Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (novembro de 1927, Tapiratiba, SP – 8 de janeiro de 2004, Rio de Janeiro, RJ), mais conhecido como Loio-Pérsio, foi um pintor, desenhista, gravador, ilustrador e artista gráfico brasileiro. Estudou com Guido Viaro em Curitiba e, no Rio de Janeiro, teve aulas com Ado Malagoli e Santa Rosa, além de formar-se em direito pela Universidade Federal do Paraná. Em 1951, fundou o Centro de Gravura do Paraná, e em 1963 recebeu o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna. Lecionou na Escola Superior de Arte de Stuttgart, na Alemanha, e foi pintor residente na Fundação Karoly, na França. Ficou conhecido como um dos precursores do abstracionismo informal no país. Sua obra, marcada pela espontaneidade do gesto, uso experimental de materiais e forte carga poética, transita entre a abstração matérica e a pesquisa da forma. Participou de bienais como as de São Paulo, Paris, Veneza e México, sendo redescoberto nas últimas décadas por críticos, instituições e colecionadores.
Loio Pérsio | Arremate Arte
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães foi um dos artistas mais originais e inquietos do modernismo brasileiro, atuando como pintor, gravador, ilustrador, artista gráfico e publicitário. Com uma trajetória marcada por mudanças geográficas e estéticas, Loio-Pérsio construiu uma obra coerente, comprometida com a liberdade da forma e da matéria, distanciando-se tanto da arte figurativa tradicional quanto do rigor geométrico do concretismo.
Ainda jovem, mudou-se para Curitiba, onde estudou com Guido Viaro e iniciou sua formação artística. Passou pelo Rio de Janeiro nos anos 1940, onde cursou pintura com Ado Malagoli e cenografia com Santa Rosa, e em 1951 fundou o Centro de Gravura do Paraná. Retomou os estudos em direito, concluindo o curso em 1955, mas jamais abandonou a arte. A partir de meados dos anos 1950, sua obra se inclinou ao abstracionismo informal, explorando intensamente os recursos materiais da pintura: areia, resina, celulose, tecidos e pigmentos transformavam a superfície em campo de tensão e poesia.
Com o prêmio de viagem ao exterior pelo Salão Nacional de Arte Moderna (1963), viveu e trabalhou na Europa, lecionando na Escola Superior de Arte de Stuttgart (1965) e atuando como pintor residente na Fundação Karoly, na França (1974). Ao longo das décadas seguintes, expôs em bienais internacionais — incluindo São Paulo, Paris, Veneza e México — e integrou acervos importantes como o do Museu Nacional de Belas Artes, MAC-Niterói e Coleções Chateaubriand e Roberto Marinho. Reconhecido por críticos como Paulo Herkenhoff, teve retrospectivas organizadas no Paço Imperial, no Museu de Arte do Paraná e em outras capitais.
Artista de temperamento reservado e firme em seus princípios, manteve-se à margem das exigências do mercado, construindo uma carreira sólida, ainda que discreta. Sua obra, marcada por rigor técnico, liberdade expressiva e intensa carga poética, vem sendo redescoberta por novas gerações de curadores e colecionadores — testemunho da força de sua linguagem e da originalidade de seu percurso.
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Loio Pérsio | Itaú Cultural
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (Tapiratiba, São Paulo, 1927 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004). Pintor, desenhista, gravador, ilustrador, artista gráfico e publicitário. Muda-se com a família em 1943 para Curitiba, onde estuda pintura com Guido Viaro (1897-1971). Em 1948, ingressa na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Um ano depois, decide trancar sua matrícula na faculdade e vai para o Rio de Janeiro. Nesta cidade, cursa pintura com Ado Malagoli (1906-1994) e cenografia com Santa Rosa (1909-1956), no Serviço Nacional de Teatro, entre 1949 e 1950. Em 1951, retorna a Curitiba e retoma o curso de direito. No mesmo ano, funda o Centro de Gravura do Paraná. Em 1952, é convidado pelo governo do estado para organizar e dirigir a Casa-Museu Alfredo Andersen e a Pinacoteca Paranaense. Porém, por falta de suporte institucional, demite-se do cargo um ano depois. Em 1953, trabalha em ateliê comum com o pintor, desenhista e gravador alemão Gunther Schierz, discípulo de Käthe Kollwitz. Conclui o bacharelado em ciências jurídicas e sociais em 1955. Transfere-se para São Paulo em 1958, onde trabalha em agência de publicidade e também realiza capas de livros para a Companhia Editora Nacional e Livraria Francisco Alves. Com o prêmio de viagem ao exterior, concedido pelo Salão Nacional de Arte Moderna em 1963, viaja para a Europa, no ano seguinte. É convidado a trabalhar na Escola Superior de Arte de Stuttgart, Alemanha, em 1965. Em 1970, integra o júri de seleção e premiação do Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Entre 1975 e 1976, viaja para Roma, Londres e Paris, onde torna-se pintor-residente na Fundação Karoly em 1974. Em 1981, muda-se para Belo Horizonte, onde leciona desenho e pintura na Escola Guignard. Em 1995, fixa-se novamente em Curitiba.
Análise
A produção de Loio-Pérsio na segunda metade dos anos 1940 enfatiza a técnica do desenho e o trabalho com a linha, sublinhando o contorno de objetos e figuras e apenas sugerindo volumes e planos. O tema geralmente parte de modelos externos, numa chave figurativa, e grande parte dessa produção destina-se à ilustração e à publicidade.
No início da década de 1950, quando retoma o curso de direito anteriomente abandonado, a produção de gravura de Loio-Pérsio toma impulso com a adoção de temas sociais. As primeiras incursões práticas na linguagem abstrata ocorrem em 1957, em pinturas nas quais o artista decompõe figuras e trabalha com manchas de cor, na tentativa de evitar qualquer sugestão de representação. Em exposição realizada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 1958, apresenta trabalhos que ressaltam a elaboração das superfícies, através do emprego de areia, terra, papel, tecidos, cordões, tintas à base de celulose, ceras e resinas. Aprofunda-se a pesquisa na linguagem abstrata, tomando como desafio aliar matéria e cor, sem nenhuma associação figurativa com assuntos ou referência externa. Para a historiadora Vera Regina Vianna Baptista, o que caracteriza a obra de Loio-Pérsio é a composição com ritmo e harmonia estruturados pela linha, o plano e a cor.
Exposições
1949 - 6º Salão Paranaense de Belas Artes
1951 - 8º Salão Paranaense de Belas Artes
1952 - 9º Salão Paranaense de Belas Artes
1955 - 1º Salão da Cidade
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea
1959 - 8º Salão Paulista de Arte Moderna
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - 5ª Bienal Internacional de São Paulo
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Guggenheim International Award
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Galeria Bonino: Mostra Inaugural
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - 1º O Rosto e a Obra
1961 - 6ª Bienal Internacional de São Paulo
1961 - 6ª Bienal Internacional de São Paulo
1961 - 2ª Bienal de Paris
1962 - O Retrato como Tema
1970 - 19º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira
1979 - Pinturas de Loio Pérsio
1980 - 2ª Mostra do Desenho Brasileiro
1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand
1982 - 2ª Exposição do Acervo da Galeria da UFES
1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand
1983 - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Pintura Brasileira Atuante
1984 - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira
1984 - Pintura Brasileira Atuante
1985 - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho
1986 - Tradição/Contradição
1987 - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand
1988 - Gravadores Paranaenses das Décadas de 50/60
1989 - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho
1989 - 20ª Bienal Internacional de São Paulo
1992 - 1º A Caminho de Niterói: coleção João Sattamini
1993 - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand
1994 - Bienal Brasil Século XX
1996 - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini
1997 - Galeria Casa da Imagem: Exposição de Inauguração
1998 - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ
1998 - Arte Paranaense: movimento de renovação
2001 - Brasil Sempre
2001 - Brasil Sempre
2002 - 21º Salão Arte Pará
2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica
2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica
2003 - Ordem x Liberdade
2011 - Sobrevitória
2011 - É Assim Mesmo!
2011 - Art in Brazil 2011
2013 - Biografia Incompleta (2013 : Niterói, RJ)
2019 - 6 X 6 Horizontes PR
Fonte: LOIO-PÉRSIO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 26 de março de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Loio Pérsio | Wikipédia
Loio Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (Tapiratiba, novembro de 1927 — Rio de Janeiro, janeiro de 2004) foi um pintor, desenhista, gravador, ilustrador e artista gráfico brasileiro. Filho do poeta Pedro Saturnino Vieira de Magalhães e de Judith Magalhães Navarro .
Graduou-se em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Federal do Paraná. Foi um dos principais precursores do abstracionismo lírico/informal no Brasil. Sua obra é marcada pela espontaneidade do gesto em jogos de formas construídas por luz e cor, com especial cuidado aos valores da composição. Apesar de estar distante do rigor matemático do concretismo e do abstracionismo geométrico, sua pintura não surgia do simples acaso e sim de um persistente estudo. Produzia inúmeros desenhos, aquarelas e guaches antes de levar para a tela uma composição acertada. Ainda assim, sua pintura sempre permitia a liberdade expressiva e a subjetividade.
Frequentou o ateliê de Guido Viaro entre 1944 e 1948. Fez sua primeira exposição individual no Centro Cultural Interamericano, em Curitiba, em 1947. Estudou pintura com Ado Malagoli e cenografia de Tomás Santa Rosa, no Serviço Nacional de Teatro, entre 1949 e 1950.
Foi um dos fundadores, em 1951, do Centro de Gravura do Paraná.
Fez viagens à Espanha e à França em 1964, e em 1976 a Paris, Roma e Londres. Em 1965, deu aulas na Escola Superior de Arte de Stuttgart, Alemanha. Dez anos depois foi pintor residente na Fundação Karoly, Vence, França.
Participou do Salão Paranaense de Belas Artes (1949, 1951, 1952, 1953, 1954, 1956 e 1957), do Salão Nacional de Arte Moderna (com isenção de júri em 1959, prêmio de viagem à Europa em 1963 e prêmio de viagem ao país em 1966), do Salão Paulista de Belas Artes (medalha de prata em 1959), da Bienal de São Paulo (1959 e 1989), da Bienal de Veneza (1960), da Bienal Interamericana do México (medalha de ouro em 1960), da Bienal de Paris (1961), e da Bienal Brasil Século XX (1994). Representou o Brasil no Guggenheim International Award de 1960, em Nova York, ao lado de Maria Leontina, Manabu Mabe, Lygia Clark e Flávio Shiró.
Em 2001, recebeu bolsa da Fundação Pollock-Krasner, de Nova York. Realizou numerosas exposições, dentre elas: Galeria Anna Maria Niemeyer (Rio, 1980, 1986 e 2001), Centro Cultural Banco do Brasil (Rio, 1992), Museu de Arte do Paraná, retrospectiva (Curitiba, 1996) e Museu Nacional de Belas Artes (Rio, 2001).
Loio-Pérsio era conhecido por um posicionamento radical em relação ao mercado de arte.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Com fama de 'difícil', Loio-Pérsio tem obra redescoberta e ganha retrospectiva no Paço Imperial | O Globo
Em cartaz no Paço Imperial, no Centro do Rio, a retrospectiva “Poética da imagem” reúne 111 obras de Loio-Pérsio Navarro Vieira Magalhães (1927—2004), cobrindo cinco décadas de produção, desde os anos 1950. O conjunto de pinturas, desenhos, estudos e textos realça a diversidade técnica e a densidade das pesquisas estéticas do artista, que vem sendo redescoberto nos últimos anos pelo mercado e por instituições — sua última exposição foi em 2000, no Museu Histórico Nacional , também no Rio.
Expoente do abstracionismo informal dos anos 1950, Loio-Pérsio ficou, como outros de sua geração, eclipsado pela abstração geométrica que dominou a arte brasileira nas décadas seguintes, consagrando o concretismo como o grande movimento nacional do período. Uma situação que pode ter sido agravada pela vida “nômade” do pintor: natural de Tapiratiba (SP), ele viveu na capital paulista, no Rio, em Vitória, Belo Horizonte e Curitiba, além de Paris e Lisboa, e tem seu acervo espalhado por muitas destas cidades.
Quinze anos após sua morte, a exposição no Rio é mais um passo dado pela família para a recuperação de sua memória nas artes visuais brasileiras. Sócio da galeria paulistana Mapa, Rodrigo Magalhães, um dos oito filhos de Loio-Pérsio, tomou para si a missão de pesquisar, catalogar e promover o acervo do pai. Na SP-Arte do ano passado, o pintor abstrato foi um dos destaques da seção Repertório, dedicada a solos e projetos específicos, com seleção de Jacopo Crivelli Visconti — curador da 34ª Bienal de São Paulo, em 2020.
Ao se mudar para o Rio em 2006, Magalhães começou a recuperar um prédio da família na Rua Buenos Aires, na região da Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), abrindo espaço para o acervo do pai e para uma galeria contemporânea, inaugurada em setembro com a coletiva “Projeto oásis”. O último piso está em reformas para futuras residências artísticas.
— Quando cheguei, o prédio estava todo detonado. Aos poucos, comecei a recuperar a estrutura, pensando em um projeto com viabilidade econômica, já que na região o aluguel se concentra só nas lojas de rua — explica Magalhães. — Além de galeria e residências artísticas, o espaço também pode ser usado como coworking . E ter as obras do meu pai aqui facilita na pesquisa e na produção de exposições, como a do Paço.
A retrospectiva é parte de um projeto maior, que prevê a catalogação do acervo e a realização de mostras nas outras capitais brasileiras nas quais Loio-Pérsio viveu. Com uma proposta aprovada na Lei Rouanet no valor de R$ 618 mil, Magalhães captou até hoje R$ 124 mil, que possibilitaram a exposição no Rio.
— Originalmente, a mostra seria realizada em outro momento. Mas como a pesquisa está bem adiantada sentimos que seria importante para recuperação da memória do Loio, ajudando em outras etapas do projeto — conta Magalhães, que recorda o temperamento do pai. — Em família ele era engraçado, muito amoroso. Mas nunca teve paciência para certas besteiras do mercado, era considerado um artista difícil. Ainda assim, viveu a vida toda da arte, com uma clientela mais restrita, mas que o acompanhou durante toda a vida.
Um destes clientes fieis é o engenheiro e ex-prefeito do Rio Israel Klabin, de 93 anos, que apoiou a realização da exposição no Paço.
— O Loio tinha a psicologia de um verdadeiro artista. Com isso, realizou uma obra potente, mas também sofreu bastante — ressalta Klabin. — Ele tinha um domínio técnico enorme, para além das abstrações era um grande retratista. Sempre foi um abstrato com convicção, e não por fuga. Há muito a ser descoberto sobre ele, espero que venha a ter agora o sucesso que não pode desfrutar em vida.
Além do acervo familiar, a retrospectiva conta com obras de instituições como o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói e a Casa Roberto Marinho. Além da cronologia de sua produção, a mostra apresenta ao público estudos e pinturas figurativas, ressaltando a variedade de sua técnica.
Admirador da obra de Loio-Pérsio, o crítico Paulo Herkenhoff acredita que, por suas características, a obra dele não encontrou eco na crítica que passou a privilegiar a tradição geométrica:
— A abstração dele era muito inquieta, experimental. Ela não serenava. Na época, havia um grupo que formava opinião com muita intolerância e pouca abertura. A inquietação do Loio-Pérsio não se enquadrava neste vocabulário estabilizado.
Com a mostra em cartaz até fevereiro , Rodrigo Magalhães espera que, além do público, o mercado continue descobrindo a obra do pai.
— Quando comecei a trabalhar com arte, percebi que existe um nicho grande de artistas que não tiveram o devido destaque e que chegam ao mercado com um preço interessante. Muita gente que compra reproduções poderia comprar obras de arte autênticas, ter um título cultural em casa. Por conta da obra de meu pai, comecei a ir naturalmente por este caminho.
Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Exposição “Em torno de Loio-Pérsio” apresenta diálogos com obras do pintor | ArtRio
Um dos maiores expoentes do abstracionismo informal, defensor da espontaneidade do gesto e da liberdade de expressão, o pintor Loio-Pérsio (1927-2004) é o personagem central da exposição “Em torno de Loio-Pérsio”, promovida pela samba arte contemporânea, de 22 de setembro a 14 de outubro, durante a quinta edição do CIGA – Circuito Integrado das Galerias de Arte, que antecede a ArtRio.
Para a exposição, o curador Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos selecionou obras de Loio-Pérsio e de 15 outros artistas, nos quais se identificam questões presentes na pintura de Loio-Pérsio, mas cujas respostas não se igualam. São 15 pinturas de Loio-Pérsio e cerca de 20 outras de Adriano de Aquino, Aluisio Carvão, Amelia Toledo, Arcangelo Ianelli, Celso Renato, Chico Fortunato, Décio Vieira, Frans Krajcberg, Gonçalo Ivo, João José Costa, Katie van Scherpenberg, Manfredo de Souzanetto, Marilia Gianetti, Ronaldo do Rego Macedo e Rubem Ludolf.
Segundo o curador, na obra de Loio-Pérsio, acompanha-se a serena construção de uma reversibilidade entre cor e composição, em que os caminhos percorridos, à medida que o percurso avança, respondem de maneiras diferentes aos obstáculos enfrentados. “Suas pinturas, ao lado das demais presentes na exposição, ensinam que cada artista encontra respostas diferentes para uma mesma questão, bem como se singulariza por que interroga suas próprias respostas”.
Fonte: ArtRio. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Logo-Pérsio | Galeria MaPa
Conhecido pelos posicionamentos radicais, o pintor paulista Loio-Pérsio (1927-2004) cunhou uma teoria sobre o esquecimento sofrido por tantos talentos de sua geração. Segundo ele, a marginalização de sua pintura teria sido um efeito do chamado milagre econômico. Diretor do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), o crítico Paulo Herkenhoff, que prepara uma antologia da obra completa do artista para o segundo semestre, vai mais longe. “O Brasil é que tende a ser mesquinho com sua história. É um país muito canibal e está reduzindo cada vez mais a história da arte”, afirma. Em quase 60 anos de carreira, a resposta de Loio ao pouco-caso da mídia e da crítica foi atuar como um incansável documentarista teórico de seu processo criativo. Deixou para as novas gerações valiosos testemunhos sobre a arte de seu tempo, e o esforço não foi em vão. Seus escritos serviram para que o crítico Agnaldo Farias conhecesse sua trajetória e escrevesse o belo texto Da pintura da natureza à natureza da pintura, publicado no único livro dedicado ao artista, A arte de Loio-Pérsio, de 1999. “Ele é um artista primoroso, um líder de sua geração, do qual eu só tinha uma referência verbal”, afirma Farias. “O problema de Loio é que ele foi um nômade. No Brasil, sempre foi muito fácil ser soterrado por modas. Em um mercado não consolidado, se você fica longe, desaparece”, diz. Nascido no interior paulista, Loio-Pérsio Navarro Vieira Magalhães viveu em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris, Lisboa, Vitória, Belo Horizonte, em uma praia deserta do Espírito Santo e em Petrópolis, até sua morte no Rio de Janeiro, em 8 de janeiro de 2004. Contrário à representação figurativa da realidade e à “formulação matemática” da abstração geométrica, defendia a espontaneidade do gesto e a liberdade de expressão, posição que o colocou entre os maiores expoentes do abstracionismo informal. Quando Manabu Mabe ganhou o prêmio de pintura da V Bienal de São Paulo, em 1959, Loio-Pérsio também participava da mostra com a série Composição. Em 1960, representaria o Brasil na Bienal de Veneza. “Nos anos 50, quem deu as cartas foram os informais. Os artistas concretos eram um nicho, mas eles tinham um programa mais definido que os informais, para conforto dos teóricos que vieram depois”, analisa Agnaldo Farias. As duas vertentes abstracionistas produziam o grande debate da época, mas quem levou a melhor foi o concretismo e o neoconcretismo. “O Brasil de 1950 é animado pela crença da industrialização e por isso precisa de repertórios comuns e claros. Tem um otimismo construtivo. A subjetividade do expressionismo abstrato tinha valor nos Estados Unidos porque lá a casa já estava arrumada”, diz Fernando Cocchiaralle, curador do Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio de Janeiro. O mercado confirmou as crenças: se nos anos 50, tanto Loio-Pérsio quanto Lygia Clark vendiam a US$ 3 mil, hoje ele se mantém na faixa e ela chega ao pico de US$ 70 mil. “As importâncias estão todas descalibradas no Brasil. A história da arte ainda está por se fazer”, afirma Farias. Cientes do descompasso, algumas mostras recentes vêm tentando corrigir as ausências históricas e redescobrindo jóias, como Yolanda Mohaly ou Zélia Salgado, com retrospectiva no MNBA até 14 de fevereiro (leia quadro). O caso de Loio- Pérsio é mais urgente. “Ele precisa de um resgate completo. Sempre foi um artista de investigação da matéria e não foi vítima da decadência”, afirma Herkenhoff. As telas Composição (1963) e Composição no 22 (1959), pertencentes ao acervo do MNBA, podem ser seus pontos de partida. Mas há muito mais material reunido, à disposição, graças ao trabalho da filha Sarah Vieira Magalhães. “Tive muito pouco contato com o Loio durante minha vida, como todos os seus filhos, mas no último ano me aproximei dele e comecei a ajudá-lo a catalogar sua obra. Prometi terminar isso para ele”, conta Sarah, 38 anos. Do acervo da família, espalhado em quatro Estados brasileiros, ela já reuniu e catalogou 438 obras, entre óleos, desenhos, gravuras e estudos. Do total, 43 delas foram restauradas. O próximo passo será levantar obras em galerias, coleções públicas e particulares. Entre os trabalhos figurativos, nunca expostos, Sarah destaca os retratos de amigos, uma série de representações de São Francisco de Assis e as paisagens. “Ele observava muito a natureza.” Seus últimos trabalhos são justamente 38 aquarelas com paisagens abstratas da praia de Copacabana.
Fonte: Galeria MaPa, texto de Paula Alzugaray. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (novembro de 1927, Tapiratiba, SP – 8 de janeiro de 2004, Rio de Janeiro, RJ), mais conhecido como Loio-Pérsio, foi um pintor, desenhista, gravador, ilustrador e artista gráfico brasileiro. Estudou com Guido Viaro em Curitiba e, no Rio de Janeiro, teve aulas com Ado Malagoli e Santa Rosa, além de formar-se em direito pela Universidade Federal do Paraná. Em 1951, fundou o Centro de Gravura do Paraná, e em 1963 recebeu o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna. Lecionou na Escola Superior de Arte de Stuttgart, na Alemanha, e foi pintor residente na Fundação Karoly, na França. Ficou conhecido como um dos precursores do abstracionismo informal no país. Sua obra, marcada pela espontaneidade do gesto, uso experimental de materiais e forte carga poética, transita entre a abstração matérica e a pesquisa da forma. Participou de bienais como as de São Paulo, Paris, Veneza e México, sendo redescoberto nas últimas décadas por críticos, instituições e colecionadores.
Loio Pérsio | Arremate Arte
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães foi um dos artistas mais originais e inquietos do modernismo brasileiro, atuando como pintor, gravador, ilustrador, artista gráfico e publicitário. Com uma trajetória marcada por mudanças geográficas e estéticas, Loio-Pérsio construiu uma obra coerente, comprometida com a liberdade da forma e da matéria, distanciando-se tanto da arte figurativa tradicional quanto do rigor geométrico do concretismo.
Ainda jovem, mudou-se para Curitiba, onde estudou com Guido Viaro e iniciou sua formação artística. Passou pelo Rio de Janeiro nos anos 1940, onde cursou pintura com Ado Malagoli e cenografia com Santa Rosa, e em 1951 fundou o Centro de Gravura do Paraná. Retomou os estudos em direito, concluindo o curso em 1955, mas jamais abandonou a arte. A partir de meados dos anos 1950, sua obra se inclinou ao abstracionismo informal, explorando intensamente os recursos materiais da pintura: areia, resina, celulose, tecidos e pigmentos transformavam a superfície em campo de tensão e poesia.
Com o prêmio de viagem ao exterior pelo Salão Nacional de Arte Moderna (1963), viveu e trabalhou na Europa, lecionando na Escola Superior de Arte de Stuttgart (1965) e atuando como pintor residente na Fundação Karoly, na França (1974). Ao longo das décadas seguintes, expôs em bienais internacionais — incluindo São Paulo, Paris, Veneza e México — e integrou acervos importantes como o do Museu Nacional de Belas Artes, MAC-Niterói e Coleções Chateaubriand e Roberto Marinho. Reconhecido por críticos como Paulo Herkenhoff, teve retrospectivas organizadas no Paço Imperial, no Museu de Arte do Paraná e em outras capitais.
Artista de temperamento reservado e firme em seus princípios, manteve-se à margem das exigências do mercado, construindo uma carreira sólida, ainda que discreta. Sua obra, marcada por rigor técnico, liberdade expressiva e intensa carga poética, vem sendo redescoberta por novas gerações de curadores e colecionadores — testemunho da força de sua linguagem e da originalidade de seu percurso.
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Loio Pérsio | Itaú Cultural
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (Tapiratiba, São Paulo, 1927 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004). Pintor, desenhista, gravador, ilustrador, artista gráfico e publicitário. Muda-se com a família em 1943 para Curitiba, onde estuda pintura com Guido Viaro (1897-1971). Em 1948, ingressa na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Um ano depois, decide trancar sua matrícula na faculdade e vai para o Rio de Janeiro. Nesta cidade, cursa pintura com Ado Malagoli (1906-1994) e cenografia com Santa Rosa (1909-1956), no Serviço Nacional de Teatro, entre 1949 e 1950. Em 1951, retorna a Curitiba e retoma o curso de direito. No mesmo ano, funda o Centro de Gravura do Paraná. Em 1952, é convidado pelo governo do estado para organizar e dirigir a Casa-Museu Alfredo Andersen e a Pinacoteca Paranaense. Porém, por falta de suporte institucional, demite-se do cargo um ano depois. Em 1953, trabalha em ateliê comum com o pintor, desenhista e gravador alemão Gunther Schierz, discípulo de Käthe Kollwitz. Conclui o bacharelado em ciências jurídicas e sociais em 1955. Transfere-se para São Paulo em 1958, onde trabalha em agência de publicidade e também realiza capas de livros para a Companhia Editora Nacional e Livraria Francisco Alves. Com o prêmio de viagem ao exterior, concedido pelo Salão Nacional de Arte Moderna em 1963, viaja para a Europa, no ano seguinte. É convidado a trabalhar na Escola Superior de Arte de Stuttgart, Alemanha, em 1965. Em 1970, integra o júri de seleção e premiação do Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Entre 1975 e 1976, viaja para Roma, Londres e Paris, onde torna-se pintor-residente na Fundação Karoly em 1974. Em 1981, muda-se para Belo Horizonte, onde leciona desenho e pintura na Escola Guignard. Em 1995, fixa-se novamente em Curitiba.
Análise
A produção de Loio-Pérsio na segunda metade dos anos 1940 enfatiza a técnica do desenho e o trabalho com a linha, sublinhando o contorno de objetos e figuras e apenas sugerindo volumes e planos. O tema geralmente parte de modelos externos, numa chave figurativa, e grande parte dessa produção destina-se à ilustração e à publicidade.
No início da década de 1950, quando retoma o curso de direito anteriomente abandonado, a produção de gravura de Loio-Pérsio toma impulso com a adoção de temas sociais. As primeiras incursões práticas na linguagem abstrata ocorrem em 1957, em pinturas nas quais o artista decompõe figuras e trabalha com manchas de cor, na tentativa de evitar qualquer sugestão de representação. Em exposição realizada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 1958, apresenta trabalhos que ressaltam a elaboração das superfícies, através do emprego de areia, terra, papel, tecidos, cordões, tintas à base de celulose, ceras e resinas. Aprofunda-se a pesquisa na linguagem abstrata, tomando como desafio aliar matéria e cor, sem nenhuma associação figurativa com assuntos ou referência externa. Para a historiadora Vera Regina Vianna Baptista, o que caracteriza a obra de Loio-Pérsio é a composição com ritmo e harmonia estruturados pela linha, o plano e a cor.
Exposições
1949 - 6º Salão Paranaense de Belas Artes
1951 - 8º Salão Paranaense de Belas Artes
1952 - 9º Salão Paranaense de Belas Artes
1955 - 1º Salão da Cidade
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea
1959 - 8º Salão Paulista de Arte Moderna
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - 5ª Bienal Internacional de São Paulo
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Guggenheim International Award
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Galeria Bonino: Mostra Inaugural
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - 1º O Rosto e a Obra
1961 - 6ª Bienal Internacional de São Paulo
1961 - 6ª Bienal Internacional de São Paulo
1961 - 2ª Bienal de Paris
1962 - O Retrato como Tema
1970 - 19º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira
1979 - Pinturas de Loio Pérsio
1980 - 2ª Mostra do Desenho Brasileiro
1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand
1982 - 2ª Exposição do Acervo da Galeria da UFES
1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand
1983 - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Pintura Brasileira Atuante
1984 - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira
1984 - Pintura Brasileira Atuante
1985 - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho
1986 - Tradição/Contradição
1987 - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand
1988 - Gravadores Paranaenses das Décadas de 50/60
1989 - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho
1989 - 20ª Bienal Internacional de São Paulo
1992 - 1º A Caminho de Niterói: coleção João Sattamini
1993 - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand
1994 - Bienal Brasil Século XX
1996 - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini
1997 - Galeria Casa da Imagem: Exposição de Inauguração
1998 - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ
1998 - Arte Paranaense: movimento de renovação
2001 - Brasil Sempre
2001 - Brasil Sempre
2002 - 21º Salão Arte Pará
2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica
2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica
2003 - Ordem x Liberdade
2011 - Sobrevitória
2011 - É Assim Mesmo!
2011 - Art in Brazil 2011
2013 - Biografia Incompleta (2013 : Niterói, RJ)
2019 - 6 X 6 Horizontes PR
Fonte: LOIO-PÉRSIO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 26 de março de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Loio Pérsio | Wikipédia
Loio Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (Tapiratiba, novembro de 1927 — Rio de Janeiro, janeiro de 2004) foi um pintor, desenhista, gravador, ilustrador e artista gráfico brasileiro. Filho do poeta Pedro Saturnino Vieira de Magalhães e de Judith Magalhães Navarro .
Graduou-se em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Federal do Paraná. Foi um dos principais precursores do abstracionismo lírico/informal no Brasil. Sua obra é marcada pela espontaneidade do gesto em jogos de formas construídas por luz e cor, com especial cuidado aos valores da composição. Apesar de estar distante do rigor matemático do concretismo e do abstracionismo geométrico, sua pintura não surgia do simples acaso e sim de um persistente estudo. Produzia inúmeros desenhos, aquarelas e guaches antes de levar para a tela uma composição acertada. Ainda assim, sua pintura sempre permitia a liberdade expressiva e a subjetividade.
Frequentou o ateliê de Guido Viaro entre 1944 e 1948. Fez sua primeira exposição individual no Centro Cultural Interamericano, em Curitiba, em 1947. Estudou pintura com Ado Malagoli e cenografia de Tomás Santa Rosa, no Serviço Nacional de Teatro, entre 1949 e 1950.
Foi um dos fundadores, em 1951, do Centro de Gravura do Paraná.
Fez viagens à Espanha e à França em 1964, e em 1976 a Paris, Roma e Londres. Em 1965, deu aulas na Escola Superior de Arte de Stuttgart, Alemanha. Dez anos depois foi pintor residente na Fundação Karoly, Vence, França.
Participou do Salão Paranaense de Belas Artes (1949, 1951, 1952, 1953, 1954, 1956 e 1957), do Salão Nacional de Arte Moderna (com isenção de júri em 1959, prêmio de viagem à Europa em 1963 e prêmio de viagem ao país em 1966), do Salão Paulista de Belas Artes (medalha de prata em 1959), da Bienal de São Paulo (1959 e 1989), da Bienal de Veneza (1960), da Bienal Interamericana do México (medalha de ouro em 1960), da Bienal de Paris (1961), e da Bienal Brasil Século XX (1994). Representou o Brasil no Guggenheim International Award de 1960, em Nova York, ao lado de Maria Leontina, Manabu Mabe, Lygia Clark e Flávio Shiró.
Em 2001, recebeu bolsa da Fundação Pollock-Krasner, de Nova York. Realizou numerosas exposições, dentre elas: Galeria Anna Maria Niemeyer (Rio, 1980, 1986 e 2001), Centro Cultural Banco do Brasil (Rio, 1992), Museu de Arte do Paraná, retrospectiva (Curitiba, 1996) e Museu Nacional de Belas Artes (Rio, 2001).
Loio-Pérsio era conhecido por um posicionamento radical em relação ao mercado de arte.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Com fama de 'difícil', Loio-Pérsio tem obra redescoberta e ganha retrospectiva no Paço Imperial | O Globo
Em cartaz no Paço Imperial, no Centro do Rio, a retrospectiva “Poética da imagem” reúne 111 obras de Loio-Pérsio Navarro Vieira Magalhães (1927—2004), cobrindo cinco décadas de produção, desde os anos 1950. O conjunto de pinturas, desenhos, estudos e textos realça a diversidade técnica e a densidade das pesquisas estéticas do artista, que vem sendo redescoberto nos últimos anos pelo mercado e por instituições — sua última exposição foi em 2000, no Museu Histórico Nacional , também no Rio.
Expoente do abstracionismo informal dos anos 1950, Loio-Pérsio ficou, como outros de sua geração, eclipsado pela abstração geométrica que dominou a arte brasileira nas décadas seguintes, consagrando o concretismo como o grande movimento nacional do período. Uma situação que pode ter sido agravada pela vida “nômade” do pintor: natural de Tapiratiba (SP), ele viveu na capital paulista, no Rio, em Vitória, Belo Horizonte e Curitiba, além de Paris e Lisboa, e tem seu acervo espalhado por muitas destas cidades.
Quinze anos após sua morte, a exposição no Rio é mais um passo dado pela família para a recuperação de sua memória nas artes visuais brasileiras. Sócio da galeria paulistana Mapa, Rodrigo Magalhães, um dos oito filhos de Loio-Pérsio, tomou para si a missão de pesquisar, catalogar e promover o acervo do pai. Na SP-Arte do ano passado, o pintor abstrato foi um dos destaques da seção Repertório, dedicada a solos e projetos específicos, com seleção de Jacopo Crivelli Visconti — curador da 34ª Bienal de São Paulo, em 2020.
Ao se mudar para o Rio em 2006, Magalhães começou a recuperar um prédio da família na Rua Buenos Aires, na região da Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), abrindo espaço para o acervo do pai e para uma galeria contemporânea, inaugurada em setembro com a coletiva “Projeto oásis”. O último piso está em reformas para futuras residências artísticas.
— Quando cheguei, o prédio estava todo detonado. Aos poucos, comecei a recuperar a estrutura, pensando em um projeto com viabilidade econômica, já que na região o aluguel se concentra só nas lojas de rua — explica Magalhães. — Além de galeria e residências artísticas, o espaço também pode ser usado como coworking . E ter as obras do meu pai aqui facilita na pesquisa e na produção de exposições, como a do Paço.
A retrospectiva é parte de um projeto maior, que prevê a catalogação do acervo e a realização de mostras nas outras capitais brasileiras nas quais Loio-Pérsio viveu. Com uma proposta aprovada na Lei Rouanet no valor de R$ 618 mil, Magalhães captou até hoje R$ 124 mil, que possibilitaram a exposição no Rio.
— Originalmente, a mostra seria realizada em outro momento. Mas como a pesquisa está bem adiantada sentimos que seria importante para recuperação da memória do Loio, ajudando em outras etapas do projeto — conta Magalhães, que recorda o temperamento do pai. — Em família ele era engraçado, muito amoroso. Mas nunca teve paciência para certas besteiras do mercado, era considerado um artista difícil. Ainda assim, viveu a vida toda da arte, com uma clientela mais restrita, mas que o acompanhou durante toda a vida.
Um destes clientes fieis é o engenheiro e ex-prefeito do Rio Israel Klabin, de 93 anos, que apoiou a realização da exposição no Paço.
— O Loio tinha a psicologia de um verdadeiro artista. Com isso, realizou uma obra potente, mas também sofreu bastante — ressalta Klabin. — Ele tinha um domínio técnico enorme, para além das abstrações era um grande retratista. Sempre foi um abstrato com convicção, e não por fuga. Há muito a ser descoberto sobre ele, espero que venha a ter agora o sucesso que não pode desfrutar em vida.
Além do acervo familiar, a retrospectiva conta com obras de instituições como o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói e a Casa Roberto Marinho. Além da cronologia de sua produção, a mostra apresenta ao público estudos e pinturas figurativas, ressaltando a variedade de sua técnica.
Admirador da obra de Loio-Pérsio, o crítico Paulo Herkenhoff acredita que, por suas características, a obra dele não encontrou eco na crítica que passou a privilegiar a tradição geométrica:
— A abstração dele era muito inquieta, experimental. Ela não serenava. Na época, havia um grupo que formava opinião com muita intolerância e pouca abertura. A inquietação do Loio-Pérsio não se enquadrava neste vocabulário estabilizado.
Com a mostra em cartaz até fevereiro , Rodrigo Magalhães espera que, além do público, o mercado continue descobrindo a obra do pai.
— Quando comecei a trabalhar com arte, percebi que existe um nicho grande de artistas que não tiveram o devido destaque e que chegam ao mercado com um preço interessante. Muita gente que compra reproduções poderia comprar obras de arte autênticas, ter um título cultural em casa. Por conta da obra de meu pai, comecei a ir naturalmente por este caminho.
Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Exposição “Em torno de Loio-Pérsio” apresenta diálogos com obras do pintor | ArtRio
Um dos maiores expoentes do abstracionismo informal, defensor da espontaneidade do gesto e da liberdade de expressão, o pintor Loio-Pérsio (1927-2004) é o personagem central da exposição “Em torno de Loio-Pérsio”, promovida pela samba arte contemporânea, de 22 de setembro a 14 de outubro, durante a quinta edição do CIGA – Circuito Integrado das Galerias de Arte, que antecede a ArtRio.
Para a exposição, o curador Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos selecionou obras de Loio-Pérsio e de 15 outros artistas, nos quais se identificam questões presentes na pintura de Loio-Pérsio, mas cujas respostas não se igualam. São 15 pinturas de Loio-Pérsio e cerca de 20 outras de Adriano de Aquino, Aluisio Carvão, Amelia Toledo, Arcangelo Ianelli, Celso Renato, Chico Fortunato, Décio Vieira, Frans Krajcberg, Gonçalo Ivo, João José Costa, Katie van Scherpenberg, Manfredo de Souzanetto, Marilia Gianetti, Ronaldo do Rego Macedo e Rubem Ludolf.
Segundo o curador, na obra de Loio-Pérsio, acompanha-se a serena construção de uma reversibilidade entre cor e composição, em que os caminhos percorridos, à medida que o percurso avança, respondem de maneiras diferentes aos obstáculos enfrentados. “Suas pinturas, ao lado das demais presentes na exposição, ensinam que cada artista encontra respostas diferentes para uma mesma questão, bem como se singulariza por que interroga suas próprias respostas”.
Fonte: ArtRio. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Logo-Pérsio | Galeria MaPa
Conhecido pelos posicionamentos radicais, o pintor paulista Loio-Pérsio (1927-2004) cunhou uma teoria sobre o esquecimento sofrido por tantos talentos de sua geração. Segundo ele, a marginalização de sua pintura teria sido um efeito do chamado milagre econômico. Diretor do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), o crítico Paulo Herkenhoff, que prepara uma antologia da obra completa do artista para o segundo semestre, vai mais longe. “O Brasil é que tende a ser mesquinho com sua história. É um país muito canibal e está reduzindo cada vez mais a história da arte”, afirma. Em quase 60 anos de carreira, a resposta de Loio ao pouco-caso da mídia e da crítica foi atuar como um incansável documentarista teórico de seu processo criativo. Deixou para as novas gerações valiosos testemunhos sobre a arte de seu tempo, e o esforço não foi em vão. Seus escritos serviram para que o crítico Agnaldo Farias conhecesse sua trajetória e escrevesse o belo texto Da pintura da natureza à natureza da pintura, publicado no único livro dedicado ao artista, A arte de Loio-Pérsio, de 1999. “Ele é um artista primoroso, um líder de sua geração, do qual eu só tinha uma referência verbal”, afirma Farias. “O problema de Loio é que ele foi um nômade. No Brasil, sempre foi muito fácil ser soterrado por modas. Em um mercado não consolidado, se você fica longe, desaparece”, diz. Nascido no interior paulista, Loio-Pérsio Navarro Vieira Magalhães viveu em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris, Lisboa, Vitória, Belo Horizonte, em uma praia deserta do Espírito Santo e em Petrópolis, até sua morte no Rio de Janeiro, em 8 de janeiro de 2004. Contrário à representação figurativa da realidade e à “formulação matemática” da abstração geométrica, defendia a espontaneidade do gesto e a liberdade de expressão, posição que o colocou entre os maiores expoentes do abstracionismo informal. Quando Manabu Mabe ganhou o prêmio de pintura da V Bienal de São Paulo, em 1959, Loio-Pérsio também participava da mostra com a série Composição. Em 1960, representaria o Brasil na Bienal de Veneza. “Nos anos 50, quem deu as cartas foram os informais. Os artistas concretos eram um nicho, mas eles tinham um programa mais definido que os informais, para conforto dos teóricos que vieram depois”, analisa Agnaldo Farias. As duas vertentes abstracionistas produziam o grande debate da época, mas quem levou a melhor foi o concretismo e o neoconcretismo. “O Brasil de 1950 é animado pela crença da industrialização e por isso precisa de repertórios comuns e claros. Tem um otimismo construtivo. A subjetividade do expressionismo abstrato tinha valor nos Estados Unidos porque lá a casa já estava arrumada”, diz Fernando Cocchiaralle, curador do Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio de Janeiro. O mercado confirmou as crenças: se nos anos 50, tanto Loio-Pérsio quanto Lygia Clark vendiam a US$ 3 mil, hoje ele se mantém na faixa e ela chega ao pico de US$ 70 mil. “As importâncias estão todas descalibradas no Brasil. A história da arte ainda está por se fazer”, afirma Farias. Cientes do descompasso, algumas mostras recentes vêm tentando corrigir as ausências históricas e redescobrindo jóias, como Yolanda Mohaly ou Zélia Salgado, com retrospectiva no MNBA até 14 de fevereiro (leia quadro). O caso de Loio- Pérsio é mais urgente. “Ele precisa de um resgate completo. Sempre foi um artista de investigação da matéria e não foi vítima da decadência”, afirma Herkenhoff. As telas Composição (1963) e Composição no 22 (1959), pertencentes ao acervo do MNBA, podem ser seus pontos de partida. Mas há muito mais material reunido, à disposição, graças ao trabalho da filha Sarah Vieira Magalhães. “Tive muito pouco contato com o Loio durante minha vida, como todos os seus filhos, mas no último ano me aproximei dele e comecei a ajudá-lo a catalogar sua obra. Prometi terminar isso para ele”, conta Sarah, 38 anos. Do acervo da família, espalhado em quatro Estados brasileiros, ela já reuniu e catalogou 438 obras, entre óleos, desenhos, gravuras e estudos. Do total, 43 delas foram restauradas. O próximo passo será levantar obras em galerias, coleções públicas e particulares. Entre os trabalhos figurativos, nunca expostos, Sarah destaca os retratos de amigos, uma série de representações de São Francisco de Assis e as paisagens. “Ele observava muito a natureza.” Seus últimos trabalhos são justamente 38 aquarelas com paisagens abstratas da praia de Copacabana.
Fonte: Galeria MaPa, texto de Paula Alzugaray. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (novembro de 1927, Tapiratiba, SP – 8 de janeiro de 2004, Rio de Janeiro, RJ), mais conhecido como Loio-Pérsio, foi um pintor, desenhista, gravador, ilustrador e artista gráfico brasileiro. Estudou com Guido Viaro em Curitiba e, no Rio de Janeiro, teve aulas com Ado Malagoli e Santa Rosa, além de formar-se em direito pela Universidade Federal do Paraná. Em 1951, fundou o Centro de Gravura do Paraná, e em 1963 recebeu o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna. Lecionou na Escola Superior de Arte de Stuttgart, na Alemanha, e foi pintor residente na Fundação Karoly, na França. Ficou conhecido como um dos precursores do abstracionismo informal no país. Sua obra, marcada pela espontaneidade do gesto, uso experimental de materiais e forte carga poética, transita entre a abstração matérica e a pesquisa da forma. Participou de bienais como as de São Paulo, Paris, Veneza e México, sendo redescoberto nas últimas décadas por críticos, instituições e colecionadores.
Loio Pérsio | Arremate Arte
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães foi um dos artistas mais originais e inquietos do modernismo brasileiro, atuando como pintor, gravador, ilustrador, artista gráfico e publicitário. Com uma trajetória marcada por mudanças geográficas e estéticas, Loio-Pérsio construiu uma obra coerente, comprometida com a liberdade da forma e da matéria, distanciando-se tanto da arte figurativa tradicional quanto do rigor geométrico do concretismo.
Ainda jovem, mudou-se para Curitiba, onde estudou com Guido Viaro e iniciou sua formação artística. Passou pelo Rio de Janeiro nos anos 1940, onde cursou pintura com Ado Malagoli e cenografia com Santa Rosa, e em 1951 fundou o Centro de Gravura do Paraná. Retomou os estudos em direito, concluindo o curso em 1955, mas jamais abandonou a arte. A partir de meados dos anos 1950, sua obra se inclinou ao abstracionismo informal, explorando intensamente os recursos materiais da pintura: areia, resina, celulose, tecidos e pigmentos transformavam a superfície em campo de tensão e poesia.
Com o prêmio de viagem ao exterior pelo Salão Nacional de Arte Moderna (1963), viveu e trabalhou na Europa, lecionando na Escola Superior de Arte de Stuttgart (1965) e atuando como pintor residente na Fundação Karoly, na França (1974). Ao longo das décadas seguintes, expôs em bienais internacionais — incluindo São Paulo, Paris, Veneza e México — e integrou acervos importantes como o do Museu Nacional de Belas Artes, MAC-Niterói e Coleções Chateaubriand e Roberto Marinho. Reconhecido por críticos como Paulo Herkenhoff, teve retrospectivas organizadas no Paço Imperial, no Museu de Arte do Paraná e em outras capitais.
Artista de temperamento reservado e firme em seus princípios, manteve-se à margem das exigências do mercado, construindo uma carreira sólida, ainda que discreta. Sua obra, marcada por rigor técnico, liberdade expressiva e intensa carga poética, vem sendo redescoberta por novas gerações de curadores e colecionadores — testemunho da força de sua linguagem e da originalidade de seu percurso.
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Loio Pérsio | Itaú Cultural
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (Tapiratiba, São Paulo, 1927 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004). Pintor, desenhista, gravador, ilustrador, artista gráfico e publicitário. Muda-se com a família em 1943 para Curitiba, onde estuda pintura com Guido Viaro (1897-1971). Em 1948, ingressa na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Um ano depois, decide trancar sua matrícula na faculdade e vai para o Rio de Janeiro. Nesta cidade, cursa pintura com Ado Malagoli (1906-1994) e cenografia com Santa Rosa (1909-1956), no Serviço Nacional de Teatro, entre 1949 e 1950. Em 1951, retorna a Curitiba e retoma o curso de direito. No mesmo ano, funda o Centro de Gravura do Paraná. Em 1952, é convidado pelo governo do estado para organizar e dirigir a Casa-Museu Alfredo Andersen e a Pinacoteca Paranaense. Porém, por falta de suporte institucional, demite-se do cargo um ano depois. Em 1953, trabalha em ateliê comum com o pintor, desenhista e gravador alemão Gunther Schierz, discípulo de Käthe Kollwitz. Conclui o bacharelado em ciências jurídicas e sociais em 1955. Transfere-se para São Paulo em 1958, onde trabalha em agência de publicidade e também realiza capas de livros para a Companhia Editora Nacional e Livraria Francisco Alves. Com o prêmio de viagem ao exterior, concedido pelo Salão Nacional de Arte Moderna em 1963, viaja para a Europa, no ano seguinte. É convidado a trabalhar na Escola Superior de Arte de Stuttgart, Alemanha, em 1965. Em 1970, integra o júri de seleção e premiação do Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Entre 1975 e 1976, viaja para Roma, Londres e Paris, onde torna-se pintor-residente na Fundação Karoly em 1974. Em 1981, muda-se para Belo Horizonte, onde leciona desenho e pintura na Escola Guignard. Em 1995, fixa-se novamente em Curitiba.
Análise
A produção de Loio-Pérsio na segunda metade dos anos 1940 enfatiza a técnica do desenho e o trabalho com a linha, sublinhando o contorno de objetos e figuras e apenas sugerindo volumes e planos. O tema geralmente parte de modelos externos, numa chave figurativa, e grande parte dessa produção destina-se à ilustração e à publicidade.
No início da década de 1950, quando retoma o curso de direito anteriomente abandonado, a produção de gravura de Loio-Pérsio toma impulso com a adoção de temas sociais. As primeiras incursões práticas na linguagem abstrata ocorrem em 1957, em pinturas nas quais o artista decompõe figuras e trabalha com manchas de cor, na tentativa de evitar qualquer sugestão de representação. Em exposição realizada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 1958, apresenta trabalhos que ressaltam a elaboração das superfícies, através do emprego de areia, terra, papel, tecidos, cordões, tintas à base de celulose, ceras e resinas. Aprofunda-se a pesquisa na linguagem abstrata, tomando como desafio aliar matéria e cor, sem nenhuma associação figurativa com assuntos ou referência externa. Para a historiadora Vera Regina Vianna Baptista, o que caracteriza a obra de Loio-Pérsio é a composição com ritmo e harmonia estruturados pela linha, o plano e a cor.
Exposições
1949 - 6º Salão Paranaense de Belas Artes
1951 - 8º Salão Paranaense de Belas Artes
1952 - 9º Salão Paranaense de Belas Artes
1955 - 1º Salão da Cidade
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea
1959 - 8º Salão Paulista de Arte Moderna
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - 5ª Bienal Internacional de São Paulo
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Guggenheim International Award
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Galeria Bonino: Mostra Inaugural
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - 1º O Rosto e a Obra
1961 - 6ª Bienal Internacional de São Paulo
1961 - 6ª Bienal Internacional de São Paulo
1961 - 2ª Bienal de Paris
1962 - O Retrato como Tema
1970 - 19º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira
1979 - Pinturas de Loio Pérsio
1980 - 2ª Mostra do Desenho Brasileiro
1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand
1982 - 2ª Exposição do Acervo da Galeria da UFES
1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand
1983 - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Pintura Brasileira Atuante
1984 - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira
1984 - Pintura Brasileira Atuante
1985 - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho
1986 - Tradição/Contradição
1987 - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand
1988 - Gravadores Paranaenses das Décadas de 50/60
1989 - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho
1989 - 20ª Bienal Internacional de São Paulo
1992 - 1º A Caminho de Niterói: coleção João Sattamini
1993 - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand
1994 - Bienal Brasil Século XX
1996 - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini
1997 - Galeria Casa da Imagem: Exposição de Inauguração
1998 - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ
1998 - Arte Paranaense: movimento de renovação
2001 - Brasil Sempre
2001 - Brasil Sempre
2002 - 21º Salão Arte Pará
2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica
2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica
2003 - Ordem x Liberdade
2011 - Sobrevitória
2011 - É Assim Mesmo!
2011 - Art in Brazil 2011
2013 - Biografia Incompleta (2013 : Niterói, RJ)
2019 - 6 X 6 Horizontes PR
Fonte: LOIO-PÉRSIO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 26 de março de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Loio Pérsio | Wikipédia
Loio Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (Tapiratiba, novembro de 1927 — Rio de Janeiro, janeiro de 2004) foi um pintor, desenhista, gravador, ilustrador e artista gráfico brasileiro. Filho do poeta Pedro Saturnino Vieira de Magalhães e de Judith Magalhães Navarro .
Graduou-se em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Federal do Paraná. Foi um dos principais precursores do abstracionismo lírico/informal no Brasil. Sua obra é marcada pela espontaneidade do gesto em jogos de formas construídas por luz e cor, com especial cuidado aos valores da composição. Apesar de estar distante do rigor matemático do concretismo e do abstracionismo geométrico, sua pintura não surgia do simples acaso e sim de um persistente estudo. Produzia inúmeros desenhos, aquarelas e guaches antes de levar para a tela uma composição acertada. Ainda assim, sua pintura sempre permitia a liberdade expressiva e a subjetividade.
Frequentou o ateliê de Guido Viaro entre 1944 e 1948. Fez sua primeira exposição individual no Centro Cultural Interamericano, em Curitiba, em 1947. Estudou pintura com Ado Malagoli e cenografia de Tomás Santa Rosa, no Serviço Nacional de Teatro, entre 1949 e 1950.
Foi um dos fundadores, em 1951, do Centro de Gravura do Paraná.
Fez viagens à Espanha e à França em 1964, e em 1976 a Paris, Roma e Londres. Em 1965, deu aulas na Escola Superior de Arte de Stuttgart, Alemanha. Dez anos depois foi pintor residente na Fundação Karoly, Vence, França.
Participou do Salão Paranaense de Belas Artes (1949, 1951, 1952, 1953, 1954, 1956 e 1957), do Salão Nacional de Arte Moderna (com isenção de júri em 1959, prêmio de viagem à Europa em 1963 e prêmio de viagem ao país em 1966), do Salão Paulista de Belas Artes (medalha de prata em 1959), da Bienal de São Paulo (1959 e 1989), da Bienal de Veneza (1960), da Bienal Interamericana do México (medalha de ouro em 1960), da Bienal de Paris (1961), e da Bienal Brasil Século XX (1994). Representou o Brasil no Guggenheim International Award de 1960, em Nova York, ao lado de Maria Leontina, Manabu Mabe, Lygia Clark e Flávio Shiró.
Em 2001, recebeu bolsa da Fundação Pollock-Krasner, de Nova York. Realizou numerosas exposições, dentre elas: Galeria Anna Maria Niemeyer (Rio, 1980, 1986 e 2001), Centro Cultural Banco do Brasil (Rio, 1992), Museu de Arte do Paraná, retrospectiva (Curitiba, 1996) e Museu Nacional de Belas Artes (Rio, 2001).
Loio-Pérsio era conhecido por um posicionamento radical em relação ao mercado de arte.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Com fama de 'difícil', Loio-Pérsio tem obra redescoberta e ganha retrospectiva no Paço Imperial | O Globo
Em cartaz no Paço Imperial, no Centro do Rio, a retrospectiva “Poética da imagem” reúne 111 obras de Loio-Pérsio Navarro Vieira Magalhães (1927—2004), cobrindo cinco décadas de produção, desde os anos 1950. O conjunto de pinturas, desenhos, estudos e textos realça a diversidade técnica e a densidade das pesquisas estéticas do artista, que vem sendo redescoberto nos últimos anos pelo mercado e por instituições — sua última exposição foi em 2000, no Museu Histórico Nacional , também no Rio.
Expoente do abstracionismo informal dos anos 1950, Loio-Pérsio ficou, como outros de sua geração, eclipsado pela abstração geométrica que dominou a arte brasileira nas décadas seguintes, consagrando o concretismo como o grande movimento nacional do período. Uma situação que pode ter sido agravada pela vida “nômade” do pintor: natural de Tapiratiba (SP), ele viveu na capital paulista, no Rio, em Vitória, Belo Horizonte e Curitiba, além de Paris e Lisboa, e tem seu acervo espalhado por muitas destas cidades.
Quinze anos após sua morte, a exposição no Rio é mais um passo dado pela família para a recuperação de sua memória nas artes visuais brasileiras. Sócio da galeria paulistana Mapa, Rodrigo Magalhães, um dos oito filhos de Loio-Pérsio, tomou para si a missão de pesquisar, catalogar e promover o acervo do pai. Na SP-Arte do ano passado, o pintor abstrato foi um dos destaques da seção Repertório, dedicada a solos e projetos específicos, com seleção de Jacopo Crivelli Visconti — curador da 34ª Bienal de São Paulo, em 2020.
Ao se mudar para o Rio em 2006, Magalhães começou a recuperar um prédio da família na Rua Buenos Aires, na região da Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), abrindo espaço para o acervo do pai e para uma galeria contemporânea, inaugurada em setembro com a coletiva “Projeto oásis”. O último piso está em reformas para futuras residências artísticas.
— Quando cheguei, o prédio estava todo detonado. Aos poucos, comecei a recuperar a estrutura, pensando em um projeto com viabilidade econômica, já que na região o aluguel se concentra só nas lojas de rua — explica Magalhães. — Além de galeria e residências artísticas, o espaço também pode ser usado como coworking . E ter as obras do meu pai aqui facilita na pesquisa e na produção de exposições, como a do Paço.
A retrospectiva é parte de um projeto maior, que prevê a catalogação do acervo e a realização de mostras nas outras capitais brasileiras nas quais Loio-Pérsio viveu. Com uma proposta aprovada na Lei Rouanet no valor de R$ 618 mil, Magalhães captou até hoje R$ 124 mil, que possibilitaram a exposição no Rio.
— Originalmente, a mostra seria realizada em outro momento. Mas como a pesquisa está bem adiantada sentimos que seria importante para recuperação da memória do Loio, ajudando em outras etapas do projeto — conta Magalhães, que recorda o temperamento do pai. — Em família ele era engraçado, muito amoroso. Mas nunca teve paciência para certas besteiras do mercado, era considerado um artista difícil. Ainda assim, viveu a vida toda da arte, com uma clientela mais restrita, mas que o acompanhou durante toda a vida.
Um destes clientes fieis é o engenheiro e ex-prefeito do Rio Israel Klabin, de 93 anos, que apoiou a realização da exposição no Paço.
— O Loio tinha a psicologia de um verdadeiro artista. Com isso, realizou uma obra potente, mas também sofreu bastante — ressalta Klabin. — Ele tinha um domínio técnico enorme, para além das abstrações era um grande retratista. Sempre foi um abstrato com convicção, e não por fuga. Há muito a ser descoberto sobre ele, espero que venha a ter agora o sucesso que não pode desfrutar em vida.
Além do acervo familiar, a retrospectiva conta com obras de instituições como o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói e a Casa Roberto Marinho. Além da cronologia de sua produção, a mostra apresenta ao público estudos e pinturas figurativas, ressaltando a variedade de sua técnica.
Admirador da obra de Loio-Pérsio, o crítico Paulo Herkenhoff acredita que, por suas características, a obra dele não encontrou eco na crítica que passou a privilegiar a tradição geométrica:
— A abstração dele era muito inquieta, experimental. Ela não serenava. Na época, havia um grupo que formava opinião com muita intolerância e pouca abertura. A inquietação do Loio-Pérsio não se enquadrava neste vocabulário estabilizado.
Com a mostra em cartaz até fevereiro , Rodrigo Magalhães espera que, além do público, o mercado continue descobrindo a obra do pai.
— Quando comecei a trabalhar com arte, percebi que existe um nicho grande de artistas que não tiveram o devido destaque e que chegam ao mercado com um preço interessante. Muita gente que compra reproduções poderia comprar obras de arte autênticas, ter um título cultural em casa. Por conta da obra de meu pai, comecei a ir naturalmente por este caminho.
Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Exposição “Em torno de Loio-Pérsio” apresenta diálogos com obras do pintor | ArtRio
Um dos maiores expoentes do abstracionismo informal, defensor da espontaneidade do gesto e da liberdade de expressão, o pintor Loio-Pérsio (1927-2004) é o personagem central da exposição “Em torno de Loio-Pérsio”, promovida pela samba arte contemporânea, de 22 de setembro a 14 de outubro, durante a quinta edição do CIGA – Circuito Integrado das Galerias de Arte, que antecede a ArtRio.
Para a exposição, o curador Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos selecionou obras de Loio-Pérsio e de 15 outros artistas, nos quais se identificam questões presentes na pintura de Loio-Pérsio, mas cujas respostas não se igualam. São 15 pinturas de Loio-Pérsio e cerca de 20 outras de Adriano de Aquino, Aluisio Carvão, Amelia Toledo, Arcangelo Ianelli, Celso Renato, Chico Fortunato, Décio Vieira, Frans Krajcberg, Gonçalo Ivo, João José Costa, Katie van Scherpenberg, Manfredo de Souzanetto, Marilia Gianetti, Ronaldo do Rego Macedo e Rubem Ludolf.
Segundo o curador, na obra de Loio-Pérsio, acompanha-se a serena construção de uma reversibilidade entre cor e composição, em que os caminhos percorridos, à medida que o percurso avança, respondem de maneiras diferentes aos obstáculos enfrentados. “Suas pinturas, ao lado das demais presentes na exposição, ensinam que cada artista encontra respostas diferentes para uma mesma questão, bem como se singulariza por que interroga suas próprias respostas”.
Fonte: ArtRio. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Logo-Pérsio | Galeria MaPa
Conhecido pelos posicionamentos radicais, o pintor paulista Loio-Pérsio (1927-2004) cunhou uma teoria sobre o esquecimento sofrido por tantos talentos de sua geração. Segundo ele, a marginalização de sua pintura teria sido um efeito do chamado milagre econômico. Diretor do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), o crítico Paulo Herkenhoff, que prepara uma antologia da obra completa do artista para o segundo semestre, vai mais longe. “O Brasil é que tende a ser mesquinho com sua história. É um país muito canibal e está reduzindo cada vez mais a história da arte”, afirma. Em quase 60 anos de carreira, a resposta de Loio ao pouco-caso da mídia e da crítica foi atuar como um incansável documentarista teórico de seu processo criativo. Deixou para as novas gerações valiosos testemunhos sobre a arte de seu tempo, e o esforço não foi em vão. Seus escritos serviram para que o crítico Agnaldo Farias conhecesse sua trajetória e escrevesse o belo texto Da pintura da natureza à natureza da pintura, publicado no único livro dedicado ao artista, A arte de Loio-Pérsio, de 1999. “Ele é um artista primoroso, um líder de sua geração, do qual eu só tinha uma referência verbal”, afirma Farias. “O problema de Loio é que ele foi um nômade. No Brasil, sempre foi muito fácil ser soterrado por modas. Em um mercado não consolidado, se você fica longe, desaparece”, diz. Nascido no interior paulista, Loio-Pérsio Navarro Vieira Magalhães viveu em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris, Lisboa, Vitória, Belo Horizonte, em uma praia deserta do Espírito Santo e em Petrópolis, até sua morte no Rio de Janeiro, em 8 de janeiro de 2004. Contrário à representação figurativa da realidade e à “formulação matemática” da abstração geométrica, defendia a espontaneidade do gesto e a liberdade de expressão, posição que o colocou entre os maiores expoentes do abstracionismo informal. Quando Manabu Mabe ganhou o prêmio de pintura da V Bienal de São Paulo, em 1959, Loio-Pérsio também participava da mostra com a série Composição. Em 1960, representaria o Brasil na Bienal de Veneza. “Nos anos 50, quem deu as cartas foram os informais. Os artistas concretos eram um nicho, mas eles tinham um programa mais definido que os informais, para conforto dos teóricos que vieram depois”, analisa Agnaldo Farias. As duas vertentes abstracionistas produziam o grande debate da época, mas quem levou a melhor foi o concretismo e o neoconcretismo. “O Brasil de 1950 é animado pela crença da industrialização e por isso precisa de repertórios comuns e claros. Tem um otimismo construtivo. A subjetividade do expressionismo abstrato tinha valor nos Estados Unidos porque lá a casa já estava arrumada”, diz Fernando Cocchiaralle, curador do Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio de Janeiro. O mercado confirmou as crenças: se nos anos 50, tanto Loio-Pérsio quanto Lygia Clark vendiam a US$ 3 mil, hoje ele se mantém na faixa e ela chega ao pico de US$ 70 mil. “As importâncias estão todas descalibradas no Brasil. A história da arte ainda está por se fazer”, afirma Farias. Cientes do descompasso, algumas mostras recentes vêm tentando corrigir as ausências históricas e redescobrindo jóias, como Yolanda Mohaly ou Zélia Salgado, com retrospectiva no MNBA até 14 de fevereiro (leia quadro). O caso de Loio- Pérsio é mais urgente. “Ele precisa de um resgate completo. Sempre foi um artista de investigação da matéria e não foi vítima da decadência”, afirma Herkenhoff. As telas Composição (1963) e Composição no 22 (1959), pertencentes ao acervo do MNBA, podem ser seus pontos de partida. Mas há muito mais material reunido, à disposição, graças ao trabalho da filha Sarah Vieira Magalhães. “Tive muito pouco contato com o Loio durante minha vida, como todos os seus filhos, mas no último ano me aproximei dele e comecei a ajudá-lo a catalogar sua obra. Prometi terminar isso para ele”, conta Sarah, 38 anos. Do acervo da família, espalhado em quatro Estados brasileiros, ela já reuniu e catalogou 438 obras, entre óleos, desenhos, gravuras e estudos. Do total, 43 delas foram restauradas. O próximo passo será levantar obras em galerias, coleções públicas e particulares. Entre os trabalhos figurativos, nunca expostos, Sarah destaca os retratos de amigos, uma série de representações de São Francisco de Assis e as paisagens. “Ele observava muito a natureza.” Seus últimos trabalhos são justamente 38 aquarelas com paisagens abstratas da praia de Copacabana.
Fonte: Galeria MaPa, texto de Paula Alzugaray. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (novembro de 1927, Tapiratiba, SP – 8 de janeiro de 2004, Rio de Janeiro, RJ), mais conhecido como Loio-Pérsio, foi um pintor, desenhista, gravador, ilustrador e artista gráfico brasileiro. Estudou com Guido Viaro em Curitiba e, no Rio de Janeiro, teve aulas com Ado Malagoli e Santa Rosa, além de formar-se em direito pela Universidade Federal do Paraná. Em 1951, fundou o Centro de Gravura do Paraná, e em 1963 recebeu o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna. Lecionou na Escola Superior de Arte de Stuttgart, na Alemanha, e foi pintor residente na Fundação Karoly, na França. Ficou conhecido como um dos precursores do abstracionismo informal no país. Sua obra, marcada pela espontaneidade do gesto, uso experimental de materiais e forte carga poética, transita entre a abstração matérica e a pesquisa da forma. Participou de bienais como as de São Paulo, Paris, Veneza e México, sendo redescoberto nas últimas décadas por críticos, instituições e colecionadores.
Loio Pérsio | Arremate Arte
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães foi um dos artistas mais originais e inquietos do modernismo brasileiro, atuando como pintor, gravador, ilustrador, artista gráfico e publicitário. Com uma trajetória marcada por mudanças geográficas e estéticas, Loio-Pérsio construiu uma obra coerente, comprometida com a liberdade da forma e da matéria, distanciando-se tanto da arte figurativa tradicional quanto do rigor geométrico do concretismo.
Ainda jovem, mudou-se para Curitiba, onde estudou com Guido Viaro e iniciou sua formação artística. Passou pelo Rio de Janeiro nos anos 1940, onde cursou pintura com Ado Malagoli e cenografia com Santa Rosa, e em 1951 fundou o Centro de Gravura do Paraná. Retomou os estudos em direito, concluindo o curso em 1955, mas jamais abandonou a arte. A partir de meados dos anos 1950, sua obra se inclinou ao abstracionismo informal, explorando intensamente os recursos materiais da pintura: areia, resina, celulose, tecidos e pigmentos transformavam a superfície em campo de tensão e poesia.
Com o prêmio de viagem ao exterior pelo Salão Nacional de Arte Moderna (1963), viveu e trabalhou na Europa, lecionando na Escola Superior de Arte de Stuttgart (1965) e atuando como pintor residente na Fundação Karoly, na França (1974). Ao longo das décadas seguintes, expôs em bienais internacionais — incluindo São Paulo, Paris, Veneza e México — e integrou acervos importantes como o do Museu Nacional de Belas Artes, MAC-Niterói e Coleções Chateaubriand e Roberto Marinho. Reconhecido por críticos como Paulo Herkenhoff, teve retrospectivas organizadas no Paço Imperial, no Museu de Arte do Paraná e em outras capitais.
Artista de temperamento reservado e firme em seus princípios, manteve-se à margem das exigências do mercado, construindo uma carreira sólida, ainda que discreta. Sua obra, marcada por rigor técnico, liberdade expressiva e intensa carga poética, vem sendo redescoberta por novas gerações de curadores e colecionadores — testemunho da força de sua linguagem e da originalidade de seu percurso.
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Loio Pérsio | Itaú Cultural
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (Tapiratiba, São Paulo, 1927 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004). Pintor, desenhista, gravador, ilustrador, artista gráfico e publicitário. Muda-se com a família em 1943 para Curitiba, onde estuda pintura com Guido Viaro (1897-1971). Em 1948, ingressa na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Um ano depois, decide trancar sua matrícula na faculdade e vai para o Rio de Janeiro. Nesta cidade, cursa pintura com Ado Malagoli (1906-1994) e cenografia com Santa Rosa (1909-1956), no Serviço Nacional de Teatro, entre 1949 e 1950. Em 1951, retorna a Curitiba e retoma o curso de direito. No mesmo ano, funda o Centro de Gravura do Paraná. Em 1952, é convidado pelo governo do estado para organizar e dirigir a Casa-Museu Alfredo Andersen e a Pinacoteca Paranaense. Porém, por falta de suporte institucional, demite-se do cargo um ano depois. Em 1953, trabalha em ateliê comum com o pintor, desenhista e gravador alemão Gunther Schierz, discípulo de Käthe Kollwitz. Conclui o bacharelado em ciências jurídicas e sociais em 1955. Transfere-se para São Paulo em 1958, onde trabalha em agência de publicidade e também realiza capas de livros para a Companhia Editora Nacional e Livraria Francisco Alves. Com o prêmio de viagem ao exterior, concedido pelo Salão Nacional de Arte Moderna em 1963, viaja para a Europa, no ano seguinte. É convidado a trabalhar na Escola Superior de Arte de Stuttgart, Alemanha, em 1965. Em 1970, integra o júri de seleção e premiação do Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Entre 1975 e 1976, viaja para Roma, Londres e Paris, onde torna-se pintor-residente na Fundação Karoly em 1974. Em 1981, muda-se para Belo Horizonte, onde leciona desenho e pintura na Escola Guignard. Em 1995, fixa-se novamente em Curitiba.
Análise
A produção de Loio-Pérsio na segunda metade dos anos 1940 enfatiza a técnica do desenho e o trabalho com a linha, sublinhando o contorno de objetos e figuras e apenas sugerindo volumes e planos. O tema geralmente parte de modelos externos, numa chave figurativa, e grande parte dessa produção destina-se à ilustração e à publicidade.
No início da década de 1950, quando retoma o curso de direito anteriomente abandonado, a produção de gravura de Loio-Pérsio toma impulso com a adoção de temas sociais. As primeiras incursões práticas na linguagem abstrata ocorrem em 1957, em pinturas nas quais o artista decompõe figuras e trabalha com manchas de cor, na tentativa de evitar qualquer sugestão de representação. Em exposição realizada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 1958, apresenta trabalhos que ressaltam a elaboração das superfícies, através do emprego de areia, terra, papel, tecidos, cordões, tintas à base de celulose, ceras e resinas. Aprofunda-se a pesquisa na linguagem abstrata, tomando como desafio aliar matéria e cor, sem nenhuma associação figurativa com assuntos ou referência externa. Para a historiadora Vera Regina Vianna Baptista, o que caracteriza a obra de Loio-Pérsio é a composição com ritmo e harmonia estruturados pela linha, o plano e a cor.
Exposições
1949 - 6º Salão Paranaense de Belas Artes
1951 - 8º Salão Paranaense de Belas Artes
1952 - 9º Salão Paranaense de Belas Artes
1955 - 1º Salão da Cidade
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea
1959 - 8º Salão Paulista de Arte Moderna
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - 5ª Bienal Internacional de São Paulo
1959 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Guggenheim International Award
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Galeria Bonino: Mostra Inaugural
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - 1º O Rosto e a Obra
1961 - 6ª Bienal Internacional de São Paulo
1961 - 6ª Bienal Internacional de São Paulo
1961 - 2ª Bienal de Paris
1962 - O Retrato como Tema
1970 - 19º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira
1979 - Pinturas de Loio Pérsio
1980 - 2ª Mostra do Desenho Brasileiro
1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand
1982 - 2ª Exposição do Acervo da Galeria da UFES
1982 - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand
1983 - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Pintura Brasileira Atuante
1984 - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira
1984 - Pintura Brasileira Atuante
1985 - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho
1986 - Tradição/Contradição
1987 - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand
1988 - Gravadores Paranaenses das Décadas de 50/60
1989 - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho
1989 - 20ª Bienal Internacional de São Paulo
1992 - 1º A Caminho de Niterói: coleção João Sattamini
1993 - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand
1994 - Bienal Brasil Século XX
1996 - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini
1997 - Galeria Casa da Imagem: Exposição de Inauguração
1998 - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ
1998 - Arte Paranaense: movimento de renovação
2001 - Brasil Sempre
2001 - Brasil Sempre
2002 - 21º Salão Arte Pará
2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica
2003 - Arte e Sociedade: uma relação polêmica
2003 - Ordem x Liberdade
2011 - Sobrevitória
2011 - É Assim Mesmo!
2011 - Art in Brazil 2011
2013 - Biografia Incompleta (2013 : Niterói, RJ)
2019 - 6 X 6 Horizontes PR
Fonte: LOIO-PÉRSIO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Acesso em: 26 de março de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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Loio Pérsio | Wikipédia
Loio Pérsio Navarro Vieira de Magalhães (Tapiratiba, novembro de 1927 — Rio de Janeiro, janeiro de 2004) foi um pintor, desenhista, gravador, ilustrador e artista gráfico brasileiro. Filho do poeta Pedro Saturnino Vieira de Magalhães e de Judith Magalhães Navarro .
Graduou-se em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Federal do Paraná. Foi um dos principais precursores do abstracionismo lírico/informal no Brasil. Sua obra é marcada pela espontaneidade do gesto em jogos de formas construídas por luz e cor, com especial cuidado aos valores da composição. Apesar de estar distante do rigor matemático do concretismo e do abstracionismo geométrico, sua pintura não surgia do simples acaso e sim de um persistente estudo. Produzia inúmeros desenhos, aquarelas e guaches antes de levar para a tela uma composição acertada. Ainda assim, sua pintura sempre permitia a liberdade expressiva e a subjetividade.
Frequentou o ateliê de Guido Viaro entre 1944 e 1948. Fez sua primeira exposição individual no Centro Cultural Interamericano, em Curitiba, em 1947. Estudou pintura com Ado Malagoli e cenografia de Tomás Santa Rosa, no Serviço Nacional de Teatro, entre 1949 e 1950.
Foi um dos fundadores, em 1951, do Centro de Gravura do Paraná.
Fez viagens à Espanha e à França em 1964, e em 1976 a Paris, Roma e Londres. Em 1965, deu aulas na Escola Superior de Arte de Stuttgart, Alemanha. Dez anos depois foi pintor residente na Fundação Karoly, Vence, França.
Participou do Salão Paranaense de Belas Artes (1949, 1951, 1952, 1953, 1954, 1956 e 1957), do Salão Nacional de Arte Moderna (com isenção de júri em 1959, prêmio de viagem à Europa em 1963 e prêmio de viagem ao país em 1966), do Salão Paulista de Belas Artes (medalha de prata em 1959), da Bienal de São Paulo (1959 e 1989), da Bienal de Veneza (1960), da Bienal Interamericana do México (medalha de ouro em 1960), da Bienal de Paris (1961), e da Bienal Brasil Século XX (1994). Representou o Brasil no Guggenheim International Award de 1960, em Nova York, ao lado de Maria Leontina, Manabu Mabe, Lygia Clark e Flávio Shiró.
Em 2001, recebeu bolsa da Fundação Pollock-Krasner, de Nova York. Realizou numerosas exposições, dentre elas: Galeria Anna Maria Niemeyer (Rio, 1980, 1986 e 2001), Centro Cultural Banco do Brasil (Rio, 1992), Museu de Arte do Paraná, retrospectiva (Curitiba, 1996) e Museu Nacional de Belas Artes (Rio, 2001).
Loio-Pérsio era conhecido por um posicionamento radical em relação ao mercado de arte.
Fonte: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Com fama de 'difícil', Loio-Pérsio tem obra redescoberta e ganha retrospectiva no Paço Imperial | O Globo
Em cartaz no Paço Imperial, no Centro do Rio, a retrospectiva “Poética da imagem” reúne 111 obras de Loio-Pérsio Navarro Vieira Magalhães (1927—2004), cobrindo cinco décadas de produção, desde os anos 1950. O conjunto de pinturas, desenhos, estudos e textos realça a diversidade técnica e a densidade das pesquisas estéticas do artista, que vem sendo redescoberto nos últimos anos pelo mercado e por instituições — sua última exposição foi em 2000, no Museu Histórico Nacional , também no Rio.
Expoente do abstracionismo informal dos anos 1950, Loio-Pérsio ficou, como outros de sua geração, eclipsado pela abstração geométrica que dominou a arte brasileira nas décadas seguintes, consagrando o concretismo como o grande movimento nacional do período. Uma situação que pode ter sido agravada pela vida “nômade” do pintor: natural de Tapiratiba (SP), ele viveu na capital paulista, no Rio, em Vitória, Belo Horizonte e Curitiba, além de Paris e Lisboa, e tem seu acervo espalhado por muitas destas cidades.
Quinze anos após sua morte, a exposição no Rio é mais um passo dado pela família para a recuperação de sua memória nas artes visuais brasileiras. Sócio da galeria paulistana Mapa, Rodrigo Magalhães, um dos oito filhos de Loio-Pérsio, tomou para si a missão de pesquisar, catalogar e promover o acervo do pai. Na SP-Arte do ano passado, o pintor abstrato foi um dos destaques da seção Repertório, dedicada a solos e projetos específicos, com seleção de Jacopo Crivelli Visconti — curador da 34ª Bienal de São Paulo, em 2020.
Ao se mudar para o Rio em 2006, Magalhães começou a recuperar um prédio da família na Rua Buenos Aires, na região da Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), abrindo espaço para o acervo do pai e para uma galeria contemporânea, inaugurada em setembro com a coletiva “Projeto oásis”. O último piso está em reformas para futuras residências artísticas.
— Quando cheguei, o prédio estava todo detonado. Aos poucos, comecei a recuperar a estrutura, pensando em um projeto com viabilidade econômica, já que na região o aluguel se concentra só nas lojas de rua — explica Magalhães. — Além de galeria e residências artísticas, o espaço também pode ser usado como coworking . E ter as obras do meu pai aqui facilita na pesquisa e na produção de exposições, como a do Paço.
A retrospectiva é parte de um projeto maior, que prevê a catalogação do acervo e a realização de mostras nas outras capitais brasileiras nas quais Loio-Pérsio viveu. Com uma proposta aprovada na Lei Rouanet no valor de R$ 618 mil, Magalhães captou até hoje R$ 124 mil, que possibilitaram a exposição no Rio.
— Originalmente, a mostra seria realizada em outro momento. Mas como a pesquisa está bem adiantada sentimos que seria importante para recuperação da memória do Loio, ajudando em outras etapas do projeto — conta Magalhães, que recorda o temperamento do pai. — Em família ele era engraçado, muito amoroso. Mas nunca teve paciência para certas besteiras do mercado, era considerado um artista difícil. Ainda assim, viveu a vida toda da arte, com uma clientela mais restrita, mas que o acompanhou durante toda a vida.
Um destes clientes fieis é o engenheiro e ex-prefeito do Rio Israel Klabin, de 93 anos, que apoiou a realização da exposição no Paço.
— O Loio tinha a psicologia de um verdadeiro artista. Com isso, realizou uma obra potente, mas também sofreu bastante — ressalta Klabin. — Ele tinha um domínio técnico enorme, para além das abstrações era um grande retratista. Sempre foi um abstrato com convicção, e não por fuga. Há muito a ser descoberto sobre ele, espero que venha a ter agora o sucesso que não pode desfrutar em vida.
Além do acervo familiar, a retrospectiva conta com obras de instituições como o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói e a Casa Roberto Marinho. Além da cronologia de sua produção, a mostra apresenta ao público estudos e pinturas figurativas, ressaltando a variedade de sua técnica.
Admirador da obra de Loio-Pérsio, o crítico Paulo Herkenhoff acredita que, por suas características, a obra dele não encontrou eco na crítica que passou a privilegiar a tradição geométrica:
— A abstração dele era muito inquieta, experimental. Ela não serenava. Na época, havia um grupo que formava opinião com muita intolerância e pouca abertura. A inquietação do Loio-Pérsio não se enquadrava neste vocabulário estabilizado.
Com a mostra em cartaz até fevereiro , Rodrigo Magalhães espera que, além do público, o mercado continue descobrindo a obra do pai.
— Quando comecei a trabalhar com arte, percebi que existe um nicho grande de artistas que não tiveram o devido destaque e que chegam ao mercado com um preço interessante. Muita gente que compra reproduções poderia comprar obras de arte autênticas, ter um título cultural em casa. Por conta da obra de meu pai, comecei a ir naturalmente por este caminho.
Fonte: O Globo. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Exposição “Em torno de Loio-Pérsio” apresenta diálogos com obras do pintor | ArtRio
Um dos maiores expoentes do abstracionismo informal, defensor da espontaneidade do gesto e da liberdade de expressão, o pintor Loio-Pérsio (1927-2004) é o personagem central da exposição “Em torno de Loio-Pérsio”, promovida pela samba arte contemporânea, de 22 de setembro a 14 de outubro, durante a quinta edição do CIGA – Circuito Integrado das Galerias de Arte, que antecede a ArtRio.
Para a exposição, o curador Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos selecionou obras de Loio-Pérsio e de 15 outros artistas, nos quais se identificam questões presentes na pintura de Loio-Pérsio, mas cujas respostas não se igualam. São 15 pinturas de Loio-Pérsio e cerca de 20 outras de Adriano de Aquino, Aluisio Carvão, Amelia Toledo, Arcangelo Ianelli, Celso Renato, Chico Fortunato, Décio Vieira, Frans Krajcberg, Gonçalo Ivo, João José Costa, Katie van Scherpenberg, Manfredo de Souzanetto, Marilia Gianetti, Ronaldo do Rego Macedo e Rubem Ludolf.
Segundo o curador, na obra de Loio-Pérsio, acompanha-se a serena construção de uma reversibilidade entre cor e composição, em que os caminhos percorridos, à medida que o percurso avança, respondem de maneiras diferentes aos obstáculos enfrentados. “Suas pinturas, ao lado das demais presentes na exposição, ensinam que cada artista encontra respostas diferentes para uma mesma questão, bem como se singulariza por que interroga suas próprias respostas”.
Fonte: ArtRio. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
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Logo-Pérsio | Galeria MaPa
Conhecido pelos posicionamentos radicais, o pintor paulista Loio-Pérsio (1927-2004) cunhou uma teoria sobre o esquecimento sofrido por tantos talentos de sua geração. Segundo ele, a marginalização de sua pintura teria sido um efeito do chamado milagre econômico. Diretor do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), o crítico Paulo Herkenhoff, que prepara uma antologia da obra completa do artista para o segundo semestre, vai mais longe. “O Brasil é que tende a ser mesquinho com sua história. É um país muito canibal e está reduzindo cada vez mais a história da arte”, afirma. Em quase 60 anos de carreira, a resposta de Loio ao pouco-caso da mídia e da crítica foi atuar como um incansável documentarista teórico de seu processo criativo. Deixou para as novas gerações valiosos testemunhos sobre a arte de seu tempo, e o esforço não foi em vão. Seus escritos serviram para que o crítico Agnaldo Farias conhecesse sua trajetória e escrevesse o belo texto Da pintura da natureza à natureza da pintura, publicado no único livro dedicado ao artista, A arte de Loio-Pérsio, de 1999. “Ele é um artista primoroso, um líder de sua geração, do qual eu só tinha uma referência verbal”, afirma Farias. “O problema de Loio é que ele foi um nômade. No Brasil, sempre foi muito fácil ser soterrado por modas. Em um mercado não consolidado, se você fica longe, desaparece”, diz. Nascido no interior paulista, Loio-Pérsio Navarro Vieira Magalhães viveu em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris, Lisboa, Vitória, Belo Horizonte, em uma praia deserta do Espírito Santo e em Petrópolis, até sua morte no Rio de Janeiro, em 8 de janeiro de 2004. Contrário à representação figurativa da realidade e à “formulação matemática” da abstração geométrica, defendia a espontaneidade do gesto e a liberdade de expressão, posição que o colocou entre os maiores expoentes do abstracionismo informal. Quando Manabu Mabe ganhou o prêmio de pintura da V Bienal de São Paulo, em 1959, Loio-Pérsio também participava da mostra com a série Composição. Em 1960, representaria o Brasil na Bienal de Veneza. “Nos anos 50, quem deu as cartas foram os informais. Os artistas concretos eram um nicho, mas eles tinham um programa mais definido que os informais, para conforto dos teóricos que vieram depois”, analisa Agnaldo Farias. As duas vertentes abstracionistas produziam o grande debate da época, mas quem levou a melhor foi o concretismo e o neoconcretismo. “O Brasil de 1950 é animado pela crença da industrialização e por isso precisa de repertórios comuns e claros. Tem um otimismo construtivo. A subjetividade do expressionismo abstrato tinha valor nos Estados Unidos porque lá a casa já estava arrumada”, diz Fernando Cocchiaralle, curador do Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio de Janeiro. O mercado confirmou as crenças: se nos anos 50, tanto Loio-Pérsio quanto Lygia Clark vendiam a US$ 3 mil, hoje ele se mantém na faixa e ela chega ao pico de US$ 70 mil. “As importâncias estão todas descalibradas no Brasil. A história da arte ainda está por se fazer”, afirma Farias. Cientes do descompasso, algumas mostras recentes vêm tentando corrigir as ausências históricas e redescobrindo jóias, como Yolanda Mohaly ou Zélia Salgado, com retrospectiva no MNBA até 14 de fevereiro (leia quadro). O caso de Loio- Pérsio é mais urgente. “Ele precisa de um resgate completo. Sempre foi um artista de investigação da matéria e não foi vítima da decadência”, afirma Herkenhoff. As telas Composição (1963) e Composição no 22 (1959), pertencentes ao acervo do MNBA, podem ser seus pontos de partida. Mas há muito mais material reunido, à disposição, graças ao trabalho da filha Sarah Vieira Magalhães. “Tive muito pouco contato com o Loio durante minha vida, como todos os seus filhos, mas no último ano me aproximei dele e comecei a ajudá-lo a catalogar sua obra. Prometi terminar isso para ele”, conta Sarah, 38 anos. Do acervo da família, espalhado em quatro Estados brasileiros, ela já reuniu e catalogou 438 obras, entre óleos, desenhos, gravuras e estudos. Do total, 43 delas foram restauradas. O próximo passo será levantar obras em galerias, coleções públicas e particulares. Entre os trabalhos figurativos, nunca expostos, Sarah destaca os retratos de amigos, uma série de representações de São Francisco de Assis e as paisagens. “Ele observava muito a natureza.” Seus últimos trabalhos são justamente 38 aquarelas com paisagens abstratas da praia de Copacabana.
Fonte: Galeria MaPa, texto de Paula Alzugaray. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.
Crédito fotográfico: Wikipédia. Consultado pela última vez em 26 de março de 2025.