 1954, enquanto atuava como monitora, que se aproximou de artistas como Waldemar Cordeiro, líder do concretismo no país.

No ano seguinte, foi convidada por Cordeiro a integrar o Grupo Ruptura — tornando-se a única mulher a fazer parte oficialmente do movimento, e a única a assinar seu manifesto. Esse fato marcou profundamente sua trajetória, consolidando seu nome como a principal representante feminina do concretismo brasileiro. Sua obra, inicialmente marcada por composições geométricas rigorosas e pelo uso racional de cores e formas, evoluiu ao longo das décadas. A partir dos anos 1960, Judith incorporou elementos não tradicionais à pintura, como tachinhas, linhas de costura, tecidos e objetos cotidianos, estabelecendo um diálogo original com a poesia concreta e o pop art, além de abordar de forma sutil questões ligadas à condição da mulher e à repressão política do período.

Lauand participou de exposições fundamentais para a história da arte brasileira e internacional, como a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta (1956), e a mostra “Konkrete Kunst”, em Zurique (1960), uma das principais vitrines da arte concreta mundial. Sua atuação foi fundamental para a difusão das ideias concretistas, tanto como artista quanto como agente cultural — em 1963, cofundou a Galeria Novas Tendências, em São Paulo. Ao longo de sua carreira, teve obras incorporadas aos acervos de importantes instituições, como o MASP, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea da USP e o Museum of Fine Arts de Houston.

Reconhecida como a “Dama do Concretismo”, Judith Lauand manteve sua produção ativa até o final da vida. Faleceu em 9 de dezembro de 2022, aos 100 anos, sendo homenageada com retrospectivas em instituições como o MAM-SP (2011) e o MASP (2022).

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Judith Lauand | Wikipédia

Judith Lauand (Pontal, 26 de maio de 1922 — São Paulo, 9 de dezembro‎ de 2022), foi umaartista plástica brasileira, concreta, pop e experimental.

Vida

Começou a dedicar-se a pintura na década de 1940 em Araraquara, na escola de Belas Artes. No início de sua carreira dedicava-se a arte com influência expressionista, pintando figuras e naturezas mortas. Forma-se em Artes Plásticas em 1950 e em 1952 muda-se para São Paulo onde estuda gravura com Livio Abramo. Passa a dedicar-se a abstração em 1953.

Entra em contato com o concretismo em 1954. Em 1956 participa de Primeira Exposição de Arte Concreta que marca o surgimento da poesia concreta no Brasil. Em 1955 foi convidada a participar o grupo Ruptura onde foi a única mulher. É fundadora da Galeria NT (NOVAS TENDÊNCIAS) em São Paulo junto com Hermelindo Flaminghi e Luiz Sacilotto. Em 1958 ganha o premio Leirner de Arte Contemporânea. Na década de 1960 começa a utilizar em suas obras materiais pouco usuais como tachinhas, alfinetes, clips e dobradiças, com efeitos e ritmos ópticos.

Prêmios

1964 - 13° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1959 - 8° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1958 - 7° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1955 - 4° Salão Paulista de Arte Moderna - Pequena Medalha de Prata

1954 - 3° Salão Paulista de Arte Moderna - Grande Medalha de Bronze

1953 - 16° Salão de Belas Artes de Araraquara - Prêmio Cidade de Araraquara

1952 - 15° Salão de Belas Artes de Araraquara - Primeiro Lugar

1945 - 9° Salão de Belas Artes de Araraquara - Prêmio Estímulo de Desenho

Exposições Individuais

1954 - São Paulo SP - Primeira individual, na Galeria Ambiente

1962 - Campinas SP - Individual, na Galeria Aremar

1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Novas Tendências

1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria da Aliança Francesa

1977 - São Paulo SP - Individual, no MAC/USP

1984 - São Paulo SP - Geometria 84, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte

1986 - São Paulo SP - Individual, na Choice Galeria de Arte

1992 - São Paulo SP - Efemérides, no MAC/USP

1994 - Pontal SP - Individual, na Casa da Cultura Manoel de Vasconcelos Martins

1996 - São Paulo SP - Judith Lauand: obras de 1954-1960, no Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte

Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand | Itaú Cultural

Judith Lauand (Pontal, São Paulo, 1922 - São Paulo, São Paulo, 2022). Pintora e gravadora. Nome importante do movimento concretista, é reconhecida por suas obras com formas geométricas precisas, pelo rigor matemático de suas composições constituídas de linhas, planos e vetores, e mesclada com cores contrastantes. Ao longo de sua carreira, experimenta técnicas diferentes, como gravura, desenhos, guaches, colagens, xilogravuras, tapeçarias, bordados e esculturas.

Em 1950, forma-se na Escola de Belas-Artes de Araraquara, no interior de São Paulo, onde aprende pintura. Nessa época, Lauand pinta naturezas-mortas, quadros mais figurativos e retratos. Muda-se para São Paulo em 1952 e cursa aulas de gravura, época na qual começa a experimentar essa técnica e caminhar para a abstração em suas obras.

Sua aproximação com as vanguardas artísticas se dá em 1953, ano em que trabalha como monitora da 2ª Bienal de São Paulo e entra em contato com obras de artistas como o suíço Paul Klee (1879-1940), nome importante do movimento expressionista, o modernista Piet Mondrian (1872-1944) e o escultor e pintor estadunidense famoso por seus móbiles Alexander Calder (1898-1976).

Em 1955, ingressa no Grupo Ruptura e é conhecida como a única mulher a ter feito parte oficialmente do grupo, integrado por Waldemar Cordeiro (1925-1973), Geraldo de Barros (1923-1998) e Luiz Sacilotto (1924-2003). O convívio com os concretistas, tanto nas artes visuais, quanto na literatura, incentiva Lauand em sua busca por formas geométricas, com precisão matemática e reflexão sobre a composição de linhas, vetores e formas.

A obra Do Círculo ao Oval (1958) representa o rigor na estrutura das linhas, que partem de um ponto e vão rotacionando e formando outras figuras geométricas. O interior da imagem se assemelha a um círculo que irradia para uma figura oval quando vista em sua completude. A cor de fundo, um amarelo vibrante, corrobora o cuidado da artista na escolha de cores puras e vivas que contrastem com a composição geométrica.

A artista tem reconhecimento nacional e internacional, participando de importantes exposições coletivas, como a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta (1956), realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP); a Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa (1959-1960), que passa por cidades como Munique, Lisboa, Madri e Paris; e Judith Lauand: Abstrações do Concretismo Brasileiro (2017), na galeria Driscoll Babcock, em Nova York, evidenciando sua constante atuação no sistema das artes.

Na década de 1960, Lauand passa por uma fase ligada à pop art e adiciona outros elementos às suas telas, como tachinhas, tecidos, alfinetes, barbantes e clipes, e insere palavras, também por influência da poesia concreta com que tem contato na época, como a de Décio Pignatari (1927-2012). O trabalho Te Amor (1969) é um exemplo dessa fase pop e traz à tela os rostos de um homem e de uma mulher, pintados com cores fortes e contrastantes, como o amarelo, o bordô e o azul escuro. No quadro, observamos que a mulher está com o rosto virado e o homem, que está à sua frente, parece que a pressiona contra a parede. A cena parece simular uma tentativa de beijo entre um casal, e na parte inferior da tela estão as palavras “Te” e abaixo “A Mor”. Podemos ler tal qual está no título “Te Amor” ou, se invertermos, podemos ler “A Mor Te”, mostrando como a artista brinca com as palavras e situações.

Funda a Galeria Novas Tendências, em São Paulo, com os artistas Hermelindo Fiaminghi (1920-2004) e Luiz Sacilotto, como um espaço para expor os artistas concretos, inaugurada com a exposição Coletiva Inaugural 1 (1963), que tem por intenção apresentar novos artistas ao mercado de arte.

Há em suas obras uma formulação matemática com desenhos que parecem abertos ou fechados, como o trabalho Quatro Grupos de Elementos (1959), que também denota uma exploração cromática para formar a imagem e garantir uma ilusão ótica. Na tela, observamos duas linhas paralelas, nas cores preta e azul-escura, atravessadas por outras linhas que se cruzam e, dependendo da observação, vemos um losango ou um objeto tridimensional. Lauand experimenta, com essas formas, técnicas para a abstração.

Judith Lauand tem intensa atividade desde o início de sua carreira, na época com pinturas mais figurativas e acadêmicas, mas firmando sua produção com as características da arte concretista. Experimenta a arte pop, porém, segue trabalhando com abstrações em seus desenhos. Notável pelo rigor matemático e pela precisão das formas, Judith Lauand evidencia em sua produção composições de linhas e vetores que denotam movimento, trabalhando também com escolhas cromáticas que conferem vivacidade às obras.

Críticas

"(...) figurativa de início, transitou por formas livremente abstratas em 1953, impulsionada por Geraldo de Barros e Alexandre Wollner. Suas intenções matemáticas predispunham-na à orientação em que afirmaria uma própria pesquisa de linguagem caracterizada pela estrutura dinâmica de espaço. Suas investigações conduziram-na a diferenciadas situações que desde a década de 60 intertextualizavam imagem formal e palavra. No começo dessa década Judith Lauand denotou interesse crescente pela cor e suas pulsações ópticas, fenômeno evidente e centralizador em muitos outros artistas concretos do país. Uma das fórmulas expressivas desta abordagem de pura visualidade foi o espaço dividido em forma de xadrez. Ela o pesquisa pela articulação de tons em contraste ou em coexistência harmônica, sempre motivada pela idéia de conferir-se um máximo de potencialidade vibratória. Seu problema único é o estudo rigoroso desta estrutura da cor em suas infinitas leis de alterabilidade. Do seu sistema ascético, pensando e realizando com a coerência e a tenacidade da busca perfeccionista radical, esta exposição oferece uma perspectiva de vários anos, a nosso ver, das mais convincentes" — Walter Zanini (LOUZADA, Júlio. Artes plásticas: seu mercado, seus leilões. de São Paulo: J. Louzada, 1984-).

"Judith Lauand foi uma figura destacada na fundação do movimento paulistano de arte concreta, colaborando com Waldemar Cordeiro, criador do grupo. Nessa interação com Cordeiro estabeleceram-se fortes ligações de pensamento e de criação artística perceptíveis nas obras de ambos. As concepções de Cordeiro sobre o trabalho em equipe foram excepcionalmente avançadas para sua época e parece-me essencial preservar para as gerações futuras seus métodos de trabalho, de influência tão decisiva para o futuro da arte brasileira de vanguarda. Judith Lauand permanece fiel a sua postura e trajetória concretista. Sua obra recente revela a densidade da composição, o apuramento do cromatismo, o equilíbrio do grafismo, conseguidos por constante pesquisa. Judith envereda agora por novos caminhos realizando obras que podem ser chamadas de assimétricas, onde o geometrismo da decomposição cromática destrói a 'partição eqüilateral' presente ao longo de sua obra, criando uma nova simetria" — Mario Schenberg (LAUAND, Judith. Judith Lauand : pinturas. Sao Paulo : Choice Galeria de Arte, 1986. p. 3).

"Na produção de Judith Lauand deve ser assinalada a freqüente presença da linha tratada como barra, remetendo-nos a Malevitch. Esse método equilibra o caráter gráfico das linhas ao admitir seu tratamento pictórico mais atuante. (...) No concretismo, a serialização da forma evoca a produção industrial. Os triângulos se distribuem sobre a superfície da obra, onde é aplicada à moda de azulejaria de vazados, ou melhor, de um cabogó. O crítico Mário Pedrosa observou que no concretismo podia-se falar de um 'vocabulário cromático deliberadamente elementar'. Falando sobre a abolição da cor pelos artistas deste movimento, Judith Lauand esclarece que 'nós trabalhávamos com poucas cores. Era mais preto-e-branco ou então complementares. Poucas formas também. A superfície de cor preta usávamos para ter uma austeridade. Eram as complementares, preto-e-branco. Pouquíssima cor. Fazia parte das exigências da época. Abolir um pouco a quantidade de formas, cor. Tudo que fosse demais. Fazer uma síntese. Inverti. O fundo preto é atuante porque é espaço'. Lauand também reconhece em alguns casos que a cor não tem função; o desenho é que importa. Noutros momentos, encontramos em sua obra pinturas quase acromáticas, como produção de uma neutralidade onde pudesse ocorrer ainda uma diferenciação entre a linha e o plano através da cor. (...) Lauand confronta positivo/negativo, excesso e ausência de luz e suas nuanças num jogo em que a superfície concreta capta o olhar num tráfego fenomênico. (...) Presença indelével no concretismo, Judith Lauand buscava alguma razão matemática, mas sobretudo também muitas licenças poéticas. Daí podermos dizer que Judith Lauand produziu uma arte de pequenas delicadezas concretistas" — Paulo Herkenhoff (LAUAND, Judith. Judith Lauand : obras de 1954-1960. Sao Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 1996. p. 6-7).

Depoimentos

"(...) Planos se descentralizam em todas as direções. Formas - signos de grande leveza de cor, direcionadas verticalmente. Encadeamento sucessivo de formas de seis, cinco, quatro, três lados sobre fundo atuante. Hexágonos divididos em triângulos diferentes na forma e na cor, com uma desordem que altera o sistema quadrilátero articulado com dois triângulos, determinam a visualização de espaço triangular. Segmentos - signos em vários sentidos no espaço do quadro. Quadriculados em rosas, azuis, amarelos. É estruturado de forma a distorcer opticamente o espaço. Faixas de cores azuis e verdes avançam para áreas quadrangulares de cores opostas. Formas - planos justapostos num jogo progressivo de saturação das cores. Mas nenhum comentário substitui a visão direta das obras" — Judith Lauand (LAUAND, Judith. Judith Lauand : pinturas. Sao Paulo : Choice Galeria de Arte, 1986. p. 2).

Judith Lauand: The 50s

O conjunto de obras exibido na mostra "Judith Lauand:The 1950s" representa não apenas a gênese criativa da artista concretista bem como seu rigoroso modus operandi, evidenciado no cuidadoso processo de produção, catalogação e preservação de sua obra, que possibilitou que esses trabalhos se mantivessem inéditos e unidos em seu conjunto por mais de 50 anos.

As obras exibidas são criações autônomas: guaches, desenhos e colagens sobre papel cuidadosamente identificados pelas letras C (abreviação de Concreto) e A (abreviação de Acervo) e números que possibilitam sua observação de maneira cronológica, uma prática que Judith Lauand imprimiu também em sua produção pictórica. Também são exibidos guaches e desenhos preparatórios e estudos de desenvolvimento de formas, que deram origem às suas pinturas.

São todos trabalhos produzidos nos anos 50, década fundamental na produção da artista e que reverbera em sua produção até hoje, e apresentam todo o rigor e a delicadeza da artista na construção de sua poética.Os primeiros trabalhos datam de 1954, ano fundamental na carreira da artista, que passava por um período de intensa e radical transformação. "Em 1954 eu me encontrei com a arte concreta".

Naquele ano, Judith Lauand foi monitora da 2a Bienal de São Paulo (a Bienal de "Guernica", inaugurada emdezembro do ano anterior) participou e foi premiada no 3o Salão Paulista de Arte Moderna (Grande Medalha de Bronze), na Galeria Prestes Maia realizou sua primeira mostra individual, na Galeria Ambiente (r. Martins Fontes, 223) e teve os primeiros contatos com a produção do Grupo Ruptura, a convite de Waldemar Cordeiro. Judith Lauand esteve ligada ao Ruptura até a sua dissolução e foi a única mulher a participar ativamente do grupo.

O Grupo Ruptura não chegou a realizar nenhuma outra mostra exclusiva de seus artistas, mas manteve-se ativo até 1959, como grupo de discussões e organizador de mostras coletivas, como a histórica 1a Exposição Nacional de Arte Concreta.

A mostra foi organizada em parceria com os poetas concretos Haroldo de Campos (1929-2003), Augusto de Campos e Décio Pignatari e marcou o surgimento oficial da poesia concreta no Brasil. Curiosamente, os últimos trabalhos do conjunto aqui apresentado datam do último ano de existência do Grupo Ruptura.

Foi a partir de 1954 que o concretismo se tornou o leitmotiv da produção pictórica da artista. Suas obras abandonaram qualquer sinal de representação ou subjetividade presentes nas obras figurativas anteriores e passaram a ser regidas por um forte componente racional, com grande rigor matemático, que se evidencia ainda mais nessa série de trabalhos sobre papel. "Eu me baseio em elementos inerentes à própria pintura: forma, espaço, cor e movimen- to. Procuro objetivar o mais possível o problema plástico. Amo a síntese, a precisão, o pensamento exato".

Mas Lauand soube fazer concessões estéticas e, com isso, produziu obras concretas com muita liberdade e características próprias. O concretismo não a aprisionou. Seu rigor matemático foi quebrado em composições dinâmicas e que transmitiam movimento, ritmo e tensão, provocando um equilíbrio precário entre linhas, formas e cores."Judith Lauand buscava alguma razão matemática, mas sobretudo muitas licenças poéticas", resumiu Paulo Herkenhoff.

Um exemplo disso é o uso recorrente pela artista, principalmente em 1959, de linhas e elementos geométricos que se multiplicam em sentidos convergentes, divergentes ou aleatórios, se agrupam ou se dispersam, se sobrepõem ou criam pontos de intersecção entre eles, buscando assim novas possibilidades para a ocupação do espaço pictórico e dando um grande dinamismo a ele. É o caso da pintura "Quatro Grupos de Elementos" e de alguns trabalhos sobre papel deste mesmo ano de 1959, também presentes na exposição.

O conjunto de obras exibido na mostra "Judith Lauand: The 1950s" apresenta assim não apenas a gênese de sua produção concretista bem como os vários caminhos por ela perseguidos dentro desta linguagem nos anos 50, uma década fundamental na produção da artista e que reverbera em sua produção até hoje, caracterizada pela busca do rigor e da delicadeza na construção de sua poética.

Judith Lauand: as ousadias e delicadezas de uma concretista

Aos 85 anos, artista abre mostra que faz um panorama de sua trajetória 

Camila Molina, do Estadão

"Achava a abstração muito mais interessante, uma pesquisa que não tinha fim, muito mais diversificada", diz Judith Lauand, fazendo uma rápida recapitulação de seus mais de 60 anos de carreira no campo da pintura. Ela nasceu em Pontal, no Estado de São Paulo, em maio de 1922, e foi em Araraquara, na Escola de Belas Artes, na década de 1940, que começou a se dedicar à pintura. Um caminho natural, segundo ela, esse de pintar. No começo, "no estilo da escola expressionista", fazia naturezas-mortas e figuras. Mas, acidentalmente, um dia ficou surpresa quando viu que uma de suas naturezas-mortas tinha se transformado numa pintura abstrata feita de cubos e um círculo no lugar do que seria um prato... E pouco tempo depois, na década de 1950, já em São Paulo, Judith Lauand foi a única mulher a integrar o fechado Grupo Ruptura dentro do movimento concretista brasileiro. A fase concretista de Judith Lauand é o ponto alto de sua trajetória, mas agora também é momento de se ver mais de sua carreira, feita de diversas fases de experimentações que ela tanto se orgulha. "Gosto de todas, com suas qualidades e percalços", diz a artista na Galeria Berenice Arvani, onde inaugura nesta quinta-feira, 2, uma mostra com 56 de suas obras realizadas entre 1952 e 2007 - aos 85 anos, Judith lê diariamente pela manhã, "80 páginas por semana", e pinta quase que todos os dias, sempre no período da tarde e sempre no campo da abstração, eleito por ela o mais interessante.

Na exposição, com curadoria de Celso Fioravante, há uma passagem completa pelos caminhos de Judith: a figuração a abstração informal a abstração geométrica a fase pop da década de 1960 as obras em que colocava objetos na tela, como pregos e tachinhas as telas em que pintava nelas palavras os quadros com as variações do mesmo tema do quadrado. "Ela não é uma concretista ortodoxa, tem uma trajetória muito mais rica do que se coloca", 

afirma o curador, que não deixa de dizer que é a mão do mercado que cai sobre um nicho de concretistas tão brilhantes e quase esquecidos - a marchande Berenice Arvani diz que as obras de Judith estão agora à venda por preços que variam entre R$ 20 mil e R$ 160 mil. As telas mais valiosas são as da década de 1950, do período concretista de Judith. "De 1954 a 1962, fui rigidamente concreta, me tornei mais geométrica", define.

Em texto de 1996, o crítico Paulo Herkenhoff afirmou que Judith "produziu uma arte de pequenas delicadezas concretistas". Mas o fato de ser a única presença feminina no Grupo Ruptura (entre 1953 e 1959), formado por artistas como Waldemar Cordeiro, Sacilotto, Charoux, Fiaminghi e Maurício Nogueira Lima, não é assim algo determinante para caracterizar que a geometria em suas composições fosse mais sensível. "Isso vai da sensibilidade de cada artista, cada um resolve os problemas da obra à sua maneira. Acho que todos do grupo faziam um concretismo sensível, não havia diferença entre nós. O Fiaminghi tinha uma pesquisa de formas e, principalmente, de cor, das mais sensíveis", diz Judith. A 

artista pensa de forma quase matemática sobre suas composições - mas isso não quer sinalizar o reducionismo da razão em detrimento do caráter sensível. "Cada forma tem e pede sua cor. Gosto das cores que ficam no mesmo plano, que combinem, mas meu quadro não tem nada de perspectiva."

Em Araraquara, quando estudou na Escola de Belas Artes, suas obras de raiz expressionista e figurativa eram resolvidas de maneira rápida, segundo a artista. "Com a abstração não", já diz logo ela. Para chegar à abstração, conta ter sido influenciada por livros e revistas que lia naquela época. "Li o de um argentino, Jorge Romero Brest (crítico), que então falava da atualidade da pintura. Aí percebi que eu estava atrasada, que a obra poderia ser muito mais moderna", conta a artista, que ainda guarda esse mesmo espírito intacto.

Prêmios

1964 - 13° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1959 - 8° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1958 - 7° Salão Paulista de Arte Moderna - Prêmio Aquisição

1955 - 4° Salão Paulista de Arte Moderna - Pequena Medalha de Prata

1954 - 3° Salão Paulista de Arte Moderna - Grande Medalha de Bronze

1953 - 16° Salão de Belas Artes de Araraquara - Prêmio Cidade de Araraquara

1952 - 15° Salão de Belas Artes de Araraquara - Primeiro Lugar

1945 - 9° Salão de Belas Artes de Araraquara - Prêmio Estímulo de Desenho

Coleções Públicas

Fundação do Livro do Cego no Brasil

Museu de Arte Contemporânea de Niterói

Museu de Arte Contemporânea de São Paulo

Museu de Arte Moderna de São Paulo

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

Museu de Arte Moderna de Grenoble (França)

Museum of Fine Arts, Houston (EUA)

Pinacoteca do Estado de São Paulo

Exposições Individuais

1954 - São Paulo SP - Primeira individual, na Galeria Ambiente

1962 - Campinas SP - Individual, na Galeria Aremar

1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Novas Tendências

1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria da Aliança Francesa

1977 - São Paulo SP - Individual, no MAC/USP

1984 - São Paulo SP - Geometria 84, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte

1986 - São Paulo SP - Individual, na Choice Galeria de Arte

1992 - São Paulo SP - Efemérides, no MAC/USP

1994 - Pontal SP - Individual, na Casa da Cultura Manoel de Vasconcelos Martins

1996 - São Paulo SP - Judith Lauand: obras de 1954-1960, no Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte

Exposições Coletivas

1952 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Moderna

1952 - São Paulo SP - Jovens Pintores da Escola de Belas Artes de Araraquara, no MAM/SP

1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de bronze

1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna

1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações

1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata

1956 - São Paulo SP - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/SP

1956 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Moderna

1956 - São Paulo SP - Coletiva, no MAC/USP

1957 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/RJ

1957 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna

1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, na Kunsthaus

1959 - Haia (Holanda) - Arte Brasileira Atual, organizada pelo Itamaraty

1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição

1959 - São Paulo SP - Seis Concretistas, na Galeria de Arte da Folha

1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Concreta, no MAM/RJ

1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP

1960 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas

1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa

1960 - Zurique (Suíça) - Konkrete Kunst, na Helmhaus

1961 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1962 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Moderna

1963 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Arte Moderna

1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1963 - São Paulo SP - Galeria Novas Tendências: coletiva inaugural, na Associação de Artes Visuais Novas Tendências

1964 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Arte Moderna - prêmio aquisição

1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna

1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1965 - São Paulo SP - Proposta 65, na Faap

1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia

1966 - São Paulo SP - Três Premissas, no MAB/Faap

1967 - Brasília DF - 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, no Teatro Nacional Cláudio Santoro

1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC

1967 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Arte Moderna

1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1968 - São Paulo SP - 17º Salão Paulista de Arte Moderna

1968 - São Paulo SP - Os Concretistas, no MAM/SP

1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal

1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1972 - São Paulo SP - 2ª Exposição Internacional de Gravura, no MAM/SP

1972 - São Paulo SP - Mostra Internacional de Gravura, no Masp

1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ

1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado

1978 - São Paulo SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall

1978 - São Paulo SP - O Objeto na Arte: Brasil anos 60, no MAB/Faap

1985 - Belo Horizonte MG - Geometria Hoje, no MAP

1987 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, na Funarte

1987 - São Paulo SP - 1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, no MAB/Faap

1987 - São Paulo SP - A Trama do Gosto: um outro olhar sobre o cotidiano, na Fundação Bienal

1987 - São Paulo SP - Projeto Arte Brasileira - Anos 50, na Faap

1994 - São Paulo SP - Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP, no MAC/USP

1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal

1996 - Rio de Janeiro RJ - Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no CCBB

1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira - 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP

1996 - São Paulo SP - Bandeiras, na Galeria de Arte do Sesi

1996 - São Paulo SP - Desexp(l)os(ign)ição, na Casa das Rosas

1997 - Porto Alegre RS - 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Aplub; Casa de Cultura Mário Quintana; DC Navegantes; Edel; Usina do Gasômetro; Instituto de Artes da UFRGS; Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul; Margs; Espaço Ulbra; Museu de Comunicação Social; Reitoria da UFRGS; Theatro São Pedro

1997 - Porto Alegre RS - Vertente Construtiva e Design, no Espaço Cultural Ulbra

1998 - Belo Horizonte MG - O Suporte da Palavra, no Itaú Cultural

1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP

1998 - São Paulo SP - O Suporte da Palavra, no MAM/SP

1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ

1999 - São Paulo SP - Década de 50 e seus Envolvimentos, na Jo Slaviero Galeria de Arte

2000 - Mouans-Sartoux (França) - L'Espace de l'Art Concret, no Chateau de Mouans-Sartoux

2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural

2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial

2002 - Rio de Janeiro RJ - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Collección Cisneros, no MAM/RJ

2002 - São Paulo SP - Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Colección Cisneros, no MAM/SP

2003 - Cidade do México (México) - Cuasi Corpus: arte concreto y neoconcreto de Brasil: una selección del acervo del Museo de Arte Moderna de São Paulo y la Colección Adolpho Leirner, no Museo Rufino Tamayo

2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ

2004 - São Paulo SP - Versão Brasileira, na Galeria Brito Cimino

Fonte: JUDITH Lauand. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 04 de junho de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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Judith Lauand | Wikipédia Inglesa

Judith Lauand (26 de maio de 1922 – 9 de dezembro de 2022) foi uma pintora e gravadora brasileira. É considerada uma pioneira do movimento modernista brasileiro iniciado na década de 1950, e foi a única mulher integrante do movimento de arte concreta sediado em São Paulo, o Grupo Ruptura.

Infância e educação

Lauand nasceu em Pontal, São Paulo, Brasil.

Em meados da década de 1950, Lauand formou-se em artes plásticas pela Escola de Belas Artes de Araraquara, São Paulo no Brasil. Enquanto estava na Escola de Belas Artes, a formação de Lauand foi baseada nas artes plásticas tradicionais. Domênico Lazzarini e Maria Ybarra de Almeida lhe ensinaram pintura e Lívio Abramo lhe ensinou gravura.

Carreira

Após concluir a faculdade, Lauand trabalhou como professor em Araraquara e paralelamente produzia obras de arte, que na época seguiam o estilo das pinturas figurativas expressionistas.

Em 1953, Lauand mudou-se para São Paulo. Em 1954, trabalhou como monitora de galeria na Bienal de Arte de São Paulo, o que a levou a se conectar com outros artistas que faziam parte do movimento de arte concreta, Grupo Ruptura: Anatol Władysław, Geraldo de Barros, Leopoldo Haar, Lothar Charoux, Luís Sacilotto, Kazmer Féjer e Waldemar Cordeiro. Lauand logo se juntou ao grupo, tornando-se seu único membro feminino.

O trabalho de Lauand tem raízes na arte abstrata da década de 1950, com um movimento em 1954 para uma abordagem mais rígida e analítica. A partir da década de 1960, Lauand começou a incorporar materiais não tradicionais, como clipes de papel e outros itens, em suas peças, tornando as superfícies irregulares e criando efeitos diferenciados.

Lauand foi a única artista entre seus contemporâneos que assinou suas pinturas, assinando-as na frente delas. Isso foi visto como uma abordagem mais tradicional e uma rejeição à estética teórica do que outros artistas estavam fazendo.

Lauand trabalhou com diversos materiais. Como pintora, criou obras utilizando tintas acrílicas, esmalte, óleo e têmpera, incorporando guaches e/ou colagens. A produção de Lauand também se deu por meio de bordados, esculturas, xilogravuras e tapeçarias.

Morte

Lauand completou 100 anos em 26 de maio de 2022, e faleceu em São Paulo em 9 de dezembro.

Exposições selecionadas

Exposições coletivas

1956: “Exposição Nacional de Arte Concreta”. Museu de Arte Moderna (São Paulo)

1960: "Konkrete Kunst." 50 Jahre Entwicklung, Helmhaus (Zurique)

1965: VIII Bienal Internacional de Arte de São Paulo (São Paulo)

1967: IX Bienal Internacional de Arte de São Paulo (São Paulo)

1969: X Bienal Internacional de Arte de São Paulo (São Paulo)

1977: "Projeto construtivo brasileiro na arte. 1950–1962." Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro); Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo)

1984: "Tradição e ruptura" Sãntese de arte e cultura brasileiras, Fundação Bienal de São Paulo (São Paulo)

1994: Bienal Brasil Século XX (São Paulo) 

1997: I Bienal de Artes Visuais do Mercosul (Porto Alegre)

2003: "Cuasi-corpus. Arte concreta e neoconcreto do Brasil." Museu de Arte Contemporânea Internacional Ruãno Tamayo (Cidade do México); Museu de Arte Contemporânea (Monterrey)

2006: "Os Sítios da Abstração Latino-Americana". Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami, Flórida)

2007: "A Geometria da Esperança. Arte Abstrata Latino-Americana da Coleção Patricia Phelps de Cisneros." Museu de Arte Blanton, Universidade do Texas em Austin (Austin, Texas); Galeria de Arte Grey, Universidade de Nova Iorque (Nova Iorque)

2007: "Desenho construtivista brasileiro." Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro)

2009: "Obras Abstratas Geométricas. A Visão Latino-Americana das Décadas de 1950, 60 e 70." Henrique Faria Fine Art (Nova York)

2010: "Antes e Agora. Abstração na Arte Latino-Americana de 1950 até o Presente." 60 Wall Gallery, Deutsche Bank (Nova York)

2010: "Vibración. Moderne Kunst aus Lateinamerika." Coleção Ella Fontanals-Cisneros, Bundeskunsthalle (Bonn)

2017–2018: “Tornando a arte concreta: obras da Argentina e do Brasil na Colección Patricia Phelps de Cisneros.” Getty Center (Los Angeles, Califórnia) (29 de agosto de 2017 – 11 de fevereiro de 2018)

Exposições individuais

1954: Galeria Ambiente (São Paulo)

1965: Galeria Novas Tendências (São Paulo)

1977: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (São Paulo)

1984: "Geometria 84." Paulo Figueiredo Galeria de Arte (São Paulo)

1992: "Efemérides". Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (São Paulo)

1996: "Obras de 1954–1960." Galeria Sylvio Nery (São Paulo)

2007: “50 anos de pintura”. Galeria Berenice Arvani (São Paulo)

2008: “65 anos arte”. Galeria Berenice Arvani (São Paulo); Secretaria de Cultura, Araraquara (São Paulo)

2011: "Judith Lauand: Experiências." Museu de Arte Moderna de São Paulo (20 de janeiro – 3 de abril de 2011)

2013: "Judith Lauand: Os anos 1950." Galeria Stephen Friedman (Londres)

2014–2015: "Judith Lauand: modernista brasileira, anos 1950-2000", Driscoll Babcock Galleries (Nova York, NY) (23 de outubro de 2014 – 10 de janeiro de 2015)

2017: "Judith Lauand: Abstrações Concretas Brasileiras", Driscoll Babcock Galleries (Nova York, NY) (15 de junho – 28 de julho de 2017)

2022–2023: "Judith Lauand: desvio concreto", Museu de Arte de São Paulo (MASP) (25 de novembro de 2022 – 2 de abril de 2023)

Prêmios e honrarias

1945: 9º Salão de Belas Artes de Araraquara, Prêmio Estímulo de Desenho

1952: 15º Salão de Belas Artes de Araraquara, Primeiro Lugar

1953: 16º Salão de Belas Artes de Araraquara, Prêmio Cidade de Araraquara

1954: 3º Salão Paulista de Arte Moderna, Grande Medalha de Bronze

1955: 4º Salão Paulista de Arte Moderna, Pequena Medalha de Prata

1958: 7º Salão Paulista de Arte Moderna, Prêmio Aquisição

1959: 8º Salão Paulista de Arte Moderna, Prêmio Aquisição

1964: 13º Salão Paulista de Arte Moderna, Prêmio Aquisição

Obras e publicações

Lauand, Judith; Herkenhoff, Paulo (ensaio de); Nery da Fonseca, Sylvio (1996). Judith Lauand, obras de 1954-1960 (catálogo da exposição) (em português). São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca, Escritória de Arte. OCLC68738608  .​– de 19 de novembro (terça-feira) a 17 de dezembro de 1996

Lauand, Judith; Arvani, Berenice (coordenação); Fioravanti, Celso (curadoria e texto) (2007). Judith Lauand: 50 anos de pintura (Catálogo da exposição) (em português e inglês). São Paulo: Galeria Berenice Arvani. OCLC427897490  .​– Catálogo da exposição realizada de 2 de agosto a 10 de setembro de 2007 na Galeria Berenice Arvani em São Paulo, Brasil

Lauand, Judith; Klein, Antônio Paulo (curadoria) (2008). Judith Lauand: 65 anos arte: Xilogravuras (catálogo da exposição) (em português). São Paulo: Galeria Berenice Arvani. OCLC965763237  .​– Catálogo da exposição realizada de 4 de novembro a 12 de dezembro de 2008 na Prefeitura Municipal de Araraquara; e 2 de dezembro de 2008 – 16 de janeiro de 2009 na Galeria Berenice Arvani, São Paulo

Lauand, Judith; Fioravanti, Celso (curadoria); Villela, Milú (2011). Judith Lauand: Experiências (catálogo da exposição) (em português e inglês). São Paulo: Museu de Arte Moderna. ISBN 978-8-586-87150-4. OCLC  716123474 .– Catálogo de exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, 21 de janeiro a 3 de abril de 2011

Lauand, Judith; Fioravante, Celso (ensaio de) (2013). Judith Lauand: Década de 1950 (Catálogo da exposição) (em inglês e português). Londres: Stephen Friedman Gallery. OCLC  879310062 .– Catálogo de uma exposição realizada de 8 de fevereiro a 9 de março de 2013 em Londres

Lauand, Judith; Edelman, Aliza (ensaio de); Driscoll, John (introdução de) (2014). Judith Lauand: Modernista Brasileira, anos 1950-2000 (Catálogo da exposição). Nova York: Galerias Driscoll Babcock. ISBN 978-0-989-80623-7. OCLC  894358338 .– Catálogo de uma exposição realizada nas Galerias Driscoll Babcock de 23 de outubro a 20 de dezembro de 2014

Lauand, Judith (2015). Os anos 50 Judith Lauand e a construção da geometria (Catálogo da exposição) (em português). São Paulo: Instituto de Arte Contemporânea.

Lauand, Judith; Edelman, Aliza (ensaio de) (2017). Judith Lauand: Abstrações Concretas Brasileiras (Catálogo da exposição). Nova York: Galerias Driscoll Babcock.

Fonte: Wikipédia English. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand, a artista que conquistou os mestres concretistas | ArtRef

Judith Lauand, artista plástica brasileira, concreta, pop e experimental. Começou a dedicar-se a pintura na década de 1940 em Araraquara, na escola de Belas Artes. No início de sua carreira dedicava-se a arte com influência expressionista, pintando figuras e naturezas mortas.

Forma-se em Artes Plásticas em 1950 e em 1952 muda-se para São Paulo onde estuda gravura com Livio Abramo. Passa a dedicar-se a abstração em 1953.O concretismo foi um movimento vanguardista que ocorreu nas artes plásticas, na música e na poesia.

Surgiu na Europa, na década de 1950, e teve seu auge até a década de 1960. Os artistas precursores deste movimento foram: Max Bill (artes plásticas), Pierre Schaeffer (música) e Vladimir Mayakovsky (poesia).

Para os concretistas a arte é autônoma e a sua forma remete às da realidade, logo, as poesias, por exemplo, estão cada vez mais próximas das formas arquitetônicas ou esculturais. As artes visuais não figurativas começam a ser mais evidentes, a fim de mostrar que no mundo há uma realidade palpável, a qual pode ser observada de diferentes ângulos.

A entrada no concretismo

Judith Lauand entra em contato com o concretismo em 1954. Em 1956 participa de Primeira Exposição de Arte Concreta que marca o surgimento da poesia concreta no Brasil.

Em 1955 foi convidada a participar o grupo Ruptura onde foi a única mulher. É fundadora da Galeria NT (Novas Tendências) em São Paulo junto com Hermelindo Flaminghi e Luiz Sacilotto.

Em 1958 ganha o premio Leirner de Arte Contemporânea. Na década de 1960 começa a utilizar em suas obras materiais pouco usuais como tachinhas, alfinetes, clips e dobradiças, com efeitos e ritmos ópticos.

Concretismo: características

Na literatura o Concretismo foi um movimento artístico surgido na década de 1950 que extinguia os versos e a sintaxe normal do discurso, dando grande importância à organização visual do texto, com o intuito de acabar com a distinção entre forma e conteúdo e criar uma nova linguagem.

Seus princípios, de certa forma, dialogam com proposições do Cubismo aplicado tanto à literatura quanto às artes plásticas. Foram precursores mundiais das tendências do movimento o suíço Max Bill, e o russo Vladimir Mayakovsky

No Brasil, esse movimento vanguardista chegou por volta de 1950, através do Suíço, Max Bill (1908-1994).

O movimento concreto se constituiu, primeiramente, na cidade de São Paulo, em meados da década de 50, sendo liderado pelos poetas e irmãos Augusto de Campos e Haroldo de Campos, conhecido como os “irmãos Campos”, e Décio Pignatari.

Estes (também conhecidos com “Grupo Paulista”), fundaram a Revista “Noigandres” (1952), para divulgador as ideias atreladas ao concretismo. Posteriormente, o grupo também seria integrado pelos poetas cariocas Ronaldo Azeredo e José Lino Grünewald.

A partir da década de 1960, poetas e músicos do movimento, como Ferreira Gullar e Paulo Leminski, passaram a se envolver em temas sociais, surgindo várias tendências pós-concretistas.

Fonte: ArtRef, “Judith Lauand, a artista que conquistou os mestres concretistas", publicado em 22 de dezembro de 2022. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

Judith Lauand | A Bienal de Veneza

Judith Lauand nasceu de imigrantes libaneses e passou a infância e a juventude em Araraquara, importante centro econômico e cultural do interior de São Paulo. Acervo 290, concreto 18 (1954) insere-se no período inicial da experimentação concretista de Lauand, após ela ter deixado de lado seus primórdios acadêmicos e figurativos. Aqui, a artista trabalha a relação entre formas e planos de cor e desenvolve estruturas complexas a partir de figuras simples, repetidas sistematicamente. A combinação de elementos ora decompõe as figuras, ora cria novos polígonos e estruturas mais orgânicas, trazendo ritmo e dinamismo à tela. O triângulo e o losango ocupam o centro do palco, desdobrando-se e reaparecendo de diferentes maneiras, conferindo um caráter discreto e elegante ao movimento interno da composição. Essa dinâmica matemática é temperada pelo uso das cores e seus contrastes e pela presença solitária de um círculo no canto inferior direito da tela, criando um ponto de fuga insuspeito em uma operação formal tipicamente lauandiana.

Esta é a primeira vez que o trabalho de Judith Lauand é apresentado na Bienal de Arte.

— Fernando Olivia

Fonte: A Bienal de Veneza, “Judith Lauand”. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand – A Dama Concretista

Judith Lauand (Pontal, São Paulo, 1922). Pintora e gravadora. Nome importante do movimento concretista, é reconhecida por suas obras com formas geométricas precisas, pelo rigor matemático de suas composições constituídas de linhas, planos e vetores, e mesclada com cores contrastantes. Ao longo de sua carreira, experimenta técnicas diferentes, como gravura, desenhos, guaches, colagens, xilogravuras, tapeçarias, bordados e esculturas.

Em 1950, forma-se na Escola de Belas-Artes de Araraquara, no interior de São Paulo, onde aprende pintura. Nessa época, Lauand pinta naturezas-mortas, quadros mais figurativos e retratos. Muda-se para São Paulo em 1952 e cursa aulas de gravura, época na qual começa a experimentar essa técnica e caminhar para a abstração em suas obras.

Sua aproximação com as vanguardas artísticas se dá em 1953, ano em que trabalha como monitora da 2ª Bienal de São Paulo e entra em contato com obras de artistas como o suíço Paul Klee (1879-1940), nome importante do movimento expressionista, o modernista Piet Mondrian (1872-1944) e o escultor e pintor estadunidense famoso por seus móbiles Alexander Calder (1898-1976).

Em 1955, ingressa no Grupo Ruptura e é conhecida como a única mulher a ter feito parte oficialmente do grupo, integrado por Waldemar Cordeiro (1925-1973), Geraldo de Barros (1923-1998) e Luiz Sacilotto (1924-2003). O convívio com os concretistas, tanto nas artes visuais, quanto na literatura, incentiva Lauand em sua busca por formas geométricas, com precisão matemática e reflexão sobre a composição de linhas, vetores e formas.

A obra Do Círculo ao Oval (1958) representa o rigor na estrutura das linhas, que partem de um ponto e vão rotacionando e formando outras figuras geométricas. O interior da imagem se assemelha a um círculo que irradia para uma figura oval quando vista em sua completude. A cor de fundo, um amarelo vibrante, corrobora o cuidado da artista na escolha de cores puras e vivas que contrastem com a composição geométrica.

A artista tem reconhecimento nacional e internacional, participando de importantes exposições coletivas, como a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta (1956), realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP); a Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa (1959-1960), que passa por cidades como Munique, Lisboa, Madri e Paris; e Judith Lauand: Abstrações do Concretismo Brasileiro (2017), na galeria Driscoll Babcock, em Nova York, evidenciando sua constante atuação no sistema das artes.

Na década de 1960, Lauand passa por uma fase ligada à pop art e adiciona outros elementos às suas telas, como tachinhas, tecidos, alfinetes, barbantes e clipes, e insere palavras, também por influência da poesia concreta com que tem contato na época, como a de Décio Pignatari (1927-2012). O trabalho Te Amor (1969) é um exemplo dessa fase pop e traz à tela os rostos de um homem e de uma mulher, pintados com cores fortes e contrastantes, como o amarelo, o bordô e o azul escuro. No quadro, observamos que a mulher está com o rosto virado e o homem, que está à sua frente, parece que a pressiona contra a parede. A cena parece simular uma tentativa de beijo entre um casal, e na parte inferior da tela estão as palavras “Te” e abaixo “A Mor”. Podemos ler tal qual está no título “Te Amor” ou, se invertermos, podemos ler “A Mor Te”, mostrando como a artista brinca com as palavras e situações.

Funda a Galeria Novas Tendências, em São Paulo, com os artistas Hermelindo Fiaminghi (1920-2004) e Luiz Sacilotto, como um espaço para expor os artistas concretos, inaugurada com a exposição Coletiva Inaugural (1963), que tem por intenção apresentar novos artistas ao mercado de arte.

Há em suas obras uma formulação matemática com desenhos que parecem abertos ou fechados, como o trabalho Quatro Grupos de Elementos (1959), que também denota uma exploração cromática para formar a imagem e garantir uma ilusão ótica. Na tela, observamos duas linhas paralelas, nas cores preta e azul-escura, atravessadas por outras linhas que se cruzam e, dependendo da observação, vemos um losango ou um objeto tridimensional. Lauand experimenta, com essas formas, técnicas para a abstração.

Judith Lauand tem intensa atividade desde o início de sua carreira, na época com pinturas mais figurativas e acadêmicas, mas firmando sua produção com as características da arte concretista. Experimenta a arte pop, porém, segue trabalhando com abstrações em seus desenhos. Notável pelo rigor matemático e pela precisão das formas, Judith Lauand evidencia em sua produção composições de linhas e vetores que denotam movimento, trabalhando também com escolhas cromáticas que conferem vivacidade às obras.

Fonte: Gravura Contemporânea, “Judith Lauand - A Dama Concretista”. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand: as ousadias e delicadezas de uma concretista | Estadão

"Achava a abstração muito mais interessante, uma pesquisa que não tinha fim, muito mais diversificada", diz Judith Lauand, fazendo uma rápida recapitulação de seus mais de 60 anos de carreira no campo da pintura. Ela nasceu em Pontal, no Estado de São Paulo, em maio de 1922, e foi em Araraquara, na Escola de Belas Artes, na década de 1940, que começou a se dedicar à pintura. Um caminho natural, segundo ela, esse de pintar. No começo, "no estilo da escola expressionista", fazia naturezas-mortas e figuras. Mas, acidentalmente, um dia ficou surpresa quando viu que uma de suas naturezas-mortas tinha se transformado numa pintura abstrata feita de cubos e um círculo no lugar do que seria um prato... E pouco tempo depois, na década de 1950, já em São Paulo, Judith Lauand foi a única mulher a integrar o fechado Grupo Ruptura dentro do movimento concretista brasileiro.

A fase concretista de Judith Lauand é o ponto alto de sua trajetória, mas agora também é momento de se ver mais de sua carreira, feita de diversas fases de experimentações que ela tanto se orgulha. "Gosto de todas, com suas qualidades e percalços", diz a artista na Galeria Berenice Arvani, onde inaugura nesta quinta-feira, 2, uma mostra com 56 de suas obras realizadas entre 1952 e 2007 - aos 85 anos, Judith lê diariamente pela manhã, "80 páginas por semana", e pinta quase que todos os dias, sempre no período da tarde e sempre no campo da abstração, eleito por ela o mais interessante. Na exposição, com curadoria de Celso Fioravante, há uma passagem completa pelos caminhos de Judith: a figuração; a abstração informal; a abstração geométrica; a fase pop da década de 1960; as obras em que colocava objetos na tela, como pregos e tachinhas; as telas em que pintava nelas palavras; os quadros com as variações do mesmo tema do quadrado. "Ela não é uma concretista ortodoxa, tem uma trajetória muito mais rica do que se coloca", afirma o curador, que não deixa de dizer que é a mão do mercado que cai sobre um nicho de concretistas tão brilhantes e quase esquecidos - a marchande Berenice Arvani diz que as obras de Judith estão agora à venda por preços que variam entre R$ 20 mil e R$ 160 mil. As telas mais valiosas são as da década de 1950, do período concretista de Judith. "De 1954 a 1962, fui rigidamente concreta, me tornei mais geométrica", define. Em texto de 1996, o crítico Paulo Herkenhoff afirmou que Judith "produziu uma arte de pequenas delicadezas concretistas". Mas o fato de ser a única presença feminina no Grupo Ruptura (entre 1953 e 1959), formado por artistas como Waldemar Cordeiro, Sacilotto, Charoux, Fiaminghi e Maurício Nogueira Lima, não é assim algo determinante para caracterizar que a geometria em suas composições fosse mais sensível. "Isso vai da sensibilidade de cada artista, cada um resolve os problemas da obra à sua maneira. Acho que todos do grupo faziam um concretismo sensível, não havia diferença entre nós. O Fiaminghi tinha uma pesquisa de formas e, principalmente, de cor, das mais sensíveis", diz Judith. A artista pensa de forma quase matemática sobre suas composições - mas isso não quer sinalizar o reducionismo da razão em detrimento do caráter sensível. "Cada forma tem e pede sua cor. Gosto das cores que ficam no mesmo plano, que combinem, mas meu quadro não tem nada de perspectiva." Em Araraquara, quando estudou na Escola de Belas Artes, suas obras de raiz expressionista e figurativa eram resolvidas de maneira rápida, segundo a artista. "Com a abstração não", já diz logo ela. Para chegar à abstração, conta ter sido influenciada por livros e revistas que lia naquela época. "Li o de um argentino, Jorge Romero Brest (crítico), que então falava da atualidade da pintura. Aí percebi que eu estava atrasada, que a obra poderia ser muito mais moderna", conta a artista, que ainda guarda esse mesmo espírito intacto.

Fonte: Estadão, “Judith Lauand: as ousadias e delicadezas de uma concretista”, publicado por Camila Molina, em 1 de agosto de 2007. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Masp apresenta a maior exposição já feita para a artista brasileira Judith Lauand | Jornalismo ESPM

O MASP- Museu de Arte de São Paulo deu início em novembro de 2022 até 02 de abril, à exposição individual Judith Lauand: desvio concreto. A artista, que faleceu ano passado após completar 100 anos, foi a primeira concretista no Brasil e a única mulher a participar do grupo Ruptura. A exposição é a maior já dedicada à obra de Lauand e pretende homenagear a sua carreira, com 128 obras e diversos documentos de arquivo pessoal.

Formada pela universidade Belas Artes, Judith (1922, Pontal SP) é considerada uma figura fundamental na história da arte brasileira, em destaque no movimento concretista. Ao mudar-se para São Paulo em 1954, foi monitora na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, uma grande realização na sua carreira. A partir daí, ela foi convidada para se juntar ao grupo ruptura, formado por diversos artistas que marcaram o início da arte concreta no Brasil.

A exposição mostra a versatilidade de Judith em não permanecer suas obras apenas na perspectiva do concretismo, mas também no ritmo, movimento e o envolvimento com a pop arte. Além disso, evidencia como a artista introduziu temas de viés político e social em suas obras, tais como violência, sexualidade e submissão feminina.

A mostra tem formato circular, com salas compartilhadas em diferentes décadas. Além de plaquinhas, contando a história da vida de Judith e a sua grande contribuição para arte brasileira. O catálogo que acompanha a edição está em português e inglês, ilustrado e com ensaios inéditos. A exposição é curada por Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp e Fernando Oliva, curador do local, com assistência de Matheus de Andrade, assistente curatorial.

Fonte: ESPM, Jornalismo SP: “Masp apresenta a maior exposição já feita para a artista brasileira Judith Lauand | Jornalismo ESPM". publicado por Julia Faria, em 28 de março de 2023. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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'Exposição Concreta' tem obras de Judith Lauand no Senac Araraquara | G1

O Senac Araraquara (SP) abre nesta sexta-feira (20), às 19h30, a "Exposição Concreta: Judith Lauand 100 anos" para homenagear a artista que faleceu em 9 de dezembro de 2022, aos 100 anos. A exposição pode ser visitada até o dia 17 de março.

Apresentada inicialmente entre setembro e dezembro do ano passado na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, a mostra conta com 27 xilogravuras da artista que compõem o acervo da Pinacoteca Mário Ybarra de Almeida, além de uma tela em óleo (Mulheres).

Os visitantes também poderão conferir as obras da artista que ficam em exposição permanente no Senac Araraquara. São 11 quadros, uma tela em óleo e um painel mural.

No dia da abertura, está prevista uma visita guiada com mediação educativa do coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico da Prefeitura, Weber Fonseca. Não é necessária inscrição.

O Senac Araraquara fica na Rua João Gurgel, 1935, no Carmo, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h, e aos sábados, das 8h às 14h.

Quem foi Judith Lauand

Judith Lauand nasceu em Pontal (SP) em 26 de maio de 1922. Em 1950, formou-se na Escola de Belas Artes de Araraquara, tendo aulas com Mário Ybarra de Almeida e Domenico Lazarini. Dois anos depois, formou-se em gravura com Lívio Abramo.

Em 1954, a artista conheceu o movimento concretista e nesse mesmo ano realizou sua primeira exposição individual. Um ano depois foi convidada a integrar o Grupo Ruptura, movimento que consolidou a arte concreta no Brasil. Até o fim do grupo, Judith foi uma das principais representantes e única mulher entre os artistas brasileiros e estrangeiros. Judith Lauand passou a ser um nome reconhecido e premiado internacionalmente, com participações importantes em exposições coletivas e individuais.

Judith foi uma artista de intensa atividade durante toda a sua carreira, com obras que nunca perderam suas características marcantes. Notável pela precisão das obras, ela evidencia em suas produções as linhas e vetores que denotam movimento, nuances cromáticas e vivacidade.

Ainda que tenha ficado conhecida como a “Dama do Concretismo Brasileiro”, Judith Lauand foi muito além da arte concreta. Em seu acervo consolidado e reconhecido internacionalmente, a artista percorre experiências com a arte pop, abstrata, política e sobretudo diversa.

Presente em exposições brasileiras históricas e colecionando premiações, a artista marca um movimento artístico e representa uma vida inteira dedicada à arte. Integrando o que os críticos chamam de “segunda vanguarda”, foi presença feminina expressiva e fundamental em um meio artístico que era predominantemente masculino. Com sua obra formada pelo pioneirismo estético e social, abordou temas fundamentais às questões urbanas, políticas e femininas, usando composições singulares, dinâmicas e que transcenderam os dogmas concretistas.

Fonte: G1, “'Exposição Concreta' tem obras de Judith Lauand no Senac Araraquara”, publicado em 20 de janeiro de 2023. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Conheça Judith Lauand, a brasileira que fez história na Arte Concreta | Veja

Em maio deste ano, a artista plástica Judith Lauand celebrou a chegada dos 100 anos de idade. A longevidade da brasileira, nome incontornável da arte concreta, lhe garantiu um presente raro: Judith pode testemunhar a abertura da maior mostra exclusiva de sua obra no icônico Museu de Arte de São Paulo (Masp). Batizada de Judith Lauand: Desvio Concreto, a exposição fica em cartaz até 2 de abril de 2023 e ocupa todo o primeiro andar do prédio histórico da Avenida Paulista.

Nascida em Pontal, interior de São Paulo, próximo a Ribeirão Preto, Judith começou a carreira na Escola de Belas Artes de Araraquara. Criativa e experimental, ela logo se envolveu com o abstracionismo que, somado ao seu gosto por geometria, a encaminhou para o início do movimento concretista no Brasil. “Pintei uma natureza-morta. Então eu me levantei e me distanciei da tela para ver o que havia feito. Vi um quadro abstrato”, disse ela sobre a descoberta no início da carreira. Na década de 1950, em São Paulo, ela se tornou a primeira mulher a integrar o Grupo Ruptura – movimento paulistano de arte concreta que mais tarde se fundiu com o Grupo Frente, do Rio, com nomes como Ivan Serpa, Lygia Clark e Hélio Oiticica.

Após 65 anos de sua participação na primeira exposição nacional de arte concreta, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956, e, no ano seguinte, no Museu de Arte Moderna do Rio, Judith é redescoberta com o empurrão de retrospectivas recentes envolvendo o movimento. No ano passado, Lygia Clark, foi tema de uma exposição comemorando seu centenário. Serpa ganhou uma ampla mostra no CCBB, enquanto Oiticica, já célebre no popular museu a céu aberto de Inhotim, protagonizou uma exposição no Masp que reabriu o museu na pandemia, em 2020.  

A exposição sobre Judith conta com 124 obras, que trafegam de forma cronológica pelas várias fases da artista. Estão ali o figurativismo e muitas obras de geometria abstrata que formam conjuntos hipnotizantes. Inventiva, a partir dos anos 1960 ela passou a explorar outras técnicas, o que resultou em obras com colagens e a aplicação de materiais variados, caso de grampos e tachinhas. Na última sala da mostra, as técnicas se misturam em obras de influência pop, de colorido marcante em rostos femininos e a interferência de palavras soltas. Uma prova de que, como seus colegas concretistas, Judith não se contentava em ser uma artista só. 

Fonte: Veja, “Conheça Judith Lauand, a brasileira que fez história na Arte Concreta”, publicado por Raquel Carneiro, em 7 de dezembro de 2022. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Judith Lauand, 1ª artista concretista do Brasil, morre em SP aos 100 anos | G1

A artista plástica Judith Lauand 100 anos, primeira mulher concretista do país, morreu nesta sexta-feira (9) em sua casa, em São Paulo. Lauand é considerada um dos mais importantes expoentes da produção artística brasileira da segunda metade do século 20.

Ela morava desde 1954 com a família no bairro de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. A família não divulgou as causas da morte, nem o local onde acontecerá o velório.

Poucos dias atrás, em 25 de novembro, foi inaugurada no Museu de Arte de São Paulo (Masp) a maior exposição dedicada à obra dela.

"Judith Lauand: desvio concreto" revê a trajetória da artista que foi a única mulher a participar do grupo Ruptura, que reuniu de modo pioneiro artistas interessados em desenvolver a arte concreta no Brasil.

Nascida na cidade de Pontal, interior de São Paulo, em 1922 – ano da 1ª Semana De Arte Moderna do País, ela começou a dedicar-se a arte na década de 40, quando foi estudar na escola de Belas Artes de Araraquara.

A partir daí, sua carreira avançou e se expandiu. No começo da década de 1950, Judith Lauand mostrou interesse crescente pela cor e suas pulsações óticas, culminando no Concretismo, que é um movimento artístico caracterizado pela objetividade e pelo trabalho experimental com o espaço, formas abstratas e geométricas para representar o mundo, na arte e na poesia.

Em 1955, ela foi convidada a compor o grupo de artistas paulistanos Ruptura e tornou-se figura de destaque na fundação do Movimento Concreto.

Participou da icônica Exposição Nacional de Arte Concreta do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), em 1952.

Segundo os curadores da exposição em cartaz no Masp, a obra de Lauand muitas vezes foi negligenciada pela crítica de arte e deixada em segundo plano no País.

“Lauand é uma artista central na arte brasileira, sobretudo no contexto do movimento concretista surgido na segunda metade do século 20. Judith Lauand: desvio concreto busca colocar em perspectiva a decisiva transição operada por ela em dado momento de sua longa trajetória: a passagem para a geometria abstrata, em meados dos anos 1950, a partir de uma produção inicialmente calcada no figurativismo. Tanto a narrativa da exposição — que com 128 obras e dezenas de documentos do arquivo pessoal da artista atravessa seis décadas — quanto os ensaios de seu respectivo catálogo apontam para o fato de haver, desde cedo em seu percurso, uma propensão à geometria e ao abstracionismo”, diz o programa da exposição em SP.

Fonte: G1, “Judith Lauand, 1ª artista concretista do Brasil, morre em SP aos 100 anos”, publicado por Patrícia Marques, em 09 de dezembro de 2022. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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Grupo Ruptura - Itaú Cultural

No dia 9 de dezembro de 1952, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), é inaugurada a exposição que marca o início oficial da arte concreta no Brasil. Intitulada Ruptura, a mostra é concebida e organizada por um grupo de sete artistas, a maioria de origem estrangeira residentes em São Paulo: os poloneses Anatol Wladyslaw (1913 - 2004) e Leopoldo Haar (1910 - 1954), o austríaco Lothar Charoux (1912 - 1987), o húngaro Féjer (1923 - 1989), Geraldo de Barros (1923 - 1998), Luiz Sacilotto (1924 - 2003), e o catalisador e porta-voz oficial do grupo, Waldemar Cordeiro (1925 - 1973). Cordeiro conhece Barros, Charoux e Sacilotto em 1947, na mostra 19 Pintores, quando todos ainda estavam influenciados pela corrente expressionista. É somente em 1948, quando Cordeiro volta definitivamente ao Brasil, que ocorre a mudança dos trabalhos desses artistas em direção à abstração. Por essa época, reúnem-se para discutir arte abstrata e filosofia, principalmente a teoria da pura visibilidade do filósofo alemão Konrad Fiedler (1841 - 1895) e o conceito de forma cunhado pela psicologia da Gestalt. Féjer e Leopoldo Haar, ambos com formação artística em seus países de origem, já produzem pinturas abstratas pelo menos desde 1946 e aderem ao grupo. O último a integrá-lo em 1950 é Wladyslaw, ex-aluno de Flexor (1907 - 1971).

Como afirma Cordeiro em 1953, em resposta a artigo do crítico de arte Sérgio Milliet (1898 - 1966), o Grupo Ruptura "está longe de representar todo o movimento paulista de arte abstrata e concreta, cujas fileiras contam hoje inúmeros integrantes". Sendo assim, o que os diferencia dos outros artistas? Sabe-se que desde o final dos anos 1940, o meio artístico brasileiro vê crescer o interesse pela arte abstrata, não sem grande resistência dos artistas figurativos ligados à estética nacionalista dos anos 1930, como Di Cavalcanti (1897 - 1976), por exemplo. Apesar da reação negativa, a consagração das tendências abstratas, sobretudo de vertente geométrica, na 1ª Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo (posteriormente Bienal Internacional de São Paulo) em 1951, indica que a discussão figuração versus abstração tende a ser superada, abrindo-se, a partir de então, a necessidade de mudar o foco do debate público.

Nesse panorama, a exposição do Grupo Ruptura em 1952 e o manifesto do grupo publicado no mesmo ano, representam a abertura para um novo caminho de debate, instaurando-o no interior das próprias vertentes abstratas. O manifesto, redigido por Cordeiro e diagramado por Haar, e que parece ter causado maiores reações do que os próprios trabalhos apresentados estabelece uma posição firme contra as principais correntes da arte no país. Pretende-se romper com o "velho", a saber: "todas as variedades e hibridações do naturalismo; a mera negação do naturalismo, isto é, o naturalismo 'errado' das crianças, dos loucos, dos 'primitivos', dos expressionistas, dos surrealistas, etc.; o não-figurativismo hedonista, produto do gosto gratuito, que busca a mera excitação do prazer ou do desprazer". Se por um lado, a oposição contra qualquer forma de figuração não é nova, por outro, a não aceitação da abstração informal é inédita e ajuda a compreender a posição do grupo.

No ambiente do pós-guerra marcado por um certo otimismo e pelo desejo de esquecer a barbárie dos anos anteriores, a arte concreta (1930), de cunho extremamente racionalista, conhece um novo florescimento. Dentro desse movimento, o artista suíço Max Bill (1908 - 1994) torna-se o principal teórico da arte concreta do período, tentando repensar seu legado juntamente com a reflexão sobre o construtivismo, o neoplasticismo e a experiência alemã da Bauhaus, adaptando-o à nova realidade. E é exatamente como seguidores do artista suíço que os integrantes do Grupo Ruptura se colocam no meio artístico brasileiro dos anos 1950.

Em termos gerais, o grupo defende a autonomia de pesquisa com base em princípios claros e universais, capazes de garantir a inserção positiva da arte na sociedade industrial. Para um artista concreto, o objeto artístico é simplesmente a concreção de uma idéia perfeitamente inteligível, cabendo à expressão individual lugar nulo no processo artístico. Para eles, toda obra de arte possui uma base racional, em geral matemática, o que a transforma em "meio de conhecimento dedutível de conceitos". No âmbito da pintura, esses princípios correspondem à crítica do ilusionismo pictórico, à recusa do tonalismo cromático e à utilização dos recursos ópticos para a criação do movimento virtual. Lançam mão também do uso de materiais como esmalte, tinta industrial, acrílico e aglomerado de madeira, destacando a atenção do grupo ao desenvolvimento de materiais industriais.

Observa-se que a adoção de postulados extremamente racionalistas para a arte revelam a ânsia de superar o atraso tecnológico, a condição espiritual de país colonizado e de economia subdesenvolvida, característicos da realidade brasileira. As questões e a prática introduzidas pelo Ruptura mobilizam a maior parte dos debates nos anos 1950, e são fundamentais para a fermentação da dissidência neoconcreta no Rio de Janeiro. O grupo não promove outras exposições de seus participantes, entretanto, já contando com outros adeptos como Hermelindo Fiaminghi (1920 - 2004), Judith Lauand (1922), Maurício Nogueira Lima (1930 - 1999) e o apoio dos poetas concretos paulistas, organizam a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta (1956/1957). Por volta de 1959 o Grupo Ruptura começa a se dispersar.

Fonte: GRUPO Ruptura. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 4 de junho de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Crédito fotográfico: AM Galeria. Consultado pela última vez em 4 de junho de 2025.

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